Mesquita Júnior diz que exploração econômica da Amazônia precisa beneficiar população pobre
Ao discursar em Plenário nesta segunda-feira (4), o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que a exploração econômica dos produtos naturais da Amazônia brasileira precisa beneficiar a população nativa, em vez de "enriquecer meia dúzia de pessoas". Ele citou entrevista da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, na qual a estudiosa da Floresta Amazônica afirma que a exploração econômica deve conciliar preservação com distribuição de renda.
Da tribuna, Mesquita Júnior recordou que, em 1876, sementes da seringueira amazônica foram contrabandeadas para a Inglaterra. Logo depois, acrescentou o senador, novos cultivos de seringais foram introduzidos na Malásia, então colônia britânica, o que ajudou a acabar com o quase monopólio brasileiro na produção de látex até então. Na interpretação do senador, outros produtos, sementes e plantas da Amazônia também podem ser contrabandeados, caso o governo federal não dispense a atenção que a região precisa.
- Quem me garante que o mesmo fato não tem ocorrido em relação, por exemplo, à nossa castanheira, que produz a chamada castanha-do-pará, da qual o Acre ainda é um grande produtor? - indagou.
Nas últimas décadas, continuou o senador, nenhum dos governos federais do país priorizou a população local da Amazônia ou a preservação da floresta. Ele disse que os projetos de exploração de minérios e da borracha (látex) beneficiaram poucas pessoas, "empobrecendo sobremaneira a população". Na opinião de Mesquita Júnior, o governo federal deve desenvolver tecnologia e conhecimento científico para que a Amazônia possa conciliar preservação com exploração.
- Mas exploração que resulte no benefício das nossas populações, e não como de regra acontece na Amazônia: explorações que enriquecem uma meia dúzia e empobrecem milhões de pessoas naquela nossa região - disse.
O senador sugeriu que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dispense mais ajuda à região desenvolvendo pesquisas científicas voltadas para a exploração sustentável da Amazônia.
Em apartes, os senadores Jefferson Péres (PDT-AM), Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Augusto Botelho (PDT-RR) elogiaram o pronunciamento do colega.04/09/2006
Agência Senado
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