PATROCÍNIO: BRASIL DEVE LIDERAR TERCEIRO MUNDO CONTRA EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO



O Brasil deve assumir a liderança dos países periféricos na luta contra a dominação do sistema financeiro internacional, afirmou nesta segunda-feira (dia 6) o senador Carlos Patrocínio (PFL-TO). Para ele, a diplomacia brasileira errou ao não defender a causa da reorganização econômica dos países do terceiro mundo na década de 80. Reflexo disso, sustenta, são as dificuldades pelas quais passam estes países diante do processo de globalização.

Patrocínio disse que o Brasil, que detém a economia mais importante do terceiro mundo, ao lado da China, tem representatividade, peso e respeito internacional para assumir "a posição de porta-voz principal dos países menos desenvolvidos". Ele avalia que só assim os países pobres poderão exigir da comunidade internacional um plano emergencial para livrar a África do caos iminente e de guerras sangrentas, e o resto do terceiro mundo das "conseqüências dramáticas da globalização".

O senador citou dados que comprovam a degradação da África, como resultado das políticas praticadas nas últimas décadas pelos países mais ricos para o continente. De acordo com o parlamentar, quase todos os 53 países africanos, com cerca de 800 milhões de habitantes, estão sendo devastados "por guerras e epidemias, pela fome, pela corrupção dos ditadores sanguinários sempre a serviço das grandes potências, pela instabilidade política, pelos massacres tribais e pela exploração de empresas transnacionais".

Na África subsaariana, por exemplo, informou o senador, cerca de 22 milhões de pessoas, em 1998, estavam infectadas pelo vírus da Aids, sendo que o número de pessoas que têm algum tipo de doenças sexualmente transmissível chega a 65 milhões. Além disso, acrescentou, na mesma região africana, quase 300 milhões de pessoas vivem com renda inferior a US$ 1 por dia. Além disso, 180 milhões de crianças são diretamente atingidas pela fome ou pela subnutrição.

- Como se não bastassem essas gigantescas dificuldades econômicas, políticas, sociais e religiosas, a tragédia africana se completa com o abandono por parte das nações ricas que continuam pensando apenas na exploração sem limites de suas riquezas naturais e no fomento de guerras - protestou o senador.

06/11/2000

Agência Senado


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