Mozarildo quer audiências públicas para esclarecer senadores sobre clonagem
O senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) defendeu a realização de audiências públicas com o objetivo de esclarecer os senadores para a votação da Lei de Biossegurança. Mozarildo apresentou a proposta por entender que será necessário modificar dispositivo do projeto aprovado na Câmara dos Deputados que proíbe a realização das pesquisas com células tronco-embrionárias, provenientes de embriões existentes em clínicas de fertilização, permitindo apenas as feitas a partir de placentas ou cordões umbilicais.
- Ninguém contesta que a pesquisa com células-tronco é a mais promissora no que diz respeito ao tratamento de doenças neurodegenerativas. Não é possível aceitar que a ciência se submeta aos ditames do preconceito e da desinformação, por isso, proponho a realização de audiências públicas para auxiliar os senadores, na procura de um ponto de equilíbrio entre ciência e ética - disse.
Mozarildo disse que "é fato notório" que, periodicamente, milhares de embriões são descartados em clínicas de fertilização in-vitro, observando que, se o projeto for aprovado como está, "haverá uma situação surreal": os embriões podem ser destruídos, mas não podem ser utilizados em pesquisas de células-tronco, visando a curar doenças e salvar vidas.
O senador explicou que esse tipo de agrupamento de células é indiferenciado possuindo, portanto, o potencial de reconstituir órgãos e tecidos danificados. A proibição radical de pesquisas com as células-tronco embrionárias fará com que o Brasil fique fora dos avanços científicos nesse setor que, certamente, continuarão em outros países, alertou.
Mozarildo explicou que esse tipo de clonagem chamada de "terapêutica", nada tem a ver com clonagem reprodutiva, que pretenderia reproduzir um ser humano por inteiro. Ele lembrou que, nas Nações Unidas, já existe uma movimentação para banir, definitivamente, no mundo inteiro, experiências com esse objetivo.
O senador ressaltou que, embora seja médico, não é partidário da ciência pela ciência, sem submissão aos princípios éticos e morais da sociedade. Mas, em sua avaliação, proibir, cabalmente, as pesquisas com células-tronco embrionárias é uma posição extrema, que não trará quaisquer benefícios ao Brasil.
- Ao contrário, poderá resultar na perda de nossos melhores cérebros científicos para os países que estão avançando nessas pesquisas como Inglaterra, China e Coréia do Sul, além de nos fazer pagar muito caro pela tecnologia de aplicação de terapias para curar o diabetes ou o mal de Parkinson, quando elas estiverem disponíveis - concluiu.
18/03/2004
Agência Senado
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