Para PSDB, país está em recessão e governo age apenas com 'factóides' diante da crise



Após destacar que a economia brasileira já se encontra "tecnicamente em recessão", o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse nesta terça-feira (10) que o governo se recusa a reconhecer a gravidade da situação, limitando-se a anúncios de "factóides" para enfrentamento da crise financeira. Até agora, afirmou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se limitou a fazer discursos para manter seu grau de aprovação popular.

- As pessoas estão começando a ficar preocupadas. Não dá para enfrentar isso [a crise] com discursos do presidente, por mais que ele seja um excelente comunicador, um líder de ampla aprovação - alertou.

As criticas, em entrevista coletiva, foram feitas um dia depois da divulgação dos últimos dados sobre o desempenho econômico. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma queda de 3,6% na atividade no quarto trimestre do ano passado, em relação ao trimestre anterior - o maior recuo da série histórica do Produto Interno Bruto (PIB) desde o início de sua apuração na base atual, em 1996. Ao lado do líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), Sérgio Guerra observou que os analistas já indicam nova queda nesse primeiro trimestre, num segundo resultado negativo que permite caracterizar um quadro recessivo.

Fantasia

O presidente do PSDB apontou como medida "fantasiosa" o anúncio do governo de que um milhão de casas populares serão construídas em todo o país. Segundo ele, não existe nem planejamento nem organização para a realização dessa meta. O senador disse ainda que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma "comemoração sobre fatos não realizados, de projetos vagos, para dar idéia de que a crise está sendo enfrentada".

- É um engodo no sentido mais amplo. O país precisa de medidas concretas, para que a população possa entender o sentido delas - afirmou.

Tanto Sérgio Guerra quanto Arthur Virgílio recomendaram ao governo encarar o quadro atual com a mesma atitude do presidente Fernando Henrique Cardoso diante da crise do "apagão". Então, foi criado um "gabinete de crise" para coordenar programa de enfrentamento do déficit de energia, incluindo medidas de racionamento. Sérgio Guerra disse que FHC agiu com "com clareza e objetividade", mesmo sob risco de perder apoio popular. Adotando a solução do "gabinete de crise", disse Arthur Virgílio, o presidente Lula poderia ainda convocar "a Nação inteira, inclusive a oposição, para participar do esforço pelo Brasil".

Causas internas

Na entrevista, no Senado, os líderes tucanos afirmaram que os desequilíbrios internos têm três vetores, e apenas um está relacionado à crise mundial.São esses os fatores que explicariam o fato de o Brasil hoje encontrar menos compradores para seus produtos no mercado internacional. Os outros dois seriam fatores internos: a queda no consumo das famílias e a redução dos investimentos.

- Portanto, o primeiro é culpa do mundo, e os dois outros são culpa do governo brasileiro - disse Arthur Virgílio.

Juros

Sérgio Guerra disse ainda que não adianta o presidente Lula reclamar que os bancos estão cobrando altas taxas de juros e spreads (diferença entre as taxas pagas aos investidores e aquelas cobradas aos tomadores de empréstimo). Ele lembrou que, na hora em que a população estava com real vontade de consumir, o governo nada fez para que as taxas fossem reduzidas, apesar de ser o governo quem indica o presidente do Banco Central (BC). Ele espera, de todo modo, que o Comitê de Política Econômica (Copom), composto pela diretoria do BC, promova uma queda substancial na taxas básica de juros da economia (Selic) na reunião desta quarta-feira (11).

Arthur Virgílio salientou, ainda, que os instrumentos de que o governo dispõe até agora, para enfrentar a crise, foram herdados da era tucana. Um deles seria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O segundo, a estrutura saudável do sistema financeiro, atribuída aos resultados do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).

- O Proer, tão demonizado antes, é que faz do sistema bancário brasileiro o mais saudável do mundo, como é percebido aqui e no exterior - disse Arthur Virgílio.



10/03/2009

Agência Senado


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