Oposição aponta falta de planejamento do governo para evitar risco de racionamento



Senadores de oposição continuam criticando duramente o governo federal pela possibilidade de racionamento de energia elétrica, que estaria sendo discutida por técnicos diante da queda no nível de água dos reservatórios, situação agravada pelo calor intenso, especialmente na região Sudeste. Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), a providência que resta, diante da atuação do governo, é "rezar para chover bastante”.

- Há alguns anos eu venho alertando, em função da opinião de especialistas, que é necessário mudar o comportamento em relação ao setor de energia - afirma.

Alvaro Dias avalia que faltou planejamento e investimento do governo federal. Segundo ele, os investimentos foram insuficientes, principalmente na manutenção de redes de transmissão. O resultado, em sua avaliação, é o sucateamento e a perda de pessoal qualificado para resolver os constantes problemas técnicos.

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o nível dos reservatórios está até 62% abaixo do registrado no ano passado e continua a cair. O volume das represas do Sudeste e Centro-Oeste, que concentram cerca de 70% de água acumulada, está próximo do nível mínimo de armazenamento. Os níveis atuais já são mais críticos que os registrados em dezembro de 2000, período da crise energética que antecedeu o racionamento determinado pelo governo federal em junho de 2001.

Apesar dos alertas, o governo descarta a hipótese de racionamento e fala em “expectativa de tranquilidade” com a operação de novas usinas térmicas com 2,5 mil megawatts (MW), além de mais 9 mil MW de capacidade de geração de energia.

No entanto, o risco reforçado pelos sucessivos apagões registrados desde setembro do ano passado, em todas as regiões do país, já levou a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) a sugerir às indústrias que reduzam voluntariamente o consumo agora, numa espécie de “racionamento branco”.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) avalia que a crise no setor elétrico só não é pior porque a economia brasileira não cresce na média dos países mais desenvolvidos e, portanto, o consumo de energia não aumenta significativamente. Ele argumenta que, para a presidente Dilma Rousseff, que já foi ministra de Minas e Energia, a responsabilidade é ainda maior.

Flexa acredita que ativar usinas térmicas não vai resolver o problema, pois não há produção de gás suficiente.

- Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come - resume.

O parlamentar observa ainda que, além de comprometer a prestação de serviços, a crise no setor pode forçar um aumento nas tarifas com mais termoelétricas em funcionamento, já que o preço pago é maior neste caso. Outra consequência, segundo ele, seria a suspensão da redução nas contas de luz prometido para o início deste ano. A Medida Provisória (MP) 579/2012, que tratava da renovação antecipada de concessões do setor elétrico e da redução em até 20% do preço da tarifa de energia, foi aprovada no Senado em dezembro do ano passado.



09/01/2013

Agência Senado


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