Pesquisa constata despreparo em shopping para receber portador de deficiência



Estudo foi feito por aluna da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP

Num shopping de Ribeirão Preto, um estudo verificou o despreparo para receber deficientes físicos e visuais, mesmo cumprindo parte das normas de acessibilidade previstas em lei. Os itens mais comuns de acessibilidade são as vagas para deficientes, rampas e banheiros adaptados. Mas não há medidas de apoio à deficientes visuais, como sinalização em Braille e sinalização tátil direcional e de alerta, como aponta a pesquisa de Cássio Neme Risk, aluno de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP.

O estudo analisou as condições de acesso e de permanência no local, estacionamento, entrada, saúde, lojas, cinemas, praça de alimentação e sanitários, conforme as normas técnicas. Também avaliou, por meio de entrevistas, a perspectiva dos deficientes físicos e visuais da cidade em relação ao uso dos espaços nesse centro comercial. Em relação à infra-estrutura física de acesso e permanência observou-se apenas alguns aspectos básicos como vaga no estacionamento, rampas e cadeiras de rodas disponíveis, porém, nenhuma medida de apoio a deficientes visuais.

Foram entrevistados oito portadores de deficiência, quatro com deficiência visual e quatro com deficiência física. Todos fazem parte da População Economicamente Ativa (PEA), são do sexo masculino e com idade entre 18 e 65 anos. A pesquisa foi orientada pela professora Valquíria Padilha, da FEARP. Os portadores de deficiência entrevistados demonstraram gostar de freqüentar shopping centers, sentem-se bem naquele espaço e consideram-no como local de lazer e diversão.

Apesar dessa visão positiva, os entrevistados não realizam grande volume de compras nesse local e o freqüentam poucas vezes ao mês. “A maioria compra alimentos e material de uso doméstico em supermercados próximos de suas residências. Quanto ao vestuário, os entrevistados se dividem entre aqueles que compram em lojas do bairro e aqueles que vão ao centro da cidade, onde também adquirem eletrodomésticos e eletroeletrônicos”, relata o pesquisador.

Exclusão

O trabalho de Risk, intitulado O shopping center é um espaço de consumo para deficientes?, revelou também que esse comércio, apesar de considerar os portadores de deficiência consumidores potenciais, desconhece o segmento. “A pesquisa desmistifica o conceito de que o shopping é um espaço público destinado a toda a população”, afirma o pesquisador.

“Na entrevista, o gerente do shopping pesquisado disse desconhecer o número real de deficientes que lá freqüentam e que não existe pesquisa de mercado direcionada especialmente para esse público”, ressalta. “Estudos de mercado são rotineiros em empreendimentos como um shopping center e fornecem instrumentos para um adequado plano de marketing da organização”.

Segundo Risk, a hipótese inicial supunha que os shopping centers em geral e, mais especificamente, o que foi objeto da pesquisa, não focaliza os deficientes como público alvo, uma vez que a porcentagem dessas pessoas não é significativa em relação à população em geral. De acordo com o IBGE, em 2000 o Brasil possuía 14,49% da população com algum tipo de deficiência, sendo 0,83% da população com algum tipo de deficiência física. A população brasileira com deficiência visual completa era de 148 mil pessoas aproximadamente 0,087%.

“O trabalho não só confirmou a hipótese como revelou ainda que apesar do shopping apresentar-se como local público acessível a todos, é na verdade um espaço privado e de exclusão social”, aponta o pesquisador. “Os portadores de deficiência somente são vistos como consumidores quando dispõem de renda elevada, o que não é o caso dos pesquisados, que são pobres e não dispõem de infra-estrutura adequada para freqüentar esses espaços”.

Agência USP de Notícias

(I.P.)

 



09/22/2007


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