Paim e Zambiasi lançam livros do Conselho Editorial



Os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Sérgio Zambiasi (PTB-RS) lançaram no início da noite da última sexta-feira (5), na 50a Feira do Livro de Porto Alegre, os dois mais recentes títulos do Conselho Editorial do Senado: Diário da Minha Viagem para Filadélfia (1798-1799), de Hipólito da Costa Pereira, e Os Muckers, do padre Ambrósio Schupp. Mais de 50 pessoas compareceram ao estande do Senado para prestigiar o evento.

Logo após autografar exemplares das duas obras para os presentes, Zambiasi comentou a importância que elas têm para o país, e em particular para o Rio Grande do Sul. Ele destacou que o relato que Hipólito da Costa faz de sua viagem aos Estados Unidos, a serviço da Corte portuguesa, é um olhar ao passado que serve para melhor compreender o Brasil, os Estados Unidos e o próprio continente europeu daquele tempo. Já Os Muckers, registrou, foi um fato histórico ocorrido na região do Vale dos Sinos, em território gaúcho.

Por sua vez, o senador Paulo Paim elogiou a disposição do Senado de demonstrar ao país que política também se faz com cultura e conhecimento. Ele analisou que a participação da Casa na 50a Feira do Livro de Porto Alegre e em outros eventos literários nas diversas regiões brasileiras demonstra o quanto o Parlamento está preocupado em fomentar a importância do exercício permanente da leitura.

O livro Diário da Minha Viagem para Filadélfia (1798-1799), de autoria de Hipólito da Costa Pereira, é a primeira obra sobre os Estados Unidos escrita a partir do ponto de vista de um observador do Brasil. Descendente de portugueses, Hipólito José da Costa nasceu na Colônia do Sacramento, atual Uruguai, mas foi criado no território do Rio Grande do Sul.

Quando tinha 24 anos de idade, Hipólito da Costa - que anos mais tarde fundaria o Correio Braziliense editado a partir da Inglaterra - viajou pela Costa Leste dos Estados Unidos a serviço do cortesão dom Rodrigo de Souza Coutinho, o Conde de Linhares, futuro ministro dos Negócios Estrangeiros.

Recém-formado em Direito pela Universidade de Coimbra, Hipólito tinha a missão de coletar a maior quantidade possível de informações sobre os progressos econômicos conquistados pelo povo norte-americano, sobretudo nos campos da agricultura e na fabricação e manufatura de bens. Também era sua incumbência recolher amostras e variedades de plantas e cultivos que pudessem ser introduzidas tanto em Portugal quando na colônia brasileira.

O Diário da Minha Viagem para Filadélfia vai além de uma mera seleção de observações sobre a natureza e a agricultura. Hipólito também comenta as religiões professadas em território americano e os hábitos e características da população e trata de questões econômicas e monetárias. Suas anotações compreendem o período de outubro de 1798 a dezembro do ano seguinte. O livro foi publicado originalmente em 1955, pela Academia Brasileira de Letras.

O livro Os Muckers, escrito ainda no final do século 19 pelo padre Ambrósio Schupp, é considerado, pela proximidade dos fatos, a principal referência bibliográfica sobre o episódio religioso-militar ocorrido nas colônias alemães do Rio Grande do Sul. Ele apresenta uma versão detalhada dos fatos que culminaram com a morte da líder religiosa Jacobina Mentz Maurer e de parte dos seus seguidores.

Liderados por Jacobina Mentz Maurer, que se considerava a reencarnação de Jesus Cristo e prometia construir a Cidade de Deus, os Muckers integraram uma pequena comunidade de fanáticos religiosos que se formou no município de São Leopoldo (hoje a localização seria no território de Sapiranga), ao pé do morro Ferrabrás. O grupo era composto por imigrantes alemães católicos e protestantes, que começaram a chegar no Rio Grande do Sul a partir de 1824.

Depois que casou com João Maurer - um agricultor que teria deixado sua profissão para curar pessoas a partir de um recado divino - a fama de Jacobina começou a crescer. Seus seguidores seguiam regras rígidas, como não beber, nem fumar ou ir a festas. Tal comportamento gerou desavenças com os demais colonos alemães. O clima de hostilidade só fez crescer com o passar do tempo. Depois de violentos ataques e contra-ataques entre os dois grupos, houve uma intervenção policial, em 28 de junho de 1874, quando 100 soldados cercaram a comunidade dos Muckers.

O comandante da operação, coronel Genuíno Sampaio, computou 39 baixas entre os seus soldados mal treinados e sem um plano para a operação. Do outro lado do confronto, os Muckers tiveram apenas seis baixas. A batalha fortaleceu ainda mais a fé em Jacobina, que havia previsto aquele resultado em uma de suas "profecias". Em 18 de julho, um novo ataque, sob a liderança do mesmo oficial. Dezesseis Muckers foram mortos, mas Jacobina conseguiu escapar. Durante a noite, o coronel foi atingido e, no dia seguinte, morreu.

Depois de um terceiro ataque frustrado, em 21 de junho, a força policial somente conseguiu a vitória no dia 2 de agosto. Guiados por Carlos Luppa, um Mucker que havia decidido se entregar, os soldados chegaram ao reduto do morro Ferrabrás e mataram Jacobina e os 16 seguidores que a acompanhavam. Os Muckers sobreviventes, durante oito anos, foram conduzidos de prisão em prisão, sem julgamento. Finalmente, foram perdoados e soltos, mas tiveram que agüentar a perseguição dos colonos alemães até o final de suas vidas.

 

08/11/2004

Agência Senado


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