Para Cardozo, PF atuou bem em apuração de boatos sobre Bolsa Família
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, elogiou no Senado, nesta terça-feira (16), o inquérito da Polícia Federal sobre a onda de boatos a respeito do suposto fim do programa Bolsa Família. De acordo com o ministro, a PF fez um “trabalho sério e competente”, ouvindo mais de uma centena de pessoas e seguindo todas as pistas. Porém, explicou que ninguém foi indiciado porque não foi possível identificar a origem dos rumores.
- O que se detectou foram boatos simultâneos, não sendo possível identificar fonte ou autoria específica – disse.
Em maio, depois da propagação dos boatos, milhares de pessoas correram até as agências da Caixa Econômica para sacar os benefícios. Chegou a haver tumulto em alguns locais. Também houve a difusão da falsa notícia de que o governo estaria pagando um benefício extra por conta do dia das mães.
Divulgado na semana passada, o relatório do inquérito contrariou insinuações de integrantes do governo de que a oposição havia orquestrado os boatos. O ministro, que foi convocado a falar na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) sobre a situação do acervo do Arquivo Nacional, acabou sendo indagado sobre o inquérito pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
O senador lembrou que, à época, a presidente Dilma Rousseff teria dito que a onda de boatos seria resultado de crime e cobrou do ministro a identificação dos criminosos. Disse que a oposição foi excluída de qualquer responsabilidade, mas estranhou a ausência de indiciados.
- Houve um crime, mas não um criminoso – disse Dias, em tom de ironia.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chegou a lembrar que o ministro compareceu por meio de convocação, para falar unicamente sobre o Arquivo Nacional. Alvaro Dias disse que sua intenção não foi constranger o ministro. Porém, considerou que o momento era oportuno para esclarecimentos sobre o Bolsa Família. A seu ver, ficou implícito que houve “responsabilidade não apurada”, atribuível à Caixa.
Sem prévio anúncio, a instituição havia antecipado o calendário de pagamento do benefício em maio, o que foi visto como um dos fatores que motivaram o corre-corre às agências. Indagado se não teria havido a responsabilidade administrativa da Caixa, o ministro disse que o inquérito cuidou apenas de fatos criminais. Ainda assim observou que, do ponto de vista administrativo, não foi constatado nada que recaísse sobre a Caixa ou autoridade pública.
Espionagem
Cardozo foi ainda indagado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) a respeito das providências do governo a respeito em resposta às denúncias do ex-funcionário da National Security Agency (NSA) Edward Snowden de que equipes da agência e da CIA monitorar comunicações eletrônicas e telefônicas de brasileiros. Em resposta, ele citou o pedido de informações ao embaixador norte-americano e na investigação, por parte da Anatel, para apurar se houve envolvimento de empresa ou instituição no Brasil no monitoramento eletrônico.
O ministro, no entanto, não quis acrescentar nenhuma informação sobre a apuração dos fatos, alegando que a gestão do caso está sob responsabilidade do Itamaraty.
Papa
A senadora Ana Amélia (PP-RS), pediu informações sobre o esquema de segurança durante visita do Papa durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Cardozo disse que o plano interinstitucional envolve desde a Policia Federal às Forças Armadas, além das Secretarias de Segurança Pública do Rio de Janeiro e de São Paulo e o próprio Vaticano.
– Para o Brasil é muito importante que saia tudo bem. Temos nos esforçado muito nesse aspecto de segurança. Oxalá possamos ter esse evento realizado na santa paz de Deus, com a presença do Santo Padre entre nós – disse.
O requerimento de convocação do ministro foi proposto por Alvaro Dias, Ana Amélia e Cyro Miranda (PSDB-GO), o presidente da CE, que também dirigiu a audiência. A convocação foi aprovada depois da demora do ministro em responder a um convite proposto por Ana Amélia, para que falasse à comissão sobre as condições do Arquivo Nacional.
16/07/2013
Agência Senado
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