Queiroz e Ranilson reagem ao PT







Queiroz e Ranilson reagem ao PT
Líderes do PDT e do PPS avaliam que o Partido dos Trabalhadores está se isolando nas discussões das esquerdas sobre a sucessão estadual

Os deputados estaduais José Queiroz (PDT) e Ranilson Ramos (PPS) afirmaram, ontem, que o PT está se isolando na organização das esquerdas para a sucessão estadual. A conclusão veio em resposta às declarações do prefeito João Paulo (PT) de que haveria um movimento de “conspiração e traição” contra o Partido dos Trabalhadores, nas articulações das esquerdas para as eleições de outubro.
“Não discuto a força do PT. Eles é que estão dando cor a essa questão, o que é um equívoco. O problema é que o PT, em certos momentos, se isola, dificulta entendimentos e joga na hegemonia. O PT quer ser vítima, mas não dá nesse momento”, avaliou Queiroz.

O pedetista criticou, inclusive, o comportamento do PT no episódio do seqüestro e morte do prefeito Celso Daniel (Santo André). Segundo Queiroz, a versão petista de “crime político” e “onda de violência contra os prefeitos do PT” não está se confirmando nas investigações. “O PT tentou tirar proveito da situação, mas não é o caso”, criticou.
Queiroz reafirmou a manutenção de seu nome como pré-candidato ao Governo do Estado, mas garantiu que não encabeça um palanque que não congregue todos partidos de esquerda.
Já o deputado estadual do PPS, Ranilson Ramos, foi mais incisivo contra o PT. Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores está reagindo às alianças que estão se formando – PPS e PSB já selaram um acordo – porque “não tem uma cultura de alianças”.

“O PT sempre espera que se vá até ele, nunca busca conversar. Só quando o jogo é como ele queria. É um partido que não tem cultura de aliança e tenta explicar seu isolamento responsabilizando os aliados”, disse. Para Ranilson, o PT deveria ter “humildade” e reconhecer o ex-governador Miguel Arraes (PSB) como “o único capaz de liderar as oposições no Estado”. “Porque é quem tem voto e liderança”, completou.
O prefeito João Paulo (PT) ainda tentou, logo cedo, amortecer o impacto de suas declarações. Incubiu o presidente da Câmara Municipal, vereador Dilson Peixoto (PT), da missão de esclarecer aos demais partidos de esquerda de que “foi mal interpretado pela Imprensa”.
O deputado federal Eduardo Campos (PSB) parece ter sido o único a aceitar as explicações. Campos confirmou que foi procurado pelo próprio João Paulo e lhe reafirmou a disposição do PSB de continuar discutindo a unidade das oposições.

“Se não for uma unidade eleitoral, que seja política. O que quero deixar claro é que nós não agimos para excluir absolutamente ninguém”, esclareceu, tentando justificar o avanço do PSB na aliança com o PPS.


GAROTINHO E SERRA TROCAM FARPAS
Na tentativa de ganhar mais espaço na corrida eleitoral, o pré-candidato do PSB à Presidência, governador Anthony Garotinho, elegeu ontem o ministro da Saúde, José Serra, seu principal alvo de ataques. Ele ameaçou entrar na Justiça para responsabilizar o presidenciável tucano pelo aumento dos casos de dengue no Rio de Janeiro. “Quem pariu o mosquito da dengue que cuide dele”, disse, referindo-se ao ministro. A reação de Serra foi imediata. “O governador precisa parar de se comportar como um garotinho e começar a trabalhar”, ironizou o ministro. “Se ele estivesse trabalhando em vez de ficar fazendo fru-fru e jogo de empurra, a situação no Rio certamente seria melhor”, acrescentou Serra.


Polícia recebe novas pistas no caso da morte de prefeito
SÃO PAULO - O prefeito de Catanduva, no interior de São Paulo, Félix Sahão Júnior (PT), entregou ontem à Polícia Federal (PF) elementos que podem ajudar nas investigações sobre o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT). Sahão Júnior apresentou a cópia de uma carta com ameaças que recebeu pelo correio há uma semana, supostamente enviada pela organização autodenominada Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb). A correspondência foi postada em Ribeirão Preto (SP), no dia 28, e assinada com as iniciais JB.

Sahão Júnior também levou à PF fotos de um maço de cigarros importado da Indonésia, encontrado sábado (02) num terreno baldio na região central de Catanduva. Dentro do maço, havia uma lista com nomes de dez prefeitos petistas que estariam marcados para morrer. O nome de Sahão Júnior é o terceiro da lista. Os dois primeiros, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT (Campinas), e Celso Daniel, foram executados, respectivamente, em 10 de setembro e em 20 de janeiro. Cópias da carta chegaram às prefeitas de São Paulo, Marta Suplicy, e de Campinas, Izalene Thiene (PT).

Preocupados com os assassinatos dos prefeitos e com a escalada da violência no País, entidades internacionais de defesa dos direitos humanos se mobilizam para evitar novos crimes e esclarecer os ocorridos. A violência contra políticos foi discutida no 2º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
O prefeito de Guarulhos (SP), Elói Pietá (PT), informou que uma das propostas dessa mobilização é a criação de uma fundação internacional para apoiar ações desenvolvidas no Brasil, como o esclarecimento das mortes dos prefeitos e a tomada de ações que evitem novos crimes dessa natureza.


ROSEANA GANHA REFORÇO DO PFL
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), vai se licenciar do Senado para se dedicar ao comando da campanha da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, à Presidência. O afastamento acontecerá no reinício dos trabalhos legislativos. Hoje ele se encontra com o presidente FHC para avaliar o quadro sucessório. Bornhausen vai insistir que ainda é possível uma aliança dos partidos governistas no primeiro turno e que o critério para a escolha da cabeça de chapa deve ser o desempenho nas pesquisas até maio. “Acho possível uma aliança. Se estivesse numa posição de inferioridade nas pesquisas também estaria dizendo que não abriria mão da candidatura”, comentou.


ACM LIDERA COM FOLGA AS PESQUISAS
O escândalo da violação do painel eletrônico do Senado, que obrigou Antônio Carlos Magalhães (PFL) a renunciar no ano passado, parece não ter produzido desgaste ao líder baiano. Ele continua liderando as pesquisas, tanto para o Governo da Bahia como para o Senado. Há nove meses do pleito de outubro, ele conta com 59% dos votos válidos para a eleição de governador, conforme pesquisa divulgada ontem em Salvador pelo Instituto Vox Populi. Com esse percentual, ACM venceria a eleição no primeiro turno. Para o Senado, ele tem 70% de intenção de votos, garantindo um das duas vagas em disputa. Com o seu apoio, o PFL elegeria também o segundo senador, o atual governador César Borges que obteve 62% dos votos.


Colunistas

Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio

Opção improvável
Concordando com José Jorge e Inocêncio Oliveira, o deputado Sérgio Guerra também se diz convicto de que o governador Jarbas Vasconcelos será candidato à reeleição. Não passa pela cabeça do tucanato, segundo ele, que seja do interesse do governador implodir a aliança que ora governa Pernambuco, dado que somente ele e mais ninguém reúne as condições políticas para conservá-la unida.

Mas o secretário afirma também que o desejo do ministro José Serra é tê-lo como candidato a vice-presidente, por pelo menos quatro razões, a saber: a) seria um nome consensualmente aceito por todos os líderes do PSDB; b) é oriundo do Nordeste, o que contribuiria para desfazer a imagem de que o ministro da saúde tem horror a esta região; c) tem origem na esquerda e, finalmente d) passa a impressão de que seria um vice altivo e disposto a brigar pelos nordestinos.

Teoricamen te as razões têm sua lógica, mas em se tratando de PMDB não dá para armar estratégia nenhuma, particularmente para uma eleição presidencial, porque o partido não tem comando e hierarquicamente não funciona. Cada chefe de secção estadual fala por si e fica tudo por isso mesmo. Se o desejo do ministro Serra é realmente este, ele que trate logo de procurar outro nome.

Vítima da insegurança
Convidada pelo governo do Rio Grande do Sul para participar, em Porto Alegre, do 2º Fórum Social Mundial, a prefeita de Olinda, Luciana Santos, do PCdoB, passou por momentos desagradáveis. Ladrões levaram-lhe a bolsa com todos os documentos, o telefone celular e uma máquina fotográfica. O Rio Grande é governado por um petista (Olívio Dutra) mas na hora de escolher as suas vítimas os bandidos não levam em conta a questão partidária, não.

Fica com quem?
Com quem ficará o prefeito Tony Gel (PFL) para a Câmara Federal? Este foi o assunto mais discutido, sábado, em Caruaru, pelos políticos que compareceram ao 2º Baile Municipal. Afinal de contas, de 10 a 12 mil votos encontram-se em jogo. André tem a simpatia de Marco Maciel mas Inocêncio é quem mais o ajuda através de recursos do OGU.

Primeiro confronto
Depois de cinco décadas caminhando juntos, Arraes (PSB) e Brizola (PDT) estão à beira de um confronto e o pivô da briga é Anthony Garotinho (PSB). Em matéria paga nos jornais do Rio, o chefão do PDT chama o governador de “traidor”, acusando-o de ter levado o PSB, “com Arraes e tudo”, para militar no campo da direita.

Tucanato quer explicações sobre ônibus elétricos
Pedro Eurico (PSDB) dará prazo à Prefeitura do Recife para fornecer explicações sobre os cabos de cobre dos ônibus elétricos que a CTTR está desativando. Eles valem, no peso, R$ 6 milhões. Se não derem, irá ao Ministério Público.

Ex-prefeito deixa a cama e volta a trabalhar
“Estou ótimo”, respondeu ontem Roberto Magalhães (PSDB) após ficar cinco dias no “estaleiro” acometido pela dengue. Liberado pelo filho, Robertinho, que é médico, participou domingo da festa de aniversário de uma neta.

Sem a cara do pai
Ministro da Justiça de Sarney, Fernando Lyra (PPS) é um dos poucos líderes da oposição que não subestimam Roseana (MA). “A oposição quer que ela seja PFL e a cúpula desse partido, também. Mas ela sabe o que está fazendo e não quer ter a cara de pefelista. Tanto que resolveu criar o movimento Roseana Brasil”.

Santa candidatura
Uma das inovações das eleições deste ano é a chamada “cláusula de barreira”. Isto é, partidos que não obtiverem pelo menos 5% dos votos nacionais para a Câmara Federal perderão o fundo partidário e o tempo de televisão. Vista por essa ótica, a candidatura de Garotinho (RJ) será a salvação do PSB.

De todos os ministros de FHC, o único, mas o único mesmo, que não usa telefone celular é José Jorge (minas e energia). Ele diz que quem precisar falar com ele deve discar para a sua residência, o seu gabinete ou o seu escritório, que uma de suas secretárias o localizará. Telefone móvel, que não o deixa trabalhar sossegado... nem pensar.

Dado o confronto Serra x Roseana, a aliança tucano-pefelê, em PE, corre o risco de fraturar-se. Como o projeto maior do PFL é a eleição de Marco Maciel, para o Senado, casada com a de Jarbas Vasconcelos, o partido terá o máximo de cuidado para não contrariar o governador. Depois de Marco eleito...

Mesmo que formalmente adira a Serra, o PMDB marchará dividido na eleição presidencial. São potenciais dissidentes da candidatura tucana: Quércia (SP), Itamar (MG) e os senadores Maguito Vilela (GO) e Roberto Requião (PR). Candidatura própria, como quer Raul Jungman, é ficção, porque nenhum dos pré-candidatos empolga o partido.

Toma posse hoje, pela 3ª vez, como homem de confiança de Fernando Rodovalho (Jaboatão), o delegado de polícia Ricardo Varjal. Ele passou pelas Secretarias do Governo e da Administração mas teve a cabeça cortada na reforma de outubro. Está voltando ao 1º escalão como chefe de gabinete do prefeito


Editorial

As armas da violência

Todos os brasileiros de bem devem se integrar na campanha ainda tímida, mas já funcionando em várias cidades, para exigir do Governo um fim à onda de violência e criminalidade cada vez mais atrevida, que diariamente ocupa as páginas dos jornais e o noticiário do rádio e da televisão. Espera-se que a ação substitua o discurso, e os bandidos sintam, enfim, que ainda vivemos num País governável pelos que foram eleitos para isso.

Não parece ter sido esta uma boa hora para a promulgação de uma Lei, a de nº 10.259, em vigor há um mês, que extingue a prisão em flagrante por porte de armas, exceto as privativas das Forças Armadas. Não que ela esteja errada em seus fundamentos, mas por dar aos criminosos uma idéia adicional de impunidade. Aqui em Pernambuco, ela veio anular - por ser federal - a Lei estadual nº 9.099, de 1997, editada para criar os Juizados Especiais Criminais, e que julga passível de prisão a condução de armas de fogo, enquadrada entre os crimes com penas a partir de um ano.

O nosso Estado foi considerado o mais violento do País, em pesquisa patrocinada pelo Ministério da Saúde que revelou 58,77 mortes violentas por 100 mil habitantes, superando, portanto, o Rio de Janeiro (55,52) e São Paulo (39,64).

Acossado pela opinião pública, que não se conforma com esses índice, o governo de Pernambuco, através da Secretaria de Defesa Social, baixou portaria, no dia 25 de janeiro, mantendo a prisão em flagrante por porte ilegal de armas, nos limites do Estado. Mas, isso motivou logo um debate, e advogados já ameaçaram brigar na justiça pelo direito dos seus clientes que portam armas, mesmo sem a prévia autorização da Polícia.

As estatísticas sobre a violência no Brasil ainda são pouco confiáveis. Os dados globais sobre crimes cometidos com armas de fogo estão em geral defasados em cinco anos. Afirma-se que a incidência desse tipo de artefato pulou de 43,6%, em 1980, para 59%, em 1996. A grosso modo, estima-se que, atualmente, 80% dos assassinatos no Brasil são cometidos com armas de fogo.

A nova legislação federal que extingue a prisão em flagrante pelo porte de armas, à exceção daquelas privativas das Forças Armadas, parece a muitos contrariar frontalmente o Programa Nacional de Segurança Pública, anunciado com toda pompa pelo presidente da República, em junho de 2000. Entre os itens prioritários desse plano, consta o “desarmamento e controle de armas”. O governo tinha enviado ao Congresso, em 1999, um projeto de lei limitando a comercialização de armas de fogo no Brasil, mas o poderosíssimo lobby dos fabricantes não admite ver a proposta aprovada. E até hoje ela não foi votada.

Mais armas nas mãos da população significa mais armas nas mãos dos bandidos, que não vão às lojas comprá-las. As que as quadrilhas usam, ou foram roubadas das “pessoas de bem” que, com elas, pensam estar garantidas, ou tomadas dos vigilantes, nos assaltos, além, é claro, daquelas conseguidas através do contrabando.

Ainda assim, é necessário reduzir a oferta de armamentos, controlando a sua comercialização. Mas, é preciso sobretudo desarmar. A legislação brasileira sempre foi branda com os assassinos potenciais, ao contrário, por exemplo, da legislação japonesa, que penaliza com até 15 anos o porte de arma. Se a Lei nº 10.259 não for reformulada, poderá ser dito que o Governo Federal responsabiliza os governadores dos Estados pela criminalidade, em seus limites específicos, e ao mesmo tempo acena com liberdade para os que se preparam para o crime, usando as mesmas armas utilizadas pelos marginais, num momento em que a criminalidade que já se constitui em uma ameaça à segurança nacional.

Deve-se cobrar m ais coerência entre o discurso e os atos da administração pública, também no terreno da luta contra o crime, que hoje avulta como um dos maiores problemas do País e de alguns Estados da Federação.


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02/05/2002


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