Piratini e oposição preparam duelo final







Piratini e oposição preparam duelo final
Presidente da comissão prevê final tranqüilo para trabalhos, e governistas anunciam pedido de nova CPI

Tranqüilidade ou confronto. Enquanto o presidente da CPI da Segurança Pública, deputado Valdir Andres (PPB), aposta na primeira possibilidade para a última sessão da comissão, os representantes do PT, deputados Ronaldo Zülke e Ivar Pavan, vêem a segunda como mais provável.
A sessão, prevista para as 9h de amanhã, servirá para leitura e votação do relatório do deputado Vieira da Cunha (PDT).
Andres prevê que as três etapas da reunião – leitura do relatório, discussão e votação – serão realizadas dentro do prazo de duração de uma sessão legislativa, quatro horas. Se o tempo exceder esse limite, Andres diz que será necessário acertar prorrogação da sessão ou marcar nova reunião.

Vieira da Cunha anunciou que, se depender dele, “a apresentação do texto começará pontualmente às 9h”. O parlamentar está debruçado desde as 14h20min de sábado sobre a peça que resumirá suas conclusões sobre a investigação iniciada em abril.
Para ser aprovado, o relatório precisa ter maioria simples de votos – sete dos 12 integrantes da comissão. Caso obtenha maioria, o texto segue para a Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Andres está confiante de que o documento será encaminhado amanhã:
– Acho que, até o dia 10 de dezembro, o relatório será votado em plenário.
Também no plenário, a aprovação do relatório se dá por maioria simples – 28 votos – dos 55 deputados do Legislativo gaúcho.

Além de votar contra o relatório da CPI da Segurança Pública, os deputados Ivar Pavan e Ronaldo Zülke, representantes do PT na comissão, prometem exigir a instalação de uma nova CPI para investigar o financiamento das campanhas eleitorais de todos os partidos.
– Não vamos ouvir calados – assegura Pavan, líder do governo na Assembléia.
De acordo com Pavan, a CPI não teria cumprido o objetivo de investigar os problemas da segurança pública no Estado e teria dado mais credibilidade a supostas provas obtidas de forma ilícita do que à investigação da relação de policiais com a contravenção:
– Delegados vieram até esta Casa afirmar que, agora, esses recursos estariam beneficiando obras sociais do governo gaúcho. Por que a CPI não aprofundou essa investigação? Porque sabem que o dinheiro não foi para o governo e têm medo, ou não querem saber onde está.

Apesar de negar a existência de um relatório paralelo ao de Vieira, Pavan disse que o PT irá informar a sociedade do que foi a CPI:
– Esta comissão nasceu através de um documento fraudado, negligenciou os problemas da segurança, descumpriu ritos e tratou testemunhas como réus.
O PT vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos 55 deputados estaduais, e os integrantes da bancada do partido darão o exemplo abrindo mão de seus sigilos.
– Queremos a quebra das contas de todos. O assunto não vai parar nesta CPI. Para nós, não há problema em sermos transparentes. Se houver alguma irregularidade, vamos punir. Quero ver se os outros partidos vão fazer isso também – disse o vice-presidente estadual do PT, Paulo Ferreira.


Diógenes deixa Hospital de Clínicas
Depois de uma semana de internações em dois hospitais, o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira, deixou ontem a Ala Psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Segundo o psiquiatra Rogério Wolf Aguiar, às 18h foi feita uma reavaliação da saúde do paciente.
Com esse procedimento, o médico avaliou que Diógenes apresentava condições de sair do hospital. Aguiar informou que o tratamento foi à base de repouso e uso de tranqüilizantes.
– Constatamos que ele estava com um quadro agudo de estresse, com repercussões físicas – disse Aguiar.

Diógenes saiu com familiares do Hospital de Clínicas por volta das 19h30min, o médico não soube informar para onde o paciente se dirigiu.
A casa de Diógenes na Rua Lopo Gonçalves, bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, permanecia na noite de ontem com as janelas fechadas e as luzes apagadas. Vizinhos disseram não ter visto nenhum movimento até as 22h30min.
O presidente da CPI da Segurança Pública, deputado Valdir Andres (PPB), se disse surpreso com a alta da testemunha-chave das investigações da comissão:
– Foi estratégico. Ele ficou recolhido até que não houvesse mais prazo para que fosse notificado para voltar a depor.

Para tomar um novo depoimento de Diógenes, a CPI teria de notificá-lo com 48 horas de antecedência. O depoimento do presidente do Clube da Cidadania no dia 5 foi interrompido em razão de um mal-estar.

A CRONOLOGIA
• Durante seu depoimento à CPI da Segurança Pública da Assembléia na segunda-feira, o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira, passou mal e foi levado para o Instituto de Cardiologia (IC).
• O médico da Assembléia Legislativa Carlos Magno atestou que Diógenes teve taquicardia e pressão alta (17 por 11). O depoimento foi suspenso sob protestos dos deputados de oposição, que insistiam em ir até a casa de Diógenes – mesmo sem ele – em busca da lista de amigos que teriam contribuído para um empréstimo de R$ 80 mil para o clube.
• Diógenes sentiu-se mal momentos depois de concordar em conduzir os deputados até sua residência para buscar a lista. A relação foi tema de discussão durante a audiência.
• Horas antes, Diógenes e os parlamentares haviam acertado que o documento seria entregue na manhã de terça-feira, mas a combinação foi substituída pela ida da comissão até a residência da testemunha.
• Na quinta-feira, Diógenes fez um teste ergométrico. O resultado do teste, que consiste em andar de oito a 10 minutos em uma esteira rolante que progressivamente aumenta o ritmo, foi considerado normal.
• Os médicos disseram que o paciente “não tem evidências de isquemia miocárdica e tem condições de alta cardiológica".
• Diógenes teve alta quinta-feira, mas permaneceu no IC até sexta-feira, de onde foi transferido para a ala psiquiátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
• Ontem, Diógenes recebeu alta do Hospital de Clínicas.


ACM cumpre roteiro em Brasília
Sucessão de FH é um dos assuntos

Depois de quatro meses, o ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) retorna hoje a Brasília.
No início da tarde, ACM se reunirá com integrantes da bancada baiana e do PFL para conversar sobre o crescimento nas pesquisas de intenção de voto da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, à Presidência da República.
O encontro será no gabinete que ele ocupou até maio, quando renunciou para não ter o mandato cassado por violação do painel eletrônico do Senado.

Um dos primeiros a incentivar a candidatura ao Planalto do governador do Ceará, Tasso Jereissatti (PSDB), ACM assegurou que está comprometido com Roseana, embora continue achando que, se tivesse de escolher um nome fora de seu partido, ficaria com Tasso, de quem é amigo.

Quanto a seu futuro político, o ex-senador disse que ainda não sabe se vai concorrer ao governo do Estado ou se disputa novamente uma vaga ao Senado. ACM visitará as obras de uma casa que mandou construir no Lago Sul e onde pretende morar se retornar ao Senado. À noite, comparecerá ao Colégio Objetivo, onde será inaugurado um teatro com uma peça estrelada pela atriz Marília Pera.


Ciro critica pré-candidatura de Aécio
Nome de deputado foi lembrado por FH

Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PPS, disse ontem, em São Paulo, que o lançamento do nome do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), para a Presidência “é só um sintoma de que há uma desagregação grave” no PSDB.
O nome de Aécio foi citado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, domingo, nos Estados Unidos.
– A confusão do lado de lá é tão grande que eu prefiro comentar apenas o último passo – afirmou, referindo-se ao nome de Aécio.
– Eu não vou me desgastar comentando passo um, passo dois, passo três, passo quatro, passo atrás ou à frente – afirmou, referindo-se aos nomes que vem sendo cotados dentro do PSDB para a sucessão de Fernando Henrique.

Ciro Gomes participou ontem de um almoço na casa do deputado estadual Campos Machado (PTB). O encontro contou com a presença de cerca de 60 parlamentares petebistas e do PPS. Segundo Ciro, o almoço formaliza a aliança que os dois partidos farão para a eleição presidencial.
Ciro voltou a criticar o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que o petista é “inexperiente e que não pode ficar sonhando com uma candidatura única das esquerdas no primeiro turno”.
– O líder das pesquisas e o líder do principal partido de esquerda não pode sonhar, tem de agir – disse Ciro.
Ele sinalizou que uma coligação com o PT só seria possível no segundo turno.


Estado de Célio de Castro é estável
Lula e Ciro Gomes devem visitar prefeito no hospital hoje

Internado há cinco dias, o estado de saúde do prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro (PT), se mantém “estável do ponto de vista clínico e neurológico”.
De acordo com o último boletim médico divulgado até as 23h de ontem pelo Hospital Mater Dei, a medicação responsável pelo coma induzido foi suspensa, mas a sedação persistirá até que ocorram condições para interrupção da ventilação. Médicos do prefeito iniciaram ontem a redução da medicação indutora do coma. Célio permanece internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI).

Célio foi vítima de uma isquemia cerebral (falta de irrigação sanguínea), com surgimento de um coágulo, que teve como conseqüência o aumento da pressão intracraniana e foi operado às pressas na quinta-feira. Após a cirurgia, médicos induziram o coma de Célio, mas somente após esse período será possível fazer uma melhor avaliação do quadro clínico do prefeito e saber se haverá alguma seqüela.

Depois de sentir vertigens e intenso mal-estar em sua residência, na quarta-feira da semana passada, o petista foi internado para a realização de exames. Durante a madrugada, o quadro clínico piorou: o prefeito teve parte da face e do corpo paralisada, o que levou os médicos a realizarem a cirurgia.

Ontem, a movimentação de pessoas no local ficou restrita a familiares de Célio de Castro. Um novo boletim médico deverá ser divulgado às 11h de hoje.
Ontem, durante encontro do PT mineiro, o prefeito foi homenageado. Na reunião, os petistas aprovaram, com 80% dos votos, proposta de eventual aliança do PT com o PL em Minas Gerais.

Essa é a terceira internação do prefeito esse ano. Em fevereiro, Célio tratou por nove dias uma pancreatite e, em abril, acometido de uma pneumonia, permaneceu no hospital por duas semanas.
Hoje, o presidente de honra do PT e candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar familiares do prefeito no hospital. Também o candidato Ciro Gomes (PPS), que tem agenda em Belo Horizonte, deve prestar solidariedade aos parentes de Célio, de quem é amigo.


TRE protela definição sobre novo governador do Estado
Advogados de Mão Santa pedem que seja feita uma nova eleição

Uma semana depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar o mandato do governador do Piauí, Francisco Moraes, o Mão Santa (PMDB), o Estado ainda não sabe como será escolhido o novo governador.
Somente na semana que vem é que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vai decidir se diploma o senador Hugo Napoleão (PFL), segundo colocado no pleito de 1998, ou se convoca uma nova eleição.

O tribunal fez a recontagem dos votos, mas o resultado publicado nesta segunda-feira não é definitivo. O documento não aponta nem vencedor e nem vencido. O senador Hugo Napoleão (PFL) teve 613.331 votos ou 100% dos votos válidos, descontados os nulos, brancos e os obitdos por Mão Santa, cassado pela Justiça. Computado o total de votos, o percentual de Napoleão é de 46,89%. A soma dos votos anulados com a cassação do governador e dos votos nulos (680.231), corresponde a 52,01%. Os brancos (14.446) representaram 1,1%.
Além de pedir que o TRE realize uma nova eleição, os advogados de Mão Santa recorreram junto ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a cassação seja suspensa.
– O que houve foi uma injustiça e ela será reparada – disse o ex-vice-governador Osmar Júnior (PC do B).

O advogado de Hugo Napoleão, Torquato Jardim, disse ontem que a diplomação de seu cliente “é apenas uma questão de tempo”, porque, segundo ele, não haveria outra saída do ponto de vista legal e constitucional.
Enquanto se trava a batalha jurídica que envolve pelo menos 10 advogados, o governador interino, Kleber Eulálio (PMDB), presidente da Assembléia Legislativa e aliado de Mão Santa, reuniu secretários para determinar a paralisação de todas as obras do governo estadual.
A prioridade será o pagamento de servidores e o custeio dos órgãos públicos. Eulálio foi à ontem à tarde para Esperantina, distante 280 quilômetros de Teresina, para inaugurar uma penitenciária e uma escola, numa festa que os aliados de Mão Santa organizaram para servir de “desagravo” ao ex-governador.


Artigos

Mancha na bandeira da ética
JÚLIO FLORES

Nos últimos anos, a direção do PT abriu mão da independência de classe. E o PT passou a ser o partido dos que governam para todos, dos que pegam dinheiro de qualquer um, seja trabalhador ou patrão.
Quando a direção do PT passou a defender alianças políticas e parcerias com setores “progressistas” da burguesia, representados pelo PDT, outras vezes pelo PSB, e em alguns casos até com alas do PMDB, abriu precedente para que alas do partido e militantes se utilizem dos mesmos métodos da banda podre da política.

A ética, que passou a ser a principal bandeira da direção petista, começa a ficar comprometida porque é impossível ter uma ética diferente da burguesia e do capitalismo se o PT cada vez mais depende materialmente do Estado burguês, das contribuições dos cofres dos empresários. A parceria política com alas do empresariado também contamina moralmente as fileiras petistas e suas reservas morais.

Para evitar novos casos como o rolo do Clube da Cidadania é preciso muito mais do que expulsar das fileiras petistas o senhor Diógenes

O governador Olívio falou que a sustentação do PT deveria voltar a se dar somente através das contribuições dos filiados, conforme prevê o estatuto partidário. Valdir Bohn Gass, presidente municipal do partido, vai no mesmo sentido: “Temos que adotar critérios transparentes de arrecadação e prestação de contas interna, que evitem esse tipo de problemas que estamos enfrentando hoje”.

Tanto Olívio como Valdir Bohn Gass fazem um raciocínio meramente financeiro, administrativo, não considerando as finanças um desdobramento da política e dos princípios partidários. De nada adianta o PT seguir tendo em seus estatutos a sustentação através da contribuição dos filiados se a direção petista é a primeira a quebrar o estatuto, aceitando dinheiro dos empresários para sustentar campanhas eleitorais.

Sendo assim, para que o PT volte a ser sustentado apenas por seus filiados, como sugeriu Olívio, é preciso que a direção do partido, a começar pelo próprio governador, reveja toda a sua política de parcerias, alianças e conciliação com setores da burguesia; que volte a defender e praticar uma política classista. Que a direção petista e o próprio governador voltem a se submeter às instâncias de base do partido e aos movimentos sociais. Que os parlamentares, governadores, prefeitos e demais figuras sejam porta-vozes da política da militância e não da sua própria. Ou seja, para que o PT volte a ser autofinanciado, é preciso voltar a ter a política classista. Que se volte a privilegiar a luta direta em detrimento da legalidade e institucionalidade.

Para evitar novos casos como o rolo do Clube de Seguros da Cidadania é preciso muito mais do que expulsar das fileiras petistas o senhor Diógenes. É preciso mais, inclusive, do que tornar transparente as finanças internas, como sugeriu Bohn Gass. É preciso mudar a política, as parcerias, o método da direção petista. A política da direção do PT começa a sujar a bandeira do partido na vala comum da lama dos partidos e políticos da burguesia. À base petista que ainda acredita num partido diferente cabe a tarefa de começar a construir um novo partido, que resgate o PT das origens.
Se Olívio quer de fato “moralizar” o PT, tem que mudar o curso do seu governo rompendo o pagamento da dívida com FH, construindo uma frente classista ao redor da candidatura de Lula para aplicar um programa anticapitalista e de ruptura com o imperialismo.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Posição privilegiada
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, ganhou esta semana a capa de três revistas de circulação nacional – Veja, Carta Capital e IstoÉ/Gente –, além de receber generosos espaços na mídia diária. Não é sem motivo. A última pesquisa eleitoral CNT-Sensus deu a Roseana Sarney um surpreendente segundo lugar com quase 20% da preferência do eleitorado de norte a sul do país, superada apenas pela candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que continua na liderança. A governadora do Maranhão é o fato novo na política brasileira. Seria simplista demais atribuir a performance eleitoral da governadora apenas ao excelente programa do PFL transmitido no horário gratuito de TV, no qual a condição feminina foi bem explorada.

Os testemunhos pessoais de Zélia Gattai, Joãosinho Trinta e Ferreira Gullar, cujas biografias dispensam apresentações, reforçaram o objetivo de popularizar, no melhor estilo, a imagem de uma mulher que venceu preconceitos e conquistou seu próprio espaço pelas suas virtudes pessoais. O sobrenome ajuda, confirmou Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, para quem o governo do pai com o Plano Cruzado permanece na memória do povo como uma iniciativa boa, embora a inflação no período tenha batido nos 80% ao mês. O crescimento da candidatura de Roseana traz também muita dor de cabeça para ela e alegria para o PFL. Diz-se que na política o pior adversário é o aliado mais próximo. A governadora deve saber disso. Parte do PSDB que quer continuar a aliança com o PFL em 2002 acha que a governadora é a vice ideal da chapa encabeçada por um tucano. A outra parcela prefere uma composição com o PMDB que, por sua vez, também corteja Roseana. Mas é exatamente o PSDB de FH que está assustado com a performance eleitoral da governadora do Maranhão.

Mas o jogo está recém começando. A presença do presidente da Câmara, Aécio Neves, na comitiva de Fernando Henrique Cardoso na recente viagem aos Estados Unidos foi a exteriorização do desejo de FH de embaralhar um pouco a disputa interna no PSDB que vinha suscitando preocupações por causa das brigas entre o governador Tasso Jereissati, do Ceará, e o ministro da Saúde, José Serra. FH, ao prestigiar Aécio, quis apenas dizer aos seus correligionários que o partido tem mais opções.


JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10

Segurança salvou a CPI
Quem acompanhava pela TVCOM a transmissão de Oziris Marins tinha a impressão de que a qualquer momento haveria um incidente grave na CPI, com os deputados trocando tapas e socos. A bancada governista tentou, sem sucesso, provocar um conflito que retirasse as condições políticas para o prosseguimento dos trabalhos, aproveitando as transmissões ao vivo em ambiente nervoso. Só a atuação firme dos agentes da seguraça da Assembléia, evitando que os deputados se tocassem, permitiu que a CPI concluísse seus trabalhos.
Habilidade – Atuando numa Casa política com 56 deputados de uma dezena de bancadas, um agente da segurança não pode usar da força contra os representantes do povo. Procuram se interpor, sem tocar, sem conter, sem bater, sem empurrar. Afinal, todos são patrões.
Desculpas – Diante dos holofotes, Ronaldo Zülke, Maria do Rosário, Jussara Cony e José Gomes eram os mais inflamados. Gomes chegou a ofender um segurança. Constrangido, mais tarde pediu desculpas. O controle ficou mais difícil com a parcialidade da Mesa, formada pela oposição.

Eminência parda
Chefe de gabinete do secretário da Segurança, Isabel Freitas compareceu ao plenarinho, acompanhada de dois seguranças, permanecendo atenta durante todo o pronuncimaento de José Paulo Bisol. De perfil revolucionário, já foi estrategista de invasões no MST. Conhecida entre as facções mais à esquerda como Rosa Luxemburgo, Isabel é quem opera a Segurança no Estado junto com Lauro Magnago. É impressionante sua força junto ao gabinete do governador.

Faixa de Gaza
A operação policial com relação a jogo do bicho não envolveu nenhuma região onde o delegado Araújo, atual chefe de Polícia, foi delegado titular (São Borja, Santa Cruz e Vacaria).
Apenas uma coincidência ou porque todos os envolvidos já tinham sido presos e processados?

Contra corrupção
Será realizado amanhã, às 18h, um ato contra a corrupção e pela transparência na política no RS.
Uma promoção dos diretórios dos partidos de oposição, proposta por Hugo Mardini (PPB), para a Esquina Democrática.

CPI da Propina
Chefe da Casa Civil, o deputado Flávio Koutzii ganhou projeção – e assegurou a reeleição – com destacada atuação na CPI da Propina, quando enfrentou uma bancada governista bem mais comportada do que a do PT de hoje. Os deputados João Luis Vargas e Athos Rodrigues, do PDT, dois gentlemans, comandavam a defesa do governo Collares, que foi trucidado.
• Ícone – Em 1993, Jair Krischke era um verdadeiro ícone do PT.
• Retaguarda – Koutzii teve atuação discreta nos momentos mais agudos da CPI envolvendo o governo Olívio. Como chefe da Casa Civil e coordenador político do governo, deveria estar na linha de frente.
• Testemunhas – Renilda da Silva e o surfista Reginaldo Vanim tiveram papel destacado na CPI da Propina.

Reforma moderniza Assembléia
Será votada hoje à tarde pelo plenário a reforma administrativa da Assembléia 34 anos depois da última mudança. Serão apreciados dois projetos de resolução e um projeto de lei, este dependendo de sanção do governador.
Coordenador da reforma, Claudio Manfroi, que passará a ser o superintendente-geral dentro do novo organograma, fez a costura com entidades de classe e com os deputados,
– O objetivo é privilegiar a atividade parlamentar, dando todas as condições de trabalho ao deputado e valorizando a atividade fim – observa Manfroi, preocupado em aproximar mais o parlamento da sociedade.
Sérgio Zambiasi acerta os detalhes finais hoje em reunião da Mesa com os líderes.
• Equilíbrio – Uma voz serena destoou do bate-boca, dos gritos e das intervenções arbitrárias e agressivas na CPI da Segurança: a do deputado Germano Bonow (PFL). Médico sanitarista, demonstrou que mesmo num momento de grande tensão é possível fazer política com educação, elegância e cavalheirismo. Sem abrir mão de convicções e sem deixar de se indignar diante das mazelas da política.

Faixa de Gaza
A operação policial com relação a jogo do bicho não envolveu nenhuma região onde o delegado Araújo, atual chefe de Polícia, foi deleg ado titular (São Borja, Santa Cruz e Vacaria).
Apenas uma coincidência ou porque todos os envolvidos já tinham sido presos e processados?

Contra corrupção
Será realizado amanhã, às 18h, um ato contra a corrupção e pela transparência na política no RS.
Uma promoção dos diretórios dos partidos de oposição, proposta por Hugo Mardini (PPB), para a Esquina Democrática.

"O PT perdeu a virgindade"
Senador Pedro Simon, em debate promovido pelo DCE da PUC

Mirante
• Deputado Júlio Redecker retornou no vôo presidencial do período de estudos nos EUA. Reassume o mandato no final do mês.
• Darcisio Perondi, vice-líder do governo, foi o único convidado do presidente FH na visita aos EUA, além do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB).
• Aécio disse a Perondi que vai concorrer a governador de Minas. Pretende queimar esta etapa antes de sonhar com vôos mais altos.
• A julgar pelos depoimentos dos doadores do Clube da Cidadania, o Banrisul vai quebrar. Ninguém mais usa cheque. Mais: é impressionante o que tem de companheiro com dinheiro vivo – e muito vivo – em casa.
• O vereador Nereu D’Ávila (PDT) propôs o prêmio Honra ao Mérito a Brizola, como desagravo pelas denúncias sobre seu patrimônio publicadas na revista Veja. Brizola culpa o PT e seu filho José Vicente pelas acusações.
• Sobre Rosa Luxemburgo (1870-1919), citada no texto ao lado. Teórica marxista e revolucionária alemã de origem polonesa, fez parte do grupo Spartakus. Redigiu o programa do Partido Comunista Alemão.
• Série de fotos com caras e bocas de Bisol publicadas ontem na coluna são de Paulo Dias.


Editorial

A CPI e os excessos

Às vésperas da divulgação do relatório final da CPI da Segurança, que vem monopolizando as atenções da opinião pública rio-grandense, o maniqueísmo e a rivalidade política sem limites ameaçam a seriedade do processo investigatório patrocinado pela Assembléia Legislativa. De um lado, há as tentativas de quem se aproveita do episódio para hiperdimensionar fatos ainda não de todo conhecidos. De outro, há um esforço maldisfarçado para acobertá-los e para impedir, inclusive por meio de manobras judiciais, que provas integrantes da investigação cheguem ao conhecimento do público ou venham a constar dos autos. Do ponto de vista estritamente político, são ações compreensíveis, mas que se tornam deletérias quando põem em risco a austeridade dos trabalhos e a busca da verdade, que precisam se sobrepor a quaisquer outros interesses.

Os rumos imprevisíveis tomados pela comissão e o ineditismo das denúncias apuradas deram origem a um foco explosivo de tensões entre acusados e acusadores, que acabou vitimando pressupostos democráticos como o diálogo, o respeito a regras mínimas de convivência política e até mesmo de educação. Ao abordar denúncias e suspeitas que atingem em cheio a credibilidade de um partido visceralmente comprometido com a ética, a comissão assumiu um clima de guerra que só não colocou em risco a isenção dos trabalhos porque prevaleceram a experiência e a serenidade de alguns de seus integrantes. A ampla repercussão registrada pela CPI e o esforço desempenhado pelos meios de comunicação para que a sociedade pudesse acompanhá-la minuciosamente confundiram certos parlamentares, que em muitos momentos deixaram de cumprir suas atribuições para protagonizar um triste espetáculo de agressividade. Pelo menos serviu para o eleitorado conhecer melhor seus representantes.

Enganam-se os parlamentares que vêem na CPI apenas um palco
para brilhaturas ou para espertezas

Nos últimos dias, na medida em que a proporção das denúncias superou todas as previsões, a população voltou a se defrontar com um clima típico de campanha, como se a necessidade de apuração rigorosa dos fatos fosse menos importante do que o confronto entre projetos políticos. Nesse embate, não foram raros os momentos em que, infelizmente, os defeitos acabaram se sobrepujando às qualidades do regime democrático – dentro e fora do ambiente de investigações.

Algumas atitudes observadas nas últimas sessões da CPI são incompatíveis com a tradição política do Legislativo rio-grandense, entre as quais o bate-boca descontrolado entre parlamentares, as ameaças de confrontação física, as acusações infundadas, as tentativas de chantagem, os prejulgamentos e as generalizações destinadas a colocar instituições sob suspeita. Uma investigação parlamentar delicada como essa só pode produzir o efeito desejado pela a sociedade se for conduzida sob regras claras, com transparência e com absoluta seriedade. Enganam-se os parlamentares que vêem na CPI apenas um palco para brilhaturas ou para espertezas. É, na verdade, uma janela para o eleitor acompanhar com mais atenção o desempenho dos seus representantes – e também ele fazer o seu próprio julgamento.


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11/13/2001


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