Melo prevê disputa por frutos do aumento de produtividade



Ao fazer do futuro do capitalismo o tema de seu pronunciamento nesta sexta-feira (14), o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) disse que o ganho de produtividade alcançado por meio do avanço tecnológico poderá ser o próximo objeto de disputa entre capital e trabalho. Ele questionou o fato de apenas as empresas terem até hoje se beneficiado da economia de tempo e da multiplicação de resultados obtidos pelo progresso técnico.

O senador observou que o avanço tecnológico introduziu um novo formato para a antiga mais-valia descrita pelo filósofo alemão Karl Marx no século XIX. Ele recordou que seu pai, representante comercial em Natal de uma empresa de fogões do Rio Grande do Sul, precisava de até três meses para confirmar uma encomenda por meio dos Correios. Atualmente, comparou, a operação poderia levar apenas 10 minutos.

- Existe um enorme ganho de tempo com o recente aumento de produtividade. Talvez aí esteja o núcleo da nova contradição: entre beneficiar-se integralmente o sistema produtivo do ganho de produtividade e parte deste ganho ser destinado à vida das pessoas. O processo de aumento da produtividade deve prosseguir, mas quem sabe não se poderia partilhar com o ser humano um pedaço do tempo economizado? - questionou Melo.

O senador disse ter decidido ir à tribuna após ouvir pronunciamento feito momentos antes por Lauro Campos (PDT-DF) em que este apontava distorções sociais produzidas, a seu ver, pelo capitalismo.

Na opinião de Melo, o modelo atual de capitalismo deveria ser estudado por um novo Marx. O parlamentar observou que as decisões sobre novos investimentos deixaram de ser tomadas por capitalistas individuais e passaram a ser adotadas por analistas de fundos de pensão, responsáveis por 70% do capital das grandes empresas dos Estados Unidos.

Melo afirmou ter em comum com Lauro Campos a busca por uma sociedade mais justa, mas ressaltou que a experiência prática dos países socialistas não conseguiu traduzir para a vida real os ideais de justiça previstos na teoria marxista.

Ele citou como exemplo da distância entre teoria e prática o fato - testemunhado pelo senador durante sua viagem a Cuba - de uma diretora de empresa de cigarros brasileira instalada na ilha receber do Estado um salário de apenas US$ 40, enquanto a empresa repassava ao Estado US$ 400 mensais para o pagamento da funcionária.

Em aparte, Lauro Campos admitiu a dificuldade de se administrar a escassez, mas lembrou os progressos de Cuba em áreas como educação e saúde públicas. Também em aparte, o senador José Fogaça (PPS-RS) recordou que os cubanos podem adquirir uma quantidade limitada de produtos a preços subsidiados. O senador Romero Jucá (PSDB-RR) ressaltou que o câmbio fixo de Cuba, onde oficialmente um peso equivale a um dólar, foi duramente criticado pela esquerda brasileira no tempo em que era colocado em prática pelo governo brasileiro.



14/06/2002

Agência Senado


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