Novo ministro da Justiça admite intervenção no ES









Novo ministro da Justiça admite intervenção no ES
O novo ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, prometeu ontem encabeçar uma "cruzada cívica" contra o crime organizado no País, que, entre outras medidas, poderá resultar na intervenção federal no Espírito Santo. Ribeiro disse que a possibilidade da intervenção é uma alternativa a ser "cogitada", depois de reforçadas as ações da Polícia Federal (PF) no Estado, sobretudo na área de inteligência.

"Não se trata de ser a favor ou contra a intervenção", afirmou. "Trata-se, sim, de verificar se existem condições para isso." Após receber o cargo do ex-ministro Miguel Reale Júnior, ele assegurou que iniciará um "combate inclemente" contra o criminalidade no País. "Não ficarei refém do crime organizado", afirmou. "Esse não é o meu perfil e quem me conhece sabe disso."

Mas Ribeiro irá deparar com uma questão séria na próxima semana. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapf) pretende fazer uma paralisação nacional no dia 17, em protesto contra a medida provisória (MP) que criou mais 6 mil cargos na instituição. "Vamos fazer assembléias gerais pelos Estados e poderemos definir uma greve geral", afirmou o presidente da Fenapf, Francisco Garisto.

A entidade enviou um documento do presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, alertando sobre a possibilidade de a paralisação ocorrer durante o período eleitoral. "Queremos que o governo revogue esta MP e acabe com a politização da PF", afirmou Garisto, que também criticou a não-intervenção no Espírito Santo.

"O governo provou que não tem interesse em combater o crime." A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) também divulgou uma nota criticando o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, afirmando que ele se subordinou ao governo.

O ato de transmissão do cargo ao nono ministro da Justiça do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso durou cerca de 40 minutos. Emocionado, Reale Júnior lamentou que "imperativos éticos" o tenham levado a deixar o cargo no qual poderia levar adiante idéias novas de combate à violência. Ele disse que saía "frustrado e entristecido" e que sentirá saudades até mesmo das dificuldades que encontrou na Pasta. Reale Júnior elogiou Fernando Henrique, a quem chamou de "meu amigo", e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Alberto Cardoso, a quem disse ter se ligado por laços de amizade no curto espaço da gestão. O ex-ministro da Justiça falou de forma abstrata sobre os motivos da demissão. Reale Júnior se demitiu do cargo porque não concordou com a decisão de Brindeiro, apoiada pelo governo, de brecar a sugestão do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) de propor a intervenção federal no Espírito Santo, como forma de combater a corrupção e a criminalidade.


Para Garotinho, proposta de Ciro é um "confisco"
Em visita a Passo Fundo, onde inaugurou ontem um comitê de campanha do PSB, o candidato a presidente Anthony Garotinho (PSB) disse que o alongamento do perfil da dívida interna, defendido pelo candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), equivale a um "confisco". "Isso é fazer o mesmo que Collor (Fernando Collor de Mello, ex-presidente) fez", comparou Garotinho, lembrando que os bancos podem querer liberar os recursos depositados pelos clientes em parcelas, se for alterado o calendário de pagamento dos títulos que adquiriram do governo. "Ele (Ciro Gomes) precisa ser sincero e dizer que propõe um confisco com apelido de alongamento", desafiou o candidato do PSB a presidente, que também repetiu as críticas aos candidatos a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PCdoB-PCB-PMN), que considera "inexperiente", e José Serra (PSDB-PMDB), que rotula de "representante do continuísmo".

Garotinho atribuiu a Serra sua queda nas pesquisas. "Dizem que ele está por trás da queda da Roseana (Sarney, candidata a senadora pelo PFL do Maranhão) e de dossiês que retiraram de seu caminho outros nomes do próprio PSDB", afirmou dando a entender que os "boatos" de que desistiria da candidatura teriam começado no ninho tucano para o fazer cair nas pesquisas. "Agora, com a candidatura registrada, vou voltar a subir", afirmou.

Ex-governador prevê estará no segundo turno
O candidato do PSB previu que estará no segundo turno por causa da publicidade eleitoral gratuita na televisão e de muito corpo-a-corpo, que, acredita, mostrarão quem ele é. "No Rio de Janeiro, onde me conhecem, estou na frente de todos os outros concorrentes somados", comparou. No início da noite, antes do retorno ao Rio, participou de uma carreata e de caminhada no Conjunto Habitacional Morada do Vale, o maior de Gravataí. Na cidade administrada pelo PT, Garotinho disse que as pesquisas apontam para um grande espaço existente no eleitorado gaúcho, no qual ele pretende investir mais nos próximos meses de campanha. "Há um descontentamento, tanto dos eleitores do PT quanto do PL pela aproximação entre os dois partidos e também com eleitores do Ciro, ex-pedetistas que ficaram decepcionados em ver Brizola de braços
dados com Antônio Carlos Magalhães.

A carreata, com acompanhamento de cerca de 100 veículos, que saiu da praça central, em frente à prefeitura, seguiu até a sede do partido em Gravatai e encerrou no ponto de partida da caminhada na Morada do Vale I.


Associação Gaúcha de Municípios ouve candidatos
Os candidatos ao governo do Estado pela Frente Popular, Tarso Genro, e pelo PPB, Celso Bernardi, apresentarão suas propostas de governo no 7º Seminário de Gestão Pública, promovido pela Associação Gaúcha de Municípios (AGM), que será realizado na próxima terça-feira, dia 16, no auditório do Centro Administrativo do Estado, em Porto Alegre, a partir das 9 horas.

O seminário terá dois painéis. Pela manhã, falarão aos prefeitos, o procurador adjunto do Ministério Público do TCE, Geraldo Dacamino, o promotor de Justiça André Ricardo Marchesan e o presidente da DPM, Oscar Stahnke, com o painel "Os Municípios, o Ministério Público e a 4ª Câmara".

À tarde, no painel "Os Municípios e o Futuro Governo", Tarso Genro e Celso Bernardi estarão falando de suas principais propostas para o Rio Grande do Sul. O evento será o primeiro de uma série, quando os candidatos ao Piratini poderão apresentar aos administradores municipais o que pretendem implementar no Estado a partir de 2003 e ser questionados pelos prefeitos. A ordem de apresentação foi escolhida pela disponibilidade de agenda de cada candidato.


CVM investiga manipulação com pesquisas
As especulações com pesquisas eleitorais, que têm provocado estragos no mercado financeiro, entraram na mira de órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O presidente da autarquia, José Luiz Osório, revelou que a área técnica do órgão investiga se bancos nacionais ou estrangeiros estão manipulando o mercadoo em função dessas pesquisas.

A autaquia já solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dados detalhados sobre algumas pesquisas e pretende cruzá-los para identificar se há ou não manipulação de preços com essas informações. A grande dúvida no órgão é determinar se a compra de uma pesquisa e o uso de suas informações antes da divulgação do resultado podem ou não ser interpretadas como "insider information". Se essa for a interpretação dada ao problema, os envolvidos estariam sujeitos a penalidades estabelecidas pelo órgão para essa prática.

Órgãos como a CVM e o Banco Central têm recebido uma série de reclamações sobre o uso dessas pesquisas.

Fontes no mercado afirmam que bancos ou corretoras vêm comprando a pesquisa, operando e só após dois ou três dias divulgam o resultado do sobe-e-desce na corrida presidencial. Entretanto, nesse mei o tempo, boatos sobre a pesquisa começam a rondar as mesas de operações e, segundo as fontes, vindos da própria instituição que comprou a pesquisa.

A Lei Eleitoral obriga que todas as pesquisas que forem divulgadas sejam registradas no TSE, mas não determina a data da divulgação. As regras estabelecem apenas que os dados não podem ser veiculados antes de cinco dias a contar da data do registro. Ou seja, se um banco comprar hoje a pesquisa, operar no mercado e só divulgar o seu teor uma semana depois, não haverá qualquer penalidade pela Lei Eleitoral.

Não são apenas as pesquisas divulgadas que movimentam o mercado. Um levantamento encomendado ao Ibope pela Corretora Ágora em junho também trouxe transtornos ao sistema financeiro. A instituição registrou a pesquisa no dia 25 de junho, o que sinalizaria que os dados seriam divulgados a partir de primeiro de julho.

Entretanto, a Ágora nunca veiculou o resultado desse levantamento e também não era a compradora final do estudo.

Até hoje, o nome do verdadeiro comprador nunca foi revelado, mas, existe a suspeita de que seja o PSB, do candidato Anthony Garotinho. Nesse período, o dólar e taxa do risco Brasil dispararam e bateram recordes.

Nos últimos meses, as pesquisas se tornaram o pesadelo do mercado financeiro, que desaba cada vez que os números apontam para o fortalecimento dos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PPS, Ciro Gomes, na corrida presidencial.

A fiscalização sobre o uso de informação privilegiada é um dos maiores problemas da autarquia. A maior da parte das investigações esbarra na falta de evidências que possa identificar de forma clara o "insider".


Embratur diz que pacotes gaúchos são modelos para o País
Mesmo tendo ainda muito que avançar, os projetos de turismo no Rio Grande do Sul, principalmente na Serra Gaúcha, foram citados como exemplo de qualidade para todo Brasil pela diretora de economia e fomento da Embratur, Regina Cavalcante. A avaliação positiva foi feita ontem, na abertura do 4º Encontro Nacional das Regionais da Embratur, organizado pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado. Paralelamente, ocorre hoje o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo. Para Regina, a expectativa é de que o Rio Grande do Sul dê um salto de qualidade nos próximos anos, principalmente após a confirmação
do financiamento no valor de US$ 120 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

"O dinheiro será aplicado na melhoria da infra-estrutura do Estado ajudará na consolidação do Rio Grande do Sul como um destino turístico, assim como aconteceu com o Nordeste há alguns anos", acredita a diretora da Embratur.

Em menos de dois anos os recursos já deverão estar sendo aplicados para a melhoria da infra-estrutura dos acessos em aeroportos, rodovias, entre outros.

No total, o BID irá liberar um financiamento de US$ 400 milhões para os três estados da Região Sul, além do Mato Grosso do Sul.

Para conseguir esta verba, os estados tiveram que comprovar a sua capacidade de endividamento e ter aprovado o projeto pelos técnicos do BID. O Banco do Brasil vai ser o agente financeiro.

"Apostamos muito em mudanças efetivas no turismo brasileiro. E o Rio Grande do Sul já está conseguindo mostrar que é possível formatar um produto de turismo e comercializá-lo com sucesso", afirma Regina.

Segundo ela, nos últimos anos, as empresas do setor têm procurado se qualificar para atender às necessidades
dos clientes. Ela destaca o Salão Móvel do Turismo, que acontece há dois anos no Estado.

De acordo com a coordenadora da Região Sul da Embratur, Doroti Collares, a entidade está procurando preparar as agências na formatação de pacotes de viagem que atraiam consumidores para o Estado e não se voltem apenas para levá-los ao exterior. Das 1,1 mil empresas existentes, 90 já foram treinadas.


Input termina com documentário sobre Che Guevara
Hoje é o último dia do Input em Porto Alegre. No Goethe Institut, a programação do dia será aberta por Teresa Otondo, enfocando o significado do Input para a América Latina. A próxima atividade da agenda é um debate sobre Televisão Pública no Brasil. Por quem, para quem? Na seqüência, o público verá o documentário Sacrifício: Quem traiu Che Guevara?, com 58min de duração e produzido na Suécia em 2001. Os diretores são Erik Gandini e Tarik Saleh, que ouviram o primeiro depoimento do argentino Ciro Bustos, homem de confiança de Che e exilado na Suécia há 30 anos. Ele fala sobre as circunstâncias em que o guerrilheiro, amigo de Fidel Castro, morreu. Depois vai falar o diretor do Goethe Institut (patrocinador do encontro), Reinhard Sauer, encerrando este primeiro Input em Porto Alegre.

Atrações do encontro na Usina
A programação do encontro na Usina do Gasômetro tem hoje quatro documentários, com exibição a partir das 16h.

  • Imagens de uma ditadura - Canadá, 56min, 2000. Direção de Patricio Henriquez. Uma colagem visual sobre o governo de Pinochet no Chile, que impôs o terror no país.

  • O Fim do Sem Fim - Brasil, 60min, 2001. Direção de Beto Magalhães, Cao Guimarães e Lucas Bambozi. A idéia é mostrar como o povo brasileiro lança mão da criatividade para sobreviver à opressão originada da imposição cultural

  • J. G. Strijdom está muito, muito morto - África do Sul, 26min, 2000. Direção de Pule Diphare. O filme mostra como o povo sul-africano segue sua vida, indiferente aos símbolos do Apartheid que ficaram na praça central de Pretória, entre os quais está Strijdom, que foi primeiro-ministro do Partido Nacional na década de 1950.

  • Mexico Diminutos - México, 10min, 2001. Vários diretores. Proposta de volta à simplicidade no cinema: câmera, filme, som e tema.


    Advogada critica propostas de reduzir idade penal
    A grande mudança que os 12 anos de vigência do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) trouxe foi a proposta de proteção integral da população entre zero e 18 anos de idade. A afirmação é da advogada Maria Dinair Acosta Gonçalves, diretora do Departamento de Direito da Criança e do Adolescente do Instituto dos Advogados do RS (Iargs). Defensora do ECA, ela diz que o estatuto ainda não foi plenamente implantado, sobretudo os pontos que tratam das medidas sócio-educativas dos menores. Ontem, ela fez palestra no Seminário 12 do ECA, a Câmara Municipal de Porto Alegre.

    "A proteção integral é um direito da criança e do adolescente", afirma. "As políticas públicas devem se comprometer em fornecer saúde, educação e conhecimento para esses jovens e preservá-los em suas famílias e comunidades, sem albergá-los." A advogada é contra as propostas de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, que ciclicamente surgem nas comissões do Congresso Nacional. Para Maria Dinair, esta discussão é desnecessária, além de ser inconstitucional. "Estas propostas se chocam com o artigo 228 da Constituição Federal", afirma. "A idade penal estabelecida em 18 anos é uma cláusula pétrea e seguramente esbarraria numa Comissão de Constituição e Justiça." Ela enfatiza que rebaixar a idade penal significa simplesmente decretar métodos punitivos e voltar a adotar o sistema "crime-e-castigo".

    Tramitam no Congresso 18 propostas de emenda à constituição (PEC) em favor do rebaixamento da idade penal. A tese dos defensores é a de que, aos 16 anos, o jovem já tem discernimento para saber o que é crime ou não - tanto que o jovem já pode votar e eleger o presidente da República aos 16 anos. Além disso, consideram o ECA falho na punição de eventuais crimes, o que estaria favorecendo a participação de crianças e jovens no crime organizado.

    Maria Dinair também destaca que é preciso estimular a responsabilização dos jovens, o que lhes daria a noção d a necessidade de ter deveres. "Isso vai prevenir que os menores de 18 anos sejam atraídos para a delinqüência".

    Comitê avaliará situação do menor infrator
    Um comitê de representantes de órgãos públicos e organizações não-governamentais visitará unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei para verificar a situação dos internos. O secretário de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, disse ser "inadiável" a devassa nessas unidades porque vários Estados, mesmo os mais desenvolvidos, tratam os menores infratores de forma "subumana". O relatório das visitas ficará pronto em 10 de dezembro.

    A criação do comitê para avaliar as unidades de internação de menores foi uma das medidas anunciadas ontem pelo governo em homenagem ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 12 anos no sábado. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (IPEA) pesquisará a situação socioeconômica das crianças e adolescentes no Brasil para ajudar na formulação de novas políticas públicas.

    Além disso, um convênio no valor de R$ 720 mil garantirá a participação da Pastoral da Criança, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), num programa de profissionalização dos egressos das unidades de internação. O convênio foi assinado hoje durante a reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que discutiu avanços e dificuldades de execução do ECA.

    O estatuto garantiu direitos aos adolescentes e crianças e também fixou medidas socioeducativas para menores infratores. "Longe de ser sujeito de revisão, o ECA deve ser sujeito de implementação", cobrou Pinheiro. O secretário vê grandes avanços proporcionados pelo estatuto, como a criação dos conselhos tutelares, mas criticou os atrasos enormes na adoção do diploma legal por parte dos governos estaduais. E defendeu maior participação dos Estados.

    Para o delegado adjunto da Delegacia da Criança e do Adolescente de Brasília, Rario Temporim, o ECA equiparou todos os atos infracionais, ao prever no máximo três anos de internação do menor infrator, independentemente de ele ter ameaçado ou assassinado alguém. "Por falta de espaço nas unidades de internação, muitos voltam para a rua antes de terem sido recuperados", diz, contando que a reincidência entre os internos é alta.

    O delegado quer que o ECA eleve para cinco anos a pena de internação. Mas é contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, como propõem projetos em tramitação no Congresso. O delegado diz que traficantes aliciam menores de 17 anos por causa das penalidades brandas. Se a maioridade fosse reduzida, eles passariam a atrair adolescentes entre 14 e 15 anos para o crime. "Perderíamos o controle", diz, alegando que nesta faixa etária o jovem é mais facilmente manipulado.

    O presidente do Conanda, Cláudio Vieira, afirmou que os adolescentes "são mais vítimas do que protagonistas da violência." Dos oito mil adolescentes em regime de privação de liberdade, apenas 10% cometeram crimes contra a vida, diz Vieira. No entanto, 50% das mortes de jovens são por assassinato.


    Artigos

    Lixo em contêineres é modernidade
    Tito Bianchini

    A conteinerização, também chamada de coleta mecanizada, é uma solução para a coleta de resíduos sólidos domiciliares que traz ganhos em modernidade, higiene e segurança, mas que gera um custo superior e a queda de produtividade em relação ao processo manual. E não basta apenas importarmos equipamentos e tecnologias do exterior e aplicarmos à realidade brasileira da mesma forma que são utilizados por outros países. Desenvolvida na Europa há mais de 50 anos, a coleta mecanizada consiste na distribuição de contêineres plásticos em residências, condomínios, estabelecimentos comerciais e/ou calçadas e meio-fios. Os resíduos então são acondicionados pelos munícipes nesses recipientes, evitando que fiquem expostos enquanto esperam a passagem do caminhão compactador, que utiliza um equipamento hidráulico para levantamento e basculamento. O ideal para países latino-americanos como o Brasil são os contêineres de quatro rodas com capacidade de 660 até 1.200 litros. Com cada equipamento é possível atender a várias residências - normalmente os contêineres ficam alocados até 50 metros distantes uns dos outros -, agilizando o trajeto dos veículos de coleta. Salvador é um caso que ilustra bem essa condição. A capital baiana optou pela conteinerização há algum tempo, mas adquiriu contêineres de duas rodas, que têm menos da metade da capacidade dos de quatro rodas e não são indicados para servir várias casas, condomínios ou estabelecimentos ao mesmo tempo. Em função do tipo de lixo gerado na região e da cultura da população (encontramos até entulho entre os resíduos domésticos), o projeto não foi bem sucedido.

    Ao realizar o trajeto de coleta, os caminhões basculantes não conseguiam esvaziar os contêineres mecanicamente, exigindo o auxílio dos garis na descarga. Isso aumentou o número de acidentes de trabalho e danificou a maior parte dos equipamentos de levantamento de contêineres em operação. Para contornar o problema, a prefeitura de Salvador instalará, ainda em julho, 12 mil contêineres de quatro rodas e, gradativamente, os antigos serão desativados. O município gaúcho de Rio Grande também implantou um sistema de coleta mecanizada e deu preferência aos contêineres de quatro rodas. Os resultados foram bastante positivos, o que contribuiu muito para o embelezamento da cidade, além de reduzir o número de coletores feridos com materiais cortantes e perfurantes jogados inadequadamente nos lixos domiciliares. Em 2000, a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) enviou à prefeitura de São Paulo uma sugestão para que fosse adotado na cidade um sistema de coleta de lixo por contêineres.

    Houve uma resposta positiva do município, mas a concorrência pública contemplando essa inovação acabou não chegando ao fim. A idéia era, em uma primeira etapa, cobrir 40% da cidade. Evolução inevitável para o setor de resíduos sólidos, o Brasil ainda está dando os primeiros passos rumo à tendência de conteinerização.

    A adoção de uma tecnologia como esta exige mais investimentos no setor, além, é claro, da colaboração dos cidadãos. Na Espanha, caminhões de coleta computadorizados e dotados de braços hidráulicos apanham e basculam os contêineres sem auxílio de força de trabalho humana, necessitando apenas de um motorista, que simultaneamente dirige o veículo e comanda o equipamento.


    Colunistas

    ADÃO OLIVEIRA

    Da liturgia do cargo
    O competente repórter Geanoni Mousquer, da Rádio Gaúcha, anda muito preocupado. Geanoni disse-me, ontem, que não consegue imaginar Ciro Gomes, que vem crescendo nas pesquisas, presidindo o Brasil, com Leonel Brizola e Roberto Freire tentando mandar no seu governo.

    Procede a preocupação.

    Em todo o Brasil diz-se que, Ciro eleito, Leonel Brizola vai querer mandar no governo tentando montar o gabinete de Ciro com os quadros do PDT, a conhecida companheirada. Já de Roberto Freire fala-se que ele tentará dar uma guinada em Ciro. Colocá-lo, e a seu governo, mais à esquerda do que ele já está.

    Mas não vai passar disso.

    Ciro é um homem de temperamento firme, até de pavio curto e não vai se deixar dominar por pessoas ou ideologias. Ciro é muito mais turrão do que Serra. Aliás, nessa área, o que se diz de Serra se prova de Ciro. É democrata, sabe ouvir, dialogar, mas defende até a morte às suas convicções.

    Portanto, o Geanoni pode se despreocupar porque no Presidente da República ninguém manda.

    Nem "forças ocultas" e nem os "interesses internacionais".

    Se Ciro vencer o pleito, é ele quem vai mandar. E mais ninguém. Nem mangabeira Unger.

    Sobre a relação de poder, a história registra uma passagem semelhante a essa que Ciro pode enfrentar, caso se eleja.

    Foi durante a Nova República. A ditadura estava chegando ao fim, mas os militares só admitiam entregar o governo a alguém confiável. O PFL, simpático ao governo, uniu-se ao PMDB, o grande partido de oposição,
    para lançar o nome de Tancredo Neves. Depois de muita negociação, os militares aceitaram a indicação.

    Tancredo, no entanto, tinha que vencer Paulo Maluf no Colégio Eleitoral.

    Venceu, mas não assumiu. Morreu, antes de assumir a Presidência. Seu vice, José Sarney, tomou posse sob as bênçãos do então todo poderoso deputado Ulisses Guimarães, presidente do PMDB e "Condestável da República". Todos diziam que Ulisses, com o poder que tinha, iria mandar no governo. Ele se mexia com a maior desenvoltura, fazendo Sarney cumprir os compromissos anteriormente assumidos por Tancredo Neves.

    Antes de morrer, Tancredo havia montado o seu ministério, deixando aos cuidados de Dona Antonia - sua secretária - uma caderneta onde estava tudo anotado. Com a morte do presidente eleito, Dona Antonia entregou as anotações a Ulisses Guimarães. De posso desse material, Ulisses mandava e desmandava em Sarney. Chegou até a nomear, contra a vontade de Sarney, Pedro Simon, ministro da Agricultura que, na eleição do colégio eleitoral, havia votado contra ele.

    Todo esse poder foi exercido por Ulisses Guimarães até o dia da posse. Nesse dia, o maior homenageado nas cerimônias do Palácio do Planalto foi Ulisses Guimarães.

    Mas, no dia seguinte...
    Cedinho, Sarney dirigiu-se ao Palácio do Planalto para as cerimônias de praxe.

    Lá, comodamente sentado na ante-sala da sala do Presidente, Ulisses Guimarães já o aguardava em companhia do ministro da Fazenda, Dílson Funaro.

    Parecia ansioso por mandar mais um pouquinho.

    Ao ver Sarney passar para o gabinete, Ulisses apressou-se a encontrá-lo, mas foi impedido pelo major ajudante-de-ordens do Presidente da República.

    Ulisses voltou à poltrona e nela ficou esperando por mais de duas horas. Quase dormiu sentado.

    Só depois de despachar com os ministros da Casa é que Sarney recebeu o outrora todo poderoso presidente do
    PMDB.

    E foi assim, durante todo o seu mandato. Sarney mandou e desmandou. Sozinho. Ou com a família como preferem os maldosos.

    O Presidente manda. Não tem pra ninguém. É da liturgia do cargo.


    FERNANDO ALBRECHT

    Em reformas
    O Diário Oficial do Estado publicou o terceiro aditivo ao contrato original com a Fator Engenharia para as obras de recuperação da fachada do Palácio Piratini. Desta vez, o serviço é descrito como "alteração do cronograma físico-financeiro dos serviços originais da obra, bem como dos serviços extras, com alteração do prazo contratual final sem alteração dos valores já contratados". A obra tinha prazo de 150 dias para sua conclusão, o que agora subiu para 240 dias corridos.

    Direita, esquerda...
    O filósofo Denis Rosenfield arrancou aplausos da platéia de ontem no Tá na Mesa da Federasul ao analisar o PT. Dizendo que esta eleição é decisiva, comentou a contradição petista que prega o fortalecimento do Estado "quando Marx pregou a sua destruição. A democracia é o instrumento da conquista do poder", disse. Ao comentar o uso dos clichês "esquerda-direita", Rosenfield perguntou se ser a favor de maior segurança, por exemplo, é ser de direita.

    ...volver. Ou não.
    Algumas auto-definições petistas, tais como o marxismo cristão, são formas de comunismo, disse. O que aconteceria com Lula na presidência? Rosenfield destacou três cenários: o governo petista será social-democrata (pouca possibilidade), se rende ao terço revolucionário do partido (também pouca possibilidade) ou se pautará pela demagogia, que é o que ele acha que vai acontecer, prevendo neste caso uma crise institucional muito séria.

    O Dia da Pizza Hut...
    A Pizza Hut teve um inusitado movimento durante todo o dia de ontem, a ponto de literalmente esvaziar seus estoques. Quem pediu pizza domingo e segunda também recebeu um aviso que terça-feira, dia 10, seria o Dia da Pizza Hut e por isso as grandes de pepperoni custariam apenas R$ 5,00, contra os cerca de R$ 20,00 cobrados normalmente. Foi o Dia da Caça à Pizza.

    ...acabou com a pizza
    Donas de casa, principalmente, aproveitaram a barbada e ontem encomendaram pizzas para consumir e também para congelar. Os entregadores chegavam a levar duas horas nesta tarefa, explicando que as pessoas pediam no mínimo cinco unidades ou mais. Houve quem pedisse duas dúzias. Às 16h o estoque esgotou, obrigando a Hut a comprar pizzas de pepperoni de terceiros.

    Pedra sobre pedra
    A entrevista que Augusto Nunes, ex-diretor diretor de redação de Zero Hora, deu para a revista Press desagradou também ao alto comando da RBS. Tanto, que o próximo número da Press deve publicar uma dura carta do jornalista Lauro Schirmer contestando afirmações de Nunes. Quem teve acesso ao texto diz que "não vai sobrar pedra sobre pedra". Leia-se: Augusto Nunes arrumou uma enorme sarna para se coçar. E bota enorme nisso.

    Venda de hotéis
    O parque hoteleiro do Estado está realmente em ebulição. Um grupo hoteleiro gaúcho estaria ultimando conversações com um grupo canadense para a venda dos seus três hotéis, dois na Capital e um no Interior. A cifra envolvida gira em torno de R$ 50 milhões. Noves fora devem sobrar uns 30.

    Que coisa!
    O presidente Fernando Henrique Cardoso desancou o neoliberalismo. O vice de Lula é do PL, um empresário que cresceu no neoliberalismo e que pertence a um partido da ortodoxia evangélica de direita. Tudo tão estranho...

    Agente público
    A Procuradoria-Geral do Estado distribui um útil guia de recomendações aos agentes públicos com relação à eleição 2002. A publicação salienta que "agente público" não é só o funcionário nos conceitos tradicionais, mas qualquer pessoa com alguma relação com a administração direta ou indireta. Abrange cargos em comissão, empregos temporários, estagiários e até voluntariado em causas sociais ou humanitárias. Enfim, basta exercer alguma atividade pública, a qualquer título.

    Sacola Ecológica da Ecomorango será lançada hoje em Bom Princípio, parceria da cooperativa/Cláudio Vogel.

    Reitor da Unisinos, Aloysio Bohnen assume hoje às 17h a presidência do Consinos.

    Banco do Brasil inaugura hoje sua Universidade Corporativa.

    Abre hoje às 19h na Usina do Gasômetro o Salão de Arte Cidade de Porto Alegre.

    Renda do Fórum Azaléia/Copesul irá para o Hospital da Criança Santo Antônio.

    Presidente da Digitel, Gilberto Machado, assume hoje às 19h uma diretoria do Ciergs.

    Auxiliadora Predial realiza curso de capacitação de porteiros/zeladores na Capital e Capão Canoa.

    Jorge Johannpeter gravou depoimento para as teleconferências da Paramount.

    Nome correto de clínica estética citada na página é Mesoforma.


    Editorial

    VERDADES E MENTIRAS SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA

    Mortes, furtos e roubos envolvendo os "de menor" são a tônica. Não mais maltrapilhos, "pivetões" identificados de longe, mas pessoas classe média baixa, algumas mesmo empregadas, que enveredam pela senda do crime, organizado ou não, aqui, no Rio, São Paulo e, quem diria, no pacato Espírito Santo. Pois quando parecia que esgotara tudo o que se poderia falar a respeito da segurança pública no Brasil, eis que renomado técnico da ONU colocou de cabeça para baixo os conceitos emitidos, inclusive aquele mais repetido, considerado o politicamente correto, segundo o qual a "exclusão social é a causa da criminalidad e".

    Pelo contrário, segundo o divulgado por Túlio Kahn, a criminalidade é feita de oportunidades e estas estão nos estados brasileiros mais desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, enquanto é muito baixa no Piauí, que tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, de 0,53, aparecendo com 4,44 homicídios por 100 mil habitantes. O RS tem IDH de 0,87 e taxa de homicídios de 12,24 por 100 mil habitantes. Ora, então como vamos decifrar este enigma ou ser devorado pela esfinge que nos assusta e que nos devora cotidianamente? Os candidatos a presidente prometem, com perguntas às vezes extensas e confusas, pautadas no que o brasileiro comum deseja ver resolvido, como a segurança. Ciro, Garotinho, Serra e Lula não fogem aos lugares-comuns, embora demonstrem visão concreta do combate ao crime organizado e da delinqüência de varejo. Mais condições técnicas e operacionais, remuneração e asfixia do contrabando de armas e drogas nas fronteiras, o binômio que tem infernizado o Rio de Janeiro e São Paulo, estendendo seus tentáculos malignos e sanguessugas de jovens e adultos em todos os quadrantes e posições sociais.

    Como em quase tudo na vida, há verdades e mentiras, fatos e versões sobre a segurança. A falta de emprego, o aumento das famílias marginalizadas e as crianças criadas apenas pelas mães em meio à extrema dificuldade formam sim um cadinho de gente revoltada. Não pode haver, em princípio, boa formação para aqueles que não têm um pai trabalhando e presente, vêem a mãe no sacrifício e não enxergam perspectiva socioeconômica. Mesmo assim, o estudo do sociólogo aponta que não é a pobreza, mas a qualidade de vida melhor que aumenta a criminalidade. Evidente que existe um DNA irresistível que impele, mas, igualmente, temos um percentual do meio, que nos empurra ao mau procedimento. Nas faculdades gaúchas encontram-se alunos que vieram de vilas pobres e que se agarraram às chances mínimas que tiveram e venceram. Outros optam pela indolência, pelo coitadismo, por esperar que as coisas aconteçam, engrossando multidões que exigem dos poderes públicos políticas compensatórias. Aí vem o dilema, como a população necessitada aumenta sempre acima daqueles que têm trabalho, pagam impostos e podem ajudar na solução do problema, ano após ano mais verbas são desviadas a fundo perdido, R$ 35 bilhões em 2002, visando dar o peixe. Ensinar a pescar é uma atitude que vai encolhendo, sob o manto do discurso populista, que agrada aos ouvidos, serena consciências e joga para o futuro a dificuldade que deve ser enfrentada logo. Se o Brasil tivesse não 170 milhões de habitantes, mas 120 ou 130 milhões, a renda per capita seria quase o dobro, a População Economicamente Ativa estaria empregada e muitas das agruras que enfrentamos, começando pela insegurança pública, minimizadas. Ataquemos os males com ensino massivo de métodos contraconceptivos legais, para que tenhamos menos brasileiros nascendo em meio à penúria e sem horizontes. É o primeiro, mas importantíssimo passo, da caminhada rumo a uma nação com mais segurança.


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    07/11/2002


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