Ministro diz que governo não tem pressa em privatizar Furnas



Em audiência pública nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE), de Serviços de Infra-Estrutura (CI) e de Fiscalização e Controle (CFC), o ministro de Minas e Energia, José Jorge, afirmou que o governo não tem pressa em privatizar Furnas. Segundo José Jorge, o Ministério ainda está estudando o modelo ideal que transforme a estatal numa empresa competitiva.

Em resposta ao senador Paulo Hartung (PPS-ES), que solicitou a presença do ministro na CAE, José Jorge afirmou que Furnas pode ser transformada em uma "corporação pública" que, ao mesmo tempo que teria ações comercializadas no mercado, garantiria poder de intervenção ao governo federal, por meio de ações especiais, as chamadas golden shares.

- Queremos que Furnas seja o grande agente da modernização do setor elétrico brasileiro - afirmou José Jorge, ao comentar que a estatal não tem ações em bolsa, diferentemente do que acontece, por exemplo, com a Petrobras.

Apesar das explicações, Hartung criticou o governo federal por ter suspendido os investimentos na geração e na transmissão de energia. Na sua opinião, é isso que levou o país a estar sob "grave risco de racionamento", justamente no momento em que reuniu as condições necessárias para o crescimento da economia.

Racionamento

O ministro garantiu, porém, que uma ameaça de racionamento não acontece por falta de investimentos, mas por falta de chuvas. Ele declarou que, graças a investimentos de R$ 6 bilhões, houve um acréscimo de 7,6% na oferta de energia somente no ano passado. No que diz respeito à distribuição, José Jorge afirmou que hoje o brasileiro enfrenta períodos de falta de luz 34% menores que há quatro anos.

Ainda assim, José Jorge criticou a matriz energética nacional, por depender em demasia de usinas hidrelétricas, o que aumenta a vulnerabilidade do sistema, condicionando a produção às condições hidrológicas dos reservatórios. Essa situação, disse, não se repete em outros países que têm consumo de energia equivalente ao brasileiro.

O ministro informou que a falta de chuvas fez com que o nível das barragens no Sudeste e no Centro-Oeste caísse para 35,1% e, no Nordeste, a 37,2% do total. Essa situação, continuou, vem-se agravando, pois a estação das chuvas já se aproxima do fim e, segundo a meteorologia, esta pode ser a maior estiagem dos últimos 40 anos. É essa, segundo José Jorge, a grande causa da necessidade de adoção de medidas (veja quadro) que permitam que o mercado continue sendo abastecido de energia elétrica.

- O problema que estamos atravessando é conjuntural. Não se trata de "jogar a culpa" em São Pedro, mas reconhecer que as chuvas não foram suficientes. Se todos fizerem sua parte, provavelmente não será preciso racionar energia - disse José Jorge, que não descartou ações de emergência, como a concessão de aumentos, para restringir o consumo.

17/04/2001

Agência Senado


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