Movimentos esperam que Rio+20 fortaleça ativismo ambiental
Representantes de comitês estaduais da sociedade civil que participarão da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, salientaram nesta quinta-feira (1º) a importância de eventos que acontecerão paralelamente à reunião oficial, como a Cúpula dos Povos, como forma de dar visibilidade ao movimento ambiental.
A audiência foi realizada conjuntamente por duas subcomissões destinadas a acompanhar a preparação da Rio+20, uma vinculada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e outra ligada à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). A reunião foi presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e contou com perguntas e comentários de integrantes de entidades ambientalistas.
Pedro Piccolo, membro do Comitê Facilitador do Distrito Federal para a Rio+20, destacou a importância dos comitês locais para capilarizar a mobilização da sociedade civil e lamentou que a população brasileira tenha poucas informações sobre o evento. Ele considera que os movimentos sociais não esperam muitos resultados concretos da reunião de cúpula, mas acreditam que o encontro deverá fortalecer o ativismo da sociedade civil.
O conceito de "economia verde" recebeu críticas de Pedro Piccolo, que o considera uma forma de mercantilizar os bens naturais e "maquiar" a falta de sustentabilidade. Para o ativista, o "desenvolvimentismo brasileiro" acompanha um modelo determinado pelos países mais ricos.
Simone Mamede, membro do Comitê Facilitador do Mato Grosso do Sul, ressaltou a defesa da qualidade de vida como ponto essencial do debate ambiental. Ela questionou os atuais parâmetros de desenvolvimento humano e econômico, dizendo que conceitos tradicionais devem ser revistos para levar em conta fatores como a redução do desmatamento e o respeito aos povos nativos. Entre as questões que afligem seu estado, Simone Mamede destacou a invasão de terras indígenas e seu lento processo de demarcação, além da expansão das carvoarias e da persistência do tráfico de pessoas.
Antonia Ozório da Silva, membro do Comitê Facilitador do Rio de Janeiro, salientou a mobilização por alternativas que assegurem a qualidade de vida nas cidades, lembrando que a capital fluminense tem recebido grandes obras, como a Vila Olímpica, que geram grande impacto nas populações vizinhas. Ela explicou que um dos objetivos de seu grupo de trabalho é dar voz a essas pessoas.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), comentando o debate, disse que deposita sua esperança na ação da sociedade civil para influenciar os chefes de Estado. Para o parlamentar é importante discutir questões como o modelo de agricultura "dependente de oito grandes corporações" e a necessidade de aplicação de recursos do pré-sal em tecnologias ambientalmente corretas.
02/03/2012
Agência Senado
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