Papaléo critica manobra do governo para dar continuidade a obras com irregularidades constatadas pelo TCU
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) criticou o governo por vetar artigos da lei orçamentária com o intuito de retirar várias obras da lista, elaborada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), de projetos com indícios de irregularidades. Para o senador, essa atitude dá "sinal verde para a corrupção".
Em pronunciamento nesta segunda-feira (8), o senador disse que o governo, "em vez de dar graças a Deus" por ter a sua disposição um aliado do nível do TCU, "joga as recomendações do tribunal no lixo", sob o argumento de que as obras terão continuidade independentemente dos problemas constatados.
- É a mesma coisa de dizer aos corruptos que eles não têm o que temer - afirmou Papaléo.
O parlamentar lembrou que as irregularidades constatadas foram tão graves que o tribunal recomendou a paralisação das obras. Citou reportagem publicada mês passado pela revista Veja segundo a qual, em apenas 15 das milhares de obras em execução pelo governo federal, foram constatados sobrepreços que chegam a R$ 1,35 bilhão. O valor global dessas 15 obras soma R$ 7,65 bilhões.
Papaléo detalhou os sobrepreços identificados pelo TCU e divulgados pela revista. Na construção de trecho da BR-163, no estado do Pará, foi averiguado um sobrepreço de R$ 334 milhões, mais da metade do valor total do empreendimento, de R$ 664 milhões. Já no metrô de Salvador, o superfaturamento chegou a quase 25% do valor total da obra, orçada em R$ 401 milhões. Por fim, foi identificado um superfaturamento de R$ 94 milhões na terraplenagem das instalações da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ou 22% do valor total da obra, de aproximadamente R$ 430 milhões.
Os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Marco Maciel (DEM-PE), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Alvaro Dias (PSDB-PR) participaram do discurso, em apartes.
08/02/2010
Agência Senado
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