Mercadante defende reformas sistêmicas



Durante a discussão sobre a crise financeira internacional em fórum promovido pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente do colegiado, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), argumentou que a classe política brasileira precisa "assumir a dimensão" da crise e mudar sua agenda, enfrentando reformas sistêmicas necessárias, especialmente a reforma tributária.

Mercadante também defendeu a necessidade de maior investimento público - ainda que isso represente ir no sentido contrário ao do movimento de crise - como forma de garantir algum nível de atividade econômica.

- Precisamos trabalhar convergentemente, em todas as esferas de poder, os municípios, os governos estaduais, o governo federal, os partidos políticos, para enfrentar algumas reformas sistêmicas que permitiriam ao Brasil sair na frente - afirmou.

O senador destacou ainda que a crise econômica pela qual o mundo passa só é comparável à de 1929. Mercadante acredita que as perdas causadas pela crise são muito grandes e que os desdobramentos desse cenário ainda não podem ser percebidos. Ele lembrou, porém, que as crises costumam ter um "papel saneador".

- A crise punirá os mais fracos e menos prudentes e premiará os mais fortes e mais prudentes. A economia mundial não será mais o que era. Um dos movimentos mais profundos a que estamos assistindo é um declínio estrutural das economias americana e européia e uma emergência dos emergentes, como Brasil, China, Rússia e Índia - disse ainda Mercadante.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) questionou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga sobre sua visão a respeito de como a China tem enfrentado a crise. O ex-presidente do BC respondeu que a China já vem sofrendo alguns efeitos da crise - empresas pequenas estão fechando e os preços dos imóveis começaram a cair. Mas, segundo Armínio Fraga, o país já percebeu que o sistema de desenvolvimento que vinha adotando não era sustentável e começou a reagir, implementando mudanças.

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que também participou do fórum, afirmou que os Estados Unidos vivem uma crise que nasceu do seu próprio processo de expansão. Belluzzo espera que a eleição de Barack Obama para a presidência daquele país "consiga levar um processo de iluminação e capacidade de diálogo àquela sociedade que tem o fundamentalismo religioso no seu DNA".

Durante a discussão, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) formulou uma questão sobre a possibilidade de a América Latina ter uma moeda única, que chamou de Peso Real. Armínio Fraga respondeu que o Brasil é um país grande o suficiente para ter uma moeda própria e sugeriu que, antes de se investir politicamente nesse sentido, se espere um pouco mais para ver os resultados do Euro, a moeda unificada da União Européia, que, observou, vem se mostrando uma opção complicada de administrar.



13/11/2008

Agência Senado


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