Mercadante: mercado e Estado mínimo não vão trazer desenvolvimento



O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), criticou da tribuna os defensores da política neoliberal adotada nos anos 90, advertindo que a política do Estado mínimo e do mercado regulador não levam ao desenvolvimento. Para ele, o Brasil precisa resgatar o planejamento estratégico, como ocorreu com o Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck e o II Plano Nacional de Desenvolvimento, do governo Ernesto Geisel, -mas sem o autoritarismo e o voluntarismo da ditadura militar-.

- Não podemos aceitar esse reducionismo neoliberal que acha que o mercado por si só e um Estado mínimo vão trazer o progresso, a modernidade. Não trouxeram no passado e não trarão no futuro. Está aí a América Latina para provar. A Argentina não é uma sombra da nação que já foi. A Colômbia vive em guerra civil. A Venezuela enfrenta crise institucional. O Paraguai teve pedido de impeachment e na Bolívia caiu todo o Ministério, com levante popular. Que resultado é esse o do neoliberalismo dos anos 90? - questionou.

Aloizio Mercadante criticou ainda o crescimento dos anos 90 no Brasil, afirmando que a economia brasileira teve o 4º pior crescimento de todo o século.

- Pior, só Venceslau Braz, na Primeira Guerra Mundial; Washington Luiz, com a crise de 29, e o governo de Fernando Collor de Mello - sustentou.

O Brasil, disse Mercadante, cresceu menos nos últimos oito anos do que nos anos 80, a chamada década perdida.

- Então, alguma coisa está errada e temos que discutir tudo com transparência e franqueza. Uma nação não se desenvolve sem grandes projetos, sem uma ação de longo prazo, sem uma discussão entre Estado e mercado, entre público e privado - opinou.

Para ele, os brasileiros precisam romper -com essa visão pequena de que o mercado sozinho pode regular a nação-. O mercado, continuou, é eficiente para regular os preços no curto prazo, -mas é incapaz de regular os serviços públicos, horizontes, perspectivas de justiça social, liberdade e cidadania-. Conforme Aloizio Mercadante, à medida em que os indicadores econômicos brasileiros apresentam melhoras (inflação, risco-país, câmbio, exportações) há necessidade de se começar a discutir um projeto estratégico de desenvolvimento a longo prazo.

Mercante disse ter participado, em São Paulo, da festa dos 50 anos da indústria automobilística no Brasil, quando a Volkswagen lançou um automóvel bicombustível - movido a gasolina ou a álcool. Observou que a indústria automotiva brasileira é o resultado do planejamento estratégico de longo prazo de Juscelino Kubitscheck.

O parlamentar petista foi apoiado em apartes pelos senadores Mão Santa (PMDB-PI) e Roberto Saturnino (PT-RJ). Saturnino destacou que a diferença entre o -governo neoliberal- passado e o governo Luiz Inácio Lula da Silva -é justamente o planejamento estratégico- que vise o crescimento econômico com a redistribuição de renda e apoio social.



24/03/2003

Agência Senado


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