Petistas reagem a Freire







Petistas reagem a Freire
Se as relações do PT com o PPS já não andavam boas, a situação azedou de vez. Ontem, os petistas reagiram com dureza às declarações do presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, em reunião do seu partido, colocando o PT já como um “potencial adversário” nas eleições 2002. Um dos mais irritados, o deputado federal Fernando Ferro chegou a recomendar que, se é assim, o PPS deveria entregar os cargos que ocupa na Prefeitura do Recife, administrada pelo petista João Paulo.

“As declarações de Freire foram típicas de uma visão limitada e destrutiva para a aliança das esquerdas. Será que o senador esqueceu que o PPS faz parte da administração petista? Uma decisão inteligente seria se Freire convocasse os integrantes do seu partido para entregar os cargos que ocupam na PCR”, disparou Ferro.

O deputado também acusou Freire de trabalhar pensando apenas em benefício próprio, ou seja, na sua reeleição, e não na consolidação das esquerdas no Estado. Ressaltou, porém, que apesar do “mal-estar” o PT não vê o PPS como inimigo político, mas sim como um aliado. “Acredito que essa opinião se restrinja ao senador Roberto Freire.”

Na reunião da executiva do PPS, anteontem à noite, Freire – além de ter alertado seu partido para não ser “ingênuo” a ponto de tratar o PT como aliado, afirmou que pós-comunistas sofreram “assédio” dos petistas no Estado, antes do fim do prazo de filiação para quem vai disputar as eleições 2002. O deputado federal Pedro Eugênio e o ex-prefeito de Caruaru João Lyra Neto trocaram o PPS pelo PT dentro deste prazo.

O presidente da Câmara Municipal do Recife, Dilson Peixoto (PT), disse ter ficado “perplexo” com as colocações de Freire. ”O senador afirmou no encontro que tivemos, na semana passada, ter consciência que o PT não havia assediado Pedro Eugênio e João Lyra e que eles trocaram de partido por vontade própria. Agora, muda o discurso. Não consigo entender e gostaria que ele se explicasse”, cobrou.

Dilson discordou ainda da opinião de Freire sobre a formação de um palanque nacional diferente do estadual. “São situações distintas. O fato de termos (PT e PPS) candidatos distintos à Presidência da República não interfere no projeto de palanque único no Estado”, avaliou.


Eduardo Carvalho deixa comando do PPS
Quinze dias depois de iniciada a turbulência interna no diretório estadual do PPS, o presidente regional da legenda, Eduardo Carvalho, renunciou ontem. Após um ano e sete meses à frente da executiva, Carvalho divulgou nota à direção nacional expondo os motivos de seu afastamento e denunciando a “censura” sofrida por alguns setores do PPS em Pernambuco. Segundo ele, a antecipação do congresso estadual - de janeiro para novembro - e a exclusão do seu nome do comando de articulação eleitoral, definidos pela cúpula do partido, anteontem, foram a gota d’agua de um processo “tumultuado” e “cheio de inverdades”.

“Na noite de ontem (anteontem), as circunstâncias levaram nosso partido a premiar, a um só tempo, a esperteza e a subserviência e não será sem o meu repúdio explícito que este fato entrará na história do PPS”, diz um dos trechos da carta. De acordo com Carvalho, o vice-presidente do PPS, Waldemar Borges – que está viajando – também entregará o posto. A executiva deve decidir, ainda hoje, o novo rumo partidário.

Mesmo evitando nomear seus desafetos dentro da legenda, Eduardo Carvalho fez referência às críticas levantadas pelo prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, que atribuiu a Carvalho a responsabilidade pelas saídas do ex-prefeito de Caruaru João Lyra Neto e do deputado federal Pedro Eugênio para o PT. Além das baixas sofridas nos quadros do PPS, Bezerra Coelho havia insinuado, também, que a aliança entre o PDT e os pós-comunistas, firmada em setembro, não havia prosperado por “descuido” da direção da legenda.
“Não vou aceitar mordaça, cabresto e nem vou me curvar à chantagem dos currais eleitorais”, desabafou Carvalho


Jarbas, Tasso e Roseana firmam pacto pela unidade
Governadores almoçam juntos e decidem que não vão disputar entre si a sucessão do presidente FHC. Também vão pressionar seus partidos para que a aliança governista tenha candidato único em 2002

BRASÍLIA – Após reunião que durou mais de três horas, os governadores de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB) e do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) – todos apontados como pré-candidatos à Presidência da República –, fecharam um acordo no qual eles se comprometem a não disputar entre si a sucessão do presidente Fernando Henrique. Eles também acertaram que, a partir de agora, vão trabalhar junto às direções dos seus partidos para que a aliança governista seja mantida, e que a base aliada tenha candidato único à Presidência da República, que poderá ser escolhido por meio de prévias ou pesquisas.

A realização de prévias é considerada pelos três “a forma mais democrática” para aferir qual o candidato que somaria mais, mas todos reconhecem que será muito difícil viabilizar o processo. Por isso, não está decidida, ainda, a forma de operacionalizar essa candidatura de consenso. “Se a coisa fosse fácil nós não estaríamos aqui tentando construir um consenso”, observou Jereissati.
A tese da prévia pluripartidária foi lançada pelo presidente do PFL, Jorge Bornhausen. O PSDB e o PMDB são contra. Jarbas, no entanto, defende a proposta como uma forma de unir os partidos da aliança em torno de um nome, com o objetivo de “somar forças e criar condições de vitória para o candidato da aliança”.

Questionado sobre como ficaria esta união em um cenário em que 80% do PMDB defende a candidatura própria do partido à Presidência e que o principal pré-candidato é o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, Jarbas disse que Itamar “não é um problema do PMDB, mas sim de todos os partidos”. “Eu não raciocino com o Itamar. Podendo derrotá-lo, eu o farei de todo o jeito. O maior erro que ele (Itamar) fez foi não ter saído do partido”, disse o peemedebista.

A decisão dos governadores de buscar um candidato único da base aliada partiu de uma constatação comum: o favoritismo do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, à sucessão de FHC. Na avaliação dos três, a chance de Lula ganhar as eleições “tornou-se concreta”. “Não vamos jogar fora todas as conquistas feitas até agora pelo presidente Fernando Henrique”, afirmou Tasso


Peemedebista faz críticas a Alckmin
BRASÍLIA – O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), criticou ontem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que anteontem disse não admitir a possibilidade de apoiar um candidato fora do PSDB para disputar a sucessão presidencial, no próximo ano. “O governador de São Paulo quer ser mais realista que o rei”, afirmou Jarbas. “Não é uma declaração que ajuda, e não é boa. Se o PSDB quer complicar as coisas, é melhor não sentar à mesa”, disse Jarbas, ao chegar para um almoço com os governadores do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB).

Segundo Jarbas, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso disse, há um mês, que a cabeça de chapa não teria que ser necessariamente do PSDB. “A coisa já é difícil, e se surgem dirigentes e governadores impondo dificuldades, é melhor nem sentar à mesa”, afirmou Jarbas, que propõe a realização de eleições prévias entre os três partidos para escolha de um candidato de unidade. “Tendo boa vontade, se acha um denominador comum. Com unidade fica mais fácil”, observou o governador pernambucano.

O ministro da Saúde e presidenciável, José Serra, por sua vez, negou-se ontem a fazer comentários sobre o encontro dos governadores. Irritado com questionamentos de repórteres sobre o almoço, Serra reagiu: “Em horário de trabalho eu não trato de ti-ti-ti. Isso é um ti-ti-ti que não faz qualquer sentido há um ano da eleição”.

Perguntado sobre qual posição defende em relação às prévias nos partidos governistas para escolher o candidato à Presidência da República, Serra mais uma vez não escondeu a irritação em tratar do assunto. “Vim tratar de saúde, e não de fofoquinha eleitoral, que é coisa artificial um ano antes da eleição.”


Aliados de Itamar criticam prévia conjunta
BELO HORIZONTE – Políticos ligados ao grupo do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), criticaram ontem e classificaram como “impossível” a proposta de prévias feita pelo governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB). O pernambucano defende que as prévias peemedebistas de janeiro sejam disputadas também por candidatos do PFL e PSDB, partidos que fazem parte da base de sustentação do presidente FHC.
Jarbas era o nome que os governistas do PMDB, que controlam o partido, tentavam viabilizar para disputar com Itamar as prévias de janeiro – ocasião em que, teoricamente, será escolhido o candidato do partido à Presidência da República.

“É inconsistente. O estatuto do PMDB não prevê isso”, afirmou o vice de Itamar, Newton Cardoso (PMDB), que já trabalha em sua campanha ao Governo de Minas e que vê na candidatura Itamar “uma chance de o PMDB eleger vários governadores pelo País”.
Segundo o vice-presidente do PMDB de Minas, Aloísio Vasconcelos, caso a direção nacional do PMDB não siga à risca o cronograma das prévias, definido na convenção nacional, “a atitude será interpretada como golpe e será questionada na Justiça”.

Ele diz que a proposta de Jarbas “não passa de blefe”: “É o velho golpe de se jogar no ar para ver se cola. O PMDB tem que ter o mínimo de vergonha e entender que as bases não querem que o partido continue atrelado ao Governo Federal”.
O presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e assessor político de Itamar, Marcelo Siqueira, disse ter gargalhado ao saber da proposta do governador de Pernambuco. “Isso é sinal de desespero”, afirmou. Itamar evitou comentar o fato.


Oposição questiona finanças da PCR
O secretário municipal de Finanças, Reginaldo Muniz, informou ontem que a Prefeitura do Recife deverá encerrar o ano com um superávit de R$ 40 milhões. O anúncio foi feito durante a primeira audiência pública do município para prestação de contas dos dois últimos quadrimestres, realizada na Câmara Municipal do Recife. Durante o encontro, o 1º secretário da CMR, João Arraes (PSB), também apresentou o balanço orçamentário da Casa.

Apesar do clima de tranqüilidade, os vereadores da bancada de oposição questionaram alguns números apresentados pela administração municipal. Os principais destaques feitos pela oposição durante o debate foram sobre o anúncio do aumento da dívida tributária da extinta CTTU, que teria passado de R$ 40 milhões para R$ 59 milhões junto ao INSS e os motivos da não concessão de novo aumento salarial aos servidores, já que a PCR conseguiu adequar-se à Lei de Responsabilidade Fiscal, comprometendo apenas 36,67% do total de sua receita corrente líquida com pessoal.

Outros pontos questionados pelos vereadores tinham relação com os valores orçamentários destinados as secretaria de Comunicação, Planejamento e Saúde para a compra de vales-transporte e vales-alimentação.
“A PCR destinou R$ 2 milhões, ao longo do ano, para a Secretaria de Saúde, R$ 72 mil para a Secretaria de Comunicação e outros R$ 630 mil para a Secretaria de Planejamento. Isso só para a compra de vales-transporte e alimentação para funcionários em jornada extra. Achamos esses valores muito altos e queremos maiores explicações”, argumentou o vereador Murilo Mendonça (PMDB), que irá fazer um pedido oficial de informação a PCR.

Já o vereador Heráclito Cavalcanti (PFL) não ficou satisfeito com a informação do crescimento da dívida da extinta CTTU, privatizada na gestão passada. “Tem alguma coisa errada. A dívida não era tão grande.”
Apesar da convocação pública feita pela PCR, a sessão contou com a presença de poucos vereadores. Segundo o secretário, o orçamento municipal já foi cumprido em 70% de seu total. Dos R$ 618 milhões previstos, cerca de R$ 550 já foram aplicados. Desse total, R$ 248 milhões foram arrecadados de fontes administrativas próprias (tributos municipais como IPTU e ISS) e R$ 297 milhões foram feitos através de transferências (impostos estaduais e federais).


ANULADO 13º PARA EX-PARLAMENTARES
Os mesmos líderes que assinaram o requerimento de urgência para a votação do projeto que concede 13º salário para os aposentados e pensionistas do extinto Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), decidiram ontem anular a sessão extraordinária do dia 10 que, por votação unânime, aprovou o benefício. A decisão será ratificada hoje, durante reunião do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), com todos os líderes, governistas ou de oposição. A solução política baseia-se em dois argumentos, e é encabeçada pelos líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PDT, Miro Teixeira (RJ). Conforme o acordo, para anular a votação será alegado que o projeto não estava na ordem do dia da sessão extraordinária, convocada especificamente para apreciar, em segundo turno, a emenda constitucional que cria o imposto sobre os combustíveis. Em segundo lugar, que a votação do requerimento de urgência não foi nominal, o que fere o regimento. Em resumo, segundo os deputados, houve vício de origem na votação.


Artigos

Picada de cobra
ARTHUR CARVALHO

Desculpem a emoção, mas não concebo Recife sem o Cinema São Luiz. Não se trata apenas do imóvel, tão garboso e bonito, o São Luiz integra a alma, o espírito recifense, como o fizeram durante tanto tempo a Sorveteria Gemba, os próprios cinemas Trianon, Art Palácio e Moderno, o Cineteatro Parque, a Helvética, o Savoy, a Sertã, a Rosa de Ouro, a Botijinha, os restaurantes Leite, 31, Lero-Lero, e, agora, o D. Pedro cujo proprietário, Júlio Crucho, acaba de receber, com méritos, o título de Cidadão Pernambucano, por proposta do ilustre deputado Gilberto Marques Paulo.

Em 1948 inaugurou-se o Cineteatro Rio Grande, na Praça Pio XII, em Natal. Aos domingos, o programa da moçada era pegar a matinê do Rio Grande, com chanchadas da Atlântida, bangue-bangue e melodramas mexicanos estrelados por Maria Félix, com boleros de Agustin Lara. Depois, tomava-se caldo-de-cana, no Grande Ponto, e ia-se dançar no Aeroclube, no Tirol.
No Recife, a partir de 52, o chique era a sessão da tarde no São Luiz, com terno e gravata, o chá na Casa Matos e o footing no Derby, ao crepúsculo, com desfile de brotos e carros importados, com destaque para os conversíveis de capota arriada. Os cronistas Fernando Craveiro Leite e Alex não perdiam esses acontecimentos.

Impossível citar todos os bons filmes que nossa geração assistiu no São Luiz, mas enquanto o Art Palácio e o Trianon exibiam clássicos italianos, como Ladrão de Bicicleta, e as deslumbrantes Silvana Mangano e Gina Lollobrígida, o São Luiz nos brindava com os mais famosos astros de Hollywood.

Diga-se de passagem que, durante o esplendor do São Luiz, na década de 50, Recife era considerada a terceira cidade do Brasil, a metrópole do Nordeste e uma das capitais mais limpas e bem iluminadas do mundo. Os camelôs ainda não tinham se espalhado pelas principais ruas e calçadas, havia poucos mendigos e não se falava em assalto e guerra. O Restaurante Panorâmico da AIP congregava os intelectuais e jornalistas mais importantes da província, o Carnaval do Internacional era o mais animado do País, as sextas-feiras dançantes do Cabanga sensacionais, e Boa Viagem uma praia asseada, civilizada e sem tubarão de qualquer espécie.

A Veneza Brasileira era linda e agradável. Sem arranha-céus, seu cartão-postal mais significativo era o prédio dos Correios. O Cabo da RP “Marcha Lenta”, mulato musculoso, baixo e de andar gingante, ídolo da molecada da Capunga, policiava as sessões do São Luiz, expulsando da platéia os cafajestes.
Um fato tragicamente inusitado passou despercebido da imprensa nas matérias publicadas na semana do aniversário do charmoso cinema. Muitos casais sentavam-se no canteiro defronte, à margem do Capibaribe, quando a lotação estava esgotada, fazendo hora, paquerando, curtindo a brisa fresca, o movimento dos automóveis e pedestres, a elegância dos freqüentadores da comentada casa de espetáculos. De repente, uma menina sente um beliscão na coxa e se queixa ao namorado. Este olhou pra trás, não viu nada e disse pra ela se aquetar. Veio a segunda picada, a garota deu um pulo e surge, da grama do canteiro, uma cobra coral, tida como das mais venenosas. Segundo a crônica da época, a vítima foi transportada para o Hospital do Pronto Socorro, na Fernandes Vieira, onde morreu por falta de antídoto específico.
Torço para que os poderes públicos preservem o Cinema São Luiz, patrimônio cultural e artístico da cidade do Recife.


Colunistas

Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio

Cabeça inegociável

Dias atrás, para fazer um afago no PFL e no PMDB, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ao “Globo”, sem um pingo de convicção no que estava dizendo, que o futuro candidato da base governista à sua sucessão não seria necessariamente do PSDB. Poderia ser um pefelista ou um peemedebista, disse ele, dependendo das circunstâncias. Contudo, só os ingênuos deram crédito às afirmações de S. Exa. Hoje, por mais esforço que Jarbas, Roseana e Tasso façam, em prol da unidade da base aliada com vistas à escolha de um candidato consensual, isso é praticamente impossível.

Vejamos o que disse Paulo Renato, integrante da cúpula do tucanato, amigo pessoal de FHC e poderoso ministro da Educação: “Nosso partido não abre mão da cabeça da chapa porque o PSDB é que tem a proposta de mudança do país”. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, completou: “A hipótese de o PSDB não ter candidato à presidência é algo que eu não enxergo”.
Para o bom entendedor, basta. O cabeça da chapa será tucano, de São Paulo, próximo a FHC e avalizado por Geraldo Alckmin. Ou seja, será o ministro José Serra. Tasso teria uma remotíssima chance de ser o escolhido pelo PSDB, mas apenas no bojo de uma estratégia, que ainda não está em cogitação, para esvaziar Ciro Gomes.

Gesto de altivez
O advogado Eduardo Carvalho tomou a decisão que se esperava dele. Não aceitou ser responsabilizado pelas defecções que o PPS sofreu recentemente, com os pedidos de desfiliação de Pedro Eugênio e João Lyra Neto, nem se curvou à intervenção branca na executiva do partido, que reduziria o tamanho do seu mandato, e renunciou ontem à presidência. Para sua decepção, de jovem e idealista militante, o PPS “premiou, a um só tempo, a esperteza e a subserviência”. Belo gesto.

Posição incômoda
A Câmara de Olinda realiza hoje, a partir das 10h, audiência pública sobre previdência e assistência médica dos servidores públicos municipais. O autor da proposta foi o vereador Valério Leite (PMN). Ele não se conforma com o fato de Olinda não ter implantado ainda o seu sistema próprio de previdência, quando até Mirandiba já o fez.

Primeiro lugar
Inocêncio Oliveira está carimbando o passaporte para ser reconduzido mais uma vez à liderança do PFL na Câmara. Hoje, em Brasília, ele comanda um almoço de confraternização da bancada federal para assinalar a reconquista de um troféu que se encontrava nas mãos do PSDB: o de maior bancada naquela Casa do Congresso.

Herdeiro do clã não confirma apoio do prefeito
Carlos Rabelo (PSC) ficou satisfeito com a notícia de que o prefeito de Goiana, Edval Soares (PTB), poderá apoiá-lo para a Assembléia Legislativa, mas não confirma (ainda) a informação. “O que há são especulações”, desconversou.

Papel dos vices poderá ser modificado
Tramita na Câmara Federal proposta de emenda à Constituição delegando às Câmaras de Vereadores a prerrogativa de definir as atribuições dos vice-prefeitos. O deputado-relator, Joaquim Francisco (PFL), deu parecer favorável.

Chegou atrasado
Paulo Rubem (PT) elogiou a iniciativa de Carlos Wilson (PTB) de solicitar ao TCU uma auditoria especial na transação da Celpe com a Eletrobrás, em 99, no valor de R$ 100 milhões, mas acha que o senador chegou atrasado. “Um ano atrás fiz esta mesma denúncia ao TCU e as providências estão em andamento”, disse ele.

Ao arquivo
Severino Cavalcanti (PPB) responsabilizou os líderes partidários pela aprovação, “às caladas da noite”, do projeto de resolução do Congresso Nacional estendendo o 13º salário a parlamentares aposentados, inclusive os que foram cassados. Ele considera o projeto “um absurdo” e é contra a sua promulgação.

Pela sua fidelidade ao PMDB, o deputado José Chaves foi premiado ontem pela liderança do partido. Foi escolhido relator do capítulo do OGU que trata das obras de infra-estrutura (minas e energia, transportes e comunicações). Vai pilotar a bagatela de R$ 22 bilhões, 80% dos quais das estatais, “olhando para o país mas com os pés fincados em PE”.

Em nome do PPS nacional, Roberto Freire propôs no Senado a criação de um tribunal internacional destinado a julgar os terroristas. Ele criticou os EUA pelo bombardeio ao Afeganistação dizendo que a CIA “treinou e armou” o Talibã, bem como seguidores de Osama bin Laden, contra os soldados da ex-URSS.

Diferentemente das esquerdas, que lavam suas “roupas sujas” através da imprensa, os partidos da base do governo agem de forma diferente. Brigam por espaços, xingam alguns secretários de Jarbas e a própria pessoa do governador, mas apenas entre quatro paredes. Pela imprensa, para que os adversários tirem proveito disso...nem pensar.

O XIV Congresso Nacional do Ministério Público que será aberto hoje, no Centro de Convenções, debaterá entre outros temas a questão da violência e da criminalidade. Serão palestrantes, entre outros, Sepúlveda Pertence (STF), Aristides Junqueira e o ex-secretário de segurança do Rio Luiz Eduardo Soares


Editorial

Linha Verde Metropolitana

A atual administração municipal do Recife tem tido o bom senso de dar continuidade a projetos iniciados, ou mesmo a apenas elaborados, na administração anterior. Registramos isso porque não é muito comum, entre nós, essa atitude. Mesmo quando o sucessor pertence ao mesmo partido ou coligação, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, o que ocorre comumente é o abandono de projetos, às vezes até já iniciados, para que o novo governante possa realizar as ‘suas’ obras, fazer os ‘seus’ projetos; o que significa, no mínimo, desperdício de recursos públicos. Existe já prontinho, porém, desde o governo de Roberto Magalhães, um projeto do maior interesse para a melhora da qualidade do trânsito no Recife, e que parece ter sido esquecido pelo prefeito João Paulo e sua equipe.

Referimo-nos ao Projeto da Linha Verde, que daria escoamento ao tráfego proveniente do centro e norte da cidade em direção a Boa Viagem, Zona Sul e mais além. Ele foi quase totalmente elaborado na administração passada; faltando somente alguns entendimentos com órgãos ambientais e entidades de proteção ao meio ambiente para que saísse das pranchetas. H avia uma polêmica principal que girava em torno de por onde deveria passar a nova via, se margeando os mangues ou se cortando-os por dentro com um tipo de via elevada que preservasse a intercomunicação das águas.

Com todo o respeito que merecem as preocupações e exigências de ordem ecológica, em casos como esse faz-se necessária uma intervenção numa área como a dos manguezais do Pina, desde que se busque uma compensação, acrescentando mais espaço a ser preservado e fazendo replantio. Temos criticado freqüentemente o modo desregrado de ocupação e uso do solo na nossa cidade, sem respeito a questões ambientais; o que é causa de imensos problemas urbanos, como os de trânsito, excesso de demanda de serviços, inundações. Os exageros cometidos por toda parte na cidade, na várzea do Capibaribe, em Afogados, ao longo da Avenida Caxangá, em Boa Viagem mesmo, não o foram por necessidades urbanas e, sim, por falta de planejamento e visão, do presente e do futuro.

Em artigo no Diario de Pernambuco, o governador Jarbas Vasconcelos tratou do projeto. “Seja como Linha Verde ou com outro nome que possa vir a ter, essa via costeira é (...) de fundamental importância para a Região Metropolitana, e deve ser analisada dessa forma pelos que têm sobre os ombros a responsabilidade de preparar a RMR para os desafios que estão por vir”, escreveu ele. E acrescentou com propriedade: “Entendemos que o projeto, mais que uma iniciativa da Prefeitura da Cidade do Recife, deve ser olhado como uma proposta supralocal, como uma Linha Verde Metropolitana, e que, por isso, está a requerer o entendimento e o compartilhamento de responsabilidades para se tornar concreta”.

O governador vai ao cerne da questão. Não se trata de um projeto apenas recifense; ele é metropolitano e como tal deve ser encarado e concretizado. Jarbas também dá a entender claramente que o Governo do Estado está disposto a assumir responsabilidades em sua execução. Assim, o ônus não ficaria apenas com a PCR. Mesmo porque sua concepção, além de uma etapa recifense de 6,88 km, da Cabanga ao Viaduto Tancredo Neves, tem também uma dimensão metropolitana, com mais 9 km, que o levaria até o Rio Jaboatão e a PE-28.

Outro ponto importante que o governador ressalta é que o projeto protege de invasão e devastação dois patrimônios ambientais: o Parque dos Manguezais (Recife) e a Lagoa Olho d’Água (Jaboatão dos Guararapes). O prefeito João Paulo bem que poderia cobrar e fazer valer essa parceria estadual-metropolitana, para retomar um projeto que vai contribuir muito para que a população da RMR e o transporte de mercadorias recuperem mobilidade e dinamismo, ora represados por um trânsito moroso, causa de perda de tempo e prejuízos.


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10/17/2001


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