PMDB elege Temer e reforça tese da candidatura própria



PMDB elege Temer e reforça tese da candidatura própria Partido sai de mais uma convenção tensa mantendo o discurso dúbio em relação ao Governo FHC. Mesmo assim, a tese da candidatura própria foi reforçada e foi fixada data para a realização de prévias: 20 de janeiro BRASÍLIA – O deputado federal Michel Temer (SP) foi eleito ontem presidente do PMDB em mais uma tensa convenção nacional do partido, na qual houve golpes regimentais e muitos ataques verbais. O confronto físico das claques governista e itamarista ocorreu principalmente entre os caciques da sigla, que trocaram empurrões e xingamentos. Candidato da ala governista, ligada ao presidente Fernando Henrique Cardoso, Temer venceu com 411 votos contra 244 do senador Maguito Vilela (GO), seu concorrente e defensor da candidatura presidencial do governador de Minas, Itamar Franco. Houve 12 votos em branco e 6 nulos. No total, foram registrados 673 votos. Para efeito de cálculo da proporção que cada grupo terá no Diretório Nacional do partido, valem apenas os votos nas chapas – total de 655. Com isso, a vantagem de Temer dá ao seu grupo 63%. Maguito ficou com 37%. A expressiva vitória dos governistas favorece FHC, mas o PMDB ainda manterá uma relação dúbia com o Governo e o PSDB. Apesar de ainda haver margem para uma aliança com os tucanos em 2002, o discurso público dos peemedebistas é de que terão candidato próprio a presidente da República no ano que vem, tese que recebeu hoje 542 votos. A prévia para definir o candidato peemedebista foi motivo de um golpe baixo de Maguito, segundo o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). A Executiva do partido decidira fazer um consulta apenas sobre a possibilidade de prévia, marcando a data para 20 de janeiro. Mas uma manobra de Maguito levou à impressão de duas cédulas. Uma ao molde da Executiva, controlada pelos aliados de FHC, e outra com as opções de 20 de janeiro e de 21 de outubro. Venceu a opção de 20 de janeiro. O resultado foi de 357 contra 251 votos. O imbróglio das duas células deu início a um empurra-empurra no palanque. Às 17h30, depois de encerrada a votação, houve o xingamento mais forte da convenção entre os dirigentes - as claques trocaram palavrões o dia todo. Embora a vitória de Michel Temer já fosse esperada, os conflitos não foram evitados. Ao final da apuração, já sabendo da vitória, os partidários de Temer desceram da arquibancada, atravessaram a quadra do colégio Marista, onde foi realizado o encontro, e começaram provocar os defensores de Maguito. Uma guerra de garrafas de água mineral se iniciou a partir das provocações lançadas pelos partidários de Temer. Foi preciso a intervenção da tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal, que fez um cordão de isolamento, para impedir agressões mais graves. Não houve registro de feridos Itamar não decide se fica ou sai do partido BRASÍLIA – Mesmo com a derrota do seu grupo, Itamar Franco emitiu sinais de que poderá permanecer no PMDB para disputar a prévia que indicará o candidato do partido à sucessão presidencial. Os sinais foram dados pelos itamaristas mais próximos do governador mineiro, já que ele não deu declarações. Apesar disso, nenhum deles se arriscou a dizer quando será o “Dia do Fico” de Itamar, se ele realmente vier a acontecer. “Se não ganharmos aqui, vamos às prévias”, disse, antes da proclamação do resultado da convenção, o amigo e deputado federal mineiro Hélio Costa, que acompanhou Itamar permanentemente nos últimos quatro dias. O secretário de Governo de Minas, Henrique Hargreaves, um dos principais articuladores de Itamar, não quis antecipar a decisão do governador nem sequer arriscou falar sobre o eventual resultado. Mas afirmou que Itamar ficou satisfeito com a receptividade que teve. Para quem temia ser hostilizado, como aconteceu em 1998, o fato de o governador mineiro quase não ter sido vaiado em sua chegada ao ginásio do Colégio Marista já simbolizou uma espécie de vitória na derrota. A claque itamarista o recebeu com o seguinte grito: “Itamar, guerreiro do povo brasileiro”. Não houve vaias. Por azar ou sorte de Temer, quando Itamar chegou à convenção, discursava o candidato situacionista. Temer interrompeu a sua fala para a recepção ao governador. Quando voltou a falar, foi logo defendendo a prévia e o seu apoio ao vencedor Temer fala em união e garante candidatura própria ao Planalto BRASÍLIA – O novo presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), afirmou que o partido, a partir de agora, vai retomar a bandeira do social e reiterou que o PMDB terá candidato à Presidência da República em 2002. No discurso de vitória, Temer disse que seu lema daqui para frente será: “Para servir estou pronto, mas a ser servil me oponho.” Com este lema, Temer procura mostrar que o PMDB deverá mesmo sair do Governo logo após as eleições prévias, marcadas para 20 de janeiro, que escolherão o candidato à Presidência da República do partido. Sobre a diferença de votos que obteve sobre o senador Maguito Vilela (GO), Temer disse que o fato de ela ter sido alta foi melhor porque deste modo terá maior facilidade para procurar Maguito e manter o PMDB unido. Temer não comentou moções aprovada pelos convencionais que animaram, principalmente, o grupo do governador Itamar Franco (MG). Entre elas, a que recomenda o rompimento do partido com o Governo federal e chama FHC de traidor do PMDB. Esta moção deixou os itamaristas satisfeitos e certos de que o governador mineiro não deixará o partido. Chagaram a cancelar encontro que Itamar teria hoje com o ex-governador Leonel Brizola, que tenta levar o ex-presidente para o PDT. Segundo o ex-ministro da Justiça Alexandre Dupeyrat, assessor político de Itamar e que participaria do encontro com Brizola, a moção é mais importante do que o resultado da convenção e marca a postura do partido no sentido de se afastar do Governo federal, tese defendida desde 1998 por Itamar. “Termos os votos satisfatórios que tivemos aliados à uma postura amena em relação a FHC seria uma derrota. Já a moção mostra por onde o partido vai andar”, disse. LUIZ ESTEVÃO DEPÕE SEXTA-FEIRA O ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF) será ouvido novamente no processo que apura o desvio de verbas da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo. O depoimento está marcado para sexta-feira. Ele e o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto são acusados de envolvimento no escândalo e deveriam ter sido ouvidos no dia 27, mas o juiz da 1ª Vara Criminal Federal, Casem Mazloum, adiou os depoimentos a pedido da defesa. Eles haviam sido ouvidos na ação, mas o Ministério Público Federal (MPF) pediu um segundo depoimento por causa do acréscimo de novos documentos. Editorial Violência e insegurança A insegurança continua sendo a tônica da nossa realidade e das queixas da população. Somente dá cores mais vistosas e maior divulgação a essa realidade o espetáculo extra oferecido aos telespectadores com o seqüestro de uma filha de Sílvio Santos e a invasão da casa do empresário, pelo líder do seqüestro da moça, que o fez refém e mobilizou as polícias e até o governador de São Paulo. Nas grandes cidades, a violência que causa insegurança é mais visível: brigas, ajustes de contas e outras façanhas de traficantes de drogas, seqüestros-relâmpago, assassinatos pelos motivos mais fúteis. Aqui no Recife, quando o cidadão chega de volta à casa, no fim de um dia de trabalho, considera-se um sobrevivente e corre logo para fazer um rastreamento, para saber onde estão seus familiares e se não sofreram algum tipo de violência. A classe média e as populações mais carentes são as maiores vítimas da má conjuntura; mas as classes mais abastadas também não escapam ao problema, mesmo quando se cercam de muralhas, fossos, torres e seteiras, como se estivéssemos na Idade Média. Limitando-nos ao nosso Estado, não é apenas no Recife que reina a insegurança gerada pela violência não eficazmente combatida. No interior, assaltam-se ônibus e veículos de carga, praticam-se seqüestros e outros crimes que caracterizavam o panorama violento da capital. Nas praias do litoral, sobretudo as mais procuradas por turistas e gente da terra, a violência, incentivada pela impunidade, está desfazendo a imagem que se tentava criar, através da publicidade, de encantadores locais de lazer, servidos por infra-estrutura à altura da demanda. Tudo isso é verdade. Governo e iniciativa privada têm investido muito no setor de turismo: estradas, hotéis, restaurantes e bares, barcos para passeios marítimos etc. Mas, de que adiantam uma bela praia, uma deslumbrante paisagem tropical, uma comida gostosa, se tanto os habitantes desses locais como os visitantes têm que passar pela rotina de assaltos, invasões de casas e apartamentos, roubos de documentos e cartões de crédito, provocações e brigas comandadas por marginais de todas as classes, geralmente drogados ou embriagados? Em Porto de Galinhas, por exemplo, praia que se tornou famosa em todo o País, o nível, a empáfia e a impunidade dos crimes cometidos rivalizam com o que é costumeiro no Rio, São Paulo e Recife. Em Itamaracá, os presidiários em regime semi-aberto, ou mesmo fugitivos, colaboram com os marginais que estão fora das grades para infernizar a vida dos habitantes e visitantes de uma ilha famosa pelo que ainda resta de suas belezas naturais. Enfim, não apenas os habitantes desses lugares estão pagando pela incompetência e desídia dos poderes públicos, mas a nossa propaganda turística está sendo desmoralizada. O mais grave é que a questão não é levada realmente a sério pelos poderes públicos, que a empurram com a barriga do mesmo modo que fazem com outras questões de maior ou menor gravidade. Para a maioria dos políticos, o importante é fazer política. Administrar, só se sobrar algum tempo da dura faina de afastar concorrentes do páreo, controlar legendas partidárias (muitas de aluguel), mistificar o eleitorado. Praticamente todos os dias se noticiam promessas de iniciativas, em níveis federal e estaduais, para aparelhar decentemente as polícias, melhorar o policiamento (infelizmente, muitos crimes são cometidos pelos que deveriam proteger a sociedade), para dar um pouco de perspectiva aos mais carentes. Divulgadas as promessas, espocados os flashes, geralmente fica tudo como estava antes. E não são apenas os que estão com fome que engrossam as fileiras de assaltantes, seqüestradores, criminosos organizados ou não. Pessoas que não passam necessidade (a não ser de sustentar o caro vício da droga, levar vida fácil) também aderiram à marginalidade. Às vezes, até tratam suas vítimas com gentileza, dando-lhes dinheiro para pegar um táxi para casa. Assim não pode continuar. Topo da página

09/10/2001


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