PARA LÚCIO ALCÂNTARA, SÓ FALTA A DOM HÉLDER CÂMARA O NOBEL DA PAZ



Autor do requerimento que resultou na sessão de homenagem pelos 90 anos de vida do arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) o definiu nesta terça-feira (23) como um apóstolo de Deus, pastor, profeta e um dos homens mais dignos e fascinantes deste país. Para o parlamentar, "ao nosso Mahatma Gandhi só falta agora o Nobel da Paz, e este haverá de vir".Na opinião do senador, o homenageado já escreveu seu nome ao lado dos mitos produzidos por este século, como Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela, Dalai Lama e Mahatma Gandhi. "Ele continua tendo uma grande alma como Gandhi a teve e um grande sonho como Luther King", afirmou ainda o parlamentar, convencido de que o arcebispo brasileiro já ocupou, há muito tempo, todos os espaços na luta pela paz, pela liberdade e pela dignidade.Antes de traçar um resumo biográfico de Dom Hélder Câmara, Lúcio Alcântara afirmou que é um orgulho muito grande para o Brasil tê-lo como um dos seus filhos mais ilustres. Lembrando que o arcebispo nasceu em Fortaleza, numa família pobre e numerosa, ele narrou que o religioso iniciou sua trajetória pastoral em 1923, no Seminário Diocesano de Fortaleza.- A partir dessa data e até hoje, são 76 anos de vida dedicados à igreja, à devoção, às pregações, à paz, à democracia, às lutas contra as injustiças sociais em toda a América Latina, à defesa dos oprimidos e da reforma agrária nos latifúndios improdutivos - relatou o senador.Ele informou que, durante 28 anos, Dom Hélder esteve no Rio de Janeiro até que, poucos dias antes do movimento de 1964, foi para o Nordeste, assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, de onde nunca mais saiu. Conforme o parlamentar, no período militar, as ações do arcebispo em Recife começaram a se tornar cada vez mais políticas e sociais, revelando uma nova Igreja católica, engajada, voltada para os explorados e para os perseguidos.Conforme o senador, as manifestações públicas de Dom Hélder foram sempre contra o poder autoritário e discriminador do Estado e contra o individualismo das elites. Ele também definiu Dom Hélder como um dos heróis da luta que tirou o país de 25 anos de direitos políticos tolhidos, quando finalmente, em 1989, o povo reconquistou o direito de voltar a escolher seu presidente pelo voto direto e secreto. Lúcio Alcântara disse que, durante o regime militar, o arcebispo ficou entrincheirado na arquidiocese de Olinda e Recife, "de onde organizou a resistência até o juízo final dos chamados anos de chumbo".Em aparte, os senadores José Jorge (PFL-PE), Roberto Freire (PPS-PE), Bernardo Cabral (PFL-AM), Sérgio Machado (PSDB-CE), Edison Lobão (PFL-MA) e Eduardo Suplicy (PT-SP) associaram-se à homenagem, dizendo que Dom Hélder Câmara é um brasileiro extraordinário, de trajetória singular não só na Igreja, como na ação política.

23/03/1999

Agência Senado


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