Para Ideli, classificação indicativa de programas de TV não pode ser confundida com censura



A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), líder do bloco governista, contestou a idéia de que o Executivo tenha tido a intenção de promover censura prévia às emissoras de televisão ao propor nova regulamentação para a classificação indicativa de programas e filmes veiculados, por meio da Portaria 264/07, de fevereiro, do Ministério da Justiça. A afirmação foi feita durante debate sobre a portaria - em fase de revisão depois de críticas dos veículos e da classe artística - na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta quarta-feira (27).

- Fazer classificação indicativa não pode se confundir com censura. Não tem nada a ver - disse a senadora, para em seguida observar que a iniciativa do governo é uma obrigação legal, prevista na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Em defesa da classificação por faixa etária, Ideli disse que, atualmente, muitos pais passam grande parte do tempo fora de casa e, nessas circunstancias, ficam impedidos de exercer o papel de acompanhamento e controlesobre os que os filhos vêem na televisão. Assim, concluiu, as regras de classificação contribuem para evitar que crianças fiquem expostas a conteúdos negativos para sua formação.

Para o senador César Borges (DEM-BA), a questão em torno da Portaria 264 não está relacionada ao fato de propor a classificação dos programas, mas à forma como isso está sendo feito. Autor do requerimento para a audiência, ele apontou equívocos que, a seu ver, estaria contidos no texto, como o fato de atribuir a "burocratas", por meio de manual com "regras subjetivas", o poder de decidir sobre o que as pessoas podem ver ou não em suas casas.

César Borges também criticou a falta de iniciativa do governo para garantir a implementação da Lei 10.359, ainda de 2000, que se destina a obrigar os fabricantes de aparelhos de televisão a instalarem dispositivo que permitem o bloqueio de programas. Essa ferramenta, observou, seria útil aos pais no exercício de avaliar e restringir programas que viessem a considerar inadequados para os filhos.

O senador Wilson Matos (PSDB-PR), que também defendeu a necessidade de classificação indicativa dos programas, disse ser inadmissível o estimulo a condutas morais inadequadas por meio da mídia, a qualquer tempo e hora. Sem entrar no mérito das críticas à portaria, ele lembrou que visitou outros países, entre os quais o Japão, onde não viu cenas de violência e sexualidade na TV. A favor da regulamentação, observou que não existe "liberdade absoluta"nas relações humanas.



27/06/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Classificação indicativa não pode ser confundida com censura, diz ministro da Justiça

CDH debate classificação indicativa de programas na TV

Campanha Não se Engane alerta os pais sobre classificação indicativa de programas

MJ define classificação indicativa para jogos eletrônicos

Fórum discute classificação indicativa e publicidade para crianças

Oficina mostra critérios para classificação indicativa de obras audiovisuais