ODACIR SOARES AFIRMA QUE SERVIDOR PÚBLICO NÃO É VALORIZADO PELO ESTADO



O senador Odacir Soares (PTB-RO) afirmou que a sensação vivida pelo funcionalismo público brasileiro e a percepção da sociedade são de que não há, no trato que o Estado dispensa aos seus servidores, nenhumestímulo para que o funcionário tenha um bom desempenho profissional e satisfação no emprego. Segundo o senador, não estão presentes no setor os fatores descritos pelo professor Jairo Eduardo Borges Andrade, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília, como fundamentais para que o trabalhador tenha um vínculo psicológico com sua organização de trabalho:

- Não há oportunidade de crescimento e progresso na carreira profissional. No contexto da distribuição das tarefas e da remuneração, campeia uma difusa e até silenciosa sensação de injustiça. No que diz respeito à posição do Estado na sociedade, no Brasil, optou-se pela divulgação sistemática de uma visão de impropriedade e incapacidade do Estado no desempenho de tarefas até há pouco consideradas como seus inalienáveis atributos e obrigações, tais como educação e saúde - afirmou Odacir Soares.

O senador citou Borges Andrade por seu trabalho sobre"comprometimento organizacional", definido pelo professor como o "vínculo psicológico que o trabalhador pode estabelecer com sua organização de trabalho, ao demonstrar crença e aceitação dos objetivos e valores dessa organização, apresentar disposição para defendê-la e desejar manter o referido vínculo". Odacir Soares aproveitou para dizer que não há como modernizar o Estado sem a participação e o comprometimento organizacional dos seus servidores:

- Não defendo privilégios, defendo a obrigação moral do Estado no sentido da condução de uma justa, clarividente e eficiente política em relação ao funcionalismo público.

Odacir apontou como um dos problemas enfrentados pelos servidores públicos o fato de a grande maioria deles estar há quatro anos com os vencimentos congelados, quando a inflação acumulada desde o lançamento do Plano Real já desvalorizou a moeda nacional em aproximadamente 48%.

A situação específica dos professores do ex-território federal de Rondônia, que foram absorvidos pela União mas até hoje não tiveram definido seu enquadramento no Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos, também foi abordada por Odacir Soares, para quem esses servidores têm convivido com o desconforto, a insegurança e apreensão, "alvos das mais inconseqüentes afirmações relativamente ao que os espera no futuro":

- Na minha opinião, é um caso concreto em relação ao qual o governo deve demonstrar na prática a verdade do discurso da valorização do servidor público.

O senador admitiu que o redimensionamento da questão do funcionalismo público no Brasil é necessário, como também são necessários a correção de distorções, a supressão de privilégios, o fim dos reajustes lineares. Mas destacou que "isso não pode ocorrer por meio de uma atitude de omissão de informações, deixando o tempo passar e abrindo caminho para a guerra de nervos em virtude da falta de esclarecimentos corretos e de planos transparentes, e colaborando na difusão de uma sensação de aniquilamento a conta-gotas".

29/06/1998

Agência Senado


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