Pesquisas mostram que Ciro e Serra estão empatados









Pesquisas mostram que Ciro e Serra estão empatados
Nova pesquisa Vox Populi/Correio Braziliense, divulgada ontem, e realizada nos dias 1 e 2 de setembro, mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, passou de 34% para 36%. A pesquisa aponta um empate técnico entre Ciro Gomes e José Serra. Com relação à rodada anterior, Ciro caiu cinco pontos percentuais, passando de 25% das intenções de voto para 20%. Serra subiu quatro pontos, de 15% para 19%, encostando em seu adversário da Frente Trabalhista. O candidato do PSB, Anthony Garotinho, subiu um ponto percentual com relação à rodada anterior, passando de 8% para 9%. O Vox Populi ouviu 2.459 pessoas, em 125 municípios no País e a margem de erro é de 2 por cento para cima ou para baixo. Já a pesquisa realizada pelo Instituto Ibope/Rede Globo e divulgada ontem à noite indica o candidato do PT na liderança, com 35% das preferências, seguido por Ciro Gomes e José Serra, empatados tecnicamente com 17% das intenções de votos.

O candidato do PSB, Anthony Garotinho, aparece com 11%. Em simulações de segundo turno das eleições, Lula venceria Ciro por 48% a 38%; venceria Serra por 48% a 39% e bateria em Garotinho, por 51% a 33%.

Também em simulação de segundo turno, Serra venceria Ciro por 41% a 38%. A pesquisa ouviu 3 mil eleitores, entre os dias 30 e 31 de agosto.

Na pesquisa Vox Populi, nas simulações de um segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva venceu tanto Ciro como Serra. Mas, se Lula melhorou a vantagem sobre Ciro, piorou sua situação caso seu adversário seja o candidato do PSDB. Contra Ciro, Lula obtém 50% das intenções de voto, contra 34% do candidato do PPS.

Na rodada anterior, tinha 47% contra 39%. Contra Serra, Lula vence com 47% contra 38%. Antes, sua vantagem era de 48% contra 35%.


Candidato petista recebe a Carta dos Agricultores
Durante o comício da Frente Popular ontem em Passo Fundo, os candidatos da Frente Popular, Luiz Inácio Lula da Silva à presidência e Tarso Genro ao governo do Estado, receberam a Carta dos Agricultores, assinada por agricultores familiares da região. Além da Carta, Lula e Tarso receberam uma cesta com produtos agrícolas, simbolizando a produção da região.

O comício iniciou às 12 horas, com a presença dos candidatos, de Miguel Rossetto, Paulo Paim, Emilia Fernandes, do governador Olívio Dutra na praça Marechal Floriano, no centro da cidade. Por problemas técnicos no avião que o conduzia, Lula só chegou em Passo Fundo às 13h30min.

O governador Olívio Dutra disse que Tarso Genro é a pessoa mais preparada para governar o Estado. A seguir, Tarso lembrou que alguns grupos tentam fomentar uma desavença entre ele e o governador, que não existe, e reafirmou a total união dos dois na campanha, em busca da continuidade do projeto da Frente Popular.

Lula, ao receber a cesta dos agricultores, fez alusão à cesta básica que muitos brasileiros recebem para sobreviver, afirmando que o que dá orgulho a cada homem e cada mulher é poder pagar seu alimento com o suor de seu trabalho. O candidato a presidente reafirmou sua prioridade em promover o crescimento econômico do Brasil e gerar empregos.

À noite, Lula, Tarso e as demais lideranças da Frente Popular chegaram ao Largo Glênio Peres, para o showmício Porto Alegre, vindos de Caxias do Sul, onde foi realizado o segundo comício programado para ontem. Os militantes já se encontravam no local desde as 18h com shows musicais de Tribo Wudu, Marcelo Kará, Leonardo e Juntos (Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Gelson Oliveira, Totonho Villeroy) e grupos de rap.


Britto se reúne com prefeitos da Zona Sul
Antônio Britto, candidato ao governo do Estado pela coligação O Rio Grande em 1º Lugar, esteve reunido ontem, em Pelotas, com 14 prefeitos e dois vice-prefeitos que fazem parte da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), integrada por 22 municípios. No encontro, o presidente em exercício da Azonasul, Nilson Löcke, pediu a Britto a continuidade do Pró-Rural, implantado durante a sua administração. "O atual governo mudou o nome do programa, mas sabemos que a sua origem é do governo Britto".

Os prefeitos pediram também a continuação do Plano Rodoviário Estadual, que segundo eles foi suspenso pelo governo do PT, e a instalação de indústrias na Zona Sul. Por sua vez, Britto afirmou que dará incentivos diferenciados para cada região. "Quanto mais pobre, mais longe e menos emprego o município tiver, mais incentivos daremos para que as indústrias ali se instalem".

Questionado pelos prefeitos sobre a produção de medicamentos, Britto confirmou a reabertura das farmácias de manipulação, que garantem remédios mais baratos para a população carente. Sobre os problemas enfrentados pela agricultura, disse que irá assinar convênios com o Banco da Terra. Quanto aos Coredes, assegurou que eles voltarão a funcionar com toda a força.

O candidato afirmou que os prefeitos serão parceiros para construir o entendimento necessário para a retomada do desenvolvimento do Rio Grande do Sul. "Queremos um governo suprapartidário, para construir a unidade do nosso Estado", destacou o ex-governador.

Durante o roteiro de ontem, em Pelotas, Britto visitou a fábrica de biscoitos Zezé, o comitê suprapartidário em apoio a sua candidatura, reuniu-se com trabalhadores rurais e produtores de pêssego, deu entrevista coletiva no tradicional café Aquários e percorreu o calçadão das ruas Sete de Setembro e Andrade Neves.


Rigotto anuncia crédito para a agroindustria
"O Rio Grande do Sul voltará a ter um ambiente privilegiado para aqueles investidores que desejem instalar no Estado as suas agroindústrias, contando com novas políticas fiscal e creditícia, que garantam a competitividade de seus produtos nos mercados nacional e internacional". Afirmação é do candidato ao governo do Estado pela coligação União pelo Rio Grande, Germano Rigotto, durante visita ao Frigorífico Alibem, em Santo Ângelo, que permitiu a abertura de 400 novos empregos. Ele reafirmou a sua intenção de equalizar as alíquotas de ICMS para o setor primário na relação com os estados de Santa Catarina e Paraná.
"Empreendedores como o Carlos Lee, do Alibem, e o Selmar Benoit, do Curtume Benoit, que apostaram na implementação de seus projetos aqui, dando novo fôlego e melhorando a própria auto-estima da população de Santo Ângelo, precisam se multiplicar por este Rio Grande", enfatizou, lembrando que ações como estas atacam as desigualdades no desenvolvimento e garantem a permanência das pessoas em seus locais de origem. O curtume, que também esteve fechado, abriu mais de 100 novos empregos no município. Rigotto também participou como palestrante da reunião-almoço da Associação Comercial e Industrial de Santo Ângelo e visitou o município de Entre-Ijuís, onde realizou uma caminhada pelo Centro da cidade.


Bernardi pretende despartidarizar a saúde
O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, disse ontem em Canoas, que em seu governo vai acabar com a política partidária na área da Saúde. "Na minha administração os critérios de distribuição dos recursos aos municípios - que serão repassados de forma pontual, automática e mensal - obedecerão a índices técnicos, sem as influências que hoje se verificam no Orçamento Participativo". Segundo o candidato, ao invés de interesses do partido haverá uma política de saúde, a ser implantada a partir da modernização administrativa do setor, mediante complementação e suplementação dos esforços da União, Estado e municípios.

Além dos recursos, Bernardi prometeu assistir os municípios de capacitação técnica para que nos postos de saúde, junto com o atendimento médico, estejam disponíveis os medicamentos básicos necessários aos tratamentos. "Par a isso, vamos promover o Censo da Saúde, para conhecer as necessidades básicas da população e colher os elementos necessários à racionalidade dos respectivos serviços".

Quanto a sua política para o SUS, o candidato do PPB disse que ela será visível e operante para a população, mediante uma rede hierarquizada de referência para a prestação do atendimento. Dentre outras ações a serem adotadas no seu governo para o setor, Bernardi citou as que estarão voltadas à prevenção, seja mediante a educação para a saúde, a capacitação das pessoas nos próprios núcleos familiares para atuarem na defesa da saúde seu membros, a vigilância sanitária e a integração com os projetos de saneamento básico no meio urbano e rural.


Estudo aponta perfil de eventos no RS
A concentração dos eventos durante os dias úteis, a baixa ocupação no primeiro semestre e o potencial dos eventos nacionais e internacionais, são algumas conclusões do levantamento sobre o setor em Porto Alegre. O estudo faz parte do primeiro dimensionamento econômico da indústria de eventos no Brasil, e foi realizado em parceria entre o Fórum Brasileiro Convention & Visitors Bureaux e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que investiu R$ 300 mil no projeto.

De acordo com a pesquisa realizada em 2001 em 31 espaços na Capital gaúcha, 64,52% dos encontros acontecem de segunda à sexta-feira. "Este resultado nos leva a promover o turismo de eventos durante os finais-de semana", assinala João Luiz Moreira, presidente do Convention & Visitors Bureaux Porto Alegre.

Os espaços direcionados para esse nicho possuem, na sua maioria, elevada taxa de ocupação. Dos 31 espaços, 19 realizam mais de 20 reuniões por mês. No total do ano, são realizados 12.960 eventos na cidade, com uma média de 406 deles por espaço.

Moreira explica que o Fórum Social Mundial deu uma dimensão internacional para a cidade. "Hoje é mais fácil vender a cidade como destino". Ele exemplifica que recentemente, foi conquistado um evento mundial de igrejas para a cidade, que contará com a presença de sete mil participantes.

Para o presidente do Sebrae/RS, Eudes Missio, a organização do setor de turismo é estratégico. "São
incontestáveis as oportunidades de emprego e renda e o efeito positivo que o turismo leva a uma região", assinala. Ao analisar a capacidade de recepção, Missio destaca a maior profissionalização da Capital gaúcha em relação a outros centros do País.

A oferta total de áreas de exposições em Porto Alegre soma 30.266 m². Já a oferta global de assentos é de 26.377. Esta oferta mostra uma taxa de ocupação média anual de 54,7%.

A média de participantes por evento, em Porto Alegre, é de 280 pessoas, totalizando 3.524.080. Dos participantes, 67,2% são residentes na cidade e 32,8% visitantes.

Somando-se os gastos dos participantes com o custo global de organização dessas promoções chega-se a um faturamento total de R$ 1,254 bilhão, que geraram 12.672 empregos, entre diretos e indiretos.

Em relação à segurança, é apontada deficiência seja em relação a espaços, equipamentos e recursos humanos. Apenas um dos espaços declarou fazer seguro de vida para seus funcionários. Outros 17 espaços não fazem seguro.

Brasil sediou 330 mil solenidades em 2001
O primeiro dimensionamento econômico da indústria de eventos no Brasil, realizado entre janeiro e novembro de 2001, revela que no País aconteceram mais de 330 mil encontros, com a participação de 79,9 milhões de pessoas. A receita das locações e das empresas organizadoras, somada aos gastos dos participantes, totaliza R$ 37 bilhões, ou 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Em relação ao número de empregos, o setor responde por três milhões de vagas. A arrecadação de tributos está estimada em R$ 4,2 bilhões.

A Região Sul responde por 19% do número de eventos do País e é responsável por 20% do total de participantes. Em relação à distribuição da receita total com locação de assentos e metros quadrados, o Sul do País absorve 25,45% das receitas.


Artigos

A economia da corrupção
Giácomo Balbinotto Neto

A corrupção não é um fenômeno novo; por exemplo, há cerca de dois mil anos, Kautilya, o primeiro ministro de um rei indiano, já havia escrito um livro sobre o tema - Arthashastra. Dante, na sua obra A Divina Comédia, colocou os corruptos na parte mais profunda do inferno, o que devia refletir o grande desprezo por este tipo de comportamento. A crescente preocupação da sociedade brasileira, bem como diversos órgãos internacionais como o FMI, Banco Mundial e a OCDE, tem sido, em nosso entender, devido ao fato de que se têm dado conta de que a estrutura e o funcionamento das instituições são fundamentais para determinar a taxa de crescimento econômico, ou, em outras palavras, a criação de uma estrutura institucional que favoreça o crescimento e o desenvolvimento econômico passa a ser, também, uma questão prioritária em termos de política econômica. A definição mais popular e simples do que venha a ser corrupção é aquela empregada pelo Banco Mundial, segundo a qual "a corrupção é o uso do poder público para obter benefícios privados". A prática da corrupção permite que os empresários privados capturem e mantenham posições monopolistas na economia, bem como privilégios e transferências de renda. Isto possibilita que os produtores ineficientes continuem nos mercados e provê oportunidades para que os burocratas e políticos transfiram rendas para si e para os que os apóiam politicamente, através do suborno daqueles que buscam favores e privilégios do governo. O resultado disto é que, com a politização da alocação dos recursos, os mercados não funcionam de modo adequado, pois os produtores ineficientes podem permanecer no mercado por um longo período. A principal conseqüência disto é que teremos uma redução da taxa de crescimento econômico, pois a corrupção distorce os incentivos econômicos, retarda a introdução de inovações, do progresso técnico e do investimento tanto em capital físico e humano, além de promover uma má alocação dos talentos na economia.

A corrupção e outras formas de atividade ilegal minam a legitimidade do governo e, portanto, reduzem a sua capacidade de manter a lei e os contratos e outros serviços, tais como a Justiça, que são fundamentais para o funcionamento das atividades econômicas. Assim, na medida em que a corrupção seja um indicador da fragilidade do governo em manter a ordem e a lei, ela irá desestimular os investimentos privados e afetar, de modo perverso, o crescimento econômico. Os principais pesquisadores na chamada economia da corrupção buscam identificar quais são os canais pelos quais a corrupção e outros fatores institucionais afetariam a taxa de crescimento econômico bem como quantificar a magnitude destes efeitos. Os principais resultados indicam que a corrupção reduz a taxa de investimento privado e, conseqüentemente, o crescimento econômico. Outro aspecto ressaltado nos vários estudos existentes, é que a corrupção afeta, também, a composição dos gastos do governo. Assim, vemos que a corrupção pode e deve ser entendida como sendo um fenômeno econômico e que o mesmo tem conseqüências perversas para o desempenho de uma economia na medida em que ela afeta a taxa de crescimento, o investimento, as inovações e a difusão de tecnologia, bem como a distorção que ela provoca, principalmente no setor público, tanto no que se refere à infra-estrutura como na alocação de talentos. Deste modo, medidas que busquem reduzir as oportunidades de corrupção, através da criação de uma estrutura institucional mais aberta e transparente e de uma redução no papel alocativo do Estado são desejáveis. Isto deve fazer parte da preocupação dos cand idatos à presidência da República. Contudo, muito pouco ou nada tem sido debatido sobre este importante tema.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Baixaria no debate
O debate dos candidatos presidenciáveis na TV Record, foi uma baixaria só. Era só isso que se ouvia, ontem em Porto Alegre. O telespectador que se liga em debate de candidato em TV, não gostou nem um pouquinho do que viu.

Eu gostei!

Como show de televisão foi um espetáculo. Os candidatos envolvidos na discussão mais dura - José Serra e Ciro Gomes - passaram a limpo seus sentimentos. Foram da euforia, passando pela irritação e chegando a depressão.

Bóris Casói, coitado, roeu todas as unhas, nervoso que estava.

Para mim e para a maior parte das pessoas consultadas, Lula foi o grande ganhador do debate. Até porque não se envolveu nele. Foi poupado pelos seus adversários.

Para o marqueteiro da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Duda Mendonça, o debate da Record acirrou os ânimos entre Ciro Gomes e José Serra.

Duda prevê que as agressões mútuas aumentem a partir de agora. "Não sei quem saiu perdendo (no debate),
mas é natural que daqui para frente o clima esquente", afirmou. "Muito importante em uma campanha é o momento político.

Sem dúvidas a disputa entre Serra e Ciro acaba ajudando o Lula, ele é poupado."

Duda avalia que o debate "foi um dos momentos brilhantes de Lula na campanha". O outro, foi sua entrevista ao "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, na semana passada. Segundo ele, o petista foi bem no encontro por não
se confrontar com os adversários.

"Debate é o lugar onde você pode discordar, mas sem para isso destrambelhar, mostrar desequilíbrio. Quando um não quer, dois não brigam. (Com Lula), quem acusar, vai receber proposta em troca. Ele é inteligente, não vai entrar em bate-boca", afirma.

Para o publicitário Nelson Biondi, marqueteiro de José Serra, que a polarização da disputa entre o seu candidato e Ciro Gomes deixou o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva fora do debate realizado nesta segunda-feira, na Rede Record.

Segundo ele, Lula foi obrigado a atacar o tucano para "não passar batido", sem ser percebido pelos eleitores. Além disso, outra motivação seria o fato de Lula preferir disputar o segundo turno com o candidato da Frente Trabalhista, e não com Serra. "A principal preocupação do Lula agora é com o Serra", afirmou.

Biondi disse que o seu candidato foi orientado - baseado em pesquisa qualitativa - a insistir com os outros presidenciáveis que as perguntas sobre os planos de governo não estavam sendo respondidas e que eles não estavam sendo capazes de fazer propostas para o futuro.

Ele considerou que os ataques sofridos pelo tucano não prejudicaram sua candidatura, pois "100% das acusações já eram previstas" e Serra tinha "munição" para responder aos adversários.

Já o presidente Fernando Henrique Cardoso não está preocupado em receber a rebarba da troca de acusações entre os candidatos José Serra e Ciro Gomes porque "essa não pega": "O ataque, quando é ataque eleitoral, não pega. Não adianta. Tem efeito pouco positivo, não resolve", insistiu ele.

FHC e seu governo estavam fora do tiroteio de campanha quando Serra andava mal nas pesquisas, mas entraram na alça de mira agora, com os dois candidatos empatados.


CARLOS BASTOS

Lula paira sobranceiro nos debates
O debate realizado na TV Record, comandado por Bóris Casoy, deixou mais uma vez Luis Inácio da Silva, candidato do PT e líder nas pesquisas de opinião, sobranceiro sobre seus concorrentes. Enquanto Ciro Gomes, do PPS, e o tucano José Serra se engalfinhavam, Lula se limitava a apresentar propostas de governo, e a participar de tabelinhas com Ciro e Garotinho, com restrições ao governo de Fernando Henrique, que Serra representa. Ciro chegou a dizer que Serra usa o dinheiro de sua campanha de forma sórdida, usando-o numa estratégia para desmoralizá-lo, e Serra respondeu que insulto é uma especialidade de Ciro. Garotinho, agindo mais uma vez como livre atirador, se esmerou nos ataques ao candidato governista, e de forma especial à sua proposta para criar 8 milhões de emprego, chegando a sugerir que segunda-feira iniciasse a formação de filas para desempregados, pois o atual presidente FCH é seu padrinho político.

Diversas
  • O debate apresentou um lado frágil na candidatura de Serra, que é sua ligação com o atual governo. E deve se recordar que a queda de Ciro nas pesquisas começou quando de sua participação no debate da TV Bandeirantes, por ter se apresentado com timidez, para não dizer tibieza.

  • Os reflexos do debate da Record não aparecerão nas próximas pesquisas, pois os debates são assistidos por um público formador de opinião. Seu reflexo nas pesquisas acontecerá dentro de 10 a 15 dias.

  • José Serra não respondeu de forma convincente como vai criar 8 milhões de empregos, e não respondeu de forma satisfatória sua relação com Ricardo Sérgio de Oliveira, que já foi tesoureiro de campanhas suas em
    São Paulo, e está envolvido em escândalos nas privatizações. Também não foi convincente quando
    perguntado novamente onde foi parar a "dinheirama" das privatizações.

  • Ciro Gomes, diferente de sua atuação na Bandeirantes, esteve mais na ofensiva, polemizando com Serra, o que provocou protestos de Lula e Garotinho, pois pelo tom áspero do debate entre ambos, Casoy se obrigoiu a dar dois direitos de resposta para cada um.

  • Lula nos primeiros blocos fez tabelinha com Ciro Gomes e Anthony Garotinho, procurando atingir a candidatura governista de José Serra. O candidato tucano fez vários pedidos de direito de resposta, mas não foi atendido por Boris Casoy. E Lula chegou a afirmar: "É o ônus de ser governo".

  • Garotinho estava mais solto que no debate da Bandeirantes, e provocou gargalhadas gerais, inclusive de seus concorrentes, quando se dirigiu a Serra, dizendo que ele é que presidiria o país e não Elba Ramalho ou Chitãozinho e Xororó. Serra também teve que achar graça, mas respondeu à altura, dizendo que Garotinho não precisava de artistas, pois ele já era um artista.

    Última
    Amanhã, pela manhã, haverá o debate em rádio dos candidatos ao governo do Estado, promovido pela Agert, e que será transmitido por mais de 150 emissoras do interior do Rio Grande do Sul. É a primeira vez que acontece um debate entre candidatos ao Palácio Piratini, com cobertura tão abrangente, graças à participação da Agert. Além de Britto, Tarso, Bernardi e Rigotto, participam Medina, do PL, Caleb Oliveira, do PSB, Vilhena, do PV, Carlos Schneider, do PSC.


    FERNANDO ALBRECHT

    Segurança máxima
    O presidente da Subcomissão Especial da Assembléia que vai investigar o caso Pangea, Jair Foscarini (PMDB), recebeu a confirmação de que sua principal testemunha, Maria Ângela Fachini, poderá depor na terça-feira. Ela está em Brasília sob a guarda do programa de proteção a testemunhas da Polícia Federal. A delegada Maria da Graça Fredenhagen autorizou a vinda de Maria Ângela, mas exigiu sigilo e todo o aparato necessário para protegê-la. Segundo a delegada, a "PF tem razões para fazer essas exigências".

    Rififi
    Arrombamento pelo teto, aquela modalidade conhecida como rififi devido a um filme francês famoso da década de 50, normalmente ocorre de noite ou madrugada. Pois a pizzaria Pizzaiolo, ao lado do Barranco, teve visitas via forro em pleno meio dia de segunda-feira. Levaram o que deu, tipo cigarros e bebidas.

    Cadeia à vista I
    Os produtores de soja transgênica do Rio Grande do Sul podem se preparar para uma barra muito pesada caso Lula vença as eleições. Tipo cadeia. O Greenpeace, que faz da luta contra os transgênicos seu caval o de batalha, enviou questionários para todos os candidatos sobre qual seria sua postura em relação a estas culturas e agora distribuiu o resultado. Dos cinco candidatos, três responderam oficialmente. O mais explícito foi Lula. Ciro Gomes tergiversou e José Serra recusou-se a responder porque as opções eram apenas "sim", "não" e "não sei".

    Cadeia à vista II
    Lula cravou um "sim" ante a pergunta: "O senhor se compromete a coibir efetivamente os plantios ilegais de transgênicos, aplicando rigorosamente a lei - multa e prisão - para os produtores rurais e comerciantes - indivíduos e empresas - que plantarem transgênicos no Brasil?" A ser verdade, vai faltar cadeia no Estado. A verdade é que está todo mundo plantando soja transgênica sem sofrer pressões porque vendas internacionais de vulto foram negociadas e o rompimento de contratos daria um rebu federal.

    Porto Inverno
    A secretária Helena Bonumá agradeceu ao colunista e aos leitores da página que deram apoio à promoção Porto Inverno, já na reta final. Na noite de segunda-feira, com temperaturas muito baixas, o show de Blues e Rock'n recebeu a presença de 392 pessoas e arrecadou 235 kg de alimentos e 157 peças de agasalhos.

    Sartori dixit
    Agora todo mundo quer ser o pai da criança, o sucesso da Expointer. Governos federal e estadual, entidades, sindicatos rurais e outros envolvidos diretamente puxaram brasa para seu assado. Quem falou curto e grosso foi o empresário Antônio Sartori, da Brasoja: "A Expointer foi um sucesso porque a soja está a R$ 36,00, o arroz a R$ 21,00, o milho a R$ 17,00 e o trigo a R$ 29,00 (o saco). Tem que ter dinheiro e existir a expectativa de ganhá-lo", fulminou.

    Ocupante de poste
    Morador de sítio em Viamão não entendeu a posição da CEEE com relação à queima de vários equipamentos e eletrodomésticos na sua residência. Recebeu como resposta da ouvidoria da empresa a confirmação do prejuízo, causado porque "o condutor de alta tensão bateu em poste de concreto causando um curto fase terra, onde ocorreu uma descarga elétrica passando pela rede telefônica ancorada em nosso poste". Ou seja, reconheceu o problema mas diz que o responsável é a CRT, ocupante do poste. O caso parou na Justiça.

    Como poste serve para tudo e para todos, inclusive para propaganda eleitoral, aguarda-se que aquela senhora de olhos vendados esclareça quem é, afinal de contas, o responsável por eles. O da foto é um exemplo.

    Camelô X comerciante

    Quem é melhor vendedor, um camelô ou um comerciante clássico? E onde fica o cliente? Boas perguntas e a resposta ou respostas podem surgir em um interessante debate que a ADVB fará dia 10 às 19h no seu o Happy Business. Debaterão o diretor comercial das Lojas Colombo, Olivar Antônio Berlaver, a diretora da HappyHouse Agência de Marketing Interno, Analisa de Medeiros Brum, e o camelô porto-alegrense Moacir Gutierres de Souza. Facilita o homem vende seus produtos na hora do debate.

    Nova griffe

    Há tempos a página noticiou o fim da Dvoskin & Cauduro, mas eis que agora surgiu uma nova união da famosa griffe de jóias. Sônia Sirotsky Dvoskin e Marylin Kulkes já estão enviando às clientes detalhes da nova operação da dupla, a Dvoskin Joalheiras.

    Semana da Pátria

    A exemplo do dia 14 de julho, quando a rua Padre Chagas cobriu-se de bandeiras, motivos e eventos comemorativos à data nacional da França, o Sete de Setembro terá festa semelhante e até maior. Todas as casas comerciais do pedaço terão motivos verde-amarelos. O restaurante Orquestra de Panelas, por exemplo, dedicará a Semana da Pátria à comilança brasileira típica.


    Editorial

    PLEBISCITO SOBRE A ALCA IMPÕE SOMENTE DÚVIDAS

    A Igreja Católica, através da CNBB, repetindo o que fez em relação à dívida externa, promoveu plebiscito sobre se o Brasil deve ou não aderir à Área de Livre Comércio das Américas, Alca, embora agora sem apoio de partidos. Na cédula que circulou em sindicatos, escolas, igrejas, universidades e no Brique da Redenção, foram feitas três perguntas, a saber: 1) O governo brasileiro deve assinar o contrato da Alca? 2) O governo brasileiro deve continuar participando das negociações para a criação da Alca? 3) O governo brasileiro deve entregar parte do nosso território, a Base de Alcântara, para o controle militar dos Estados Unidos? De pleno, como na dívida externa, sabe-se que os idealizadores da consulta são contra, esperam milhares de "Não".

    Melhor serviço prestariam se buscassem o debate e o esclarecimento sobre o que é a Área de Livre Comércio das Américas, sem rotulá-la, antecipadamente. Apresentada pelos Estados Unidos em 1994 aos 34 países, menos Cuba, da América Central e do Sul, o México foi incluído no North American Free Trade Act, o Nafta, o projeto visa a livre troca de mercadorias, serviços e todo o tipo de transações entre os países da região. Somente em 1998 foram criados nove grupos de trabalho para a efetiva implantação da Alca. Em 2001, no Canadá, decidiu-se o início da Área em 2005.

    As nove áreas de integração previstas são os serviços de educação e saúde; liberação do comércio entre os países; liberdade de investimento para as empresas se estabelecerem em qualquer região do acordo; acesso geral aos contratos públicos, permitindo a participação de empresas de outras nações; livre acesso aos mercados; eliminação de tarifas para a entrada de produtos estrangeiros; assegurar o direito de propriedade intelectual; patenteamento de plantas, animais e sementes; eliminação dos subsídios na agricultura destinados à exportação. Ora, é evidente que estamos muito próximos da maior potência socioeconômica do planeta, com tentáculos espalhados pelo mundo, os romanos dos séculos 20 e 21, com a hegemonia do idioma inglês, costumes e produtos. O PIB dos Estados Unidos é de US$ 10 trilhões, o do Brasil beira aos US$ 500 bilhões.

    Assim mesmo, sem o Brasil não haverá a Alca, somos a "Jóia da Coroa" na América Latina. O México, desde que aderiu ao Nafta, triplicou suas exportações, que estão em US$ 150 bilhões, o Brasil não chegará aos US$ 60 bilhões este ano. A China também abriu-se, entrou na OMC e tem crescimento de 7% anual, ambos recomendados como "Investment Grade", bons para investir. No entanto, os mexicanos ficaram dependentes, exportam 90% para os EUA. Enfim, a Alca pode ser boa ou ruim, temos de discuti-la, analisá-la e ver o que nos interessa. O Itamaraty quer colocar no tratado apenas os setores que serão abertos, todos os demais continuariam fechados. Washington deseja o contrário, só colocar no acordo o que estará fechado, todo o resto estaria liberado. Temos que encarar a Alca de maneira organizada, com argumentos e buscar convergências. A moratória da dívida de José Sarney não resolveu nada. Não aderir à Alca pode ser um erro ou um sucesso, depende dos negociadores, especialmente se conseguirmos derrubar as barreiras protecionistas na área agrícola e estudarmos bem o setor de serviços, sem regulamentação. De qualquer maneira, não podemos esquecer que mesmo sem a Área de Livre Comércio os EUA absorvem 30% das nossas vendas externas. Quanto à Base de Alcântara, será arrendada por tempo determinado para lançamento de foguetes, a segurança contra terrorismo exige medidas fortes. Não estamos vendendo a soberania, na década de 60 alugamos Fernando de Noronha e a Base Aérea de Natal, na II Guerra Mundial, sem problemas.


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    09/04/2002


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