Mudanças na área da saúde entram na pauta do Senado



O desafio de viabilizar recursos para a saúde pública no país deve entrar na pauta do Senado neste mês. Na terça-feira (20), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Executivo que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para administrar hospitais universitários federais e regularizar a contratação de pessoal desses órgãos. A matéria começa a tramitar agora no Senado e, se aprovada, seguirá para sanção presidencial.

Outra proposta que deve entrar na pauta do Senado é a regulamentação da Emenda 29/2000 , que fixa percentuais mínimos a serem gastos em saúde por estados, municípios e União. Os deputados deverão deliberar nesta quarta-feira (21) sobre o último destaque da oposição, que visa excluir da base de cálculo dos recursos vinculados à área a Contribuição Social para a Saúde (CSS). Esse tributo seria criado no lugar da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Com a decisão prevista para hoje, o projeto de lei complementar 306/08 (na Câmara) ou 121/07 (no Senado), de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC), deverá passar novamente pelo Senado, para revisão, antes de seu envio à sanção presidencial.

Recursos

Na terça-feira (20), como preparação para a votação, a Câmara realizou uma comissão geral (grande debate em Plenário), durante a qual o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, estimou em R$ 45 bilhões a necessidade de financiamento para que a União consiga universalizar, com qualidade, o atendimento na área.

Promulgada em 13 de setembro de 2000, a Emenda 29 incluiu uma regra no ato das disposições constitucionais transitórias, pela qual os municípios e os estados aplicariam em ações de saúde pública respectivamente 15% e 12% de sua receita.

O montante a ser investido pela União não ficou devidamente amarrado à receita, mas a valores historicamente aplicados no setor, acrescidos da variação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa é uma regra transitória, válida enquanto o Congresso Nacional não aprovar a regulamentação da Emenda 29.

A vinculação de uma parte das receitas da União - 10% - a programas executados no âmbito do SUS é prevista no projeto de Tião Viana aprovado pelo Senado. Para estados e municípios, são mantidos, respectivamente, 12% e 15% da arrecadação de impostos.

Perdas

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) estima em R$ 66 bilhões a perda de recursos no setor de saúde com a demora na aprovação da regulamentação. É que a proposta, aprovada em 2008 no Senado, tramita desde então na Câmara dos Deputados.

Para compensar as perdas no financiamento da saúde, de acordo com a CNM, os municípios são obrigados a investir cada vez mais no setor. No período de 2000 a 2009, conforme a entidade, teriam gasto R$ 100 bilhões acima do limite constitucional de 15%.

Desvios

Mas não é somente a União que estaria deixando de contribuir com recursos para a manutenção de um dos direitos fundamentais do cidadão, previsto na Constituição de 1988, que é o acesso à saúde pública.

Por falta da regulamentação, a maioria dos estados não cumpre a Emenda 29 e aplica em saúde percentuais inferiores a 12%, conforme levantamento do Departamento Nacional de Auditoria do SUS.

Irregularidades

A auditoria apontou ainda problemas graves, como a aplicação financeira dos recursos do SUS em prejuízo de ações e serviços de saúde. Além disso, muitos estados não teriam feito a movimentação financeira exclusivamente pelo Fundo de Saúde, como determina a legislação.

O estudo da CNM afirma que 22 estados, no ano de 2008, maquiaram suas informações e acrescentaram nas despesas em saúde gastos com habitação, planos de saúde, previdência social, segurança pública, defesa civil, ensino superior, pós-graduação, reforma agrária e sistema prisional. Os desvios, conforme a entidade, chegaram a R$ 3,1 bilhões naquele ano. A previsão dos parlamentares é de que, com a regulamentação da Emenda 29, esses desvios sejam contidos.

Hospitais

Outro grave problema na saúde pública decorre da crise enfrentada pelos hospitais universitários. O governo argumenta que as fundações de apoio a esses hospitais não conseguem atuar de forma complementar e alinhadas com as diretrizes governamentais e das instituições, provocando perda de capacidade de planejamento e de contratação de serviços.

O novo modo de administrar os hospitais baseia-se na experiência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A matéria chegou a tramitar na Câmara por meio da Medida Provisória 520/10, que foi aprovada, mas perdeu a validade quando estava em debate no Senado, em junho deste ano.

Pessoal

Os 53,5 mil servidores públicos que trabalham nos hospitais universitários federais poderão ser cedidos à nova empresa, assegurados os direitos e vantagens que recebem no órgão de origem.

No caso dos 26,5 mil funcionários recrutados pelas fundações de apoio das universidades, eles poderão ser contratados temporariamente por até cinco anos sob o regime celetista.



21/09/2011

Agência Senado


Artigos Relacionados


Mais duas MPs entram na pauta do Senado

Presidente do Senado diz que requerimentos só entram na pauta depois que MPs forem votadas

Pauta da CAS tem vários projetos na área de saúde

Projetos para a área de saúde são maioria na pauta da CAS

(Flash) - Área da Saúde foi pauta da última conversa entre Covas e Alckmin

Cinco mudanças constitucionais estão na pauta do Senado