PDT lança Fortunati ao Piratini em convenção



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PDT lança Fortunati ao Piratini em convenção
Encontro ocorrerá neste domingo em Novo Hamburgo

O PDT realiza pré-convenção estadual a partir das 13h deste domingo nos pavilhões da Feira Nacional do Calçado (Fenac), em Novo Hamburgo. Está previsto o lançamento da candidatura do vereador José Fortunati, de Porto Alegre, a governador.

Fortunati anunciou desfiliação do PT no dia 10 de setembro. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários e da CUT gaúcha, ex-deputado estadual e federal, ex-vice-prefeito e vereador mais votado da Capital em 2000, o novo trabalhista foi recebido de braços abertos no PDT. Sua ficha foi abonada no dia 25 pelo presidente nacional da sigla, Leonel Brizola. Na solenidade de filiação, alguns pedetistas, como o vereador Isaac Ainhorn, da Capital, defenderam o lançamento de Fortunati ao governo do Estado. Antes de a fórmula ser adotada, os mais cotados para a vaga eram o deputado estadual Vieira da Cunha e o próprio Brizola, que sofria pressão de setores do partido para transferir domicílio eleitoral do Rio para Porto Alegre.

O deputado estadual Giovani Cherini pretende também lançar no encontro a candidatura do jornalista Lasier Martins ao Senado.


PT começa a admitir chapa sem Olívio em 2002
A hipótese de o governador não disputar a reeleição é examinada pela cúpula da sigla e fortalece a possível candidatura de Tarso

Pela primeira vez desde a eleição de Olívio Dutra, em 1998, as principais correntes do PT trabalham com a hipótese de o governador não concorrer à reeleição.

Se isso acontecer, crescem as chances de o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, vir a ser o candidato de consenso ao Palácio Piratini em 2002.

Os primeiros sinais de que Olívio poderá se retirar da disputa foram dados por dois líderes da Democracia Socialista (DS), principal grupo do PT. Tanto o vice-governador Miguel Rossetto quanto o ex-prefeito Raul Pont – que até estourar a CPI da Segurança só aceitavam a possibilidade de Olívio ser o candidato – já admitem pleitear a vaga ou compor com Tarso.

Na avaliação das demais correntes, a atitude de ambos é a prova de que Olívio está repensando sua candidatura. As respostas evasivas do governador sobre o assunto fazem aumentar as especulações. Há um entendimento de que a DS dificilmente disputaria uma prévia com Tarso. Além dos prováveis estragos que uma disputa provocaria na unidade do PT, a DS tem consciência de que Tarso conta o apoio da maioria dos filiados. Rossetto acha que é possível chegar a um consenso:

– Precisamos apresentar a chapa com as melhores condições. Se Olívio não quiser concorrer, o PT não terá problema. Temos grandes quadros, como Tarso e Pont.

– Minha preferência é pela candidatura de Olívio, mas como isso foi bastante questionado no PT em função dessa crise da CPI, temos de pensar em outras alternativas – diz Pont, ressalvando que discorda dos que supervalorizam os efeitos da CPI.

Tarso tem reiterado que só entrará na disputa se as pesquisas eleitorais mostrarem que o seu nome é o de maior viabilidade para vencer as eleições:

Se eu estiver em igualdade de condições com Olívio ou outro companheiro, não permitirei que meu nome seja apresentado.

A decisão de concorrer ao governo é delicada para Tarso, que terá de renunciar ao Executivo no dia 6 de abril (seis meses antes da eleição), com apenas um ano e três meses de mandato. Na hipótese de perder a eleição, não poderá retomar a função. A prefeitura passaria a ser comandada até 2004 pelo vice-prefeito João Verle, ligado à DS.

As indefinições no PT estão retardando as discussões no lado da oposição. Com exceção do PPB e do PDT, que já lançaram Celso Bernardi e José Fortunati à sucessão, respectivamente, os demais partidos estão protelando as discussões. Os dois principais nomes – o ex-governador Antônio Britto (PPS) e o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi (PTB) – não darão resposta antes de maio.

– O quadro eleitoral só ficará claro na última hora – afirma Britto.

Uma das condições para o ex-governador concorrer é ter o máximo de partidos aliados ao PPS. Essa medida se tornou ainda mais necessária depois que Britto trocou o PMDB pelo PPS, sigla sem estrutura no Estado.

Apesar de negar a candidatura, o ex-governador tem cumprido um intenso roteiro pelo Interior. Na sexta-feira, esteve em Ijuí, onde fez palestras e manteve contatos com o prefeito Valdir Heck (PDT). Nesta segunda-feira, deve se reunir com um grupo de mulheres no City Hotel, na Capital.


“Vamos deixar o partido decidir sobre prévia”
Entrevista: Olívio Dutra, governador do Estado

Desde que chegou ao Palácio Piratini o governador Olívio Dutra tem se mostrado avesso ao debate público sobre candidaturas a sua sucessão. O máximo que se permitiu nos últimos tempos foi se dizer “estimulado a reeleger o projeto de governo”, conforme entrevista publicada em Zero Hora no dia 1º de julho.

Por mais que evite tocar no assunto, Olívio não tem conseguido frear a discussão na cúpula do PT. Na última quinta-feira à tarde, entre uma audiência e outra, Olívio conversou por 20 minutos com Zero Hora em seu gabinete. Desde que a CPI da Segurança Pública da Assembléia Legislativa encerrou seus trabalhos, propondo o indiciamento de Olívio e de mais 40 pessoas, é a primeira vez que falou de sucessão estadual. Apesar de considerar precipitado o lançamento de pré-candidatos, citou Tarso Genro, Raul Pont e Miguel Rossetto como “quadros da melhor valia” e desconversou sobre a possibilidade de disputar a reeleição.

Zero Hora – Como o senhor avalia as manifestações do vice-governador Miguel Rossetto e do ex-prefeito Raul Pont se colocando à disposição para concorrer ao governo em 2002?
Olívio Dutra - Estamos num processo de afirmação do nosso governo. Esse governo está desenvolvendo o Rio Grande. Portanto, está fazendo bem para a economia e para a cidadania gaúcha e tem toda a legitimidade para postular a reeleição. Penso que todos os quadros do PT e dos demais partidos da Frente Popular estão empenhados em reeleger o projeto. Entendo que é uma construção coletiva. O momento de definir candidatos não tem que ser agora, não tem que precipitar. Tem que sedimentar, sim, o processo de discussão de programa com base no que está andando no Estado e no país. Esse processo significa se dispor a conversar com os demais setores que têm sintonia com nosso projeto. Nós temos quadros da melhor valia: Raul Pont, Tarso Genro, Miguel Rossetto e tantos outros.

ZH – O senhor é candidato à reeleição?
Olívio - Eu sou um militante do partido empenhado em reeleger o projeto no Estado e em nível nacional.

ZH – O PT conseguirá evitar a prévia?
Olívio - O partido tem as instâncias e os momentos adequados para definir os procedimentos do processo eleitoral. Não emito opinião sobre coisas que são de construção coletiva. Aliás, tenho opinião de que nenhum cargo importante do partido dá para quem exerce cargo uma dimensão de instância. Nenhuma pessoa é instância, por mais importante que seja o cargo.

ZH – O senhor disputaria uma prévia com Tarso Genro?
Olívio - Vamos deixar o partido decidir essas coisas.

ZH – Quais foram os efeitos da CPI da Segurança Pública no seu governo?
Olívio - O PT mostrou como se trabalha em circunstâncias como essas. Qual o partido que agiu como agiu o nosso partido, exigindo investigação ampla e séria de todas as suposições levantadas por essa comissão? Se dispôs abertamente a formar a CPI naquilo que tocava à segurança pública. Agiu internamente com todo o rigor a respeito das figuras que estavam envolvidas em procedimentos inadequados. Evidentemente que tiramos lições desse e de outros episódios, nos erros e nos acertos da oposição. O crescimento do partido traz alguns problemas, certa frouxidão, descontrole. Esse episódio mostra que temos que apertar cravelhas de controle das ações das instâncias partidárias.

ZH – Que tipo de descontrole houve no PT?
Olívio - O próprio episódio do Clube de Seguros da Cidadania. Uma boa idéia, mas o partido não trabalhou no detalhe para ter um controle maior. Por essa frouxidão, acabou tendo problemas que ocorreram sem ter, evidentemente, nenhuma das suposições da oposição de dinheiro mal havido comprovadas. Mas faltou controle detalhado dessa idéia, um instrumento para arrecadar recursos de forma contínua. Está provado que a melhor forma de arrecadar recursos para um partido como o nosso de maneira séria e transparente é com a contribuição de todos os militantes. Outra lição é que temos conhecimento de como age uma oposição que está desarvorada e que por isso mesmo tem atitudes que beiram o irracionalismo político. Uma oposição que está longe de discutir um programa para o país porque os seus partidos estão abraçados com o projeto do governo federal, que leva o país a ser uma casca de noz ao sabor do neoliberalismo.


Perfil do militante petista mudou em oito anos
Professor constata que o PT ficou mais moderado e a idade média dos militantes aumentou junto com a renda

No início dos anos 90, a maioria dos militantes do PT tinha menos de 35 anos, ganhava até cinco salários mínimos e era composta por funcionários públicos. Oito anos depois, aumentou o número de militantes com mais de 35 anos, cresceu em 50% o percentual dos que ganham mais de 10 salários mínimos e o radicalismo perdeu espaço para a moderação.

O mapa da evolução do pensamento e do perfil dos militantes do PT vem sendo traçado pelo cientista político Benedito Tadeu César, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio de pesquisas entre os participantes dos congressos nacionais do PT. A primeira foi feita em 1991. A segunda em 1999. Os resultados, devidamente interpretados, deram origem ao livro PT – A Contemporaneidade, que deve ser lançado no próximo ano.

– Por sua diversidade social e política, o PT é um partido contemporâneo à complexidade e à especificidade da sociedade brasileira – avalia Tadeu César.

Tão interessante quanto a evolução do perfil dos militantes – representados pelos delegados que responderam aos questionários – são as respostas sobre questões políticas. O socialismo permanece no horizonte dos militantes petistas, mas caiu a adesão a teses como estatização e coletivização dos meios de produção.

A extinção do mercado, segundo cerca de 70% dos entrevistados, não deve ser uma meta para o partido. São minoria os que assumem a defesa de um mercado fechado aos investidores internacionais em um eventual governo do PT. A maioria (44,6%) se diz favorável a abrir o mercado, mantendo sob controle do Estado os setores estratégicos.

Ao avaliar as reformas administrativa e da Previdência Social, somente 13,4% disseram adotar, por princípio, uma posição fechada contra essas reformas. Para a maioria (61,8%) o melhor caminho é discutir e avaliar a situação porque é necessário realizar reformas nessa área. Até a flexibilização das leis trabalhistas, tão combatida no episódio da votação das mudanças na CLT, eram admitidas total ou parcialmente por mais da metade dos delegados ao congresso de 1999.

A pesquisa constatou que a maioria absoluta dos petistas é favorável à união civil entre homossexuais e à legalização do aborto até o terceiro mês de gravidez, quando decorrente de estupro, má formação do feto ou risco de vida para a mãe. Já a redução da maioridade penal para 16 anos divide os militantes: 10,5% concordam totalmente, 14% concordam em parte e 18,5% discordam em parte.

Chega a 75% a soma dos que concordam totalmente ou em parte que democracia é o estabelecimento de regras devem ser respeitadas por todos, um valor que independente do tipo de sociedade (capitalista ou socialista)


Itamar se diz alvo de manobra no PMDB
Governador denuncia complô para atrasar conclusão de prévia

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, disse na sexta-feira que é vítima de mais uma manobra da ala governista do PMDB para prejudicar sua pré-candidatura à Presidência.

Itamar disse que recebeu um documento extra-oficial do partido, informando que o resultado da convenção, marcada para o dia 17 de março, só será divulgado depois que os pré-candidatos se desincompatibilizarem de seus cargos. O documento foi tomado pelo governador de Minas como uma provocação:

– São artifícios que a cada instante vão aparecendo. Cada obstáculo surge daqueles que dirigem o partido. De qualquer forma, é uma cláusula que não podemos aceitar.

Itamar não decidiu de que forma pressionará a executiva nacional para evitar que a regra seja adotada. Mas o deputado federal Hélio Costa disse que a resposta pode ser a convocação de uma convenção nacional.

O presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), afirmou que assumiu o compromisso de divulgar o resultado em cinco dias. Segundo Temer, desde quinta-feira o chefe da Secretaria de Governo de Itamar, Henrique Hargreaves, estava informado da decisão. O regulamento previa que o resultado seria divulgado em até 20 dias.


PTB presta homenagem a FH
Presidente foi a estrela do jantar de confraternização da sigla

Num clima de descontração, o presidente Fernando Henrique foi paparicado, recebeu elogios e presentes e foi saudado na noite de quinta-feira como a grande estrela do jantar de confraternização da cúpula do PTB.

Apesar de líderes do partido continuarem jurando estar comprometidos com a candidatura de Ciro Gomes (PPS), ausente da confraternização.

Na festa em Brasília, na casa do presidente do PTB, deputado José Carlos Martinez, FH foi agraciado com um mimo especial do anfitrião: chamando o presidente de um “estadista reconhecido internacionalmente”, Martinez disse que apresentará projeto instituindo o cargo de senador vitalício para ex-presidentes da República.

O presidente recebeu vários presentes. Entre eles, um quadro cunhado a aço com a reprodução de sua foto oficial, foi entregue pela deputada Zilá Bezerra (AC).

O líder do PTB no Senado, Carlos Patrocínio, brincou que Zilá fora escolhida para entregar o mimo porque mulher está na moda, numa referência à pré-candidata do PFL à Presidência, a governadora Roseana Sarney, do Maranhão.

– Pois, para mim, a mulher sempre esteve em moda – respondeu brincando Fernando Henrique.


Juíza presidirá Tribunal do Trabalho da 4ª Região
Rosa Maria da Rosa, eleita em novembro, será empossada na segunda-feira

A nova administração do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região para o período 2001-2003 toma posse dia 17 de dezembro.

A cerimônia será às 17h na sala de sessões do Tribunal Pleno. O atual presidente, Darcy Carlos Mahle, empossará a juíza Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, eleita no dia 9 de novembro.

O novo vice-presidente será Fabiano de Castilhos Bertoluci, o corregedor regional, Mario Chaves, e o vice-corregedor Regional, Pedro Luiz Serafini.

Nos 60 anos de história do TRT da 4ª Região, Rosa Maria é a segunda mulher a ocupar a presidência. A primeira foi Alcina Surreaux, no biênio 1985-1987.

A juíza Rosa Maria Weber Candiota da Rosa foi aprovada em maio de 1975, em concurso público para juiz do trabalho e exerceu o cargo até fevereiro de 1981. Promovida por merecimento, em fevereiro de 1981, exerceu a presidência das Juntas de Conciliação e Julgamento de Ijuí, Santa Maria, Vacaria, Lajeado Canoas e 4ª Junta de Porto Alegre, até agosto de 1991. A partir de 1987, atuou também como juíza convocada pelo TRT. No dia 23 de agosto de 1991, foi promovida por merecimento para o cargo de juíza togada. Presidiu diversas turmas, além de atuar na Seção Especializada, integrar a Seção de Dissídios Coletivos e o Órgão Especial do Tribunal. Em março de 1999, assumiu o cargo de vice-corregedora regional e, em dezembro do mesmo ano, foi eleita corregedora regional do TRT da 4ª Região.


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O caminho do PT
Luiz Inácio Lula da Silva

O Partido dos Trabalhadores realizou neste final de semana o seu XII Encontro Nacional, no Centro de Convenções de Pernambuco, reunindo representantes de todos os lugares do Brasil. Saímos todos animados e confiantes no amadurecimento das nossas posições e da nossa unidade. Avaliamos a conjuntura nacional e internacional e reforçamos os caminhos da construção partidária. Traçamos as diretrizes básicas do programa de governo para as eleições de 2002 e definimos a nossa política de alianças. Estamos preparados para os embates que já se iniciaram e prometem ser mais uma vez muito difíceis. Estamos confiantes.

O Brasil precisa mudar de rumo e a grande maioria da população tem muita esperança de que isso venha a acontecer. Todos sabem que as oposições ao governo FH e às suas políticas neoliberais, se somadas, ultrapassariam em muito 60% do eleitorado, segundo todas as pesquisas de opinião. Acredito que ainda há a possibilidade real de construirmos essa aliança, com muito diálogo e negociação, para que possamos corresponder às expectativas do nosso povo e nos colocarmos, todos, à altura do momento histórico que atravessamos.

À esquerda e a todas as forças democrático-populares do Brasil não lhes é dado o direito de vencer as eleições, chegar ao poder e frustrar as esperanças do nosso povo. Partidos e políticos têm se sucedido nos governos, fazendo promessas e enganando a grande maioria da população. Isso pode e deve mudar. É possível e necessário um governo que assuma compromissos básicos, como o de retomar o desenvolvimento, gerar empregos, acabar com a fome, combater a violência e garantir a inserção soberana do nosso país no mundo. Ou seja, que promova desenvolvimento e justiça social.

As eleições do próximo ano são, portanto, importantíssimas para o Brasil. Mas são importantes também para os nossos irmãos da América Latina e do Caribe. Foi isso o que ouvi há poucos dias do presidente Alejandro Toledo, do Peru, de Hugo Chávez, da Venezuela, e de Fidel Castro, de Cuba, quando em visita a esses países. Foi isso também que afirmou Guauhtémoc Cárdenas, líder do Partido da Revolução Democrática (PRD) do México, ao falar na abertura do nosso encontro em nome de cerca de 50 dirigentes políticos de mais de 10 países.

Vamos fazer tudo para que as eleições sirvam para consolidar e ampliar a democracia


No início do próximo ano, vou inclusive retomar os encontros com presidentes e dirigentes políticos de outros países da América do Sul. É preciso continuar discutindo a situação do Mercosul, para fortalecê-lo e ampliá-lo. É preciso cerrar fileiras contra a proposta da Alca, que os Estados Unidos querem nos impor. A economia norte-americana detém mais de 60% de todo o PIB do continente. Em segundo lugar, estamos nós, do Brasil, com apenas 6%. Nossa posição se coloca em defesa da indústria, da agricultura e do setor de serviços do nosso país. O que o governo de Washington está querendo não é integração nem livre comércio. É simplesmente a anexação pura e simples dos nossos mercados.

A situação, portanto, não é fácil. E os interesses em jogo são muito grandes. É por isso que a disputa eleitoral na prática já começou. E os métodos e práticas utilizados nem sempre são legítimos nem mesmo legais. Mas já estamos escolados. E vamos fazer de tudo para que as eleições sirvam para consolidar e ampliar a democracia, fazendo aumentar a consciência política do nosso povo. É isso também que precisa ser cobrado de outros partidos e de boa parte dos meios de comunicação.

Tudo isso foi bem discutido e aprofundado no nosso XII Encontro. O novo diretório nacional tomou posse, com o companheiro José Dirceu reeleito presidente do nosso partido, resultado das eleições diretas realizadas de modo inédito pelo PT neste ano.

O nosso partido tem unidade política e de ação e uma direção capaz de nos conduzir a um bom programa de governo, sério e realizável, e à construção das alianças necessárias para vencer as eleições do próximo ano e mudar o Brasil.



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ANA AMÉLIA LEMOS

Reforma tributária
Os deputados estão convencidos de que o presidente da Câmara Federal, Aécio Neves, não está fazendo retórica quando promete dar prioridade, em 2002, à reforma tributária. O que anima a aliança é a demonstração da capacidade pessoal e política do presidente da Câmara, que, neste final de semestre legislativo, conseguiu tirar “vários fantasmas do armário”. Alistam, entre outros, a limitação da imunidade parlamentar, a correção do Imposto de Renda Pessoa Física e a definição do salário mínimo para 2002. Na maior parte dessas matérias, o parlamentar mineiro contrariou interesses do Palácio do Planalto. Colocando a lanterna na popa, Delfim Netto (PPB-SP), relator da CPMF, é taxativo: “Isso é genético. O DNA do Aécio é que está inspirando esse comportamento”. Para quem não lembra, o presidente da Câmara Federal é sobrinho do ex-presidente Tancredo Neves, cuja biografia política dispensa apresentações.

Nesta semana foi criada comissão especial para cuidar do assunto. O caminho será mesmo a retirada da cumulatividade do PIS/Cofins e a desoneração das exportações, defende Delfim Netto, ao negar que tenha tratado disso com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que, na recente entrevista concedida à RBS/Canal Rural, afirmou que debatera o tema com o parlamentar paulista. O ex-ministro do Planejamento, da Fazenda e da Agricultura nega que o governo tenha feito qualquer concessão expressiva ao setor exportador. Acredita mesmo que o Congresso Nacional é que vai decidir a retomada do debate em favor da reforma tributária, que foi compromisso de campanha do próprio FH.

O Palácio do Planalto não aceitou a proposta, aprovada pela comissão especial, de reforma ampla contida no relatório de Mussa Demes (PFL-RN), feita depois de um debate comandado pelo presidente da comissão, Germano Rigotto (PMDB-RS). Na citada entrevista, o presidente da República declarou que já havia desonerado inteiramente as exportações. “Não é verdade”, reagiu o deputado Delfim Netto, negando, também, que tenha discutido a idéia de eliminação da cumulatividade do PIS/Cofins com FH. Há, sim, convicção de que algum avanço será conseguido na desoneração do setor produtivo, especialmente na exportação.


JOSÉ BARRIONUEVO

Rebelião na Câmara para eleger Fortunati
Líder do PFL, o experiente Reginaldo Pujol deu início sexta-feira a um movimento para que José Fortunati, do PDT, seja confirmado na presidência da Câmara. Cabe ao vereador mais votado assumir no lugar de Fernando Záchia na sua interpretação do acordo firmado no início do ano. Diz o acordo: “Caberá ao Bloco Democrático Popular (PT, PSB, PC do B) indicar o vereador José Fortunati para ocupar o cargo de presidente da Câmara e outro(a) para a segunda vice-presidência”. Pujol pondera:

– Está claro que o indicado é o Fortunati. Fixamos os nomes para não deixar ao livre-arbítrio das bancadas, o que poderia tumultuar o rodízio estabelecido. Foi fundamental o nome do Fortunati para selar o acord o com o PT.

O acordo foi firmado em torno de um rodízio que previa Záchia no primeiro ano, Fortunati no segundo, Dib no terceiro e Pujol no quarto, todos experientes parlamentares.

Pujol observa que, com 13 vereadores contra 11 do bloco Democrático Popular, “somos parte ativa do acordo”. Por isso se rebela contra a indicação de Estilac Xavier pelo PT.

Mudança atinge 11 secretarias
A partir de janeiro, o governo estadual começa a montar a reforma do secretariado, com a saída de mais de uma dezena de integrantes do primeiro escalão para concorrer. A troca ocorre até o dia 5 de abril, seis meses antes da eleição, que é o prazo fixado pela legislação para a desincompatibilização dos candidatos de seus cargos na função pública.

A mudança ocorre no mesmo momento em que o partido define seu candidato a governador, o que exige melhor critério de avaliação por parte do Palácio Piratini do que na montagem da equipe inicial, quando o PT Amplo foi colocado à margem. É representado apenas por Adão Villaverde (Coordenação e Planejamento) e Cláudio Langoni (Meio Ambiente, que foi alçada à condição de secretaria mais tarde), Renato Oliveira (Ciência e Tecnologia), Vicente Rauber (presidente da CEEE), e Hideraldo Caron (diretor do Daer).

Reforço para Câmara com a perda de Paim
O PT reforça a nominata de candidatos a deputado federal para compensar a perda de Paulo Paim, campeão de votos nas últimas legislaturas na representação gaúcha, que concorre a uma das vagas de senador. Dos deputados estaduais, pelo menos três confirmaram candidatura à Câmara: Luciana Genro, Maria do Rosário e Cecilia Hypolito, as três mulheres da bancada, todas em segundo mandato.

Também concorrem vários secretários de Estado: Ary Vanazzi (Habitação), Tarcísio Zimmermann (Trabalho e Ação Social), Marco Maia (Administração e Recursos Humanos), José Hermeto Hoffmann (Agricultura e Pecuária), Beto Albuquerque (Transportes) e Edson Silva (Obras Públicas).

O vice de Santa Maria, ex-deputado estadual Paulo Pimenta, reforça a nominata à Câmara, ocupando o espaço deixado por Valdeci Oliveira (Santa Maria), Luis Mainardi (Bagé) e Fernando Marroni (Pelotas), ex-deputados federais que se elegeram prefeito de suas cidades.

Pont pode ampliar bancada estadual
Os secretários Adão Villaverde (Planejamento), que só concorre se Tarso for candidato, Antônio Marangon (Reforma Agrária), Lucia Camini (Educação), Flávio Koutzii (Casa Civil) e Milton Zuanazzi (Turismo) buscam uma vaga na Assembléia. Reforçam a nominata Jorge Branco (diretor da Metroplan), Júlio Quadros (ex-presidente estadual do partido), vereadora Miriam Marroni (Pelotas). Na Câmara de Porto Alegre, Estilac Xavier concorre com boas chances.

Para ampliar a representação na Assembléia Legislativa, o ex-prefeito Raul Pont é carro-chefe para repetir um mandato que já exerceu no início da carreira (se não for convocado para a eleição majoritária).

Desembargador determina cumprimento da lei
Diante do pedido do governador do Estado de reconsideração da liminar concedida, que anulou a promoção de 17 majores para tenentes-coronéis, o desembargador Osvaldo Stefanello deu o seguinte despacho, que não deixa dúvidas: “A ordem liminar há que ser de imediato cumprida como juridicamente correta pela ilustrada autoridade coatora e em respeito à ordem judicial emanada do poder que, institucionalmente, detém competência para compor os conflitos de interesse. E assim sendo, e considerando a reclamação feita pelo impetrante (major Nilson Nobre Bueno), determino se reitere a ordem liminar, no sentido seja de imediato cumprida pelo senhor governador do Estado”.

Desconsiderando o pronunciamento do Judiciário, ao longo da próxima semana estão marcadas cerimônias de posse de tenentes-coronéis em cargos de comando.

Algodão entre cristais
Só mesmo o presidente da Câmara, Aécio Neves, para unir seus colegas Nelson Marchezan e Yeda Crusius, todos do alto tucanato. Foi um milagre o que ocorreu segunda-feira, cinco dias antes da contenda deste sábado, em que Marchezan e Yeda se defrontam na convenção estadual. O ex-presidente da Câmara conta com apoio de quem tem voto (prefeitos, vereadores). A ex-ministra transita melhor entre os burocratas e figuras históricas como Vicente Bogo e João Gilberto, ambos sem mandato.

Mirante
• A deputada Luciana Genro, que lidera o Movimento Esquerda Socialista, lança segunda-feira no auditório do Cpers sua candidatura à Câmara. Eleita no segundo mandato com 36.665 votos, Luciana pretende se eleger deputada federal para controlar Lula de perto, no Palácio do Planalto.

• O Movimento dos Advogados do PDT recebe a filiação do presidente da OAB, Valmir Batista, em jantar de confraternização dia 19, às 20h, na Galeteria Vêneto.

• O comandante-geral da Brigada, coronel Gérson Nunes Pereira, não gostou do que Isabel Freitas andou falando em Santa Cruz do Sul, criticando a instituição, na presença de integrantes da BM. A resposta contra Rosa Luxemburgo foi ferina.

• Com o sumiço do procurador-geral, a Associação dos Procuradores encaminhou ofício à Casa Civil solicitando a inclusão do projeto com a nova lei orgânica da PGE na pauta da convocação extraordinária. Foi atendida.

• O DMLU exala mau cheiro. As denúncias são contundentes e já estão com o MP. O Tribunal de Contas realiza uma inspeção especial desde o dia 10, impressionado pelo que recebeu do vereador Sebastião Melo.

Darcy Campani está com a cabeça na guilhotina.


ROSANE DE OLIVEIRA

Um vice para Tarso
O silêncio do governador Olívio Dutra em relação a suas pretensões para 2002 e o bom desempenho do prefeito Tarso Genro nas pesquisas tornam inevitáveis as especulações sobre quem será ... o candidato a vice-governador. A disputa por essa vaga promete. No PT, vice não é apenas a figura que substitui o titular nos seus impedimentos, mas um dos principais executores das políticas do governo.

Olívio não jogou a toalha, a Democracia Socialista ainda mantém o apoio ao governador, mas seus principais líderes admitem a possibilidade de Tarso ser o candidato. Sem prévia. E tanto Raul Pont como Miguel Rossetto aceitariam o papel de vice de Tarso, embora registrem sua preferência pela reeleição de Olívio. Ao estilo “soldados do partido”, Pont e Rossetto dizem que serão candidatos ao que o PT quiser: governador, senador, vice, deputado federal e até deputado estadual.

Curioso é que quando fala em vices ,Tarso não cita nem um, nem outro. Dá a entender que está na hora de acabar com a hegemonia da DS. Por essa ótica, o vice deveria ser alguém de outra corrente, com capacidade de aglutinação – alguém com o perfil do deputado Ivar Pavan. Pode ser simples conversa de começo de jogo ou o troco pelo isolamento imposto pela DS a ele e a seus companheiros em 1998, quando não quis ser vice de Olívio.

Por mais que consiga apoio interno para sair candidato de consenso, Tarso não pode ignorar a força da DS. Sabe também que qualquer que seja o candidato, o PT só terá possibilidade de vitória se passar por cima das divergências internas e colocar seu exército na rua sem deserções.

Pont é o vice dos sonhos da corrente PT Amplo, por ser um dos mais respeitados líderes do partido. Rossetto teria a vantagem de defender o governo com unhas e dentes – porque Tarso não será o candidato da oposição.

Agora vem o recesso de verão, um tempo impróprio para decisões. Enquanto os gaúchos lotam as praias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, os partidos seguirão monitorando os efeitos da CPI sobre a imagem do governador, por meio de pesquisas. O que mais assusta os petistas são os índices de rejeição de Olívio. Os pragmáticos do PT dizem que é preciso apresentar uma novidade ao eleitor e que nada poderia ser mais velho do que Antônio Britto de um lado e Olívio de outro, pela terceira vez consecutiva, mais uma na prefeitura de Porto Alegre.

Os candidatos ainda não estão definidos, mas de uma coisa governo e oposição têm certeza: a eleição de 2002 será a eleição mais selvagem de todos os tempos.


Editorial

Mercado de comunicação

A Câmara dos Deputados vem de aprovar em primeiro turno a proposta de emenda constitucional (PEC) que permite a participação de pessoas jurídicas no capital das empresas de comunicação social – limitada a 30% se forem estrangeiras – e o seu ingresso no mercado de valores. As entidades do setor – Asssociação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) – posicionaram-se favoravelmente a essa mudança, por verem nela a oportunidade de fortalecer sua área de atividade e de eliminar limitações que não recaem sobre outros segmentos.

Efetivamente, as principais virtudes da iniciativa são as de estabelecer igualdade de oportunidades para os meios de comunicação, que hoje só podem ser constituídos por pessoas físicas, de ampliar a integração do Brasil no cenário internacional e de revigorar as empresas num momento em que aumenta a concorrência mundial. E o que é especialmente relevante: em qualquer circunstância, cidadãos brasileiros serão os responsáveis pela gestão e produção editorial dos veículos, como consagra a Constituição. Além disso, qualquer modificação no controle acionário deverá ser comunicada ao Congresso.

As alterações representam uma garantia para o próprio sistema democrático

Empresas fracas são empresas incapazes de cumprir integralmente sua missão, com independência e isenção, e de lutar eficientemente por sua liberdade e pela liberdade de expressão e informação. Por isso, as alterações previstas pela PEC, que ainda dependem de votação em segundo turno na Câmara e da apreciação pelo Senado, representam uma garantia para o próprio sistema democrático.


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12/16/2001


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