Parlasul repudia exploração britânica de petróleo das Malvinas



O Parlamento do Mercosul aprovou nesta segunda-feira (8) em Montevidéu, no Uruguai, declaração por meio da qual demonstra seu "enérgico repúdio" à decisão do Reino Unido de autorizar a exploração de petróleo na área da plataforma continental ao redor das Ilhas Malvinas. A proposta de declaração foi apresentada pelos integrantes da Representação Argentina e contou com o apoio de parlamentares dos três outros países do bloco - Brasil, Paraguai e Uruguai.

Ainda por meio da declaração, o parlamento anuncia sua decisão de instar o Reino Unido a "cessar de imediato esta ou qualquer outra ação unilateral similar", além da intenção de fazer chegar o conteúdo da declaração a todos os foros e organismos internacionais. O texto sustenta também a "necessidade de que todos os países irmãos da região acompanhem a República Argentina, adotando medidas tendentes a não cooperar com as tarefas de exploração anunciadas por empresas britânicas".

Ao apresentarem a proposta, os parlamentares argentinos observaram que a autorização do início da exploração de petróleo na região das Malvinas poderá tornar mais delicada a situação das ilhas, onde existiria uma "ilegítima ocupação" britânica desde 1833. Por outro lado, lembraram que a Organização das Nações Unidas aprovou resolução em favor de uma negociação pacífica entre o Reino Unido e a Argentina a respeito da soberania sobre as ilhas.

- É importante que o Parlamento do Mercosul possa expressar de forma contundente contra a autorização da exploração de petróleo nas Malvinas - disse o parlamentar argentino Ruperto Godoy.

Logo no início da sessão, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) anunciou a sua solidariedade à Argentina. Em sua opinião, o Reino Unido surpreendeu a todo o mundo com a autorização do início da exploração de hidrocarbonetos na região. Ele recordou que outras regiões do planeta têm passado por diversos conflitos por causa do petróleo.

- Não sei o que pode acontecer caso se transfira a luta pelo petróleo para a América do Sul - alertou.

Por sua vez, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) sustentou a necessidade de se fortalecer o Mercosul, para que o bloco possa garantir maior apoio à Argentina na questão das Malvinas. O parlamentar paraguaio Erik Salum classificou a atitude do governo britânico como "imperialista e colonialista". E o parlamentar uruguaio Javier Ibarra considerou também preocupante a "agressão à soberania" argentina sobre as Malvinas.

Cuba e Irã

O Parlamento do Mercosul também aprovou declaração pela qual expressa satisfação pela "histórica resolução" da Organização dos Estados Americanos (OEA), durante a sua 39ª assembleia-geral, realizada em Honduras, de levantar todas as restrições à República de Cuba, deixando assim aberta a porta para a sua reincorporação ao organismo regional.

A proposta de declaração foi apresentada pelo parlamentar argentino Guillermo Jenefes, que lembrou a recente adoção, pelo presidente norte-americano Barack Obama, de uma política de aproximação com Cuba, que incluiu o levantamento de restrições de viagens entre os dois países. Ele observou ainda que a decisão da OEA foi tomada por unanimidade, o que demonstraria, a seu ver, "o desejo geral de um destino comum para todo o continente".

Também foi aprovada declaração proposta pela parlamentar argentina Beatriz Rojkes, de repúdio à indicação para o cargo de ministro da Defesa do Irã de Ahmad Vahidi, acusado de participação em atentado contra a Associação Mútua Israelita Argentina (Amia), em 1994.



08/03/2010

Agência Senado


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