Neutralidade da rede é fundamental na avaliação de debatedores do marco civil



VEJA MAIS

O artigo 9º do projeto do marco civil da internet (PLC 21/2014), que protege a neutralidade de rede, ou seja, o tratamento isonômico na oferta de quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, é visto por debatedores como um dos pilares do projeto. Representantes do governo e da sociedade civil defenderam que a proposta seja aprovada da forma como veio da Câmara dos Deputados.

— É fundamental a garantia do artigo 9º da forma como está. [Se houver uma mudança] o risco é criar usuários de duas categorias – disse Beatriz Barbosa, representante do Coletivo Brasil de Comunicação Intervozes.

Para o representante do Ministério da Justiça, Márcio Lopes Freitas Filho, a proposta também já teve tempo de maturação durante a análise na Câmara dos Deputados.

— O texto é resultado de contribuições da sociedade civil e teve tempo de maturação na Câmara – afirmou o representante do Ministério da Justiça.

Urgência Constitucional

O projeto do marco civil da internet foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 25, após três anos de intensos debates com ampla participação da sociedade. O texto define os direitos e deveres de usuários e provedores de serviços de conexão e aplicativos na internet. Até agora, a proposta recebeu 41 emendas no Senado, sendo que uma delas já foi retirada.

Em função de estar sendo analisado sob o regime de urgência constitucional , o projeto tem o prazo de 45 dias para votação no Senado, ou passará a trancar a pauta.  A intenção é que a proposta já tenha se tornado lei quando da realização do NETmundial – Encontro Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet, que acontecerá em São Paulo nos dias 23 e 24 de abril.

Mas houve reação à pressão para aprovação rápida da matéria. O relator do PLC 21/2014 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Vital do Rego (PMDB-PB), sustentou que o Senado vai cumprir seu papel de Casa revisora, e o senador Walter Pinheiro (PT-BA) reconhece os méritos do texto da Câmara mas avaliou que “é lícito e correto” que os senadores apresentem emendas.

- A forma como a proposta saiu da Câmara tem problemas, mas tem uma virtude: conseguiu ser trabalhada pelo estabelecimento de caminhos e diretrizes – observou Pinheiro.

O próprio relator do PLC 21/2014 na Câmara, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), apontou a lentidão típica da Câmara na análise das propostas legislativas e afirmou que “ninguém deve pressionar o Senado para nada”.

O projeto foi  tema de audiência pública interativa nesta quinta-feira (10) no Senado. O debate foi  o primeiro de uma série de três reuniões conjuntas das Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT); de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) para instruir a análise do projeto. As outras audiências estão previstas para os dias 15 e 22 de abril.

Guarda de dados

No debate, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, destacou como um dos pontos importantes do projeto do marco civil da internet a obrigatoriedade de os provedores de acesso à rede mundial de computadores zelarem pela guarda de dados dos usuários.

- Sem essa guarda de dados, praticamente se inviabiliza a atuação da Polícia Federal – advertiu Marcos Leôncio.

O representante da ADPF defendeu a aprovação do texto em tramitação no Senado, por entender que alia liberdade e segurança no ambiente da internet.

Consulta Pública

Na avaliação do vice-presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara e-Net), Leonardo Palhares, o texto do projeto está muito próximo do resultante da consulta pública sobre o assunto, realizada em 2009. Isso significa, conforme acrescentou,  que traduz as demandas apresentadas pela sociedade civil.

Logo em seguida, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), relator do PLC 21/2014 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), reconheceu que a missão do Senado em revisar a matéria será facilitada pelo fato de a proposta chegar aqui “com a força da coalizão” construída na Câmara dos Deputados. Mas considerou “injusto” que o Senado não possa dar sua contribuição para o aperfeiçoamento do texto.

Principais pontos

Entre os principais pontos da proposta,  estão a garantia do direito à privacidade dos usuários, especialmente à inviolabilidade e ao sigilo de suas comunicações pela internet; e a chamada neutralidade de rede, regra que determina tratamento igual para todos os conteúdos que trafegam na internet. De acordo com o texto, as empresas não vão poder limitar o acesso a certos conteúdos ou cobrar preços diferenciados para cada tipo de serviço prestado.



10/04/2014

Agência Senado


Artigos Relacionados


Para especialistas, 'neutralidade da rede' é fundamental em marco civil da internet

Governo defende neutralidade da rede no Marco Civil da Internet

Governo não negociará retirada da neutralidade da rede do Marco Civil da Internet, diz Ideli

Ângela Portela defende importância da neutralidade da rede em marco civil da internet

Debatedores defendem texto do marco civil da internet aprovado pela Câmara

Marco Civil garante a liberdade na internet e torna Brasil referência, dizem debatedores