Mercosul tem "novo contorno geopolítico", afirma Zambiasi



O Brasil como um todo se sentirá mais integrado ao Mercosul a partir da adesão da Venezuela, disse nesta quarta-feira (19) o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), durante a cerimônia de abertura da XXVII Reunião Plenária da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul (CPCM), realizada na cidade argentina de Córdoba. Na sua opinião, os estados do Norte brasileiro deixarão de ver o bloco como uma iniciativa que interessa apenas a unidades da federação como São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

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- O Mercosul vai agora da Patagônia às portas do Caribe. Até hoje, o Brasil, que tem dimensões continentais, via o bloco como um projeto de interesse somente do Sul. Agora, estamos levando o Mercosul ao Norte da América do Sul, o que representa um novo contorno geopolítico - disse Zambiasi.

Ele citou a presença no encontro do senador Geraldo Mesquita Junior (PMDB-AC), representante da região Norte, como uma demonstração de que o Mercosul está atraindo a atenção de estados localizados longe das fronteiras com os três sócios iniciais do Brasil no bloco - Argentina, Uruguai e Paraguai.

Mesquita concordou com o argumento e lembrou que a economia do Acre também pode dar a sua contribuição para o fortalecimento da integração, com a comercialização, por exemplo, de produtos como a fécula de mandioca, utilizada na extração de petróleo.

- O Mercosul era só o Sul, e devemos enxergar esse momento como uma possibilidade de interesse de todos os brasileiros. Muitos falam da globalização, mas o mundo caminha para a "blocalização". O Mercosul pode ser o embrião de um forte bloco latinoamericano e, pela sua extensão e por suas potencialidades, contribuir para a solução de nossas dificuldades - observou Mesquita.

Na opinião do senador pelo Acre, a criação de um parlamento regional "quebra o figurino estreito" que dominou até agora o processo de integração, mais voltado para aspectos comerciais. O novo órgão, acredita, dará mais peso a temas sociais e políticos durante o processo de integração.

Durante a cerimônia de abertura, o presidente da Assembléia da Venezuela, deputado Nicolás Maduro Moros, defendeu a construção de um bloco que possa "interferir no processo de globalização". Para o deputado, é preciso "reformatar" o processo de integração regional, para reforçar o seu conteúdo social e dar mais peso a iniciativas concretas de combate à pobreza.

Nem mesmo o recente conflito entre Uruguai e Argentina, a respeito da instalação de duas fábricas de celulose em território uruguaio, prejudicou o ambiente favorável à integração na abertura da reunião plenária. Segundo o deputado Roberto Conde, presidente da seção uruguaia da CPCM, "nenhum tipo de conflito conjuntural vai afastar Uruguai e Argentina do objetivo histórico e estratégico" da integração continental.

Há poucos dias, a Corte Internacional de Haia recusou pedido feito pela Argentina de suspensão das obras de instalação das chamadas papeleras. Os argentinos temem que as fábricas causem danos ao meio ambiente na região de fronteira entre os dois países.



19/07/2006

Agência Senado


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