Paulo Souto: debate sobre os transgênicos é responsabilidade dos cientistas
- Não façamos com a biotecnologia o que fizemos com os computadores e os remédios, o que tanto atrasou o desenvolvimento do Brasil nesses setores - afirmou. As indústrias de informática e de medicamentos foram objeto de reserva de mercado no Brasil durante longo tempo.
O ex-governador da Bahia, em pronunciamento da tribuna nesta segunda-feira (dia 13), disse não entender a posição de ambientalistas contrários à produção de plantas geneticamente modificadas no Brasil. Para ele, esses vegetais, por serem mais resistentes a pragas e doenças, reduzem grandemente a utilização de agrotóxicos, substâncias que envenenam o ar, o solo, as plantas e os animais. Além disto, enfatizou, não há registro cientificamente comprovado de malefícios causados por transgênicos nos países que já os produzem e consomem.
Para Paulo Souto, não se pode aceitar que a produção de transgênicos somente seja autorizada com "risco zero". Para ele, trata-se de uma "exigência absurda".
De acordo com o parlamentar pela Bahia, a segurança ambiental e nutricional dos organismos transgênicos já foi testada e aprovada em vários países do mundo. Acrescentou que os avanços da biotecnologia possibilitaram uma segurança bem maior do que os métodos tradicionais de melhoria genética, com o cruzamento entre organismos vivos.
O parlamentar destacou a atuação, no Brasil, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), "entidade reconhecida interna e internacionalmente". Citou os avanços alcançados na utilização intensiva dos cerrados, que realizou "uma verdadeira revolução na agricultura brasileira".
Somente a pesquisa em biotecnologia poderá, segundo Paulo Souto, "obter uma redução de custos e incorporar novas características, com relação à cor, sabor e muitas outras, que valorizam nossos produtos". O senador citou vários exemplos de melhorias atingidas com alterações genéticas, como o aumento do valor nutritivo ou a diminuição de substâncias nocivas, entre eles o tomateiro que, com um único gene modificado, pode desenvolver-se em solos salinizados. De acordo com Paulo Souto, esse tipo de solo é muito comum no Brasil, resultante de projetos de irrigação mal conduzidos.
Em aparte, o senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) disse que o governo federal está engajado no processo de avanço da biotecnologia no país.
13/08/2001
Agência Senado
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