Para consultor legislativo do Senado, será difícil expandir o crédito em até 50% do PIB
A necessidade de expansão do crédito em até 50% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010, explicitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse, deve ser uma meta difícil para o Brasil alcançar. Comentando especialmente esse trecho do discurso, o consultor legislativo do Senado Fernando Boarato Meneguin disse que essa expansão não acontecerá se mantida a atual conjuntura econômica.
- O que se nota no atual cenário macroeconômico é que a expansão do crédito, instrumento importante na sustentação do crescimento econômico, praticamente está esgotada se não vier uma nova conjuntura. Tal quadro fica pior quando se conhece que o Brasil não atingiu nem 33% do PIB em concessão de crédito. Para efeito de comparação, na China, esse percentual alcança 115%. Portanto, entendemos que uma nova expansão do crédito só acontecerá se houver uma trajetória de redução da relação dívida pública/PIB, liberando assim recursos financeiros para a expansão do investimento privado.
Em seu discurso de posse para um segundo mandato na Presidência da República, Lula defendeu uma ampliação planejada do crédito, "de forma a criar condições para que sua expansão, até 2010, chegue a 50% do PIB, especialmente para o investimento, a infra-estrutura, a agricultura, a habitação e o consumo".
O consultor Fernando Meneguin observa que, em 2006, a necessidade total de financiamento do Estado (rolagem do estoque mais emissão de dívida nova) representou 51% do PIB. Em sua opinião, esse elevado percentual tornou o Tesouro e o Banco Central reféns do mercado, não havendo autonomia para reduzir a Selic (média dos juros que o governo paga aos bancos que lhe emprestam dinheiro)sem efeitos desestabilizadores.
- Para superar o obstáculo, só há um caminho: o Estado brasileiro precisa fazer um esforço firme de controle do gasto público. Tal esforço viabilizará a diminuição da relação entre dívida pública e PIB e abrirá espaço para uma maior expansão do crédito e do mercado de capitais.
De acordo com esse consultor, o recente crescimento do crédito no país foi, em grande parte, movido pelo processo de queda nas taxas de juros e pelo modelo de crédito consignado. Daí por que ele afirma que, no atual cenário macroeconômico, a expansão do crédito praticamente está esgotada se não vier uma nova conjuntura.
Fernando Meneguin também comentou o crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, observando que a lei que rege a matéria já se preocupa com o grau de endividamento dos seus beneficiários. Ele explica que esses têm o direito de optar por comprometer somente 30% de sua renda em prestações oriundas de empréstimos, financiamentos ou arrendamentos mediante consignação em folha.
- Os empréstimos consignados em folha, por seu turno, representam hoje uma das formas mais baratas de se conseguir recursos no mercado. Os juros embutidos nesses empréstimos são menores devido à maior garantia que o sistema financeiro tem em relação à adimplência e também como fruto de uma maior concorrência entre as instituições de crédito. E grande parte dos beneficiários está trocando dívidas caras por essas dívidas mais baratas, melhorando, assim, seu perfil de endividamento.08/01/2007
Agência Senado
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