ODILES NEGA ACUSAÇÕES E DIZ QUE FOI EXECRADO PUBLICAMENTE



Em depoimento na manhã desta quinta-feira (dia 28) à CPI do Judiciário, o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Odiles de Freitas Souza, garantiu aos senadores que não são verdadeiras as denúncias feitas contra ele pelo juiz Leopoldino Marques do Amaral, assassinado no início de setembro. Ele lamentou que, junto com outros juízes do TJMT, tenha sido "acusado e condenado à execração pública" pela imprensa, através de uma campanha difamatória que, segundo o magistrado, teria sido organizada por pessoas que perderam demandas julgadas pelo tribunal.
Odiles Souza afirmou que foi Leopoldino do Amaral quem desencadeou a campanha contra os membros do TJMT. Segundo o magistrado, as razões para as denúncias teriam sido, inicialmente, o fato do juiz ter se sentido preterido em algumas promoções. Mais recentemente, de acordo com o desembargador, o magistrado teria intensificado os ataques aos colegas de tribunal em virtude de uma investigação movida contra Leopoldino, a respeito de saques irregulares ocorridos na 2ª Vara de Família da comarca de Cuiabá, quando presidida por ele.
Respondendo a perguntas do relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), sobre denúncias feitas por Leopoldino do Amaral de que teria feito viagens à fazenda de um narcotraficante na fronteira do Brasil com a Bolívia, o desembargador explicou que, nas duas vezes em que esteve na propriedade, não sabia que o dono do imóvel, Lúcio Salomão, tinha envolvimento com o tráfico de drogas.
Prosseguindo suas explicações sobre o caso, Odiles Souza disse que na primeira viagem que fez à fazenda, em uma caçada, não encontrou com Lúcio Salomão. Na segunda, à época ocupando a presidência do TJMT, ele viajou acompanhado do desembargador José Geraldo Rocha Barros Palmeira. Nesta ocasião, segundo afirmou, passou pela propriedade, a caminho da Bolívia, onde foi discutir um estreitamento das relações com autoridades daquele país, visando diminuir o fluxo de automóveis roubados na fronteira com o Brasil. O magistrado esclareceu que este fato ocorreu em 1987 e que somente dois anos após, com a prisão do fazendeiro, tomou conhecimento de seu envolvimento com o tráfico de drogas.
Indagado pelo presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), se negociar com autoridades da Bolívia a ampliação do combate ao roubo de automóveis seria função de um magistrado, Odiles Souza disse que não. Sua intenção e a do desembargador Geraldo Palmeira, conforme explicou, era tentar diminuir o roubo de automóveis, já que ele acreditava que uma solução das autoridades competentes demoraria muito.

28/10/1999

Agência Senado


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