Membro de ONG da Amazônia reconhece existência de irregularidades



O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI ) que investiga a atuação das organizações não-governamentais (ONGs) no Brasil, senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR), considera possível afirmar que a Associação Amazônia é uma das ONGs que atuam de forma irregular no país e, por isso, deve ser desativada imediatamente. Ele chegou a essa conclusão após depoimento do membro da associação Paulo César Monteiro de Medeiros, ocorrido nesta quarta-feira (dia 21) na comissão.

Está muito caracterizada a atuação comercial dessa ONG, que mente quando alega ter intuito de preservação ambiental. O que ela faz, na verdade, é a exploração comercial da reserva amazônica em que está localizada, sem qualquer tipo de divisas para o Brasil - afirmou o senador, citando a ausência de alvará de funcionamento, a participação de sócios estrangeiros, o trânsito de recursos em dólares sem o devido registro contábil e a titulação de terras ilegais como algumas das ilegalidades praticadas pela associação.

O depoente, que é analista de sistemas, contou que trabalhou para a associação por um ano, informatizando os arquivos e preparando a instalação da rede Internet na reserva localizada a 650 quilômetros de Manaus - à qual a associação presta serviço.

Ele disse que tentou implementar mais organização à entidade, particularmente quanto à contabilidade e registro das operações financeiras - feitas de forma amadora, segundo descreveu. Observou, no entanto, que não foi bem sucedido e que não chegou a associar-se à ONG por isso. O escritório em que trabalhava, em Manaus, foi desativado de maneira repentina e transferido para um barco que fica na reserva.

Medeiros informou também que a Associação Amazônia recebeu recursos do conde italiano Paulo Roberto Imperiali no valor de US$ 75 mil, para fazer a demarcação das terras da reserva que ocupa uma área de 172 mil hectares. Acrescentou que é comum a entidade receber doações estrangeiras para pagamento dos funcionários da associação e das seis famílias de caboclos que moram na reserva, mas que os recursos nunca atingem, integralmente, os destinos iniciais.

Ainda segundo ele, a ONG alimenta um esquema de dependência social, financeiro e psicológico dessas famílias em relação à associação. -Os caboclos não produzem sequer farinha e vivem desassistidos de tudo, vivendo apenas da doação do rancho, de combustível e de uma pequena quantia pelo serviço de guias turísticos da reserva-, denunciou.

Turismo ecológico

Em resposta ao senador Bello Parga (PFL-MA), que participou da reunião como senador substituto, o analista de sistemas contou que a associação cobra cerca de US$ 100 (cem dólares) diários dos turistas que desejam visitar a reserva e atua junto a agências de turismo do exterior, oferecendo pacotes completos para a reserva ao preço de US$ 7 mil, sem registrar contabilmente os valores ou repassar para algum programa de desenvolvimento sustentável na localidade.

Ainda respondendo Bello Parga, o analista de sistema disse acreditar que o descontrole e irregularidade na atuação da ONG é proposital e não por incompetência de seus dirigentes.



21/08/2002

Agência Senado


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