ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS DISCUTEM POLÍTICAS PARA A AMAZÔNIA



Os representantes das Organizações Não-Governamentais (ONGs) que estiveram presentes hoje (dia 3) ao debate com os ministros na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) sugeriram medidas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Roberto Smeraldi, da Amigos da Terra, por exemplo, questionou o que ele considera uma distância considerável entre as políticas apresentadas (legislação) e sua real implementação na região Amazônica.

Para o representante do Fundo Mundial para a Natureza, Garo Batmanian, "é extremamente louvável a medição da taxa de desmatamento", por parte do Inpe, porém é preciso, segundo ele, a implantação de políticas setoriais para o desenvolvimento da Amazônia. Ele considera o Instituto um detector de temperatura, que mede a "febre" e não a "doença".

Batmanian sugeriu a apresentação dos dados sobre desflorestamento sempre no primeiro trimestre de cada ano, para que seja possível a implementação das medidas necessárias em prazo factível.

Fábio Vaz de Lima, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), criticou a ausência de propostas do governo, principalmente no que se refere à questão do extrativismo. Ele defendeu ainda a ampliação das áreas de reservas extrativistas e o fomento ao setor através de políticas específicas.

Adriana Moreira, representante do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Ipam), instituição independente sediada em Belém (PA), falou sobre os resultados de trabalho de campo feito pela entidade em 287 propriedades e que relacionou a área desmatada em relação ao tamanho da propriedade. Segundo os dados que apresentou, as queimadas e desmatamentos distribuíram-se da seguinte forma: 21% em propriedades de menos de 100 hectares, 36% em propriedades entre 100 e 1.000 hectares, 27% em propriedades entre 1.000 e 5.000 hectares e 16% em propriedades com mais de 5.000 hectares.

A representante do Ipam afirmou também que a taxa de desmatamento anual, por tamanho de propriedade, é a seguinte: 4% na pequena propriedade, 3% na média, 3% na grande e 2% na muito grande (maior que 2 mil hectares).

Adriana Moreira fez um alerta durante o seu depoimento: o de que as áreas de floresta explorada estão sendo queimadas acidentalmente, pelo fogo que escapa da queimada intencional.

03/03/1998

Agência Senado


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