NOTA/Bernardo do Souza



O deputado Bernardo de Souza (PSB) divulgou nota sobre resultados da reunião do Diretório do PSB de Pelotas. O documento foi inserido nos anais da Assembléia Legislativa, a pedido do parlamentar, e motivou pronunciamento na sessão plenária de hoje. Abaixo, a íntegra da nota: A pergunta continua pertinente: "Deve um deputado obedecer à direção partidária, ou deve a direção obedecer à doutrina partidária ?"Parece que já está sendo respondida. Enquanto aguardo resposta da direção nacional a meu recurso, antevejo que está para cair o pano com que se pretende encerrar a grande encenação do PSB. Ainda que se busque um bordão em Shakespeare, o resto não será silêncio! De fato, estão em conflito duas concepções de política. Aquela dos princípios e das doutrinas, cuja maior virtude é a coerência. E aquela das conjunturas e das ocasiões, quando a maior vantagem está no controle da direção partidária - em que vige a concepção leninista de centralismo democrático, onde as maiorias (especialmente as unanimidades) têm força para rasgar doutrinas e desconsiderar princípios. Este conflito já se evidenciou no ano passado. Meu voto contra o aumento de impostos e minha emenda subordinando-o a um referendo geraram uma nota (apócrifa, embora com timbre da direção estadual e remetida por fax originado da Secretaria dos Transportes). Nela, se dizia que o mais importante é o "projeto que está em curso". No Congresso da Juventude Socialista, em Santa Maria, a proposta de plebiscitos e referendos foi aprovada como "bandeira de luta". Logo, entretanto, foi tida como "inoportuna na conjuntura das eleições municipais". Recentemente, a direção estadual decidiu apoiar o projeto de alteração tributária e rejeitar o chamamento do povo a um referendo - porque a "conjuntura" assim o exigiria. Agora, correspondência oficial da direção partidária, remetida a lideranças, pretende fazer o "relato" da reunião do diretório e propõe uma escolha: "ou o deputado, ou o conjunto do partido". Este mandato - sei muito bem ! - é maior que minhas convicções pessoais. Está, todo ele, estribado nos princípios doutrinários e éticos do PSB e nos compromissos publicamente assumidos com as dezenas de milhares de eleitores que o constituíram. Esta fidelidade torna impossível apontar um único voto, um único parecer ou um único discurso que apresente discrepância com tais princípios e tais compromissos - jamais sufocados por conjunturas. Só assim sei fazer política. Nem quero aprender a fazer diferente. Continuarei persistindo na luta por uma esquerda moderna, democrática, civilizada e tolerante (com as divergências, explico, para os que não entendem) - bem no rumo sonhado por João Mangabeira, o fundador do PSB, de quem vem o lema estatutário: "socialismo sem liberdade, socialismo não pode ser". Não me conformo com a sujeição de princípios e doutrinas a conjunturas e conveniências. Não aceito a suspensão de princípios e compromissos partidários, "enquanto vigorar a ordem capitalista" - versão pouco inteligente para os fins justificarem os meios. Não sou parceiro para que o PSB se transforme em corrente ou em caudatário de nenhuma força ou governo. Para que não se diga que não falei do tema, tenho tristeza por virem, logo de Pelotas, algumas vozes a engrossar o coro daqueles que consideram os "momentos" mais importantes que os princípios (doutrinários: políticos e éticos). Num partido sério, rostos e projetos pessoais são menores que conceitos e doutrinas; as maiorias não podem rasgar princípios e estatutos; o controle interno não dá direito a butim, nem transforma divergentes em despojos. Num partido sério, o que se invoca é a coerência - nunca a obediência ! BERNARDO DE SOUZA - Deputado Estadual Porto Alegre, 28 de novembro de 2000

11/28/2000


Artigos Relacionados


Bernardo de Souza filia-se no PPS

IPE é tema de palestra de Bernardo de Souza

Al promulga projeto de Bernardo de Souza

AL aprova 49 emendas de Bernardo de Souza à LDO

Bernardo de Souza critica aprovação do PL 261/01

Bernardo de Souza palestra na Federasul