PCR pode desistir de consultoria









PCR pode desistir de consultoria
Secretário-adjunto de Saúde, Antonio Mendes, diz que há preocupação com alto custo do contrato

O secretário-adjunto da Secretária de Saúde do Recife, Antônio Mendes, comunicou, ontem, que não aceitará pressão por parte das empresas de informática do Estado para que a PCR firme contrato com instituições locais para informatizar os serviços na área de saúde. Ele informou, ainda, que dependendo do alto custo poderá até desistir da contratação. "Não tenho compromisso com nenhuma delas. Não vamos comprar um pacote de goela abaixo porque as empresas daqui estão pressionando", avisou.

A PCR vem sendo criticada desde a semana passada por contratar consultorias de fora do Estado e a alto custo. Um dos contratos firmados foi no valor de quase R$ 5 milhões e tem como objeto uma consultoria organizacional. A outra proposta que vem sendo analisada para a área de informática está orçada em R$ 23 milhões.

O secretário-adjunto comparou o procedimento adotado pelas instituições que disputam o contrato com a Secretaria de Saúde com vendedores de livros. "Eles batem na porta e ficam telefonando para tentar vender oproduto. A relação entre quem compra e de quem vende é diferente. Não é de imposição", afirmou. De acordo com ele, o que vai definir o fechamento do contrato é a necessidade da população. "É isso que vai nos guiar e não a vontade das empresas".

Além do consórcio do Softex, formado pelas empresas Cesar, MV, In Formação, Dedalus, Aragão, Brascomp, Provaider e a Apply, estão concorrendo o Instituto de Curitiba de Informática (ICI) e mais duas empresas não reveladas pela PCR. De acordo com o diretor-adjunto do Softex, Ismar Kalfma, houve um diálogo na semana passada, entre a Prefeitura e a Associação das Empresas de Software de Serviços de Informática e Internet (Assespro/PE/PB). "Eles ficaram de entrar em contato", disse.

Segundo Ismar Kalfma, o preço apresentado pelo ICI se aproxima da proposta do consórcio de empresas do Recife. "O diferencial é o custo total de propriedade, ou seja, manter a solução (programa) implantada na Saúde funcionamento por longo tempo. É inevitável que o custo do fornecedor local represente, a longo prazo, um custo menor",

Para o gerente executivo do Cesar, Fred Arruda, as empresas pernambucanas têm plenas condições de resolver o problema com, no mínimo, a mesma qualidade que a ICI. "Não queremos impugnar a concorrência, mas ter o direito de participar da seleção. O programa da ICI está implantado para o Paraná. Se ela for a vencedora terá que fazer uma série de adaptações para a realidade local. Boa parte do que a PCR vai precisar nós já temos aqui", disse.


José Múcio quer trazer as cinzas de Julião
A campanha para repatriar do México para o Brasil as cinzas do líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião, recebeu ontem a adesão do deputado federal José Múcio Monteiro (PSDB). Os dois estiveram juntos na campanha estadual de 1986, quando Múcio (então no PFL) disputou o Governo do Estado e teve o apoio de Julião - numa aliança que uniu adversários históricos e surpreendeu o meio político nacional. Nascido em Bom Jardim (PE), Julião morreu em 10 de julho de 1999, em Tepoztlán, pequeno município do México. Foi cremado e suas cinzas permanecem lá até hoje, sob os cuidados da mulher com quem ele vivia, a mexicana Marta Rosas.

Amigo de Marta, que conheceu durante a eleição de 86, José Múcio disse que está disposto a viajar ao México para - acompanhado dos familiares de Julião - tentar convencê-la a deixar as cinzas serem repatriadas para o Brasil. "A história dele está aqui, é aqui que suas cinzas devem ficar", disse. Semana passada o vice-presidente Marco Maciel também apoiou a campanha, comprometendo-se atratar do assunto com o Ministério das Relações Exteriores.

As Ligas Camponesas surgiram em 1955 e foram extintas após o golpe militar de 31 de março de 1964. Cassado (era deputado federal) pelo novo regime, Julião exilou-se no México a partir de 1965. No Brasil ele foi casado com Alexina Lins Crespo, com quem teve quatro filhos. Três deles - Anacleto, Anatólio e Anatailde - moram no Recife e estão à frente da campanha pelo repatriamento das cinzas.

HISTÓRIA - Amigo de Fidel Castro e Che Guevara, defensor da reforma agrária "na lei ou na marra" (slogan das Ligas), Julião afastou-se do palanque das esquerdas nas eleições de 1986 e aliou-se ao PFL. A união foi feita em torno do que se chamou "Pacto da Galiléia", pelo qual os usineiros comprometiam-se a doar 10% de suas terras para a reforma agrária, caso Múcio fosse eleito. O vitorioso, porém, foi Miguel Arraes. Candidato a deputado federal pelo PDT, Julião teve pouco mais de 4 mil votos.


"Candidatura de Serra já nasceu morta"
Líder do PFL, Inocêncio Oliveira diz que ministro não tem condições de liderar a aliança governista

A candidatura presidencial do ministro da Saúde, José Serra (PSDB), é "natimorta". Pelo menos para o líder do PFL na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, hoje um dos articuladores do projeto nacional da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). "Serra entrou tarde. A estratégia do PSDB foi mortal para ele, porque sua candidatura foi muito postergada", avaliou, ontem, o líder pefelista, para quem o ministro tucano não tem condições de liderar um projeto para o País "porque tem uma visão muito paulista das coisas e acha que o resto vai a reboque de São Paulo".

Inocêncio citou pesquisas nas quais o eleitorado brasileiro aparece dividido em três partes, sendo um terço apoiando o Governo, um terço apoiando a oposição e o restante indefinido. "Roseana já ocupou esse um terço do Governo", destacou. O líder admitiu que a aliança governista nacional "caminha claramente para um rompimento e a noiva disputada hoje é o PMDB". Na opinião de Inocêncio, o melhor vice para Roseana é o presidente nacional do PMDB,deputado Michel Temer (SP), "porque ele é do maior colégio eleitoral do Brasil".

Segundo o pefelista, quem tiver melhor nas pesquisas, ganha a noiva. "Pode-se exigir tudo de um político, menos suicídio. Então, se Roseana se mantiver numa média de 20% e Serra não passar de 7% ou 8%...", observou. Inocêncio Oliveira adiantou que o PFL já se comprometeu a fazer um programa comum de Governo com o PMDB. Ele acentuou ser melhor para o PFL se compor com o PMDB, porque "o PMDB se dividiu durante os oito anos do Governo FHC, não ficou muito identificado com ele, o que nos permite fazer uma campanha mais solta", declarou.

Para Inocêncio, "a estrutura do PSDB é tão grande e Serra é tão teimoso e obstinado nas coisas que, mesmo natimorto, ele será o candidato do PSDB". O líder enfatizou que o PFL não pode mais se contentar com a vaga de vice. "Partido que fica com a vice mais do que duas vezes não é um partido, mas um vice-partido", afirmou. De acordo com Inocêncio Oliveira, o apoio do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), a Roseana Sarney "é irreversível, é um destino traçado".

O líder pefelista enfatizou ainda que, enquanto a candidatura presidencial de Raul Jungmann (PMDB) não tem razão nem consistência, a de Roseana já acumula o mérito de ter exposto a fragilidade do presidenciável do PT, Luis Inácio Lula da Silva. "O PT estava de sapato alto e tinha montado um ministério para Lula. Hoje a candidatura dele é questionada no próprio partido, porque ele não ultrapassa os 30%", destacou.


Maciel defende que pesquisas definam a chapa
SÃO PAULO - O presidente da República em exercício, Marco Maciel, defendeu ontem a adoção das pesquisas de opinião como critério para definir o cabeça e o vice da chapa da aliança governista para as eleições presidenciais de 2002. "O critério de pesquisa sinaliza uma a desão popular ao candidato. É o critério mais visível", disse Maciel, que participou, em São Paulo, da abertura da Couromoda 2002. Maciel saudou como positivo o fato de a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, estar entre as favoritas dos eleitores e destacou que ela pertence à aliança, pois é do PFL, partido também do presidente em exercício.

Marco Maciel reiterou seu compromisso de manter a aliança governista PFL/PSDB/PMDB. O presidente em exercício repetiu as palavras do senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, que defende a adoção de critérios objetivos para definir quem deve encabeçar a chapa da aliança governista que irá disputar a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, em outubro.

Maciel reiterou que um desses critérios objetivos é a pesquisa de opinião. Ele disse que outros critérios serão definidos pelos partidos da aliança em reuniões entre os presidente dos partidos políticos e o presidente Fernando Henrique Cardoso. De qualquer modo, o vice-presidente afirmou que a escolha deve ficar provavelmente para maio, mês previsto para as convenções partidárias e para a definição das coligações. "A aliança não é fundamental apenas para as eleições, mas também para a governabilidade do País. Cada vez mais", justificou Maciel. Segundo ele, para governar é preciso ter apoio no Congresso. "E para a obtenção desse apoio é claro que se precisa contar com a maioria. Para isso, a aliança é fundamental. Ninguém governa sozinho", afirmou Maciel.

DEFESA - Ao defender a manutenção da aliança, Maciel afirmou que desde 1994 o Brasil progrediu muito em termos políticos, no campo social e no de integração econômica. A aliança governista foi a base deste progresso. O presidente em exercício abriu a Couromoda, que contou com a participação dos governadores do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), de Santa Catarina, Espiridião Amin (PPB), da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), do ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, e de representantes do setor calçadista. A Couromoda vai até sexta-feira, no Pavilhão de Exposições do Anhembi. São esperados cerca de 50 mil visitantes para os 750 estandes montados no local. A expectativa dos organizadores é que a feira movimente 25% do PIB anual do setor.

Racionamento será menor no Carnaval
Governo anunciou flexibilização na meta de consumo para indústria e iluminação pública em fevereiro

BRASÍLIA - O racionamento de energia elétrica será abrandado para consumidores residenciais, hotéis, pousadas e restaurantes durante o Carnaval, informou ontem o ministro José Jorge (Minas e Energia). De acordo com o ministro, não está definido o período no qual as metas ficarão reduzidas. "Eu gostaria que fosse igual ao Carnaval de Recife, que são dez dias", disse o ministro, em tom de brincadeira. "A decisão sobre o Carnaval atende a pedidos de prefeitos como o do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), e o de Salvador, Antônio Imbassahy (PFL), mas valerá para todos os municípios do País.

José Jorge voltou a dizer que em fevereiro haverá nova flexibilização de metas do racionamento, desta vez para indústria e iluminação pública. Para iluminação pública, é possível que o racionamento seja suspenso definitivamente. O ministro explicou que as novas metas da indústria e os detalhes do aumento de consumo no Carnaval serão discutidos na reunião do "ministério do apagão" na próxima terça-feira. Hoje as indústrias têmmetas de redução de consumo que variam de 15% a 25% de economia em relação ao consumo médio verificado nos meses de maio, junho e julho do ano passado.

A iluminação pública teve que ser reduzida em 35% em relação ao que era gasto até 31 de maio de 2001. O ministro disse ainda que não há definição em relação ao fim do racionamento. A expectativa de técnicos do governo é de que ele se encerre em março para as regiões Sudeste e Centro-Oeste e em maio para o Nordeste. De acordo com a assessoria do ministro, a tendência é de abrandar os mecanismos de punição do racionamento gradualmente. Em janeiro, a economia de energia excedeu a meta do governo em 1.500 megawatts (MW) médios e será distribuída agora para o setor industrial, inclusive o de eletrointensivo, e para o comércio.

O ministro informou ainda que o Governo excluiu três usinas termoelétricas do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) e incluiu outras sete no plano. Até agora o programa previa a construção de 32 usinas desse tipo. Segundo José Jorge, as três térmicas foram excluídas porque, até o momento, os detentores de sua concessão não haviam iniciado o processo de construção das usinas. As sete incluídas obtiveram recentemente o licenciamento ambiental e devem acrescentar uma potência de 3.000 MW ao parque gerador. O Governo também decidiu estender os benefícios do PPT a 18 centrais de co-geração distribuídas principalmente em São Paulo e que poderão gerar até 213,9 MW de energia quando estiverem prontas.


Argentinos ignoram apelo de Duhalde
Presidente diz que país "está próximo de um banho de sangue" e que há "uma bomba social para explodir"

SÃO PAULO - Um dia após o presidente argentino Eduardo Duhalde pedir, em cadeia nacional de rádio e TV, o apoio da população, cerca de 5.000 manifestantes depredaram agências bancárias e entraram em choque com a polícia na cidade de Casilda (província de Santa Fe, a 50 km de Rosario). Comerciantes, produtores rurais e empresários da cidade decidiram apedrejar os bancos em protesto à prorrogação do confisco dos depósitos bancários. A polícia reagiu utilizando gás lacrimogêneo e balas de borracha.

O centro de Buenos Aires também foi palco das manifestações. Centenas de desempregados e aposentados protestaram em frente à sede do Ministério do Trabalho e se dirigiram ao Ministério do Desenvolvimento Social. Eles pediram a distribuição de 100 mil kg de alimentos e um subsídio de 500 pesos aos chefes de família desempregados. Os manifestantes ameaçavam dirigir-se à praça de Maio, mas a polícia cercou todo o local para proteger a Casa Rosada, sede do governo.

O vice-ministro do Interior, Carlos de la Rosa, concordou em se reunir com dez representantes dos manifestantes. Eles também já agendaram uma nova reunião para a próxima semana, onde serão discutidos os planos de emprego do governo federal. Outro ministério que está cercado é o da Saúde, também no centro de Buenos Aires. Os manifestantes protestam contra a crise sanitária no país, onde faltam remédios até mesmo nos hospitais.

Duhalde disse ontem que até mesmo sua própria filha participou de um panelaço em Buenos Aires. Ele, no entanto, não revelou se a filha teria protestado contra o próprio pai no panelaço da madrugada da última sexta-feira ou se foi uma manifestação contra os ex-presidentes Fernando de la Rúa ou Adolfo Rodríguez Saá. A justificativa de Duhalde para a atitude da filha foi de que "todos os jovens, quando vêem pela televisão um protesto que quer mudar a situação, ficam inflamados".

BANHO DE SANGUE - Eduardo Duhalde voltou a afirmar que a Argentina "está próxima de um banho de sangue" e que há uma bomba social. "Milhões de pessoas foram agregadas aos contingentes de pobres em nosso país. Para além da vertiginosa transição de pessoas de classe média para pobres, existe um contingente de excluídos que, neste momento de crise, vê aqueles que estão incluídos como oponentes", disse ele. "Na Argentina, por causa da depressão econômica, nos sentimos em um pântano em que não sabemos se já tocamos o fundo", afirmou o presidente argentino em uma entrevista coletiva para correspondentes estrangeiros.

Duhalde disse ter certeza de que o FMI apoiará financeiramente seu governo. "Um governo, quando começa a trabalhar, supõe que terá ajuda dos organismos dos quais é sócio. Contamos com a ajuda". Criticou, como fizera no final de semana, governos que o antecederam "por procurarem os organismos internacionais em busca de socorro financeiro sem terem um plano econômico sustentável".

"Iremos aos organismos internacionais com projetos definidos sobre o que queremos fazer". O presidente afirmou que não dá para ter um plano completo depois de apenas uma semana de assumir o comando de um país com uma crise tão grave. Duhalde não perdeu a oportunidade para responder ao ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), que tem criticado seu governo reiteradas vezes. Menem "deveria guardar um respeitoso silêncio, porque a Argentina está em pranto e luto".


Artigos

O desabafo do Papa
Frei Aloísio Fragoso

Bem que minha alma desconfiava, desde algum tempo, que havia um nó preso na garganta do Sumo Pontífice. Pontífice é outra determinação dada ao Papa, significa "construtor de pontes" e decerto pega bem nessa função. Pontes se constroem com pedras sólidas, inquebráveis e duráveis. Era isso mesmo o que estava faltando na boca do Papa, desde o dia 11 de setembro último, uma palavra pontifical. A primeira vez que ele falou, no day after, para dizer que "não se elimina terrorismo com bombardeios", suas palavras morreram na pressão dos senhores da guerra, de alguns cardeais da Cúria Romana e na sonegação da mídia.

Depois de se viver 80 anos, aprende-se fácil a discernir entre ações e intenções. É o caso do ataque ao Afeganistão. Se a intesão era capturar "vivo ou morto" o eleito inimigo número um da Humanidade, então, redundou num incomensurável fracasso: massacre de inocentes, inclusive crianças e anciãos, em troca de nada do que se queria encontrar. Ou em troca de desencontradas notícias: "Bin Laden fugiu para o Paquistão", "Bin Laden morreu pacificamente de pneumonia", "Bin Laden foi sepultado nas cavernas do deserto".

No meio do foi-não-foi do noticiário geral, uma manchete se agiganta: "O território afegão contém um tesouro irresistível de bilhões de litros de petróleo". Pronto, estava esclarecida a distância entre as ações e intenções. João Paulo II esperou o Natal, o aniversário de uma Criança indefesa, despojada, humana e divina, quando é difícil abafar a voz que antes clamava no deserto para lançar três bombas de efeito moral:

"O semblante do Menino Jesus está no rosto do pequeno americano como no rosto do pequeno afegão". E mais "não se pode usar o nome de Deus para justificar a violência". E ainda "é necessário que haja uma mais justa distribuição dos bens na terra". A bom entendedor, meia frase basta, vinda do Papa, o qual tem de quebrar rochedos e obstáculos dentro da Cúria Romana, sem falar na diplomacia ( leia-se ameaça) norte-americana, para dizer de público o que sente e pensa. Com este tríplice petardo, ele acertou de cheio o quartel general dos senhores da guerra. Condenou toda xenofobia discriminatória, toda tentativa de legitimar qualquer tipo de violência, não excluindo, pois, a bélica, e apontou a raiz mais funda do território global.

Confesso que experimentei uma forte emoção diante da figura de João Paulo II. Mãos trêmulas, curvado até o penúltimo estágio do esforço humano, proibido de sorrir pelos efeitos do mal de Parkinson, contudo resistindo profeticamente a reduzir a noite de Natal a infantilismos sentimentais.

O Menino deitado na manjedoura é um americano, um brasileiro, um inglês, um afegão. Uma vida destruída, seja onde for, é a imagem destruída do Criador. Seja pelo terror, seja pela guerra anti-terror. Em suma, tudo o que elimina a vida é terrorismo.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Caso muito estranho
Os petistas estão irritadíssimos porque a oposição está questionando a contratação de uma consultoria de Brasília, sem licitação, para ajudar João Paulo e sua equipe a administrar o Recife. Dizem que isso não é ilegal, que o prefeito quer modernizar a máquina e culpam a Imprensa, naturalmente, de ter criado uma polêmica sem necessidade. Realmente não é ilegal contratar uma empresa sem licitação. É imoral. Principalmente em se tratando do PT que passou a vida toda atirando pedra nos adversários, suspeitando sempre da honestidade de todos. Está na hora,inclusive, de Paulo Rubem (PT) se pronunciar sobre o que está acontecendo porque o deputado é especialista em fazer denúncias e, até agora, não deu nem um pio sobre o assunto.
Como sempre tentou passar para a população que é o único partido sério desse País, o PT não poderia pisar na bola desse jeito, adotando uma postura que condenava nos outros. Sem contar que Pernambuco tem grandes consultorias, não fazendo nenhum sentido ir buscar uma em Brasília para diagnosticar e medicar a PCR. Muito menos em Curitiba, onde uma empresa de informática está oferecendo seus serviços à Secretaria de Saúde, pela bagatela de R$ 23 milhões, como se aqui não funcionasse a Emprel, modelo no mercado quando informática ainda era um tabu na cidade. É impossível não considerar todo esse caso muito estranho e por vários motivos. Porque o maior prejudicado é mesmo João Paulo, porque as informações saem da própria PCR, porque os aliados não fazem a defesa do prefeito, porque os secretários não se mostram solidários ao chefe e por aí vai. A não ser que, no meio de toda essa história, exista algum detalhe tão interessante, tão importante para o futuro do partido que compense todo esse transtorno. Aí, só mesmo o PT poderá explicar.

Como a eleição está se aproximando, os eleitores precisam saber que Roberto Freire (PPS-PE) foi o único pernambucano a votar contra o projeto de José Chaves (PMDB-PE), que mudou o nome do Aeroporto Internacional dos Guararapes para Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes-Gilberto Freyre.

Candidato 1
Roberto Freire, do PPS, diz que não há qualquer possibilidade dele disputar uma das vagas do Senado aliado ao PFL e que não acertou isso com Jarbas Vasconcelos: "Eu estava no Rio de Janeiro tratando da aliança PPS/ PDT/PPB".

Candidato 2
O senador acha que essa notícia surgiu no PFL porque o partido está desconfiado que o governador poderá apoiar Ciro Gomes (PPS-CE) se os pefelistas saírem com Roseana Sarney para presidente e o PSDB com José Serra.

Candidato 3
Já Antônio Moraes (PSDB) avisa que os tucanos não abriram mão da vaga de senador para Roberto Freire como foi dito aqui "pois o partido é muito forte e não pode ficar fora da chapa majoritária". O jeito é aguardar pra conferir.

Delírios
Inocêncio Oliveira (PFL-PE) diz que não entende por que a Imprensa colocou no PFL o estigma de direita, pois o maior ídolo do partido, Marco Maciel, é um homem de centro. Delirantes, essas colocações do deputado.

Obrigação
Marco Maciel anuncia que o Governo federal está liberando R$ 4 milhões para BR-232 e lembra que alguns trechos da obra foram integralmente custeadas por Brasília. O presidente FHC não faz mais do que sua obrigação.

Teatro
Os vereadores da oposição podem cobrar muita coisa de João Paulo (foto) menos a demora para concluir o Santa Isabel. Pois a recuperação do teatro começou com Jarbas Vasconcelos, passou por Roberto Magalhães e continua fechado. Como só faz um ano que o prefeito assumiu, é injusto culpá-lo pelo atraso.


Editorial

PREÇO DA GASOLINA

Frustrou-se a expectativa do governo de reduzir o preço da gasolina em até 20% para o consumidor. Pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Petróleo revelam que o percentual tem sido bem inferior ao previsto. A discrepância deve-se, sobretudo, a duas razões. A primeira é o fato de os tesouros estaduais manterem a incidência das alíquotas do ICMS sobre valores de referência anteriores à redução de 25% que beneficiou os distribuidores. A regra foi mudada em reunião extraordinária do Conselho dos Secretários da Fazenda (Confaz). Ali se acatou a argumentação das autoridades federais do setor de petróleo: era necessário adequar a taxação do ICMS à queda registrada nas refinarias. A segunda razão é a eterna queda-de-braço entre as distribuidoras e os postos. Ambos relutam em aceitar perda de receita industrial. As alegações variam. Vão da majoração dos custos operacionais à necessidade de recuperação da rentabilidade do negócio.

O governo tem-se revelado frágil em situações semelhantes, nas quais há claros sinais de imperfeições na concorrência. Explica-se. Na área de distribuição, existe inquestionável oligopolização. Na dos postos, há também indícios de cartelização porque a maioria dos estabelecimentos cobra o mesmo valor pela gasolina. A prática constitui crime contra a economia popular. Para o motorista que abastece o carro, a imperfeição reflete-se no preço do combutível, fixado em patamares superiores aos da livre concorrência.

A Secretaria de Direito Econômico, ligada ao Ministério da Justiça, tem revelado impotência para administrar tais situações. Faltam-lhe recursos humanos e tradição na defesa efetiva do consumidor. Nesse quadro, sem solução de curto prazo, é crucial o comportamento do consumidor. A ele cabe identificar postos com preços mais baixos e boicotar os que insistem no abuso.

As economias mais desenvolvidas têm equipamento formal capaz de evitar a formação artificial dos preços finais. A ele soma-se o comportamento consciente do consumidor e das associações de defesa tipo Procon. Juntos,forçam a redução de preços pela demanda seletiva.

Brasília já teve experiência vitoriosa no combate ao cartel da gasolina. Proprietários de automóveis faziam pesquisa de preços e divulgavam o resultado pela Internet. Formou-se uma corrente. Os postos recalcitrantes perdiam fregueses. Os cartéis não tiveram saída. Reduziram os preços. É hora de iniciativa semelhante.


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01/16/2002


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