PARA NABOR, UNIVERSIDADES DA AMAZÔNIA SÃO DISCRIMINADAS
O presidente da Comissão Temporária da Amazônia, senador Nabor Júnior (PMDB-AC), lamentou hoje (dia 15), que as universidades da região recebam um tratamento discriminativo do ponto de vista orçamentário em relação às do Sudeste. Ele admitiu que a escassez de recursos para aquelas instituições poderá comprometer o desenvolvimento regional e assegurou que considera a criação da Universidade do Acre a maior conquista do seuestado.
Destinada a definir uma política para o desenvolvimento econômico e social da Amazônia, a comissão especial ouviu ontem o depoimento do reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), professor Cristóvam Diniz. Através da exposição de dados estatísticos, Diniz demonstrou que, apesar da Universidade do Pará,ser a segunda do Brasil em desempenho,é a 12º em termos orçamentários.
De acordo com o reitor, que fez um apelo para que hajauma maior participação do Parlamento na criação de uma frente nacional de defesa das universidades federais, há "fatos preocupantes que indicam a intenção do governo de passar para a iniciativa privada o ensino universitário no Brasil".
Diniz citou relatório do Banco Mundial no qual há recomendações para que, nos países do Terceiro Mundo, o Estado não se responsabilize pela manutenção do ensino universitário. "Enquanto isso", disse ele, "a Unesco recomenda justamente o oposto, ou seja: só através de investimentos oficiaismaciços em suas universidades, os países pobres conseguirão superar as razões do seu atraso."
A greve que no momento já atinge 32 universidades federais, representa, no entender de Cristóvam Diniz,"um grito de agonia dessas instituições". Para exemplificar o grau de dificuldades enfrentada pela UFPA, o reitoresclareceu que as medidas econômicas baixadas pelo governo, por ocasião da crise das bolsas nos países da Ásia, impuseram um corte de 29% nos recursos daquela universidade, "que já eram insuficientes para suas necessidades".
Outra perda "de peso" infligida ao ensino universitário no Pará, segundo Diniz, foi a retirada das participações orçamentárias dos governos federal e estadual, num total de R$ 4,2 milhões, do programa de interiorização universitária. O senador Nabor Júnior solidarizou-se com as denúncias apresentadas pelo reitor e secolocou à disposição para participar do movimento em defesa das universidades federais.
15/04/1998
Agência Senado
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