MPF intima vice de Ciro Gomes a depor









MPF intima vice de Ciro Gomes a depor
Presidenciável diz que, se houver fundamento nas acusações, não terá receio de mudar a chapa

RIO - Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), foi intimado pelo Ministério Público Federal a depor na próxima sexta-feira, num processo que investiga suposto mau uso de verbas federais pela Força Sindical, que presidiu. A informação é da revista Época desta semana.

Paulinho está analisando, junto com seus advogados, se irá ou não depor. O advogado Antônio Rozella confirmou ontem que Paulinho recebeu em Marília, no interior paulista, uma intimação do procurador Célio Vieira da Silva. Ciro ainda não leu a reportagem de Época. Mas de acordo com ele, o caso deve ser investigado e, caso haja fundamento nas acusações, não terá receio de substituir o vice. "Comigo é o seguinte: quem for podre que se arrebente. Sempre foi assim", afirmou.

O processo se refere aos indícios de superfaturamento de R$ 1 milhão, além de outras irregularidades, na compra, com dinheiro público, de uma fazenda para a Força Sindical em São Paulo. Em abrilde 2001, Paulinho anunciou a implantação de um projeto-piloto na Fazenda Ceres, em Piraju. Com R$ 2,75 milhões liberados pelo Banco da Terra, a Força Sindical daria terra e casa a 72 famílias. Hoje a agrovila está deserta. Há suspeitas de que parte do dinheiro foi parar na Força Sindical.

Segundo o procurador, um fazendeiro vizinho disse que antes de ser comprada pelo Banco da Terra a fazenda esteve mais de um ano à venda por R$ 1 milhão. Em 25 de abril de 2001, o agrônomo Francisco de Assis Nogueira Rodrigues contou que recusou convite do representante do banco para elaborar o projeto de viabilidade técnico-econômica do assentamento porque a comissão que deveria receber iria para a Força Sindical.

O idealizador do programa de assentamentos da Força é João Pedro de Moura. Sua mulher, Beatrice, era gerente nacional do Banco da Terra. Beatrice foi demitida.

Sempre que lhe fazem perguntas sobre seus bens, Paulinho responde que o único é a casa em que vive. Mas a revista Época afirma que ele manteve por trêsanos e meio um sítio em nome de um laranja. O negócio foi confirmado pelo antigo dono, um agricultor, pelo novo, um comerciante, e por vários vizinhos, que se lembram de Paulinho.

Na área sindical, Paulinho é acusado de fazer acordos em que trocava benefícios dos trabalhadores por comissões em dinheiro destinadas às entidades que dirigia. Até a Fiesp o denunciou. "Os representados (os trabalhadores) estavam sendo prejudicados", disse o presidente, Horácio Lafer Piva, em carta aos associados.

Paulinho disse ontem que as denúncias sobre irregularidades que envolvem seu nome, fazem parte de uma "armação" do comitê de campanha do candidato do PSDB, José Serra. "Isso não é de hoje. Eles armaram isso há muito tempo", acusou o dirigente. A estratégia de atingir os adversários por meio de uma campanha difamatória na Imprensa, segundo ele, vem sendo usada pelo candidato tucano desde o início da campanha. "Ele me falou que é coisa do candidato oficial e que nós não podemos nos abalar com isso". Ele, no entanto, estranhou as afirmações de Ciro de que não terá receio de substituir o vice, caso haja fundamento nas acusações. "Conversei com ele e ele não me disse nada sobre isso".


Inocêncio também resolve apoiar Ciro
Deputado nega que debandada pefelista seja um desprestígio a Marco Maciel, que apóia Serra (PSDB)

SERRITA - O deputado federal Inocêncio Oliveira (PFL) vai formalizar seu apoio à candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República, na próxima semana. Inocêncio terá uma reunião com o presidente do seu partido, Jorge Bornhausen, em sua residência de Brasília, juntamente com o próprio Ciro Gomes. Participando da cerimônia da 32ªMissa do Vaqueiro, em Serrita, o parlamentar comentou sua adesão à candidatura do pós-comunista com muito humor. "Se o presidente do meu partido e as principais lideranças nacionais do PFL estão engajados na campanha de Ciro Gomes, quem sou eu para ficar de fora?", brincou.

Inocêncio acredita que a formalização de sua apoio fará com que uma boa quantidade de deputados pefelista também definam sua opção. "Na hora que abrir a porteira, vem todo mundo. Tenho grande influência na bancada do partido na Câmara federal, por causa da liderança. Mais de 100 deputados devem anunciar apoio a Ciro, logo depois de mim", aposta.

O deputado pernambucano disse também que está ingressando na campanha por influência dos prefeitos que compõem o seu grupo político. "São 43 prefeitos e todos querem votar em Ciro. Não posso ficar contra as minhas bases", justificou. Inocêncio não considera que essa debandada geral dos pefelistas para a candidatura de Ciro Gomes seja entendida como um desprestígio do vice-presidente Marco Maciel, que ainda permanece na campanha de José Serra (PSDB).

"É verdade que Maciel, ao seu estilo, está tentando arregimentar apoios a Serra. Mas o partido decidiu não lançar candidato e liberar os filiados a votarem em quem quiser. Por isso, não há qualquer conotação de desprestígio com o vice-presidente. É apenas uma manifestação das bases", argumentou.

Nos bastidores, Inocêncio sempre dizia que Ciro era o seu "candidato do coração", embora devesse lealdade ao senador José Serra. Agora, diante do apoio de parcela significativa do PFL à Frente Trabalhista, Inocêncio anuncia seu apoio a Ciro Gomes.

Além do presidente nacional do PFL, estão apoiando Ciro, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães e a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), candidata ao Senado. Nos comício que faz, Roseana pede ao eleitorado para não votar "de jeito nenhum", em José Serra.

JOAQUIM - Foi a segunda expressiva liderança pefelista pernambucana a manifestar-se, publicamente, a favor da candidatura de Ciro, em menos de 72 horas. Na sexta-feira passada, o deputado federal e ex-governador Joaquim Francisco (PFL), anunciou seu engajamento na campanha cirista. Joaquim alimentava a esperança de disputar uma vaga do Senado, mas, devido à aliança do PSDB com o PMDB, a segunda vaga está sendo disputada pelo deputado Sérgio Guerra. A primeira é de Marco Maciel.


Governador critica FHC por declarar voto a Lula
Jarbas considera "um deslize" afirmação de Fernando Henrique de que votaria em Lula no 2º turno

TRIUNFO E SERRITA - O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) considerou "um deslize" a declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que apoiaria Lula, candidato do PT à Presidência da República, num eventual segundo turno com o presidenciável do PPS, Ciro Gomes. "Acho isso ruim para um presidente da República. Foi uma declaração infeliz, que uma pessoa da dimensão dele não deveria ter feito". Jarbas, no entanto, descartou a hipótese de que o presidente, ao fazer tal afirmação, estaria trabalhando contra o candidato do PSDB, José Serra. "Não acredito nisso. Até porque ele tem personalidade e caráter", ressaltou. Sobre a sua opção no segundo turno, o governador preferiu manter sigilo. "Não vou antecipar nada sobre isso.

Meu candidato é José Serra. Vou trabalhar junto as minhas bases em favor dele. Agora se não der certo, ai a gente pensa no que fazer".

Jarbas também não admitiu a vinculação de Ciro Gomes com as forças que representam sua base política. "Pessoas ligadas a Ciro estão me apoiando,a exemplo do presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Agora eu voto em Serra", desconversou. Apoiado em números confortáveis das pesquisas, o governador disse que não tem porque está andando pelo Estado em busca de voto. "Para o PT é importante andar agora, para mim não é". Sobre as c ríticas do candidato do PT, Humberto Costa, que tem afirmado ser Jarbas um político que não gosta do povo, que tem permanecido dentro do Palácio, o governador foi enfático. "É por isso que ele está em níveis tão baixos nas pesquisas. Ele deve parar de fazer xingamentos e se preocupar em apresentar propostas para a população. Esse tipo de comportamento é repudiado pelo povo".

O peemedebista, no entanto, disse não acreditar que seus adversários baixem o nível da campanha. "Pode haver palavras chulas, como está acontecendo. Há pouco tempo um candidato do PT, não lembro quem, chamou o vice-presidente Marco Maciel de cínico.

Isso é um tipo de linguagem que não é usado em lugar nenhum do País".

DESEMPENHO DE SERRA - Em relação odesempenho de José Serra em Pernambuco, Jarbas disse acreditar que a campanha do tucano deve melhorar com o guia eleitoral. "Não se faz mais campanha de rua com tanta a intensidade de antes. Eu disse a Serra, em Brasília, que nome dele seria inserido no contexto da minha campanha. Agora estratégia de campanha não se revela. Vocês estão acostumados com Carlos Wilson (senador do PTB) e Humberto Costa que falam todas as estratégias. Eu não faço isso. Nunca fiz. Nem na época da ditadura. Então, não adianta que ninguém vai arrancar nada de mim sobre comando de campanha. Se participo de uma reunião em Brasília sobre isso, não darei sequer uma declaração sobre o que aconteceu".


Elevação do dólar vai ser repassada
Pãozinho deve subir 10%; massas, trigo e remédios também devem ter reajustes a partir desta semana

RIO- A disparada do dólar, que na sexta-feira passada bateu o recorde de R$ 3,015, começa a pesar no bolso do consumidor. Mesmo com o fraco desempenho da economia, o que dificulta as vendas, produtores e comerciantes já estão transferindo parte da alta da moeda americana para os preços de alguns produtos essenciais, como farinha de trigo, macarrão, óleo de soja e até remédios. No caso dos medicamentos, os preços estão congelados desde o aumento de 4,3% em fevereiro. Mas as farmácias, agora, estão suspendendo as promoções.

Dados do BBV Banco mostram que, nos últimos meses, começou a crescer o repasse da subida do dólar para inflação, que vinha caindo desde julho do ano passado. Entre fevereiro e junho, a parcela da alta do câmbio que é transferida para os preços subiu 10%. Hoje, pelas estimativas do BBV, cerca de 15% da alta do dólar acaba sendo refletida na inflação, ao longo de um ano. Isso significa que, se o dólar for mantido em R$ 3, a inflação pode ficar 3,3 pontos percentuais mais alta, no acumuladode 12 meses.

Na sexta-feira o ministro da Fazenda, Pedro Malan, concedeu entrevista coletiva para acalmar o mercado. Mas não surtiu efeito e se continuar aumentando o repasse para preços será inevitável.

Depois de meses seguidos cortando margens de lucros, as empresas e lojas agora estão aumentando os preços pelo menos nos itens considerados de primeira necessidade, como alimentos e alguns remédios com matéria-prima cotada na moeda americana.

Além do custo dos insumos em dólar, a alta nas tarifas de energia, combustíveis e telefonia (também atreladas ao câmbio) provocou forte redução nas margens de lucros de indústria e comércio.

"O dólar subiu muito rapidamente este ano. Quando ficou claro que a alta não seria passageira, os atacadistas tentaram transferi-la para os preços". No varejo, o repasse é tanto maior quanto mais essencial for o bem, explica Luis Afonso Lima, economista do BBV Banco.

Ele cita as altas dos últimos dois meses nos derivados de trigo e soja, produtos cotados no mercado internacional. Em maio e junho, o preço do macarrão subiu 1,45%; o óleo de soja teve aumento de 6,62%; e a farinha de trigo, de 1,31%. Os números são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.

Nos remédios, ainda que o índice geral do setor, segundo o IBGE, mostre uma queda média de preços de 0,19% em junho, alguns medicamentos que tiveram recuo de preços em maio voltaram a subir no mês passado. É o caso dos anticoncepcionais (alta de 0,71%) e dos materiais para curativos (1,11%). Enquanto isso, a inflação acumulada em maio e junho foi de 0,63%. "Com o dólar a R$ 3, não há economia fraca o suficiente para segurar repasses. O risco é a inflação mudar de patamar", diz Élson Teles, economista do Banco Boreal.


FHC diz que acordo não tem data marcada
BRASíLIA- O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o Governo não fixará prazo para a conclusão das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele - que esteve reunido durante uma hora e quarenta minutos com o ministro da Fazenda, Pedro Malan - estabelecer prazos pode aumentar ainda mais a especulação no mercado. "Não adianta ficar colocando datas que vão servir para o mercado especular. Não saiu essa semana então porque não vai sair. Aí sobe de novo o dólar. Não é assim. Vamos pensar em termos de Brasil, no povo. O povo é quem sofre com estas especulações, inclusive esta de dar data", disse, em entrevista coletiva, no Palácio da Alvorada, ao lado do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e sua vice, Rita Camata.

Desmentindo informações divulgadas na imprensa, de que a equipe econômica estaria trabalhando para o anúncio do acordo esta semana, Fernando Henrique foi taxativo: "

Vocês acham que um acordo dessa importância sai em uma semana? Quando saiu? Em que país saiu em uma semana?".

O presidente garantiu que se for preciso fechar um novo acordo com o FMI para acalmar os mercados, o Brasil o fará. "Os mercados estão aí com exigências totalmente descabidas mas nós precisamos cuidar para que a taxa de juros não dispare, para que a população possa ter um horizonte de tranqüilidade. E se a condição para isso - como parece ser - for o apoio do FMI, não nos faltará", disse.

Fernando Henrique informou que uma série de fatores estão sendo considerados para definir o acordo com o Fundo e tentou desvincular o calendário eleitoral das negociações. "O processo político não é uma coisa de calendário marcado. A eleição sim. Mas a resolução destas questões depende de acertos, de negociações, o que interessa mais para o Brasil, em que condições, qual a reação da sociedade e dos candidatos. E tudo isso, nós estamos vendo", afirmou.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - César Rocha

O erro dos precipitados
Uma parcela significativa dos formadores de opinião brasileiros e pernambucanos tem cometido com freqüência, nos últimos meses, o pecado da precipitação. Ainda não entendeu o dinamismo assustador da disputa eleitoral deste ano. Precipita-se quando multiplica a idéia de que tal ou qual candidato já está eleito.

Desde o final do ano passado tem sido assim na corrida presidencial. O primeiro eleito, Roseana Sarney (PFL), foi ao chão. O segundo, José Serra, pode estar indo no mesmo caminho. O terceiro, Ciro Gomes, por enquanto, caminha para o ápice, para seu melhor desempenho, segundo as pesquisas eleitorais. Lula continua onde estava, variando entre os 30% e 40%. Mas em cada momento de subida ou queda dos candidatos, havia um precipitado para dar um parecer definitivo sobre o quadro eleitoral. Fez isso porque estava (ou está) analisando o cenário a partir de fatos meramente conjunturais, principalmente a partir de pesquisas - que, óbvio, são o retrato de um dado período, contaminado poruma maior ou menor exposição dos candidatos na mídia, por exemplo. O que realmente interessa em uma análise séria e serena do quadro é observar aqueles fatores que ainda podem influir significativamente na disputa. E quais seriam eles? Provavelmente, os seguintes: (1) Faltam dois meses e nove dias para o pleito e o eleitor ainda não se voltou plenamente para a campanha, apesar de políti ca estar na boca do povo desde o final da Copa; (2) A campanha só começa para valer com o guia eleitoral, cuja exibição se inicia em 20 de agosto; (3) José Serra terá um tempo avassalador no guia. Serão mais de dez minutos, contra cerca de cinco de Lula e Ciro. O tucano terá ainda uma equipe de marketing competente (liderada por Nizan Guanaes); (4) Mesmo com um tempo pequeno, Lula deverá fazer com Duda Mendonça o melhor guia da campanha; (5) Ciro Gomes já deve estar recebendo mais doações com a onda de adesões à sua candidatura e tende a melhorar o nível do guia eleitoral e do marketing dele; e (6) O País caminha para mais um período de recessão e isso influirá diretamente no humor do eleitor. Todos estes são fatores fundamentais. Outros poderão surpreender os mais apressados. Enfim, o jogo sucessório apenas começou. E de definitivo até agora há apenas a eliminação de um dos quatro candidatos mais fortes, Anthony Garotinho. Ele está fora. O PSB não o quer mais.

As equipes que farão o guia de TV do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) já estão há um mês nas ruas, gravando imagens e depoimentos. Aqueles que viram o trabalho dizem que é de superprodução

Cenário local
Se na sucessão presidencial é precipitado falar em vitoriosos, na disputa estadual nem tanto. Não resta dúvidas de que apenas uma catástrofe política tira a vitória de Jarbas na corrida pela reeleição. Jarbas tem em seu favor as máquinas dos maiores partidos do Estado e a popularidade de um conjunto imenso de obras feitas com recursos da Celpe.

Onda vermelha
Humberto Costa (PT) poderá até apresentar um bom resultado na briga com Jarbas por causa da força de Lula. Mas não tem estruturas financeira (para marketing) e política (ampla apoio de lideranças em todo Estado), nem popularidade suficiente para reverter o jogo. Ele vai precisar da sorte de João Paulo na luta pela prefeitura do Recife.

O Senado
A eleição para o Senado é que pode surpreender. Primeiro, porque o PSB pode lançar Miguel Arraes na disputa, numa composição com o PT. Segundo, porque todos os candidatos ao Senado vão centrar seus ataques em Marco Maciel e Sérgio Guerra. Principalmente no primeiro.

Favoritos
Carlos Wilson pode surpreender porque acaba de sair de outra eleição majoritária, a de prefeito. Apesar do amplo favoritismo, Maciel não conta com a mesma segurança de Jarbas porque está desde 1990 fora de uma disputa e será associado aos males do Governo FHC. Já Guerra fechou um conjunto de apoios no Interior tão amplo que poderá superar suas próprias expectativas.

Ex-secretário (I)
Quem leu na Imprensa o depoimento de José Ailton de Lima, ex-secretário de Serviços Públicos de João Paulo, surpreendeu-se com o nível de mágoa que ele guarda do processo de demissão. É mágoa do prefeito, de parcela da Imprensa e do novo secretário, seu ex-adjunto Alberto Salazar.

Ex-secretário (II)
José Ailton é um quadro petista respeitado no partido, mas a população vinha pressionando o prefeito justamente por causa do desempenho da equipe dele, responsável por serviços de manutenção da cidade. E o desempenho continua a desejar, apesar de ser visível a melhoria na iluminação e recuperação das principais vias do Recife.


Editorial

POLÍTICA MONOPOLISTA

O Brasil, se já não tinha uma política ideal de fixação dos preços do gás e derivados do petróleo, conseguiu piorá-la ao conceder total liberdade de preços a um setor flagrantemente monopolista da economia nacional.

Até o ano passado, os preços eram regulados pelo Governo. A partir desse ano, foram liberados na tentativa de promover a competição no mercado interno.

A intervenção estatal tinha a virtude de não deixar os preços internos flutuarem ao sabor do câmbio especulativo ou da ocorrência de eventos sobre os quais não se pode ter controle. Vale o exemplo do conflito entre árabes e judeus. Há pouco, o Iraque resolveu boicotar a exportação autorizada de petróleo. A cotação subiu. Na política atual, a variação é repassada ao consumidor quase instantaneamente.

No caso do gás, o Governo suspeita que distribuidores e revendedores se têm beneficiado de margens abusivas de lucro visto que o preço cobrado do consumidor é bastante superior ao fixado pela Petrobras.

Cerca de 80% do petróleo consumido no País é produzido internamente a custo que corresponde a aproximadamente 30% das cotações internacionais. Mas a estatal reajusta os preços linearmente, baseada na variação de preços dos 20% que importa.

Por que não contabilizar a produção interna - para efeito de cobrança nos postos de gasolina - a preço que gere lucro satisfatório para a Petrobras, mas, ao mesmo tempo, leve em consideração o bolso do consumidor e a economia do país? Explica-se. O mecanismo de fixação de preços afeta toda a cadeia produtiva nacional e constitui fator de exacerbação das pressões inflacionárias.

Impõem-se providências urgentes e diretas capazes de pôr fim a exploração flagrante da economia popular que se dá por duas vias. De um lado, do oligopólio da distribuição do gás doméstico. De outro, do monopólio de fato exercido pela Petrobras na importação e produção do petróleo e derivados.

Para não soar eleitoreira, a providência cogitada pelo Governo relativamente ao botijão de gás (bem essencial para a economia doméstica) deveria estender-se aos demais derivados do petróleo. E de maneira transparente, preservando os índices de lucro normais da Petrobras, mas impedindo a maximização dos ganhos da estatal, que se refletem no bolso do real controlador da Petrobras - a sociedade brasileira.


Topo da página



07/29/2002


Artigos Relacionados


Ciro Gomes visita Zambiasi

Serra e Ciro Gomes empatam em 17%

Ciro Gomes descarta renúncia

Patrocínio elogia coligação pró-Ciro Gomes

Efraim repudia declaração de Ciro Gomes

Ciro Gomes fala à Subcomissão da Amazônia