Padilha: agência não se sobrepõe à lei da modernização dos portos



Em depoimento na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, nesta quarta-feira (dia 18), o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, defendeu o substitutivo do deputado Elizeu Rezende (PFL- MG) ao projeto do Executivo que propõe a reestruturação dos transportes terrestres e aquaviários no país. O ministro contestou argumentação do representante da Confederação Temática da Confederação Nacional da Indústria, Marco Polo de Melo Lopes, de que as atribuições da Agência de Transportes Aquaviários, prevista no projeto, se sobreponham à Lei 8.630, de 1993, que deu início à chamada modernização dos portos.

O substitutivo propõe a reorganização administrativa do setor federal de transportes, com base na criação de duas agências reguladoras - a Agência Nacional de Transportes Aquaviárias (Antaq) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Ele também institui o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes e inova ao criar o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes, presidido pelo ministro dos Transportes, com a atribuição de integrar as políticas específicas de cada modalidade.

Já a Lei 8.630, que os empresários defenderam por considerá-la mais eficiente do que a Antaq, oferece as condições legais para a paulatina substituição da estrutura monopolista estatal pela iniciativa privada na realização de investimentos, exploração e operação nos portos públicos. A lei possibilitou, também, a mudança nas relações trabalhistas e deu início ao processos de competitividade interna nos portos, já com suas instalações e operações terceirizadas.

Durante a audiência pública, da qual participaram representantes dos diversos segmentos do setor de transportes, o projeto também foi defendido pela deputada Jandira Feghali (PC do B) que, em nome das oposições, solicitou aos senadores que o aprovem como está. Depois de aprovada na Câmara e na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a matéria deverá ser votada na próxima reunião da CI, dia 25.

Em sua intervenção, o ministro também discordou de Nilo Martins, representante da Federação Nacional dos Operadores Portuários, e de Wilen Mantele, representante da Associação Brasileira dos Terminais Portuários, que concordaram com o representante da CNI no que se refere à existência da superposição de atribuições.

Para esses, a criação da agência também significa o retorno da burocracia estatal aos portos. Padilha assegurou, no entanto, que a proposta segue na direção oposta. "Estamos delegando aos estados e municípios a criação de um conselho de administração em cada porto". Segundo ele, o que antes era feito pela Companhia Docas será feito pela agência.

O representante do Sindicato dos Estivadores, Abelardo Junqueira, observou que a reclamação dos empresários refere-se, sobretudo, aos deveres do Estado quanto à criação de uma infra- estrutura para os portos brasileiros, e que estão sendo transferidos para a iniciativa privada. Ele também observou que nos países da Europa e nos Estados Unidos não há diferença entre público e privado. "No Brasil, a modernização está sendo feita às custas da iniciativa privada ou da própria carga" disse ele.

A esse respeito, o deputado Eliseu Rezende observou que nos Estados Unidos e na Europa os portos são jurisdicionados e regulados por instituições locais. Ele ressaltou que se está tentando uma conciliação para deixar o porto descentralizado.

18/04/2001

Agência Senado


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