Para Marina Silva, lição maior de Tancredo foi identificar o caminho da redemocratização
"Um homem de aguçada percepção da realidade". Assim a senadora Marina Silva (PV-AC) definiu Tancredo Neves, cujo centenário foi celebrado, nesta quarta-feira (03) em sessão solene do Congresso Nacional. Para a senadora, esta sessão foi a reafirmação de que a história de Tancredo se confunde com a história recente do Brasil.
Na análise de Marina, Tancredo foi o homem que fez a leitura política correta num momento crucial para o processo da redemocratização brasileira, em que a eleição indireta apresentou-se como único caminho possível para que a sociedade avançasse e rompesse com o regime militar.
- Lembremos que a abertura inevitável encampada pelos dois últimos governos militares ainda mantinha o 'tensionamento' da política em patamar muito alto. Basta lembrar a fala do presidente Figueiredo que afirmou, ao ser perguntado sobre as possíveis resistências à abertura do regime: 'Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento'.
Em seu discurso, Marina explicou que a eleição de um presidente civil via colégio eleitoral aparecia naquele momento como a fórmula do Príncipe de Lampedusa consistente em "mudar para que tudo permanecesse a mesma coisa". Ou seja, eleger políticos identificados com o regime militar para que o país não mudasse. Foi aí que entrou o papel histórico de Tancredo Neves para associar a eleição indireta à convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
- Hoje, sob a perspectiva da história, penso que o ensinamento de Tancredo Neves foi ter tido a visão de que esse era o caminho mais efetivo naquele momento. Muitas vezes, a condução de um processo não se dá exatamente como idealizamos, o caminho se mostra menos claro do que o que gostaríamos. Enxergar as possibilidades da construção do novo por fórmulas antigas é uma qualidade que o presidente Tancredo Neves possuía. E sua postura foi, com certeza, decisiva para nossa história - disse.
03/03/2010
Agência Senado
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