PARA FOGAÇA, AJUDA DO FMI FOI ESCOLHA DE "TODO O BRASIL"



Para o senador José Fogaça (PMDB-RS), a ajuda financeira que o Brasil solicitou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) foi conseqüência de uma escolha "feita por todo país". Segundo afirmou nesta sexta-feira (dia 11), as outras opções com vistas a solucionar as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país seriam o financiamento estatal, a exemplo do que ocorreu na década de 70, ou a realização de uma profunda mudança no modelo previdenciário, em moldes semelhantes ao que fez o Chile.No entanto, conforme a análise do senador, o Estado brasileiro perdeu sua condição de "matriz investidora" a partir dos anos 80, chegado à presente década com uma participação de -4% em um total de 20% da poupança que o Brasil dispõe para abrir novas frentes. Quanto à privatização da Previdência, como ocorreu no Chile, ele lamentou que a solução tenha sido descartada para o Brasil, apesar daquele país andino ter atravessado todo o período da crise asiática sem sofrer qualquer abalo em sua economia, protegido que estava pela poupança gerada pelos fundos de pensão. José Fogaça afirmou que grande parte das dúvidas, das críticas e das polêmicas em torno do acordo com o FMI não teriam ocorrido caso os brasileiros tivessem procurado responder à seguinte pergunta: "por que estamos fazendo essa escolha?" A conclusão a que ele chegou foi a de que o Brasil precisa de ajuda externa porque não dispõe de poupança interna, nem se propõe a modificar estruturalmente seu modelo previdenciário, que se caracteriza por ser de não capitalização. Outro dado acrescentado por ele se refere ao "desejo brasileiro de participar da economia internacional". Segundo o senador, o diagnóstico da origem do problema descarta a possibilidade de que o Estado brasileiro arrecade pouco. "Se olharmos para trás, vamos ver que neste momento o nível de arrecadação é o maior desde o começo do século, tendo saltado de 6% para 31% do PIB".A outra hipótese seria, conforme o senador, a de que o Estado perdeu seu potencial investidor porque gasta muito. No entanto, disse ele, a existência de uma grande demanda por investimentos em áreas como educação, saúde, segurança e conservação de estradas demonstra o contrário. "O fato - assegurou Fogaça - é que não utilizamos bem os nossos recursos". Neste sentido, ele observou que é para corrigir essas distorções que a reforma fiscal se torna necessária.Desse modo, o senador admitiu que se o Brasil não conta com a capacidade de investimento do Estado e a formação interna de capital tem se mostrado insuficiente, torna-se inevitável atrair capitais externos que somados às disponibilidades internas poderão realizar a alavancagem da economia nacional. "O Brasil quer isso, porque não deseja modificar as estruturas de gastos do Estado" - disse ele .Quanto à proposta defendida por representantes da oposição, de que seja feita uma mudança acelerada na taxa cambial, Fogaça lembrou que a experiência já foi realizada em 1979 e em 1982. E os resultados dessa prática - assegurou - não foram apenas o incremento das exportações brasileiras, mas o crescimento descontrolado do processo inflacionário com todas as seqüelas .

11/12/1998

Agência Senado


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