Papaléo critica Lula por visão equivocada sobre a saúde
Ao fazer nesta segunda-feira (12) uma análise do Sistema Único de Saúde (SUS), o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por considerar o sistema "próximo da perfeição". De acordo com o parlamentar amapaense, a despeito de suas muitas qualidades, o SUS está longe de atingir sua meta do atendimento universal com eficiência.
- Ou o presidente Lula se deixou levar pelo entusiasmo, ou precisa novamente percorrer o país, em todos os seus quadrantes para retomar contato com a realidade - disse o senador.
Para Papaléo os números do SUS são realmente impressionantes: 625 milhões de consultas médicas, 12 milhões de internações e 300 milhões de exames laboratoriais. Além disso, o Brasil é referência mundial na prevenção e controle de doenças sexualmente transmissíveis e Aids, e tem o segundo maior programa de transplantes de todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, onde apenas 20% desses procedimentos são custeados pelo poder público.
O senador fez questão de ressalvar que o sistema é um tipo de reforma social incompleta, cuja implantação varia de região para região, mas lembrou os pontos fracos do SUS apontados em estudo do professor Gastão Wagner, da Universidade de Campinas (Unicamp): financiamento insuficiente, crescimento da atenção primária em velocidade e qualidade abaixo do desejado; regionalização e integração quase virtuais; e eficácia e eficiência de hospitais e serviços abaixo do pretendido.
"A impressão é que há um certo desencanto com o SUS, um descrédito quanto à viabilidade de uma política tão generosa e racional", disse o senador citando o professor da Unicamp."A utopia do atendimento universal cai por terra ao se constatar que milhões de brasileiros esperam em filas sem fim nos hospitais públicos e postos de saúde, convivem com falta de medicamentos e recebem atendimento às vezes precário, a despeito das regiões em que morem", diz Gastão Wagner.
Um outro problema grave, este apontado pelo consultor de saúde Carlos Gropen, é o da degradação profissional, em razão das condições desumanas a que estão submetidos os médicos que trabalham no SUS.
- Para o cidadão que passa horas nas filas dos hospitais aguardando atendimento, a infeliz frase do presidente Lula foi quase um acinte - afirmou Papaléo, que mencionou ainda problemas sérios do SUS noticiados pela imprensa: falta de vagas, fraudes e utilização política do sistema.12/06/2006
Agência Senado
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