Pesquisa mede preocupação com pobreza









Pesquisa mede preocupação com pobreza
Laboratório da UFRGS fez levantamento em quatro macrorregiões do Estado

Encomendado pela Subcomissão das Desigualdades Regionais da Assembléia Legislativa, um estudo do Laboratório de Observação Social (Labors), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), revelou que a preocupação com pobreza não é particularidade da região sul do Estado.

Os resultados foram apresentados ontem na audiência final do Fórum das Desigualdades Sociais. Na pesquisa, foram ouvidas 1.473 pessoas nas quatro grandes regiões em que foi dividido o Estado – Norte, Sul, Nordeste 1 e Nordeste 2 – em outubro do ano passado. A margem de erro é de 2,53%.

– A Região Norte tem áreas muito pobres, como o Alto Uruguai – disse Benedito Tadeu César, um dos coordenadores do estudo.

Entre os problemas detectados, o desemprego aparece em primeiro lugar em todo o Estado. A segunda maior preocupação varia de uma região para outra. Na Região Metropolitana, aparece a segurança. Na Serra, no Litoral e na Região Sul, a saúde. Na Região Norte – que abrange Zona da Produção, Missões e Fronteira Noroeste –, faltam estradas.

– Não se sustenta a tese do Norte rico – disse Pedro Bandeira, coordenador técnico do estudo.

Para os entrevistados, o maior fator de desenvolvimento está relacionado ao número de empresas localizadas na região. Embora boa parte dos entrevistados culpe a falta de atenção dos governos como causa das desigualdades, os investimentos financeiros numa região não aparecem como fator único para o desenvolvimento de uma região. São considerados igualmente importantes a criatividade e a disposição para transformar a realidade local, além da participação comunitária.


Câmara aprova prorrogação da CPMF até 2004
A decisão teve apoio do PT e do PFL, que rompeu com o governo, e agora segue para nova votação pelo Senado

Com 14 dias de atraso, a Câmara dos Deputados aprovou ontem em segundo turno a proposta de emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até o dia 31 de dezembro de 2004.

Foram 384 votos a favor, 55 contrários e uma abstenção.

A proposta isenta as operações na Bolsa de Valores da cobrança do imposto. Havia um destaque do PT para derrubar essa isenção.

Para obter a vitória, o governo contou com o apoio maciço do PFL, que mesmo rompido, voltou ontem a ocupar seu velho lugar de parceiro. O PT também votou a favor da prorrogação.

Entretanto, o PFL no Senado rejeita qualquer acordo para reduzir os prazos de tramitação da emenda, que segue hoje para exame dos senadores. Calcula-se que o atraso será de 80 dias, o que significa um prejuízo de R$ 4,8 bilhões aos cofres da União.

A legislação diz que a contribuição só pode ser cobrada 90 dias depois de aprovada. A CPMF termina no dia 17 de junho. Para que não sofresse interrupção, sua votação deveria ter sido concluída no dia 18. Cada semana sem a CPMF representa prejuízo de R$ 420 milhões, ou R$ 84 milhões por dia útil sem que o tributo seja recolhido.

Para tentar cobrir parte do rombo, o governo acena com a possibilidade de aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), alternativa utilizada em 1999. Alguns integrantes da equipe econômica chegaram a dizer que, por se tratar de prorrogação, a CPMF não necessitaria do prazo de 90 dias de intervalo entre a aprovação e o início da cobrança. Entretanto, parecer do advogado-geral da União, Gilmar Mendes, diz que essa saída não é possível.

Para isso, os líderes do governo vão trabalhar para vencer as resistências do PFL em aceitar a redução dos prazos. Hoje, o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, deverá conversar com os senadores.

– Temos de negociar com o PFL até a exaustão, para tentar ganhar tempo, porque infelizmente não podemos mudar a data da Semana Santa – disse.

Conforme a emenda aprovada, o dinheiro da CPMF será destinado a três setores: 0,20% para o Fundo Nacional de Saúde, 0,10% para o custeio da Previdência Social e 0,08% para o fundo da pobreza.


Jarbas é indicado para vice de Serra
Anúncio oficial foi adiado a pedido do PSDB

As cúpulas do PSDB e do PMDB já acertaram a indicação do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, para vice na chapa presidencial do tucano José Serra (SP), mas decidiram adiar o anúncio para o início de abril.

Os tucanos temiam que a oficialização da chapa, ainda que informalmente, dificultasse a já difícil tarefa de aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado.

O acerto da cúpula foi fechado antes de Jarbas desembarcar em Brasília, ontem.

– O PSDB quer primeiro definir procedimento de votação no Senado para não passar a idéia de provocação contra o PFL. Temos de separar o processo eleitoral da atividade legislativa e da ação do governo – justificou um dirigente tucano, em conversa com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e com o líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).

A senha do adiamento, já fixando data para a definição da chapa presidencial, foi dada pelo próprio Jarbas, depois de almoço na casa de Temer.

– Falta ainda um ato final que tem que ser feito – afirmou o governador, ao salientar que o PSDB não formalizou convite ao PMDB para que indique o vice.

O anfitrião concordou.

– Há um ritual a cumprir, que é a formalização do convite – disse o presidente do PMDB.

Temer quer que o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), faça diante dos holofotes da imprensa o que ele já fez e reiterou ontem à tarde, em conversa reservada e sem testemunhas. Foi apenas mais uma reafirmação do convite feito a Jarbas ainda no final de janeiro, quando Serra foi a Pernambuco especialmente para conversar com o governador. Jarbas aconselhou o candidato a esquecer as negociações da chapa para perseguir a inclusão do PFL na aliança.

Àquela altura, o governador ainda sonhava em repetir para a Presidência a aliança bem-sucedida com tucanos e pefelistas em Pernambuco. O rompimento do PFL com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso pôs abaixo a pretensão de Jarbas em nível nacional. Pior: com as regras eleitorais que obrigam os partidos a repetir nos Estados o modelo da parceria nacional, a atual aliança não vingará nem em Pernambuco. Coligado com o PSDB, o PMDB de Jarbas não poderá manter o PFL na vice-governança, a menos que os pefelistas desistam da candidatura presidencial da governadora do Maranhão, Roseana Sarney.


PT adia encontro para definir vice de Tarso
Reunião será nos dias 6 e 7 de abril

A executiva estadual do PT adiou para os dias 6 e 7 de abril a realização do encontro que definirá o nome do candidato a vice-governador na chapa de Tarso Genro.

Com a transferência da reunião, a direção estadual do PT pretende ganhar tempo para promover o debate entre as correntes e chegar a uma indicação de consenso para a vaga. No encontro, também serão definidos os nomes dos candidatos petistas ao Senado.

A transferência do encontro, que seria realizado no final de semana, foi decidida por meio de um acordo entre os membros da executiva estadual. Segundo o presidente estadual do PT, David Stival, a troca da data permitirá às tendências do partido debater melhor as indicações para vice-governador e fundamentar a tática eleitoral do partido.

Desde a vitória de Tarso nas prévias, pelo menos cinco nomes foram apontados como prováveis candidatos ao cargo, a ser preenchido pela ala que apoiou o governador Olívio Dutra. A executiva estadual defende a busca por um candidato que tenha densidade eleitoral, força política e conhecimento da gestão pública.

Mesmo sem definir nomes, Stival deixa claro que gostaria que o cargo fosse ocupado por um candidato que já estivesse “por dentro do governo”. Esse nome seria provavelmente o do vice-governador Miguel Rossetto, um dos indicados pela corrente Democracia Socialista.

– O prefeito Tarso Genro não viveu o cotidiano do governo, e por isso precisa ter um vice que conheça a administração – disse Stival.

Na tarde de ontem o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, um dos coordenadores do PT Amplo, corrente ligada a Tarso, disse que defende o nome de Raul Pont, ex-prefeito da Capital, para vice. O ex-prefeito, embora lisonjeado por ter o nome citado, afirmou que mantém a indicação de Rossetto para compor a chapa.

– O candidato da DS seria o Rosseto. Acho importante o debate interno e fico feliz por ser lembrado, mas continuo defendendo a posição da corrente – afirmou Pont.


Cresce pressão sobre Britto
Apesar da pressão de companheiros do PPS e até de adversários do PT, o ex-governador Antônio Britto reiterou ontem que se colocou à disposição do partido para, se for o caso, disputar qualquer cargo eleitoral que não seja o de governador.

Um importante líder do PPS chegou a afirmar que Britto precisa se definir logo se vai ou não disputar o Palácio Piratini para que o partido possa saber se poderá ou não contar com ele.

No PT, dirigentes e até o candidato a governador Tarso Genro têm feito provocações para que Britto assuma sua candidatura. Minutos antes de embarcar de São Paulo para Porto Alegre, ontem, Britto respondeu à indicação:
– Há três anos e meio digo que não serei candidato ao governo. Não preciso me definir sobre uma coisa que já decidi.

E mandou um recado ao PT:
– Agradeço muito o apoio do pessoal do PT, mas acho que eles deveriam cuidar dos seus próprios problemas para não ter mais que passar a vergonha de não conseguir manter seu governador como candidato à reeleição.

Britto afirmou que hoje sua prioridade são as negociações em torno da possível aliança do PPS com o PTB e o PDT. Apesar de seu empenho, mesmo dentro do PPS há quem esteja descrente num acordo, já que o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, não aprova uma aproximação com Britto. Além disso, os trabalhistas já têm um candidato no Estado, o presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, José Fortunati.

A vereadora da Capital Clênia Maranhão (PPS) disse que seu candidato a governador é Britto, mas ressalva que a prioridade é fechar uma aliança forte e depois discutir a chapa majoritária. Já o deputado estadual Bernardo de Souza (PPS) acredita que uma aliança dos três partidos “pode perfeitamente contemplar a todos”, mas faz um alerta:
– Não podemos sentar para negociar com condições ou vetos.

O presidente estadual do PPS, deputado Nelson Proença, evita falar em nomes, embora seu apoio a Britto seja de domínio público. Como principal dirigente do PPS gaúcho, prefere adotar uma postura diplomática e fala em se aliar ao PTB e ao PDT:

– Costumo dizer que primeiro tem de pintar o clima. Quando isso acontecer o resto se consuma.


Alfonsín participa de encontro
Evento reúne prefeitos do Mercosul em Osório

O ex-presidente da Argentina Raul Alfonsín, que governou o país entre 1983 e 1989, confirmou presença no 6º Encontro de Municípios do Mercosul, que se realiza entre os dias 4 e 6 de abril, em Osório.

De acordo com o prefeito de Osório, Alceu Moreira (PMDB), Alfonsín ficou emocionado ao receber o convite, em Buenos Aires, uma vez que, durante seu mandato, participou do impulso inicial ao bloco, ao lado do presidente José Sarney.

O encontro visa à troca de experiências entre os chefes de executivos municipais do Mercosul. Os debates terão temas como gestão e assuntos municipais, educação, assuntos jurídicos e legislativos, ambiente e tecnologia, turismo e serviços, saúde pública e comunicação social. Simultaneamente, o município promoverá o 22º Rodeio Crioulo Internacional de Osório e a 14ª Tafona da Canção Nativa.

A expectativa dos organizadores é de reunir mil participantes. O encontro é promovido pela Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), pelas prefeituras de Osório, de Paraná e Gualeguaychu (as duas últimas na Argentina) e pelo Instituto de Estudos Municipais e Legislativos de Entre Rios. A solenidade de abertura ocorrerá às 19h30min do dia 4, no Grêmio Esportivo Sulbrasileiro.


Artigos

A política e a verdade
Amadeu de Almeida Weinmann

Conta-nos a História que com a renúncia de Deodoro, Floriano Peixoto teria convidado o conselheiro Gaspar Silveira Martins para formar o governo republicano no Rio Grande. Gaspar condicionou à adoção da fórmula parlamentarista enquanto Floriano impunha o presidencialismo.

Recusado o convite, seu amigo e companheiro Orlando Carneiro da Fontoura teria perguntado ao tribuno: “Por que não aceitou V. Exa. o governo para mais tarde dar à República a feição parlamentar?”

Respondeu-lhe o senador: “Orlando, um homem de Estado não pode mentir aos seus concidadãos.”

E o triste engodo que nos empurram resume-se na deslavada mentira
de que “não tem nada de ideologia”

A lição parece ter caído no esquecimento, tais as tantas falsas versões que se está a dar aos desastrosos acontecimentos de nossa política. Lá no Norte é a coleção de inverdades surgidas para justificar uma grande quantidade de dinheiro encontrada nos escritórios da firma de uma governante, o que faz, entre tantos outros péssimos exemplos, cair por terra o do nosso velho parlamentar. Entre aquela enorme lição de patriotismo de Silveira Martins e a apregoada pelo “tambor-mor” do Partido Nacional Socialista, restará sempre vitoriosa, a do dr. Goebbels: “A mentira é uma bendita arma de combate, basta utilizá-la com habilidade para enfrentar as massas”.
É o que se vê nas explicações dos políticos quando falam de nossas dívidas, quando falam nas falhas da educação, nos desperdícios dos gastos na saúde pública e, especialmente aqui, entre nós, quando se fala em segurança pública.

Enquanto se alardeia o combate à corrupção, ao crime organizado e aos seqüestros, o governamental desmanche da nossa polícia civil começa por humilhar, desmoralizando os seus próprios integrantes.

O desmantelamento de nossa Brigada Militar inicia-se pela punição de comandantes, simplesmente, por estarem a cumprir uma ordem judicial. A desmoralização e o desejo de desordem são tamanhos que qualquer “liderete” populista exige a destituição do comandante de uma unidade militar encarregada de zelar pela ordem pública e a dita autoridade responsável, talvez até por não ter autoridade e nem ser responsável, obedece plácida e serenamente.

Note-se que nada pode ser mais degradante e sem ética que destituir alguém de um comando, justamente no momento em que está a cumprir a lei, chancelada por uma ordem judicial. E o triste engodo que nos empurram resume-se na deslavada mentira de que “não tem nada de ideologia”.

É por isso que desaparece a ordem, se enfraquece a segurança e se permite o fortalecimento da desordem, da baderna, da corrupção e do crime organizado.

E se constata que tudo isso só está acontecendo porque os nossos homens públicos, lamentavelmente, não aprenderam a lição de que “um homem de Estado não pode mentir aos seus concidadãos”.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Críticas ao Itamaraty
No momento em que mostra os resultados de uma política externa mais agressiva na área com ercial, como o bem-sucedido acordo firmado esta semana com o Chile, permitindo o aumento do volume de trocas de produtos manufaturados, entre os dois países, o Ministério das Relações Exteriores foi duramente criticado pela ausência de representante no 13º Fórum Nacional da Soja, realizado segunda-feira, em Não-Me-Toque. No evento, que reuniu lideranças do complexo soja de todo o país (indústria, produtores, cooperativas e corretoras), estava presente o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, William Westman, lotado na embaixada norte-americana, em Brasília. O conselheiro americano ficou tão impressionado com a qualidade dos debates sobre comércio internacional e Alca que se prontificou a voltar no próximo ano. Westman informou que enviará para a sede do Departamento, em Washington, um minucioso relatório de tudo o que ouviu sobre os temas tratados e das apreensões dos setores público e privado brasileiros, em relação ao impacto que a criação da Alca provocará na economia e, em particular, no agronegócio.

Embora o diplomata Carlos Serapião Jr., que integra a equipe de negociadores da Alca no Itamaraty, tivesse confirmado presença como palestrante no fórum, na última hora desistiu. O fato foi apontado por Antonio Sartori, diretor analista da Brasoja, como “flagrante descaso do Ministério das Relações Exteriores para com o complexo soja, que hoje lidera, no agronegócio, a pauta das exportações. Ao reforçar as críticas, o conhecido especialista mostrou ceticismo em relação ao proclamado empenho do Itamaraty em favor do aumento da presença do agronegócio brasileiro no comércio internacional. O ministro Celso Lafer, na palestra que fez em janeiro, em São Paulo, no Seminário Novos Cenários da Negociação Comercial Internacional dissera que “o agronegócio é o setor da economia que terá as maiores vantagens no ganho de renda e eficiência, na exportação”. Informara também quais as medidas tomadas pelo governo, no sentido de reforçar o papel da diplomacia em defesa dos interesses do agronegócio perante a OMC, a Alca e no acordo União Européia-Mercosul.

A reformulação do Departamento de Promoção Comercial e a designação de 20 novos diplomatas recém formados pelo Instituto Rio Branco, para que se especializem em negociações comerciais, ante áreas estratégicas, como União Européia, OMC e Alca fazem parte das medidas tomadas pelo Itamaraty. Os produtores esperam que o mesmo empenho em relação à área externa seja dado também ao debate interno das questões relacionadas ao comércio internacional.


JOSÉ BARRIONUEVO

Aliança trabalhista avalia prévia
Este é um trabalho de engenharia política que levará mais dois meses para ser concluído, sempre com risco de soçobrar com a verticalização das alianças em meio ao emaranhado da sucessão presidencial. Na noite de segunda-feira, duas dezenas de deputados e dirigentes partidários de PTB, PDT e PPS se reuniram em busca de entrosamento, para avaliar o resultdo da prévia do PT e para a definição de uma estratégia que inclui a realização da coligação também na eleição proporcional ( para deputado estadual e deputado federal).

Juntos na proporcional
Se confirmada a aliança na eleição proporcional, os três partidos apresentarão uma nominata de 110 candidatos a deputado estadual e de 62 a federal. Nova reunião foi marcada para segunda-feira à noite. No próximo fim de semana, os dirigentes nacionais dos três partidos realizam encontro em Niterói (Rio de Janeiro), tendo Brizola como anfitrião.

Campanha para o voto aos 16 anos
A Assembléia e o TRE promovem campanha para estimular a inscrição eleitoral de jovens entre 16 e 18 anos, a quem é facultado votar (o voto não é obrigatório nesta faixa etária). De um total de 450 mil, apenas 150 mil têm título de eleitor. A campanha foi acertada em reunião do desembargador Clarindo Favretto, presidente do TRE, com o presidente e o vice da Assembléia, respectivamente Sérgio Zambiasi e Valdir Andres.

Para o alistamento, o jovem que completa 16 anos até o dia das eleições (6 de outubro) deve procurar o cartório eleitoral mais próximo de sua casa até o dia 8 de maio, apresentando documentos que comprovem sua idade e residência.
Recebe o título na hora.

Combinação assustadora
O deputado Berfran Rosado bate no fígado de Tarso: “A jogada eleitoral de Tarso sobre a derrocada de Olívio é uma combinação assustadora de ousadia, falsidade e infidelidade que tem encontro marcado com o insucesso, pois o sentimento coletivo repele naturalmente o traidor”. Deu o tom do debate.

Debate na Federasul
A Federasul promove terça-feira mais uma edição do Diálogos Federasul Brasil Telecom, tendo como tema Coligações Partidárias e a Reforma Política. Colunista de ZH, Rosane de Oliveira coordena um debate entre o ex-reitor Hélgio Trindade, os deputados federais João Paulo Cunha, Alceu Collares e Nelson Proença e o desembargador Clarindo Favretto, presidente do TRE.

Koutzii só aceita o Senado
Koutzii pede exoneração dia 5 da chefia da Casa Civil para colocar seu nome à apreciação do partido como candidato ao Senado. Se não obtiver a aprovação, retorna à Casa Civil no dia 8. Só reassume o mandato de deputado estadual se for confirmado para concorrer ao Senado ao lado de Paim.
Visita – Koutzii e seus companheiros da Esquerda Democrática visitam hoje Tarso Genro para manifestar apoio à sua candidatura a governador e defender o nome de Miguel Rossetto para vice.

Rossetto é preferido
As restrições das correntes que apoiaram Tarso apenas reforçam a candidatura de Rossetto para vice-governador. Até o curinga Raul Pont, nome da preferência de Tarso, manifestou apoio a Rossetto. A indicação do vice-governador seria a forma de unificar o partido, colocando na chapa de Tarso o Palácio Piratini, derrotado na prévia de domingo.

Quem é que mente
Para demonstrar como foi comedida a crônica local – incluindo a Página 10 – na avaliação da prévia, alguns trechos de artigo de Eliane Cantanhêde, colunista da Folha de S. Paulo, ontem:
“Ao escolherem Tarso para concorrer ao governo e impedirem Olívio de tentar a reeleição, os petistas gaúchos liquidaram o governo Olívio. Ele foi desaprovado, desmoralizado. E era a maior vitrina do PT nacional.

(...) A diferença (983 votos) foi pífia. Pífia, mas suficiente para mostrar que metade dos petistas do Estado condena Olívio pelo envolvimento com o jogo do bicho, por exemplo. Algo que nem a Justiça nem a opinião pública nacional tinham condenado, pelo menos até agora.

(...) Tarso fez um jogo solo, não partidário, cavando o governo agora e a candidatura presidencial em 2006. E vai conviver com um fantasma medonho: ele tem o direito de largar a prefeitura assim tão cedo? Vale a pena?
Há vitórias com gosto de derrota”.

Jogo do bicho
1. – Diferentemente da postura adotada no RS, os jornais do centro do país, como o JB e a Folha, relacionam a derrota de Olívio com o jogo do bicho. E Tarso, ingrato, nem se lembrou de mandar flores a Diógenes de Oliveira.
2. – A propósito, os efeitos da CPI da Segurança e do jogo do bicho sobre a imagem do governo foram detectados com exclusividade pelo Labors, a pedido do grupo de Tarso.

Aniversário
Ao ser homenageado ontem ao meio-dia por completar 37 anos, Paulo Pimenta, vice-prefeito de Santa Maria, disse que agora, depois da vitória de Tarso, só falta mesmo uma vitória do Inter no Gre-Nal de hoje.
A surpresa preparada pelo prefeito Valdeci contou com a presença da mãe do vice, Rita Beatriz, professora muito benquista na cidade.

Tropa de choque
Daniel Bordignon, ao lado do vice de Gravataí, Sérgio Stasinski, do Rumo Socialista, forma a linha de frente de Tarso (da Rede), junto com Adão Villaverde e Paulo Ferreira, do PT Amplo. Falta Jorge Branco, ex-Articulação.
< BR>Mirante
• O futuro prefeito João Verle não pretende mudar a equipe até a eleição, conhecido o resultado do segundo turno. No momento está disposto a levar para a prefeitura apenas o professor Delmar Steffen, ex-presidente do Cpers, seu chefe de gabinete.

• Duas vezes deputado federal e com mais dois mandatos de estadual, o ex-presidente da Assembléia Aldo Pinto é candidato à Câmara. Concorreu a governador em 1986, em aliança com o PDS. Seu vice era Silvérius Kist, e Sereno Chaise esteve ao lado de Nelson Marchezan para o Senado. Foram engolidos pelo Plano Cruzado.

• Erro na coluna de ontem. O PMDB levou 50 mil filiados para a escolha do presidente regional e não 40 mil como foi publicado. Quem ficou abaixo dos 40 mil anunciados foi o PT, domingo, com 36 mil dos 80 mil aptos a votar (na escolha do candidato a governador!). A prévia do PPB entre Celso Bernardi e Fetter Júnior contou com a participação de 47 mil filiados.

• Com a renúncia de Tarso, o procurador-geral do município assume a prefeitura nas ausências de João Verle. Primeiro na linha da sucessão, o presidente da Câmara, vereador José Fortunati, não pode assumir por ser candidato.

• O eleitor mais jovem completará 16 anos dia 6 de outubro. Favor avisar o colunista.

• Nereu D’Ávila (PDT) fará um discurso forte hoje na Câmara, com denúncias contra o Demhab e o DMLU, além de reforçar as críticas de Sebastião Melo (PMDB) em relação à arrecadação de ISSQN. Espera-se que haja mais ardor na bancada governista na defesa de Tarso do que nas sessões anteriores.

Candidato a federal, Érico Ribeiro faz dobradinha com Frederico Antunes em Uruguaiana. Seguramente, duas das maiores votações do PPB na próxima eleição.


ROSANE DE OLIVEIRA

Movimentos no jogo da sucessão
Tantas notícias favoráveis no mesmo dia o governo não recebia há muito tempo. A CPMF foi aprovada em segundo turno na Câmara, com os votos do PFL e do PT. O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, será candidato a vice na chapa de Serra – e o PMDB entrará com um dote valoroso, o tempo na TV. O senador José Sarney desistiu de atacar o governo em seu discurso, hoje, no Senado, e fará apenas um desabafo de pai, sem insinuações contra os filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso. O PFL desistiu de acompanhar o PT na criação da CPI do Grampo, que investigaria denúncias de espionagem contra adversários políticos.
Tudo isso tem a ver com a sucessão presidencial e, por extensão, com as eleições nos Estados. O PFL aprovou a CPMF na Câmara, mas promete fazer marola no Senado. É a vingança maligna contra o governo por ter abatido a candidatura de Roseana Sarney – com a colaboração do Judiciário e do Ministério Público. O argumento de que uma pesquisa encomendada pelo PFL mostra que a população é contra a CPMF seria rizível vindo de qualquer partido. Contribuinte nunca será favorável a pagar mais imposto. Partindo de quem apoiou todos os aumentos de impostos aprovados no governo FH chega a ser grotesco. Poderiam ter perguntado antes aos contribuintes.

Os partidos se desqualificam aos olhos dos eleitores quando orientam seus votos por questiúnculas. Ou votam a favor da CPMF porque acreditam nela como um instrumento importante para o financiamento da saúde e para a identificação dos sonegadores, pelo cruzamento de dados, ou rejeitam com o argumento de que o brasileiro já paga imposto demais.

O governo também não se esforça para separar a CPMF da sucessão presidencial. Ontem mesmo ficou acertado que o convite a Jarbas Vasconcelos para ser o vice de Serra não seria anunciado imediatamente para não atrapalhar as negociações para aprovação da CPMF. Não há muita diferença entre anunciar a aliança com o PMDB em praça pública e fazer vazar a notícia do acordo com o qual a cúpula do PMDB sonhava desde o tempo em que o PFL era o candidato natural a indicar o vice dos tucanos.

A cúpula do PMDB buscou o posto de vice quando Serra ainda engatinhava nas pesquisas. Agora que o tucano está em segundo lugar, trata de assinar o contrato antes que o PFL se arrependa e volte para os braços do governo.


Editorial

CENÁRIO MAIS PREVISÍVEL

Diversamente das projeções que estimavam uma retomada da atividade somente no segundo semestre deste ano, vários segmentos produtivos sinalizam que a reação já começou. Em São Paulo, o maior centro fabril e financeiro do país, o ritmo de vendas do comércio varejista, à vista ou a prazo, já se situa no mesmo nível de março de 2001, quando se registrava forte crescimento econômico no país. O segmento eletroeletrônico comercializou, em fevereiro, 24,6% a mais do que em janeiro. Por sua vez, o volume de crédito captado pelas empresas e consumidores reverteu em janeiro o viés de declínio, como se verifica no cotejo com idêntico mês do ano passado. A tendência deve se acentuar a partir de amanhã se, como é de esperar, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) baixar a taxa básica de juros.

Não é só. Os pedidos de financiamentos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) experimentaram um incremento de 136% apenas no primeiro bimestre. As principais beneficiadas foram as áreas de infra-estrutura e serviços e de agropecuária. Em janeiro, a produção industrial, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou a terceira alta consecutiva. Esse quadro de expansão só pode ser visto como promissor, pois sua propensão natural é de irradiar-se pelo conjunto da economia, ampliando a utilização da capacidade instalada do parque fabril, encorajando novos investimentos e alentando as exportações, que já acusam um superávit de US$ 665 milhões sobre as importações.

A expansão da economia é, mais do que nunca, essencial
ao pagamento da dívida social

Esse cenário teria como causas imediatas a antecedência do fim do racionamento de energia elétrica, o descolamento do Brasil da Argentina e, em especial, a recuperação antecipada da economia dos Estados Unidos. Isso não significa, no entanto, ausência de riscos: é preciso que, além da americana, a economia mundial volte a apresentar bom desempenho, que não haja fatores complicadores em um ano eleitoral e que uma excessiva valorização do real frente ao dólar não termine por provocar novos desequilíbrios na balança comercial. De um modo geral, no entanto, o ambiente é mais previsível e a nação parece dirigir-se outra vez rumo a padrões de incremento do produto à altura tanto de suas potencialidades, quanto de suas necessidades.

Já é mais do que hora de a economia brasileira sacudir a letargia em que a prostraram a ameaça do colapso energético e a camisa de força de um longo racionamento de nove meses. Embora não estejamos ainda diante de uma tendência firme de recuperação, é imprescindível que predominem nos próximos meses políticas de estímulo à produção, para que retomemos ainda este ano níveis de expansão históricos e mais do que nunca essenciais ao pagamento de uma imensa dívida social.


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03/20/2002


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