Paulo Paim faz apelo por mobilização nacional em defesa da paz
O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu em Plenário, na sexta-feira (20), uma mobilização nacional contra a violência e pela defesa da cultura da paz. Propôs um dia ou uma semana totalmente dedicado à campanha, com envolvimento de toda a sociedade e os três Poderes de Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário. Seria o início de uma luta sem trégua contra a violência no país, com o reforço de artistas reconhecidos, de acordo com o parlamentar.
- O brasileiro é solidário á dor alheia, porém essa solidariedade tem de passar à ação - ressaltou, para cobrar participação de todos.
Antes da proposta, Paim citou tragédias que chocaram o país e o mundo. Lembrou, entre outros fatos, da chacina da Candelária, no Rio de Janeiro, quando crianças de rua foram assassinadas por grupo de extermínio. Relembrou ainda o ataque terrorista ao World Trade Center, no Estados Unidos, e também o massacre de Eldorado de Carajás, que resultou na morte de 19 trabalhadores sem-terra no Pará. O senador também não se esqueceu da morte do menino João Hélio e do recente episódio do jovem sul-coreano que assassinou 32 pessoas em uma universidade norte-americana e depois cometeu suicídio.
Paim observou que muitas explicações são apresentadas para justificar atos bárbaros, desde problemas sociais, divergências políticas e religiosas a sentimentos de rejeição, raiva e ciúme. Mas nenhuma justificativa, no seu entendimento, deve ser aceita para que uma pessoa atente contra outra, vindo a matar ou praticar tortura.
- A vida é um direito sagrado e nós, que falamos tanto em direitos humanos, temos de cerrar fileiras numa verdadeira cruzada nacional contra a violência - reforçou.
Preconceitos
O senador gaúcho criticou a tendência de aceitação da violência como um fato "normal", que só atinge terceiros, o que considera uma falsa visão. Essa indiferença, afirmou, traduz preocupante sentimento de "banalização da vida". O que a sociedade precisa,acrescentou, é questionar seus valores, a razão de seus preconceitos e o que está fazendo para combatê-los.
- Afinal, ninguém nasce pensando que uma pessoa vale mais ou menos que a outra pela cor de sua pele, sua religião, origem, situação econômica e social. A criança não é preconceituosa; os adultos é que passam a elas uma cultura de exclusão - argumentou.
No discurso, Paim citou pesquisa sobre a violência no país, recém-divulgada pela Secretaria de Comunicação Social do Senado. Por meio de entrevistas em 27 estados, a sondagem revelou, entre outros dados, quea maioria dos entrevistas acredita que a violência hoje é maior do que no ano anterior (86%) e que continuará aumentando (61%). Paim disse que tanto os legisladores quanto a sociedade necessitam compreender os dados revelados e questionar sobre o que cada um pode fazer para mudar a situação.
Em aparte, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) elogiou Paim e reforçou apelo à participação da sociedade em iniciativas contra a violência. Observou que as comunidades podem ajudar a polícia por meio da denúncia de "movimentos suspeitos". O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que a violência já não é problema exclusivo dos grandes centros, considerando que, no seu combate, uma das medidas necessárias é a melhoria dos salários dos policiais.
Paulo Paim encerrou seu pronunciamento com a leitura de versão em português da letra da canção Imagine, de John Lennon, como um apelo à paz.
Segurança
No início de seu discurso, Paulo Paim elogiou a ação da equipe de segurança e dos demais servidores do Senado que trabalharam na organização da audiência pública organizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), na quinta-feira (19). A reunião, que contou com a participação de grupos indígenas de todo o país - mais de mil participantes, segundo o senador - teve momentos de tensão, que foram contornados pelos servidores. De acordo com Paim, a rebeldia demonstrada por diversos líderes indígenas é "explicável" diante das dificuldades que enfrentam.
20/04/2007
Agência Senado
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