OAB cobra providências contra crimes









OAB cobra providências contra crimes
Approbato vai dizer a FHC que medidas anunciadas não resolverão o problema do Espírito Santo

BRASÍLIA - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbato Machado, deverá cobrar hoje, do presidente Fernando Henrique Cardoso, providências práticas e eficientes para conter o avanço do chamado poder paralelo no Espírito Santo. Defensor da intervenção federal no Estado, Machado, amigo do ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, suspendeu a participação de integrantes da OAB nas reuniões do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), após o recuo do Governo, que decidiu não intervir na região.

"Não tenho nenhum tipo de prevenção a outras alternativas, que vierem a ser apresentadas, porém, só acredito em ações que garantam a execução da lei e o fim da criminalidade no Espírito Santo", afirmou. "A OAB não tem resistências às medidas anunciadas. Se tudo continuar como está, a tendência é de ocorrer um estímulo ainda maior no que já acontece por lá, que é o Estado oficial captulado ao Estado paralelo", acrescentou.

Ele disse que não comentaria as últimas medidas anunciadas pelo Governo, pois quer aguardar a conversa com Fernando Henrique. Mas, entre amigos, Machado fez críticas severas. Na opinião dele, as medidas não resolvem a questão nem são prenúncio de novidades. "A preocupação não é só garantir proteção para as vítimas e seus familiares é muito mais do que isso", costuma repetir.

Na semana passada, o presidente da República recebeu o presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara, Orlando Fantazzini (PT-SP), e membros de organizações não-governamentais (ONGs) que lhe pediram que decretasse a intervenção no Estado.

Ao fim do encontro, Fantazzini e os outros aceitaram a proposta do Governo de estabelecer uma ação coordenada no Estado, reunindo o Ministério da Justiça, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MP), e outras medidas.

Na conversa, Fernando Henrique afirmou que a intervenção não era apenas um assunto político, mas que envolvia vários fatores. Ele argumentou que os ameaçados de morte no Espírito Santo serão incluídos no Programa Nacional às Testemunhas e que as ações serão coordenadas pelo novo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Celso Campilongo. Inicialmente, serão abertos inquéritos, realizadas varreduras nos telefones dos envolvidos nas denúncias e criado um grupo de elite (formado por procuradores) para acompanhar os trabalhos.

Também serão enviados 50 agentes da PF, cinco delegados federais e mais dois peritos (também da PF) para o Espírito Santo. Em relação ao envio de homens, segundo integrantes da OAB, Machado comentou que eram previstos. Sem esconder a contrariedade com a decisão do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, de arquivar o pedido de intervenção no Espírito Santo, o advogado relembra, freqüentemente, a conversa que teve com Reale Júnior, na qual foi informado que o presidente determinou dar continuidade ao processo de intervenção no Estado.

"Não tenho razão alguma para levantar dúvidas sobre o relato do dr. Miguel Reale, um homem sério, ético e correto. Minha confiança nele não é apenas por causa de uma longa amizade, mas porque temos o mesmo posicionamento sobre a situação do Espírito Santo", disse.


Tumulto no enterro de cantor
RIO - Cerca de 1.500 pessoas acompanharam ontem, no cemitério Memorial do Carmo (Caju, zona portuária do Rio de Janeiro), o enterro do cantor Cláudio Rodrigues de Mattos, o Claudinho da dupla Claudinho e Buchecha, morto ontem em um acidente de carro na rodovia Presidente Dutra. Claudinho tinha 26 anos. Tumultos marcaram o enterro e causaram um atraso de uma hora. O secretário do cantor, Ivan Manzielli, 65 anos, que conduzia o automóvel em que Claudinho viajava, foi chamado de "assassino" pelos fãs do cantor e teve que deixar o cemitério. Ivan Manzieli não quis dar entrevistas. Ele sofreu apenas escoriações no acidente.

O grande número de pessoas no cemitério Memorial do Carmo levou a PM (Polícia Militar) a formar um cordão de isolamento para permitir a saída do caixão da capela para o sepultamento. O companheiro de Claudinho, Buchecha, passou mal durante o enterro e teve que ser socorrido e sedado. Houve confusão também na chegada da viúva de Claudinho, Vanessa Alves Ferreira, 23 anos, e da filha do cantor, Andressa, de três anos. Os fãs quase impediram as duas de entrarem na capela.

Vanessa disse que, na noite anterior ao acidente, Andressa implorou ao pai para que não viajasse. Segundo ela, Claudinho respondeu os apelos da filha dizendo que "precisava ganhar dinheiro para poder comprar o leitinho dela". No enterro, os fãs cantaram os principais sucessos da dupla como Só love e Quero te encontrar.

Entre os famosos que foram prestar a última homenagem a Claudinho, estavam os cantores Orlando Moraes e Latino. A governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), o atacante Ronaldo, da Internazionale, e a apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo, enviaram coroas de flores.

O acidente que matou Claudinho ocorreu no quilômetro 203 da Via Dutra, altura de Seropédica (Baixada Fluminense/região metropolitana). Na ocasião, ele voltava de um show em Lorena, interior paulista. O carro em que viajava derrapou na pista sentido Rio e se chocou contra uma árvore. O cantor morreu na hora. Manzieli afirmou que levou uma fechada de um caminhão. Para a PRF (Polícia Rodoviária Federal), ele teria dormido ao volante.


Passeata faz homenagem a jornalista
RIO - Foi realizada ontem a primeira passeata de protesto contra a violência no Rio e em homenagem ao jornalista Tim Lopes na zona Norte desta capital. Tim foi assassinado dia 2 de junho por traficantes de drogas do Complexo do Alemão, na zona Norte, mas todas as manifestações até agora tinham sido organizadas no Centro e na orla da zona Sul. A caminhada ocorreu na Tijuca, uma das regiões mais violentas do Estado.

Segundo o presidente da Câmara Comunitária da Grande Tijuca (que reúne ainda Vila Isabel, Grajaú, Andaraí, Maracanã e Catumbi), Chico Aguiar, a região está cercada por 28 favelas que estão em constantes conflitos por serem dominadas por dois grupos rivais: o Comando Vermelho e o Terceiro Comando.

De acordo com a Polícia Militar, cerca de três mil pessoas participaram da caminhada que começou com a leitura de um tributo a Tim Lopes exigindo uma ação eficiente do poder público. O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Nacif Elias, afirmou que o objetivo dos organizadores é continuar a fazer passeatas na zona Norte e subúrbios até chegarem à favela da Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, onde Tim foi assassinado quando fazia uma reportagem sobre os bailes funks.

Centenas de familiares e amigos de vítimas de violência participaram da caminhada e aproveitaram o ato para relatar suas experiências. Os casos mais frequentes eram de desaparecidos. O protesto terminou com os manifestantes cantando o Hino Nacional.


PSB quer expulsar Carlos Lapa
Acordo fechado entre o socialista e o candidato ao Senado pela aliança, Sérgio Guerra, gera crise

SERTÂNIA - O PSB se prepara para expulsar o deputado estadual Carlos Lapa. E também para forçá-lo a entregar a liderança do PSB na Assembléia Legislativa. O ex-governador Miguel Arraes (PSB) e o neto dele, o deputado federal Eduardo Campos (PSB), decidiram invadir a região da Mata Norte, onde Lapa faz política, para tirar votos dele, que este ano é candidato a deputado federal, assim como Arraes e Eduardo.

Estas são apenas as primeiras reações dentro do PSB contra o acordo de Carlos Lapa com o tucano Sérgio Guerra, um dos candidatos ao Senado da chapa jarbista e de quem Lapa se declar ava inimigo pessoal. O assunto repercutiu, ontem, na 30ª Exposição de Caprinos e Ovinos de Sertânia, onde o candidato a governador do partido, Humberto Barradas, caminhou e fez carreata.

O seu candidato a vice, Dilton da Conti (PSB), evitou falar explicitamente em expulsão.

"Aprendi com meu pai que quem diz que vai matar não mata", observou em conversa por telefone. Ele falou em nome da chapa majoritária do PSB. Da Conti afirmou que a executiva do partido vai se reunir para discutir a questão e admitiu que a expulsão de Carlos Lapa "é uma hipótese". Segundo Dilton da Conti, "não será uma reunião para botar ninguém para fora, mas nada impede que da executiva solicite que ele (Lapa) abandone o partido".

Dilton da Conti enfatizou achar estranho Carlos Lapa se unir novamente a Sérgio Guerra depois de se dizer seu inimigo quando eles romperam. Perguntado sobre o que de fato levou Carlos Lapa novamente para os braços de Guerra, Da Conti respondeu:
"Quem manda no mundo hoje é o sistema financeiro. Em Pernambuco Jarbas e Sérgio
Guerra representam esse sistema". Humberto Barradas acentuou que Carlos Lapa "está pensando que está indo para o céu, mas na realidade se desiludiu e está desiludindo muita gente que acreditava nele", lembrando o que disse Arraes quando Jarbas se aliou ao PFL: "Entrou no caminho da perdição".

O deputado federal Djalma Paes (PSB) foi contundente: "Ele (Lapa) e Sérgio Guerra se desmoralizaram. Mostraram que são farinha do mesmo saco". O PSB, leia-se Arraes e Eduardo Campos, escalaram o presidente do partido, Jorge Gomes, como emissário na AL para fazer Lapa pedir a sua destituição da liderança do partido.


Crescimento de Ciro miniminiza crise
Frente Trabalhista diz que divergências estão superadas e apoio ao candidato do PPS é prioridade

O crescimento de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas, chegando ao segundo lugar na corrida ao Palácio do Planalto, colocou em segundo plano as diferenças existentes na Frente Trabalhista (PPS/PDT/PTB) em Pernambuco. A tônica do jantar de adesão ao candidato no último sábado, no Recife, foi a supervalorização da unidade que Ciro proporciona. Os senadores Roberto Freire (PPS) e Carlos Wilson (PTB), antes aliados e hoje rompidos, com candidatos distintos ao Governo do Estado frisaram, em seus discursos, que quaisquer divergências são menores que as convergências que Ciro representa. Além do jantar, Ciro participou de um comício no Cabo, à noite. Ambos os eventos foram concorridos deixando o candidato "surpreso e grato".

Embora aliados nacionalmente - as siglas de ambos continuam na Frente - Carlos Wilson e Freire apóiam, respectivamente, Ilo Jorge (PDT) e o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) para o Governo do Estado. Freire ressaltou que mesmo usando estratégias diferentes os partidos que estavam ali à mesa tinham raízes semelhantes.

"Ainda que a Frente não tenha sido mantida, estamos juntos em torno de Ciro, que pode ser o grande momento de reconquista". Para o senador, a pluralidade partidária que hoje Ciro atrai tem que ser ainda maior. "Não temos que ter porteiras".

Também em tom harmonioso, o deputado estadual e presidente do PDT em Pernambuco, José Queiroz, fez questão de salientar que a Frente Trabalhista foi uma semente lançada por Ciro, mas regada pelos pedetistas. "Mesmo na divergência, vamos construir juntos. Pouco importa querer negar as divergências. O quer importa são as convergências".

No jantar, Ciro dividiu a mesa com representantes de oito legendas, todas ligadas à sua candidatura através da "árvore genealógica" surgida com as coligações informais entre partidos, impostas pela verticalização. Mesmo diante do clima amistoso em torno do seu nome, ele observou que o coordenador da sua campanha no Estado, o vereador Waldemar Borges (PPS), "vai ter que agir como algodão entre cristais".

O candidato falou por cerca de 45 minutos e destacou a variedade de tendências que o apóia como algo positivo. Segundo afirmou, ele não é salvador da pátria."Não quero ser presidente do Brasil, caso estejam pensando que vou resolver tudo", disse, acrescentando que é importante que as pessoas tomem consciência que o país tem como resolver seus problemas.


Acordo leva trégua à construção
Reajuste salarial e benefícios sociais sinalizam para dias mais tranqüilos entre trabalhadores e patrões

A melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil está se refletindo nas negociações entre operários e empresários do setor. O clima está mais leve. Nada de brigas na Justiça ou greve. O acordo coletivo firmado no ano passado sinaliza para esse convívio saudável. Diferente das campanhas salariais anteriores, em 2001 a classe trabalhista não paralisou as atividades por um único dia. Ainda assim, conquistou um aumento de 9%. Maior índice concedido entre todas as categorias do Estado. De quebra, ganhou também um aditivo ao acordo incluindo o Dia Estadual de Saúde, Prevenção e Cidadania dos Operários da Construção.

A harmonia entre as partes levou até a comemoração desse aditivo. Juntos, empregados e patrões se sentaram na mesma mesa. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT), palco comum aos dois lados, pela primeira vez não precisou ser acionada para resolver a questão. "A criação dessa data era um ponto importante na negociação. Trata-se de um ganho socialpara o operário e sua família", ressalta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Pernambuco (Marreta/PE).

Hoje, segundo Dulcilene Moraes, a principal luta dos trabalhadores é por melhores salários. Ela conta que o índice de 9% deixou os operários satisfeitos. "Tivemos um dois maiores reajustes do País. Ficamos bem acima da inflação. Temos hoje o maior piso salarial entre os trabalhadores da indústria de Pernambuco", comenta. Ela avalia que a busca por um piso salarial tem que andar lado a lado com as conquistas sociais.

Como o acesso a cursos profissionalizantes, fardamentos, alimentação no canteiro de obras e alfabetização, entre outros.

"O lado social é muito importante. O trabalhador precisa se sentir cidadão, ser respeitado", argumenta a sindicalista, acrescentado que o primeiro casamento coletivo da categoria, marcado para o final desse mês, faz parte desse processo de cidadania do operário. Evento que não será desperdiçado pelo servente de pedreiro José Antônio da Silva, 34 anos. Ele pretende aproveitar a ocasião para oficializar sua união de quase 10 anos com a dona de casa Maria Betânia Nascimento, 30 anos, mãe de seus três filhos. O casal nunca teve condições financeiras de bancar uma cerimônia. "É a chance de ver a minha mulher vestida de noiva e de passar meu nome para ela", alegra-se o operário.

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon/PE), Antônio Carrilho, diz que os ganhos com essa relação mais amadurecida, mais respeitosa, aparecem para ambos os lados. "Se a negociação é feita sem conflitos não há perdas nem para o trabalhador, nem para os empresários", destaca.

Ele lembra que o setor leva os incentivos sociais a sério, procurando sempre dar assistência de forma ampla aos trabalhadores. Carrilho prefere não fazer previsões para as próximas campanhas, mas espera que o clima amigável seja mantido.

As campanhas salariais dos trabalhadores da construção civil costumavam ser marcadas por greves. Algumas chegaram a durar até 23 dias, como a de 1993. No entanto, a negociação mais difícil vivida pelos operários foi a de 1998. Nesse ano, os empregados passaram 14 dias parados para conseguir o direito ao almoço no canteiro de obras. O acordo não foi fechado e a negociação foi levada ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT/PE). Os trabalhadores conseguiram um reajuste de 3,16%, a garantia do pagamento dos dias parados e o fornecimento do almoço.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - César Rocha

A política como ela é
Política às vezes é engraçada. Geralmente, bizarra. Começou a circular, em conversas de bastidor, a verdadeira história do anão Elias, que por pouco não foi o primeiro candidato anão ao Senado em Pernambuco. É enriquecedora para o eleitor. Dias atrás, em plena articulação das chapas proporcionais, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB), que disputa o Senado, fez um acordo com o candidato a deputado e controlador do minúsculo PSDC, o vereador do Recife Luiz Vidal. Guerra prometeu passar para Vidal as bases e o apoio do prefeito de Gravatá. Isso garantiria o compromisso de Vidal de se aliar ao PPS e ajudar Roberto Freire a se eleger deputado.

Pois bem, um certo dia, Vidal chamou a mulher e disse: "Vamos a Gravatá. Vamos visitar nosso prefeito". Subiu a serra e qual não foi a surpresa ao encontrar o prefeito circulando com um concorrente seu, Raul Henry, ex-auxiliar de Jarbas. Vidal ficou possesso. Ligou para Deus e o mundo dizendo cobras e lagartos de Guerra. Chamava Guerra de "anão doorçamento", numa referência às acusações de envolvimento dele no chamado "Escândalo do Orçamento" (das quais foi inocentado). Já no Recife, alguém falou a Vidal que havia no partido um filiado anão. Foi quando surgiu a idéia de lançá-lo ao Senado para atacar Guerra. Vidal pegou o endereço de Elias e mandou seu motorista encontrá-lo "ainda hoje". No final da tarde, o motorista, um sujeito de quase dois metros de altura, o localizou. Foi curto e grosso: "Vamos comigo, o presidente do partido quer falar com você". Elias reagiu: "Não posso. Hoje, não." O motorista não pensou duas vezes. Agarrou o anão, colocou no ombro e cumpriu a missão. Mais tarde, outro vereador, Silvio Costa, que manda no nanico PSD, deu uma mãozinha - propôs o slogan da campanha de Elias: "Sou anão de nascimento, o outro é anão do orçamento".

À noite, Vidal, acompanhado de Silvio Costa, apresentou Elias a um grupo de jornalistas no Spettus. O anão chegou num carrão. Tinha ido tomar um banho de loja.

No dia seguinte, a história estava nos jornais. E, na sexta-feira, 5, prazo final de registro dos candidatos no TRE, toda a Imprensa esperava Vidal para uma entrevista do singular concorrente ao Senado. Nenhum dos dois apareceu. Assessores de Jarbas, gente ligada a Guerra e parlamentares haviam entrado no circuito para acabar com aquilo. A pressão deu resultado. Fez-se um acordo, o anão sumiu e Vidal calou-se. As condições desse acordo ninguém divulga. Mas a história em si vale para o eleitor como um registro da política como ela realmente é.

O presidenciável Ciro Gomes (PPS) não deu a mínima, no sábado, quando esteve em Pernambuco, para o candidato do PDT a governador, Ilo Jorge. Esqueceram de avisá-lo que os dois estão juntos na Frente Trabalhista, que reúne também o PTB

Postura I
Há um mal-estar no PT por causa da timidez de Humberto Costa em seus atos de campanha. Na inauguração do comitê de Maurício Rands, por exemplo, o petista passou um bom tempo sozinho. A imagem dele contrastava com a energia da militância.

Postura II
Na caminhada que fez sexta-feira em Paulista, Humberto repetiu a dose. Ao final do trajeto, acompanhado de cerca de 200 empolgados militantes, virou-se, entrou no carro e partiu. Não deu sequer uma palavra de estímulo. Mas os que o criticam Humberto - entre eles, João Paulo - poderiam ajudá-lo, reforçando sua assessoria política.

De Maciel
Sobre a candidatura a deputada de Aline, filha de Antonio Mariano: "Nunca a mulher esteve tão em alta. Aline preenche esse vácuo na eleição proporcional no partido (o PFL)". Talvez Maciel fale em vácuo porque já conta com a ida da deputada Tereza Duere para o Tribunal de Contas. Deure deixaria a campanha à reeleição e Mariano ficaria sem a vaga de conselheiro do TCE.

Agora, aliados Curiosidades do que a verticalização das coligações está fazendo: nos últimos dias, não foi apenas o deputado Carlos Lapa, do PSB, quem esteve com o adversário Sérgio Guerra (PSDB) para discutir uma aliança eleitoral. Carlos Gueiros, do PTB de Carlos Wilson, que disputa com Guerra o Senado, também esteve com o tucano tratando de parceria política.

Equipe
Mais algumas mudanças na equipe do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) podem ocorrer nos próximos dias. Por conta da eleição, alguns de seus auxiliares devem deixar o cargo para coordenar a campanha. Entre eles, está o secretário Edgar Moury Fernandes, que deve voltar a coordenar o setor financeiro do comitê.


Editorial

ACORDO LEVA TRÉGUA À CONSTRUÇÃO

Reajuste salarial e benefícios sociais sinalizam para dias mais tranqüilos entre trabalhadores e patrões.
A melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil está se refletindo nas negociações entre operários e empresários do setor. O clima está mais leve. Nada de brigas na Justiça ou greve. O acordo coletivo firmado no ano passado sinaliza para esse convívio saudável. Diferente das campanhas salariais anteriores, em 2001 a classe trabalhista não paralisou as atividades por um único dia. Ainda assim, conquistou um aumento de 9%. Maior índice concedido entre todas as categorias do Estado. De quebra, ganhou também um aditivo ao acordo incluindo o Dia Estadual de Saúde, Prevenção e Cidadania dos Operários da Construção.

A harmonia entre as partes levou até a comemoração desse aditivo. Juntos, empregados e patrões se sentaram na mesma mesa. A Delegacia Regional do Trabalho (DRT), palco comum aos dois lados, pela primeira vez não precisou ser acionada para resolver a questão. "A criação dessa data era um ponto importante na negociação. Trata-se de um ganho socialpara o operário e sua família", ressalta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Pernambuco (Marreta/PE).

Hoje, segundo Dulcilene Moraes, a principal luta dos trabalhadores é por melhores salários. Ela conta que o índice de 9% deixou os operários satisfeitos. "Tivemos um dois maiores reajustes do País. Ficamos bem acima da inflação. Temos hoje o maior piso salarial entre os trabalhadores da indústria de Pernambuco", comenta. Ela avalia que a busca por um piso salarial tem que andar lado a lado com as conquistas sociais.

Como o acesso a cursos profissionalizantes, fardamentos, alimentação no canteiro de obras e alfabetização, entre outros.

"O lado social é muito importante. O trabalhador precisa se sentir cidadão, ser respeitado", argumenta a sindicalista, acrescentado que o primeiro casamento coletivo da categoria, marcado para o final desse mês, faz parte desse processo de cidadania do operário. Evento que não será desperdiçado pelo servente de pedreiro José Antônio da Silva, 34 anos. Ele pretende aproveitar a ocasião para oficializar sua união de quase 10 anos com a dona de casa Maria Betânia Nascimento, 30 anos, mãe de seus três filhos. O casal nunca teve condições financeiras de bancar uma cerimônia. "É a chance de ver a minha mulher vestida de noiva e de passar meu nome para ela", alegra-se o operário.

O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon/PE), Antônio Carrilho, diz que os ganhos com essa relação mais amadurecida, mais respeitosa, aparecem para ambos os lados. "Se a negociação é feita sem conflitos não há perdas nem para o trabalhador, nem para os empresários", destaca.

Ele lembra que o setor leva os incentivos sociais a sério, procurando sempre dar assistência de forma ampla aos trabalhadores. Carrilho prefere não fazer previsões para as próximas campanhas, mas espera que o clima amigável seja mantido.

As campanhas salariais dos trabalhadores da construção civil costumavam ser marcadas por greves. Algumas chegaram a durar até 23 dias, como a de 1993. No entanto, a negociação mais difícil vivida pelos operários foi a de 1998. Nesse ano, os empregados passaram 14 dias parados para conseguir o direito ao almoço no canteiro de obras. O acordo não foi fechado e a negociação foi levada ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT/PE). Os trabalhadores conseguiram um reajuste de 3,16%, a garantia do pagamento dos dias parados e o fornecimento do almoço.


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07/15/2002


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