País deve preparar-se para antecipação das próximas eleições, diz Saturnino



O país tem de começar a pensar na hipótese de antecipação das eleições presidenciais, previstas para outubro de 2002, para não deixar o Brasil morrer. A advertência é do senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), feita nesta sexta-feira (dia 24) em Plenário, ao comentar o "grito de guerra" do presidente Fernando Henrique Cardoso segundo o qual agora "é exportar ou morrer". A frase fez parte de pronunciamento na solenidade de posse do novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, na quinta-feira (dia 23).

Saturnino considerou a frase do presidente "um grito vergonhoso", por expressar a extrema vulnerabilidade da economia brasileira, criada pela própria política econômica do governo. Para Saturnino, esse brado representa a confissão da última chance: ou o Brasil exporta, ou vai morrer. "Como é que o presidente não tem vergonha de fazer uma afirmação dessas?", indagou.

Segundo Saturnino, o governo não tem condições de aumentar as exportações a curto prazo, pois, para marcar posição no mercado exportador, deveria ter adotado, muito antes, uma política voltada para a exportação e o desenvolvimento, o que não foi feito.

- O apelo do presidente às empresas multinacionais, para que elas exportem - disse Saturnino - "é ridículo", porque nenhuma empresa vai se sensibilizar com apelos patéticos, feito por um governo em estado terminal. As empresas, diferentemente do governo, têm planos e linhas de ação. Elas buscam o crescimento e o lucro e somente iriam exportar se vissem nisso uma grande vantagem, avaliou o senador.

Para Saturnino, o governo não tem política de desenvolvimento, não tem política industrial, nem de recuperação da infra-estrutura: "O governo FHC só tem uma única política: conseguir superávits primários nas contas públicas, em obediência ao que foi acertado com o Fundo Monetário Internacional (FMI)". A declaração do presidente, nesse contexto, diz Saturnino, " é bombástica, vergonhosa e ridícula".

Se fosse adotar um modelo exportador, o país deveria, antes, substituir importações e fortalecer o mercado interno, na opinião de Saturnino.

- O governo até que criou fundos para a ciência e tecnologia, uma excelente medida, mas com retorno a longo prazo, disse o senador, para quem outras condições essenciais não foram atendidas, como é o caso de uma reforma tributária que já não interessa ao governo.

Além de exportar mais, o Brasil precisa importar menos, para garantir bons níveis de superávit na balança comercial, mas a política do atual governo sempre foi a de trabalhar contra isso, na opinião de Saturnino. Ele citou o pagamento de US$ 6 bilhões a US$ 8 bilhões de frete internacional, valores que deverão crescer para US$ 10 bilhões porque, explicou o senador, o governo simplesmente desmontou a marinha mercante brasileira, que já respondeu por até um terço do movimento de frete do país. Hoje esse resultado é zero, porque não há mais marinha mercante e o governo jamais criaria uma empresa nessa área, porque isso contraria os seus princípios, como acontece com os componentes eletroeletrônicos, que respondem por boa parte das importações brasileiras.

Para Saturnino, o governo FHC é hoje um governo rendido. Basta ver o que acaba de fazer o presidente, ao ligar para George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, concordando em antecipar as discussões sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que é do interesse dos norte-americanos, e não do Brasil.

O presidente não poderia tomar uma decisão dessas sem antes consultar o Congresso e a sociedade, conforme o senador. Todos os sinais indicam, a seu ver, que o atual governo acabou e não tem mais condições de reagir a nada e nem de tomar iniciativas concretas que mudem os rumos da economia. "FHC é um governo que está morrendo antecipadamente, e devemos nos preparar para a antecipação das eleições", insistiu Saturnino.

24/08/2001

Agência Senado


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