PMDB nacional reabre hoje discussões sobre alianças









PMDB nacional reabre hoje discussões sobre alianças
BRASÍLIA – O PMDB reabrirá o debate interno sobre as alianças políticas para a sucessão presidencial. O primeiro encontro do ano será hoje, em São Paulo, e tem por objetivo retomar as negociações sobre as eleições de outubro.

Estão em jogo a manutenção da candidatura própria do PMDB à Presidência da República e, contraditoriamente, um provável apoio do partido ao candidato da base governista em melhores condições na disputa, o que será definido depois de abril.

A reunião será da coordenação nacional peemedebista e, além de movimentar as discussões em torno das eleições, servirá para preparar a pauta da reunião de quinta-feira entre os presidentes nacionais dos maiores partidos governistas: PMDB, PFL e PSDB. Os deputados Michel Temer (PMDB-SP) e José Aníbal (PSDB-SP) se encontram com o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) para um almoço em São Paulo.

O quadro é ainda de indefinição. Tudo que se diga diferente disso não corresponde à verdade. “O PMDB está se articulando para as eleições, mas até abril só teremos conversas sem nada definido”, disse o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer.

O PMDB gaúcho vai organizar um grande ato no início de fevereiro para inscrever o senador Pedro Simon nas prévias que vai escolher em 17 de março o candidato do partido à presidência da República. A realização da manifestação foi decidida anteontem, na casa de praia de Simon, em Rainha do Mar, com a presença das principais lideranças regionais do partido.


Luciana Santos silencia sobre crise política
A prefeita de Olinda, Luciana Santos, e o secretário de Governo, Renildo Calheiros – ambos do PCdoB – mantiveram ontem um ‘silêncio estratégico’ diante da crise política que atinge a base aliada. Os dois evitaram, mais uma vez, comentar a ameaça de rompimento feita pelo presidente do diretório municipal do PSB e líder do Governo na Câmara, vereador Pedro Mendes.

Acusada por Pedro Mendes (candidato à deputado federal) de ‘trabalhar’ o apoio oficial da Prefeitura às candidaturas proporcionais do vice-prefeito, Paulo Valença (PT), do deputado estadual Nelson Pereira (PCdoB) e de Renildo Calheiros, Luciana Santos evita dar novas declarações para não complicar ainda mais a situação. Renildo segue o mesmo caminho.
Os diretórios do PSB e do PT, reunidos ontem e no último sábado, respectivamente, decidiram mobilizar, pela primeira vez, os líderes das legendas que compõem a Frente de Esquerda em Olinda, para discutir a crise. O encontro deve ser marcado para a próxima semana.

“Nós não podemos deixar que nenhum interesse pessoal ameace nossa aliança. O PT tem certeza que a prefeita nunca teve intenção de excluir do seu campo de apoio qualquer candidatura. A reunião do Conselho Político vai servir para acabar com todos os mal-entendidos. Aliás, se o Conselho estivesse em atividade, nada disso teria acontecido”, assinalou ontem o vereador Marcelo Santa Cruz, presidente do PT em Olinda.

Apesar de constar como um dos itens do programa de Governo apresentado na campanha de Luciana Santos, o Conselho Político (PT, PSB, PCdoB, PDT, PPS e PCB) não se reuniu nenhuma vez, no primeiro ano da gestão.

A ameaça de rompimento feita por Pedro Mendes terminou provocando a decisão do vice-prefeito, Paulo Valença (PT), de desistir da eleição proporcional. Ele pretendia disputar mandato de deputado estadual, enquanto Renildo Calheiros é candidato a deputado federal. Valença achou precipitada a atitude do vereador socialista.

“Primeiro, porque ainda não há nada definido e, segundo, porque não existe intenção de marginalizar ninguém (na campanha), muito menos prejudicar alguma candidatura. De qualquer maneira, vamos sentar, conversar e resolver essas diferenças”, assinalou.


Roseana e Tasso boicotam encontro com o presidente
BRASÍLIA – A justificativa é administrativa, mas a razão é política para Roseana Sarney (PFL-MA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) faltarem hoje à reunião de governadores do Nordeste com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Estão descontentes com a forma como FHC apóia a candidatura ao Planalto do ministro da Saúde, o tucano José Serra.

Roseana e Tasso se sentem prejudicados por articulações de FHC em favor de Serra. A última, contra Roseana, foi uma tentativa do presidente de tirar o publicitário Nizan Guanaes da campanha da pefelista e levá-lo para a do ministro da Saúde.

A governadora enviará o seu vice, José Reinaldo, para a reunião em que os nove representantes dos governos do Nordeste discutirão o racionamento de energia com FHC. Tasso também mandará o vice, Beni Veras.

Políticos ligados a Tasso dizem que ele está contrariado com FHC e que deseja deixar isso claro faltando à reunião, que começará às 11h no Palácio do Planalto.

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também faltará ao encontro porque estará seguindo hoje, de férias, para os Estados Unidos. A ausência de Jarbas, porém, não faz parte do boicote. Ele é defensor de Serra.

Como governador em exercício, o vice Mendonça Filho (PFL) é quem vai participar da reunião. “O encontro será fechado e servirá mais para discutir questões como o racionamento. Não estamos levando nenhuma pauta específica, até porque acredito que a reunião será mais para a gente ouvir”, explicou Mendonça Filho.

Os principais temas do encontro serão a situação dos recursos hídricos da região, tendo como base o nível dos reservatórios; os primeiros contratos de compra de energia emergencial para atender a demanda do Nordeste; e a divisão da Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Chesf). A empresa deverá ser dividida em duas: uma destinada a gerar energia, e outra responsável pela distribuição dessa energia.


Jarbas rebate Arraes com ironia
Governador afirma ter ficado perplexo com as críticas de Arraes à sua administração e avisa que terá tempo na TV para “desmistificar essas pessoas”

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) aproveitou o último dia de trabalho, antes de suas férias, para responder as críticas feitas à sua gestão pelo ex-governador Miguel Arraes (PSB). Em entrevista ao JC, no domingo, o socialista analisou que Jarbas fez uma confissão de incompetência na questão da segurança pública e procura se eximir de responsabilidade diante do aumento da violência no Estado, ao colocar que essa é uma questão nacional. Logo pela manhã, em entrevista por telefone à Rádio 103 FM, o governador rebateu o adversário.

“Meu Governo vai ter tempo suficiente (no guia eleitoral da TV) para desmistificar algumas pessoas que falam sobre segurança. A gente vai mostrar o Estado que encontramos, as viaturas sem andar e a gente tentando fazer a Polícia funcionar. Fiquei perplexo com a entrevista do ex-governador Miguel Arraes. Parece até que ele nunca foi governador. Um homem com 85 anos de idade, que governou o Estado três vezes e parece que quer governar novamente. É uma coisa interessante, sui generis”, ironizou Jarbas.

Ainda na entrevista, o governador ressaltou que vai continuar enfrentando o problema com disposição - “como enfrentamos a questão da água e das estradas” – e repetiu ter a certeza de que, em breve, os índices de violência no Estado vão ser reduzidos. “Ruim é quando você fica de braços cruzados, apenas se lamuriando, como no Governo anterior, que agora está me criticando de forma incoerente”, disparou.

Sobre as afirmações de Arraes de que “boa parte do dinheiro da venda da Celpe não foi investido em desenvolvimento”, Jarbas foi enfático. Disse não acreditar que ninguém no Brasil pudesse ter maior correção e maior cuidado com o dinheiro da venda da Celpe do que a sua administração.
“É tanto que esse dinheiro entrou numa conta específica em fevereiro de 2000 e, portanto, Vai fazer dois anos que a gente o administra e nunca houve a menor suspeição. Com ele vai dar para (concluir) a BR-232 e ainda sobra dinheiro para fazer outra, se quisermos. Arraes é que recebeu o dinheiro do leilão do Bandepe e mesmo assim ficou devendo dois meses aos servidores. Dívida que eu paguei”, reagiu.

Jarbas passou ontem o Governo para o vice, Mendonça Filho (PFL), entrando oficialmente em período de férias, o que faz desde o início de sua administração. Ele só reassume o cargo no próximo dia 28.


PCR criará fundação para substituir a LAR
O prefeito afirma que a condição da LAR é ilegal, pois funciona com subvenções diretas da Prefeitura. O projeto será enviado à Câmara Municipal do Recife, onde precisa ser aprovado

A Legião Assistencial do Recife (LAR), que há 28 anos presta assistência à população carente do município, será extinta este ano. O anúncio foi feito ontem pelo prefeito João Paulo (PT), que alegou que a condição da LAR é de “ilegalidade”, por ser gerida com subvenções diretas da Prefeitura. As funções assistenciais da ONG passarão a ser executadas pela Secretaria da Política de Assistência Social, a partir da criação de uma fundação. Outros serviços prestados pela entidade ligados à saúde ou educação serão transferidos para as secretarias de Saúde e Educação.

O projeto que extingue a LAR e cria uma nova fundação ainda será apreciado pela Câmara Municipal. As mudanças, segundo a proposta, serão graduais, de forma que os 40 mil atendimentos mensais feitos pela LAR não sejam prejudicados. A PCR ainda estuda uma forma de aproveitar os 1.160 funcionários da instituição nos quadros da Prefeitura.

Segundo a secretária de Assistência Social, Ana Farias, o impasse nessa questão “é a necessidade de concurso público para trabalhar na Prefeitura”. Já a fundação, que está sendo chamada de Fundação Especializada, também exigirá a abertura de um concurso público para formular seu quadro, que deverá ser menor do que o da LAR.

“A secretaria tem condições de buscar verbas federais e de entidades privadas para a nova fundação. Por isso, haverá uma expansão do serviço”, afirmou a secretária.

O anúncio da extinção da LAR põe fim a uma discussão que envolve a sociedade, principalmente as 231 ONGs cadastradas como entidades de assistência social no município. O argumento é de que a LAR, como ONG, deveria receber verbas provenientes do Fundo de Assistência Social, competindo em igualdade com as outras entidades na busca de recursos. Hoje o que acontece é que 80% dos gastos da LAR são provenientes de subvenções da Prefeitura, garantidas, inclusive, por algumas leis municipais.

“Isso não pode mudar de uma hora para outra. Calcula-se que cerca de 40% da população necessita da LAR. A política de assistência social deverá ser reestruturada e a intenção não deve ser de dar esmolas”, disse o prefeito. Segundo a presidente da LAR, Luzia Jeanne, haverá a redefinição de alguns programas sociais, que não passavam “de puro assistencialismo”.


Siqueira assume e evita articulações políticas
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), é desde ontem o prefeito interino da capital. Ele ficará no cargo até o dia 21 deste mês, data em que o prefeito João Paulo (PT) reassumirá o cargo, depois de 15 dias de férias. O prefeito comunista descartou a possibilidade de, na sua interinidade, procurar retomar o diálogo entre os partidos de esquerda e de oposição sobre as eleições em 2002. “Temos de ter paciência. A oposição só vai voltar a conversar depois do Carnaval”, ressaltou.

Luciano Siqueira disse que o momento político ainda é de “firulas e ensaios” e que, após o período momesco, é que “todos vão tirar a máscara”. O prefeito interino estará amanhã no Comando Militar do Nordeste, participando da solenidade de troca de comando, na condição de principal autoridade da capital. Antes disso, abrirá seminário sobre políticas sociais, programado pela Secretaria de Políticas Sociais da PCR. Na próxima quinta-feira, dedicará parte do dia a visitar obras.

Siqueira assegurou que a sua interinidade será exclusivamente uma continuidade da gestão do titular. O prefeito interino disse que permanecerá despachando em seu gabinete, somente se deslocando para o do prefeito João Paulo em caso de exigência protocolar. “O vice-prefeito perfeito é aquele discreto e trabalhador”, ressaltou o comunista, repetindo o estilo e pensamento do vice-presidente da República, o pefelista Marco Maciel.

Siqueira assumiu, ontem de manhã, e de imediato passou a exercer o mandato, visitando – no primeiro ato – as obras de pavimentação das ruas que darão acesso ao binário da Estrada de Belém, no bairro de Campo Grande. “Prefiro que o binário seja inaugurado na volta do titular João Paulo. O que pretendo é agilizar obras”, confessou. O prefeito comunista decretou luto oficial, no Recife, no dia de hoje, pela morte do historiador pernambucano José Antônio Gonçalves de Mello, um dos mais consagrados do País, e esteve à tarde no velório, na Fundaj. Ainda à tarde, Luciano Siqueira assinou o decreto que estabelece regras para a execução orçamentária do município.
O prefeito interino ocupará o dia de hoje com reuniões com secretários para avaliar projetos destinados ao Bairro do Recife, entre eles, o Luzes do Recife Antigo, Muralhas e Manutenção do Recife.


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

Guardando munição
A líder Teresa Duere (PFL) prepara reunião entre Jarbas Vasconcelos e a base governista na Assembléia para o fim do mês, com o término das férias do governador. Quer pauta voltada para as eleições para municiar os deputados sobre as obras do Governo. Ela se queixa que eles só conhecem o micro feito em suas regiões, mas desconhecem o macro. Teresa prevê muitos ataques da oposição e os governistas precisam de munição.

Por isso, já acertou com o secretário José Arlindo Soares (Planejamento) uma conversa com os deputados antes do encontro com Jarbas. “Falta ainda que cada deputado seja elemento de divulgação das obras do governo”, garante. Mas a proposta não é nova: ela fez quando assumiu a liderança do Governo.

A conversa chega depois das desavenças de Jarbas com sua bancada e quando alguns deputados já acreditam que ele tentará a reeleição. “Agora, acho que é ânimo mesmo. Sentiu que é uma missão, mesmo que queira o Senado”, prevê a líder. Bom que seja assim, porque a aliança tem tempo certo para acabar, como anda dizendo o governador. E Teresa Duere sabe que, nesta eleição, só ele é capaz de manter a aliança porque é o único que aglutina.

Na interinidade
Nem bem assume, hoje, o Governo do Estado, o vice-governador Mendonça Filho estará em Brasília para a reunião entre governadores do Nordeste e o presidente FHC. Discutem como fica o racionamento de energia nos estados abastecidos pela Chesf. Mas a conversa política será outra: a confirmação de que, em ano eleitoral, o Governo teria mesmo desistido de vender a Chesf. E querem saber se a alternativa seria a cisão Chesf com Furnas para atrair investidores.

Previsão pefelista
O deputado Augusto Coutinho (PFL) faz previsão após as últimas pesquisas eleitorais. “Quem vai derrotar Lula nas próximas eleições será o PT”, sentencia. Na primeira eleição, lembra, Lula perdeu para “o fenômeno Collor”, na 2ª e 3ª eleições, perdeu para o Plano Real. “Desta vez, vai ser derrotado pelas gestões petistas”, aposta.

O mais cobiçado
Jarbas Vasconcelos, José Arlindo Soares e Guilherme Robalinho incluíram, o ntem, Petrolina no Projeto Alvorada. O município irá receber R$ 16 milhões para saneamento no centro e periferia. Os recursos chegam em boa hora: pesquisa do Palácio indica Fernando Bezerra Coelho o mais popular dos prefeitos no Estado.

Marques Paulo quer ser lembrado como prefeito
O deputado Gilberto Marques Paulo telefona para dizer que foi ele, quando prefeito, que iniciou o reordenamento dos ambulantes no centro do Recife. E se queixa que ninguém se lembra disso. E nem dele como prefeito.

Taxistas dizem obrigado por operação da SDS
O Sindicato dos Taxistas marcou, hoje, às 15h, conversa com o secretário Gustavo Lima. Quer agradecer os “resultados positivos” da Operação TX de desarmamento. Em 2000 foram 26 taxistas assassinados. No ano passado, 18.

Sem elegância 1
Humberto Costa diz que Guilherme Robalinho não foi nada “elegante” ao criticar o Serviço de Assistência Médica de Urgência (SAMU) da Prefeitura do Recife. Robalinho garante que João Paulo “apenas introduziu um serviço a mais” e indaga se isso seria suficiente para reinaugurar o antigo SOS com outro nome.

Sem elegância 2
Humberto lembra que ao “inaugurar” o SAMU “não fez nenhum estardalhaço sobre a falência do SOS” porque entendia que “não seria elegante ficar criticando a gestão de Guilherme Robalinho na Secretaria Municipal de Saúde”. Mas garante que enquanto o SOS atendia em domicílio, o SAMU vai também às ruas.

Teresa Duere (PFL) faz releitura de O Príncipe, de Maquiavel, em edição comentada por Napoleão Bonaparte. Diz que “tem encontrado” alguns políticos pernambucanos nas lições do mestre da política. Principalmente aqueles que não pertencem a grupos políticos, mas que sobrevivem na política apenas porque têm esquema.

Sérgio Leite (PT) reconhece que Jarbas acertou ao nomear 316 agentes penitenciários. Mas para não perder o costume, cobra a nomeação de mais de 1.600 que passaram no concurso para a Polícia Civil e ainda não foram nomeados. “A polícia precisa de oito mil”, diz. A SDS prorrogou o concurso até 2003.

João Paulo (PT) gosta de tomar decisões de última hora. Na última quinta, anunciou sete pólos de animação na periferia do Recife no Carnaval. João Roberto Peixe (Cultura) está enlouquecido: só fez licitações para três pólos, como no ano passado. Agora, está apelando para a carta-convite para cumprir o desejo do prefeito.

Teresa Duere tem algo em comum com José Arlindo: acredita que Jarbas topa a reeleição. Duere diz que a convicção é recente: “Ele já aceitou a missão”. Arlindo conta que ao brincar, ontem, com Guilherme Robalinho sobre a sua “certeza” da reeleição, Jarbas deu um “sorriso enigmático”. Antes, sequer sorria.


Editorial

SEGURANÇA NAS PRAIAS

Embora se tenha convencionado que a “temporada de veraneio” em Pernambuco inicia-se no feriado de Sete de Setembro, na verdade a alta estação, como se diz no trade turístico, começa efetivamente, entre nós, no mês de janeiro. Coincide com as férias escolares para o turismo interno, e com o inverno gelado nas regiões frias do planeta, para o turismo receptivo.

Oferecer nossas praias ensolaradas, nossas dádivas tropicais, a pessoas de idade média e avançada dos países frios tem sido o sonho de planejadores governamentais que se vêm preocupando com as possibilidades reais do Brasil na indústria turística internacional. De uma certa maneira, os que fizeram nosso Plano Real podem comemorar o fato de o País haver conseguido, de 1994 para o ano 2000, subir no ranking dos destinos mais procurados do mundo, de 43º para 29º lugar, ou seja, 14 degraus a mais. Ainda é pouco, e essa performance pode ser melhorada.

Os argentinos e os norte-americanos têm sido, nesta ordem, nossos mais assíduos visitantes. Mas, o mundo mudou, nos últimos meses. O medo do terrorismo que atinge as viagens aéreas saídas dos Estados Unidos e a crise econômico-financeira que se abateu sobre a Argentina podem modificar a ordem de assiduidade dos turistas estrangeiros que procuram agora o Brasil. E nova ênfase se dá, hoje, ao turismo interno. Técnicos da Embratur estão pensando numa publicidade mais agressiva dirigida aos viajantes potenciais de outros países da América do Sul e da Europa.

Não se sabe até que ponto a crise do país-irmão atingirá, por exemplo, o turísmo receptivo em Pernambuco. Não foi ainda divulgado o número de argentinos que compõe o efetivo de turistas estrangeiros que visita o Estado, a cada ano. Sabe-se, apenas, que segundo a última pesquisa da Embratur, o Recife é a 6ª cidade mais visitada pelos estrangeiros no Brasil. Fica abaixo de Salvador (4º lugar) e acima de Fortaleza (9º lugar).

Há, porém, um ponto que precisa ser bem cuidado. Se bem que o Estado venha apresentando resultados concretos no setor da infra-estrutura turística, tanto em nível governamental (estradas litorâneas), quanto pela iniciativa privada (serviços de hotelaria), a política de segurança pública deixa muito a desejar, prejudicando o turismo com a divulgação de um número escandaloso de crimes. E isso pode afugentar visitantes, nacionais ou estrangeiros. Há pouco policiamento ostensivo, mesmo nos locais de maior contração turística.

Acreditamos que a Secretaria de Defesa Social deve ter elaborado um plano de prevenção à criminalidade em nossas praias, principalmente as que vêm ocupando espaço nas publicações dedicadas ao turismo, como Porto de Galinhas, na cidade de Ipojuca. Mas não só as mais badaladas nacionalmente merecem atenção. Desde São José da Coroa Grande, no extremo sul do Estado, às praias de Goiana, no extremo norte, há pontos de concentração de banhistas e turistas que devem ser mapeados e considerados como prioritários para o patrulhamento ostensivo da Polícia Militar. E isto é o que menos se vê, nestes locais, conforme comentários dos que passaram o final do ano nessas praias pernambucanas.

Diferentemente do que pensam alguns teóricos, investir em turismo em países ou regiões tropicais não é privilegiar elitismos, mas talvez a melhor forma de criar emprego e renda para as populações excluídas. E se a segurança pública não conseguir garantir a tranqüilidade dos nossos visitantes, investir nela significa, na hora presente, dar prioritaridade às reais necessidades de muitas famílias desempregadas.

Não somente os pescadores têm condições de ver aumentada a sua renda por conta de novos consumidores dispostos a consumir um peixe recém-pescado, ou outros “frutos do mar” abundantes em nosso litoral, como variados artesãos obtêm um lucro suplementar com a venda de seus produtos, graças ao turismo.


Topo da página



01/08/2002


Artigos Relacionados


PMDB deve repensar alianças, diz Roberto Requião

Livro Branco reabre na sociedade debate sobre defesa nacional

Transporte: Aeroporto de Ribeirão Preto reabre hoje

Sarney reabre os trabalhos do Congresso Nacional

PPS retarda decisão sobre alianças em SP

Ministros do TSE não se entendem sobre alianças