Roseana ameaça desistir se PFL não deixar governo FHC
Roseana ameaça desistir se PFL não deixar governo FHC
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, ameaçou ontem abandonar a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto se o seu partido, o PFL, não romper com o governo e entregar os três ministérios que ainda tem.
A tendência do partido é sair, apesar de o presidente Fernando Henrique Cardoso também ter ameaçado, em reunião anteontem à noite com os ministros do PFL, tirar os cargos de segundo escalão da sigla se o partido formalizar o rompimento.
"Fui atingida na minha dignidade. Sem o apoio do partido, não tenho condições de seguir como candidata", disse a pefelista em reuniões com a bancada do PFL. Ela repetiu frases semelhantes nos diversos encontros de ontem.
Depois de almoçar com o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral), que foi à casa de Roseana em Brasília a pedido de FHC, ela afirmou: "Está na mão do partido a minha pré-candidatura".
Virgílio fez um apelo para que Roseana defendesse a permanência do PFL no governo, mas ela se mostrou irredutível. Ela deu um ultimato ao partido por avaliar que, se ele continuar no governo, demonstrará que teme ser contaminado pelo episódio Murad, passando a impressão de que não crê na sua pré-candidatura.
Roseana repetiu nas reuniões que acredita que o pré-candidato do PSDB a presidente, o senador José Serra (SP), e o grupo de tucanos mais próximo dele tentaram tirar proveito da operação da Polícia Federal que apreendeu documentos e cerca de R$ 1,3 milhão na sede da Lunus, em São Luís (MA), na sexta. A empresa é dela e do marido e supersecretário no Maranhão, Jorge Murad.
Ou seja, Roseana avalia que, se for para deixar o páreo presidencial, é melhor fazê-lo com cacife nas pesquisas e procurando minar Serra. No cenário mais provável da última pesquisa Datafolha, Lula teve 27%; Roseana, 24%; Garotinho, 14%; Serra, 12%; Ciro Gomes (PPS), 10%, e Enéas Carneiro (Prona), 3%.
Aos pefelistas, Roseana disse que o partido precisa confiar nela. A governadora diz que pretende abrir seu sigilo bancário, telefônico e fiscal para mostrar que não teme a investigação do Ministério Público que causou a busca e apreensão na sua empresa.
Segundo escalão
A tendência do PFL é entregar os ministérios, mas há bancadas que ainda resistem à saída do governo devido à ameaça de retaliação de FHC. O presidente do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), que gostaria de continuar no governo, confidenciou a interlocutores que ficou sem margem de manobra para evitar o rompimento.
A tendência é a Executiva do PFL decidir em reunião amanhã que abandona o governo em solidariedade a Roseana, mas dizendo que não haverá boicote no Congresso. A idéia, com isso, é tentar manter os cargos de segundo escalão, fundamentais em ano eleitoral, argumentando com FHC que foi dada satisfação a Roseana, mas que a governabilidade federal não foi avariada.
O PFL tem aproximadamente 2.000 cargos na administração direta e indireta, segundo o sociólogo Antônio Augusto de Queiróz, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Mas as jóias da coroa do PFL são órgãos importantes, como a Caixa Econômica Federal, o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e a Eletrobrás.
A tentativa do PFL de segurar o segundo escalão precisa ser combinada com FHC. Na reunião de anteontem com os ministros do PFL que ainda estão no governo, FHC disse que a entrega dos ministérios seria vista, no Brasil e na comunidade internacional, como um voto de desconfiança no governo e nele pessoalmente.
O presidente falou que o rompimento poderia gerar até uma crise econômica. Por isso, FHC disse que não bastaria deixar apenas os ministérios, o que ocorreria inevitavelmente até o fim do mês devido ao prazo de desincompatibilização dos que queiram se candidatar. E disse que o PFL passaria a ser tratado como adversário.
Roseana atribui descoberta de dinheiro a grampo
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), disse ontem a parlamentares de seu partido que um grampo telefônico teria sido usado para descobrir a existência de dinheiro em espécie -que ela diz ser cerca de R$ 1,3 milhão- na empresa Lunus Participações, de propriedade dela e de seu marido, Jorge Murad.
Para Roseana, quem fez o grampo teria então avisado à Polícia Federal para que fosse realizada uma batida num dia específico na sede da Lunus, o que acabou acontecendo na sexta-feira passada. A governadora não deu informações objetivas a respeito do suposto grampo.
Watergate brasileiro
Quem tem afirmado a vários interlocutores sobre uma possível espionagem no Maranhão é o pai de Roseana, o senador e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP).
Sarney afirma que estiveram recentemente no Maranhão agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência, o serviço secreto federal coordenado pelo Palácio do Planalto).
O ex-presidente da República teria, segundo relato de interlocutores, nomes de alguns desses agentes. Ele chega a comparar o episódio com o caso Watergate, que em 1974 resultou na renúncia de Richard Nixon do cargo de presidente dos EUA -nesse episódio, houve espionagem na sede do Partido Democrata no edifício Watergate e Nixon (Republicano) tinha conhecimento da operação.
Há duas semanas, Sarney e o senador Edison Lobão (PFL-MA) tiveram uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso para reclamar da suposta presença de agentes da Abin.
FHC negou e chamou ao encontro o general Alberto Cardoso (Segurança Institucional), que também afirmou ser improcedente a informação. Segundo Roseana, esses agentes continuam em ação no Maranhão.
Na explicação que Roseana deu a respeito do dinheiro encontrado na Lunus, segundo parlamentares que ontem ouviram a governadora, fica subentendido que ela atribui à Abin a escuta clandestina de telefones na empresa.
A governadora tentou demonstrar tranquilidade a respeito dos documentos e do dinheiro apreendidos na Lunus. Sobre o dinheiro, repetiu em suas várias reuniões com pefelistas durante o dia que " não é crime" ter dinheiro em espécie numa empresa. E que a batida da PF para fazer a apreensão possivelmente queria constrangê-la com esse fato.
Roseana disse que apresentará documentos que comprovarão a origem do cerca de R$ 1,3 milhão encontrado na Lunus. Nenhum parlamentar ouvido pela Folha, no entanto, soube precisar quais seriam esses papéis e quando exatamente seriam divulgados.
Ela também prometeu levar esses papéis ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, à presidente do Coaf, Adrienne Senna, e ao superintendente da PF, Agílio Monteiro.
Até o momento, a explicação para o dinheiro tem sido que a Lunus é uma empresa do ramo imobiliário e costuma receber pagamentos em espécie.
Como a Lunus estaria para fazer grande compra de material de construção para iniciar as obras de um condomínio com 60 chalés em Barreirinhas, na região conhecida como Lençóis Maranhenses, teria preferido acumular caixa -Roseana usa a expressão "capital de giro"- em vez de fazer um depósito bancário.
Além disso, também seria costume a empresa fazer o pagamento de operários em dinheiro.
Sarney diz que PF enviou fax da Lunus ao Planalto
O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou ontem à Folha que a Polícia Federal enviou um fax ao Palácio do Planalto de dentro da própria Lunus, a empresa de seu genro, Jorge Murad, no dia em que a empresa sofreu uma operação de busca e apreensão, na sexta-feira, em São Luís, no Maranhão.
Segundo Sarney, logo depois de concluírem seu trabalho, os policiais solicitaram à secretária de Jorge Murad, de nome Teresinha, que redigisse um fax. "Disseram a ela que seria o fax mais importante da vida dela, e que isso decidiria a sucessão presidencial", diz Sarney.
A secretária obedeceu. "Os policiais mandaram que ela escrevesse que a operação foi concluída com sucesso", relata Sarney. Em seguida, o fax foi enviado ao número (61) 411 4058. Segundo o pai do Roseana Sarney, o fax é do Palácio.
A descoberta foi possível, segundo ele, porque os números para os quais o aparelho de fax do escritório de Murad discou ficaram registrados.
"Recebi essas informações agora, do Maranhão", disse Sarney à Folha por volta das 23h de ontem. "Se os responsáveis pela ação policial passam um fax dizendo que cumpriram a operação com sucesso, isso pelo menos mostra que o presidente Fernando Henrique sabia de tudo", diz o senador.
A Folha telefonou para o Palácio do Planalto para confirmar se o número (61) 411 4058 era mesmo da sede do governo. A telefonista Sueli de Lima confirmou. Questionada se um documento enviado para o número chegaria às mãos de Fernando Henrique Cardoso, ela disse que sim. "É só mandar o número para esse fax que ele será entregue em mãos do presidente da República", informou a telefonista.
Sarney disse ainda que a equipe de Roseana está investigando de quem é o número (61) 323 8000. Para ele, teriam sido enviados oito mensagens de fax.
Senador adia discurso de ataque ao governo FHC
O senador José Sarney (PMDB-AP) adiou para amanhã, após a reunião da Executiva do PFL, o discurso que faria hoje na tribuna do Senado e no qual acusaria o governo federal de colocar a Polícia Federal a serviço da pré-candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) à Presidência.
Sarney decidiu adiar o discurso após pedido do presidente do PFL, senador licenciado Jorge Borhausen.
Em reunião à noite na casa de Sarney, Borhausen disse que está fazendo uma consulta ao partido sobre que posição adotar. Como a consulta termina amanhã, ele pediu a Sarney para adiar seu discurso por um dia.
Participaram da reunião o ministro da Previdência Social, Roberto Brant (PFL-MG), e a governadora Roseana Sarney (PFL-MA), filha de Sarney e pré-candidata a presidente, segundo informações de assessores dela.
No discurso que faria hoje, Sarney acusaria especialmente o governo de FHC e o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), de tentarem "fazer eleição no Brasil como se faz no Zimbábue [país africano"". Também acusaria o governo FHC de tentar tirar o país do "rumo da institucionalidade" e de usar a PF "a serviço de um partido político".
Quem teve acesso à primeira versão do discurso disse que ele seria muito duro, citaria especificamente FHC.
FHC prevê retaliação aos tucanos
O presidente Fernando Henrique Cardoso julga que o grupo do pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra, tentou tirar proveito político da busca feita pela Polícia Federal no escritório de Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney (PFL-MA), e que, agora, o PSDB deverá aguardar a retaliação do clã Sarney.
Serra e tucanos negam que tenha havido qualquer tentativa de bombardear Roseana, pré-candidata ao Planalto.
O presidente deixa claro que não critica a apreensão de documentos na empresa de Roseana e Murad, porque havia ordem judicial, mas a forma como ocorreu.
Em conversas reservadas, FHC classifica de erro político o suposto vazamento de informações para a imprensa. Na avaliação do presidente, ficou a impressão de que membros do governo ligados a Serra teriam sabido com antecedência da operação policial e teriam passado informações à mídia a fim de tornar o prejuízo político de Roseana ainda maior.
Mais: chegou ao conhecimento do Palácio do Planalto que políticos tucanos estariam montando dossiês contra Roseana e deixando impressões digitais na hora de tentar transmitir essas informações para a imprensa. FHC pediu anteontem moderação ao ministro da Justiça. Para ele, Aloysio Nunes Ferreira reagiu acima do tom no sábado. Depois de ser acusado pelo PFL de tentar prejudicar Roseana, o ministro da Justiça disse que a pefelista queria tratamento privilegiado. No caso, ser avisada de uma batida com respaldo legal.
O ministro, no entendimento de FHC, pôs lenha na fogueira. O presidente pensa que Serra e seu grupo, do qual Aloysio é um expoente, criam arestas demais e que é difícil chegar ao Planalto fazendo tantos inimigos.
FHC aprova ações de bastidor para minar Roseana, como a retirada do publicitário Nizan Guanaes da campanha dela, mas reprova atos para dar um empurrão na investigação sobre Murad.
FHC sempre disse ao PFL e ao PSDB que o marido de Roseana seria um problema para a candidatura dela porque a imprensa o investigaria sem trégua.
Garotinho diz que "pessoa do Rio" lhe ofereceu dossiê
O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB) confirmou ontem que foi procurado "por uma pessoa do Rio" que lhe ofereceu um dossiê contra a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
Há dez dias, Garotinho revelou à Folha que "um político ligado ao governo federal" lhe ofereceu papéis com informações "explosivas" sobre a governadora. Segundo ele, o "dossiê" continha informações de empresas no exterior que seriam supostamente do marido da governadora, Jorge Murad, e até a cópia da certidão de casamento de Roseana.
Garotinho não revela o nome da pessoa que teria enviado a ele os papéis, por meio de um parlamentar de sua base de apoio no Rio. Assessores do governador chegaram a apontar a origem do documento no secretário-geral do PSDB, deputado Marcio Fortes (RJ).
O governador não confirmou nem negou ontem o envolvimento de Fortes. "Perguntem a ele", disse. "Não vou perder meu tempo com baboseira", respondeu Fortes. Garotinho diz que dispensou o portador. O fato teria ocorrido antes da operação da Polícia Federal na empresa de Roseana.
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), que coordena a campanha de Roseana, diz que "se fala muito" na participação de Fortes na distribuição do suposto "dossiê". "Mas no máximo seria um ingênuo sendo usado. Creio que a mão que empurra é muito mais pesada", declarou Maia.
O prefeito do Rio avalia que a possibilidade de políticos ligados ao PSDB estarem por trás de "dossiês" contra a governadora "exigiria uma completa investigação dentro do próprio governo".
Artigos
Uma certa turvação
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Adoro o filósofo Roberto Mangabeira Unger, agora empenhado em eleger Ciro Gomes (PPS) presidente da República. Mas não dá para entender o raciocínio que ele expôs na sua coluna de ontem.
No início, diz que "começou o vale-tudo para assegurar a vitória de uma candidatura oficial indesejada pela grande maioria da população".
Mas termina assim: "O vale-tudo sofre de dois defeitos como tática eleitoral. Não dá voto. E semeia indignação. Acabará por levantar o país contra a candidatura oficial".
Se não dá voto, é um vale-tudo muito burro, não? A menos, é evidente, que Mangabeira tenha entrado na paranóia de seu amigo Ciro, segundo quem está se preparando uma fraude para eleger José Serra.
Tudo bem. Todo mundo tem direito a seus cinco minutos de paranóia, mas a contradição continua: se se vai usar a fraude para eleger Serra, para que o "vale-tudo" agora, ainda mais se ele não dá voto?
Que o governo Fernando Henrique Cardoso tem mil e um defeitos todo o mundo sabe. Mas convenhamos que pretender que o presidente e seu candidato sejam idiotas a ponto de aplicar truques que acabarão "por levantar o país contra a candidatura oficial" revela uma certa turvação de raciocínio, não?
De duas, uma: ou a decisão do TSE e a invasão do escritório de Roseana Sarney/Jorge Murad (o tal de "vale-tudo") não dão voto, ou, ao contrário, pretendia-se derrubar a candidata do PFL e alavancar, com votos, a candidatura Serra. As duas coisas juntas é que não combinam.
Como tampouco combina a, digamos, informação do advogado de Roseana de que o dinheiro (e R$ 1,3 milhão não é pouco) encontrado no escritório do casal era de outra empresa que ali funciona.
De novo, de duas uma: ou se melhora essa informação, ou fica aberta uma avenida para suspeitas.
Colunistas
PAINEL
Indignação pragmática
Após a ameaça de Roseana Sarney de abandonar sua candidatura, o PFL pretende entregar os cargos de seus três ministros. Mas tentará manter seus postos de segundo e terceiro escalões. Quer agradar a governadora sem perder suas raízes.
Sempre aliado
Apesar de FHC dizer que, se houver rompimento, o PFL terá de entregar todos os cargos, o partido argumentará que há margem para demovê-lo. Argumento: o partido continuará votando com o governo.
Portal governista
O PFL voltou a exibir na TV os comerciais parodiando o "No Limite" da Globo. Na peça publicitária, um ator diz que Roseana tem carisma e experiência e precisa ser eliminada porque "vai ficar mais forte lá na frente".
Tempestade em copo
FHC nem sempre viu com tanta naturalidade uma ação policial de busca e apreensão -como agora considera o caso da empresa de Roseana no MA. Em 99, tachou de "volta do arbítrio" operação da PF exatamente igual na casa do ex-presidente do BC Chico Lopes.
Memória palaciana
Como no caso da empresa de Roseana Sarney (PFL), os policiais agiram a partir de uma ordem judicial, pedida pelo Ministério Público Federal. FHC chamou a operação de "invasão". A PF investigava suposto envolvimento de Lopes no caso Marka.
Distância regulamentar
ACM não irá à reunião de amanhã da executiva do PFL. Argumenta que sua posição a favor do rompimento do partido com o governo é "pública e notória". E quer ficar livre para criticar uma eventual decisão da cúpula que o contrarie.
Só um sinal
Presidente do PFL, Jorge Bornhausen não tem conversado com ACM nem com Sarney.
Lista grande
Em 99, a mesma reunião presidida por Roseana que autorizou o projeto Usimar -ato pelo qual foi denunciada pelo Ministério Público- aprovou outros 20 projetos colocados sob suspeita em auditoria do Ministério da Integração Nacional.
Passou recibo
O ex-ministro Moreira Franco (PMDB-RJ) passou o dia de ontem ao telefone desmentindo ter divulgado um dossiê contra Roseana e Jorge Murad.
Água fria
O governador Jaime Lerner (PR) é um dos bombeiros de FHC no PFL. O pefelista paranaense telefonou para colegas a fim de advogar que o partido não deixe o governo federal.
Do discurso à prática
O PSDB maranhense pedirá na Assembléia que Roseana formalize sua decisão, anunciada em entrevista, de abrir mão do seu sigilo bancário e fiscal.
Apoio familiar
O deputado Pimentel Gomes (PPS-CE), primo de Ciro Gomes, está recolhendo assinaturas para um pedido de CPI da Dengue na Câmara.
Divisão regional
Mantida a decisão do TSE de verticalizar as coligações, Ciro Gomes (PPS) deverá lançar seu irmão, Cid Gomes, prefeito de Sobral, à sucessão do tucano Tasso Jereissati no Ceará.
Risco de despejo
O PTB quer dar uma demonstração de fidelidade a Ciro. O partido alugou um escritório em Brasília para sediar a campanha do presidenciável. A inauguração será na próxima terça-feira.
Imagem de campanha
O programa de TV de hoje do PSDB terá como slogan "Serra promete, Serra faz". O presidenciável tucano falará de genéricos e de quebra de patentes de remédios da Aids, além de sua atuação no Senado, na UNE e no Planejamento.
TIROTEIO
Do deputado Padre Roque (PT-PR), desdenhando da possibilidade de o PFL entregar seus cargos no governo:
- Dizem que na política tudo é possível, até mesmo ver um cavalo voar. Só uma coisa nunca irá acontecer: o PFL mudar-se para a oposição.
CONTRAPONTO
Pela tangente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) participou em São Paulo, há duas semanas, de um debate sobre desemprego. O clima era de tensão, em virtude das críticas da esquerda do PT à aliança com o PL, defendida pelo presidenciável. O assunto pipocava em todos os jornais e colocava em xeque a cúpula do partido.
Na chegada, os jornalistas avançaram sobre Lula, que, em uma atitude incomum, negou-se a falar de pé, rodeado pelos repórteres. Pediu para conversar em uma sala, de forma organizada. Um repórter comentou:
-A coisa deve estar séria. É a primeira vez que o Lula se preocupa com a organização de uma entrevista coletiva.
Minutos depois, ao entrar na sala reservada e ver o batalhão de jornalistas, Lula não se conteve. Com um sorriso irônico, perguntou, provocando risadas:
- Está acontecendo alguma coisa que eu não esteja sabendo?
Editorial
REMODELAR O CENTRO
A transferência da Prefeitura de São Paulo para o prédio do Banespa na praça Patriarca é um marco importante do processo de recuperação do centro da cidade, no qual também estão empenhados o setor privado e o governo do Estado.
Pelo acordo negociado com o Banespa/Santander, o banco cederá o edifício em comodato por quatro anos, até que a dívida da prefeitura com a instituição -hoje de R$ 156 milhões- tenha sido quitada. O prédio passará então à administração municipal. Em troca, esta permitirá que seus 160 mil funcionários, cuja folha é estimada em R$ 300 milhões mensais, possam optar por ter contas no Banespa/Santander.
A iniciativa é oportuna e reforça uma série de ações destinadas a revalorizar o núcleo histórico da capital -dentre as quais devem ser destacadas a restauração da estação Júlio Prestes e a construção da Sala São Paulo; a reforma da Pinacoteca do Estado e da estação de Luz; a mudança da Secretaria da Segurança para o edifício Saldanha Marinho, na Líbero Badaró; a instalação de uma unidade do Sesc no antigo prédio da Mesbla, na 24 de Maio.
A remodelação dos núcleos urbanos é uma tendência mundial, iniciada nos anos 70, que visa reverter a degradação paulatina das regiões centrais. Hoje, as ruas do centro tendem a ficar praticamente desertas fora do horário comercial, atraindo a presença de criminosos.
As medidas adotadas até o momento visam ampliar a oferta de equipamentos culturais e de lazer para atrair a presença de usuários de outros bairros. Só isso, porém, não é suficiente. Na década de 90, a região perdeu, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 19,73% de seus moradores, que migraram para uma periferia já inchada. É preciso, agora, promover uma recuperação dos cortiços e estimular o retorno de moradores aos prédios vazios do centro.
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03/06/2002
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