Suassuna pede planejamento do governo para evitar dramas com enchentes e secas no Nordeste



Por considerar que o país já não pode mais se surpreender quando há enchentes no Nordeste, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pediu que sejam adotadas ações de planejamento, capazes de antever os fenômenos climáticos que atingem o país, especialmente o Nordeste. Somente assim, acredita o senador, serão tomadas as medidas necessárias para amenizar os efeitos da irregularidade no regime de chuvas.

- O drama dos flagelados das enchentes no Nordeste surpreende somente os que não conhecem a região e pensam que lá temos sempre seca. Notória, na verdade, é a distribuição irregular das chuvas. Ocasionalmente, desabam torrentes irresistíveis como as das últimas semanas, trazendo tanto sofrimento e desgraça quanto as estiagens prolongadas - diagnosticou, citando trechos de literatura e do cancioneiro popular que registram, historicamente, a ocorrência de enchentes no Nordeste.

O problema, disse Suassuna, é que dessa previsibilidade não resultam ações efetivas para que a sociedade e o governo lidem com as conseqüências das intempéries.- Propiciar soluções definitivas para a seca e para a torrente é um dever humanitário e uma necessidade econômica para o desenvolvimento da região e do país. A resposta definitiva para a dicotomia seca-dilúvio ainda não saiu do papel - reclamou.

Suassuna registrou ainda que a chuva traz boas notícias, como a possibilidade de grandes safras agrícolas. Porém, para que a água, "o bem mais importante para os nordestinos", seja bem utilizada, o senador pediu que o governo trate da manutenção de açudes e barragens. Somente na Paraíba, informou, estão acumulados quatro milhões de metros cúbicos de água em açudes, que não têm suas comportas verificadas há muito tempo.

- Além de sementes, máquinas e defensivos agrícolas, é preciso que o governo revise também os açudes. Essas são medidas profiláticas, que devem ser corriqueiras. Temos que planejar para o futuro. Precisamos deixar de ser imprevidentes - disse.

Em aparte, "para fazer justiça com o governo federal", o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) registrou que o Ministério da Integração Nacional vai fazer o monitoramento de áreas com riscos de possíveis prejuízos causados por enchentes ou secas. Já o senador João Tenório (PSDB-AL) pediu soluções mais definitivas para os efeitos do clima no Nordeste. As disparidades regionais, disse, precisam ser combatidas por meio de grandes investimentos como aconteceu na Alemanha Oriental. "Não se atenuarão essas diferenças imensas com migalhas", declarou.

Usando o ditado de que "é melhor prevenir que remediar, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) pediu que obras como a transposição de águas do São Francisco sejam aceleradas para combater a seca e que outras sejam realizadas para combater as enchentes "que também não são novidade".

Em seu discurso, Suassuna aproveitou para registrar o desenvolvimento do turismo na Paraíba, a decisão do governo de escolher Campina Grande como sede do Instituto do Semi-Árido, criado por medida provisória, e a definição da mesorregião do cristalino, envolvendo partes de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

- A região é rica, o solo é bom. O que prejudica é a irregularidade da chuva. O instituto vai transformar o Nordeste de região-problema em região-solução - anteviu.



12/02/2004

Agência Senado


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