Políticos escapam da Receita Federal



Políticos escapam da Receita Federal Cinco liminares concedidas pelo Tribunal Regional Federal (TRF) salvou deputados estaduais, ex-deputados, conselheiros do Tribunais de Contas e secretários do Governo das garras do Leão. Pelo menos temporariamente. Todos recorreram da decisão da Receita Federal que determinou a cobrança do débito referente à contribuição do Imposto de Renda sobre a ajuda de custo e sobre os jetons correspondentes às sessões extraordinárias realizadas entre 1994 e 1998. Fazem parte do grupo de 63 deputados e ex-deputados que recorreram à Justiça o prefeito do Recife, João Paulo (PT); a prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB); e os secretários estaduais André de Paula (PFL) e Carlos Eduardo Cadoca (PMDB). Ao todo, 63 parlamentares que passaram pela Assembléia lutam pelo fim da pendência judicial. Alguns chegaram a ficar com seus nomes "sujos" na Serasa ou no Cadin. A conta apresentada pela Receita equivale a aproximadamente R$ 4,5 milhões com multas e juros. Esta semana, o TRF julgou o último recurso apresentado por um grupo de 23 pessoas e deu ganho de causa aos parlamentares e ex-parlamentares. Eles faziam parte do último lote que entrou na Justiça contra a União. Em valores atuais, cada um acumula um débito de R$ 70 mil, em média. Há meses, as faturas são remetidas às residências dos parlamentares e vêm multiplicando preocupações. Eles fazem questão de ratificar que não se trata de um caso de sonegação. Um suposto erro da Assembléia no recolhimento do Imposto de Renda teria provocado a cobrança "indevida". A AL, responsável pelo recolhimento do IR, informou que, tanto a ajuda de custo como os jetons, não deveriam ser tributáveis. E os liberou do pagamento. A Receita entendeu o contrário. Os argumentos utilizados pelo advogado José Henrique Wanderley, responsável pela causa, para contestar a Receita concentram-se no caráter indenizatório das sessões extras e da ajuda de custo. Além disso, os deputados foram "induzidos ao erro" pela Assembléia no momento em que disse que não haveria incidência do IR nos dois casos. E,mesmo que haja embasamento para a cobrança, caberia à Assembléia assumir o débito. Bezerra Coelho assume comando do PPS Missão do prefeito de Petrolina é recuperar partido, que perdeu Lyra Neto e Pedro Eugênio para o PT A ascensão do grupo liderado pelo prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, ao comando do PPS deverá acontecer nos próximos dias. A partir daí, o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, não terá mais o domínio total e absoluto da legenda, situação inédita em Pernambuco. Ele e o presidente PPS local são apontados como responsáveis pela falta de estruturação da chapa proporcional do partido, isolado com as saídas, confirmadas, ontem, do deputado federal Pedro Eugênio e do ex-prefeito de Caruaru, João Lyra Neto. Hoje o PPS realiza uma reunião de emergência para tratar do assunto. Eduardo Carvalho deverá ser substituído pelo próprio prefeito de Petrolina ou alguém ligado a ele, como o irmão Clementino, deputado federal, ou Ranilson Ramos (deputado estadual). Eles só permaneceram no PPS por orientação de Bezerra Coelho. Ele assumirá a condução do partido determinado a "salvar" o mandato dos correligionários. Para tanto, vai esperar a poeira baixar, até porque o PPS está muito frágil, portanto sem condições de negociar de maneira mais autônoma. Fernando Bezerra, cuja relação com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) é tão amistosa quanto a de Roberto Freire, vai aguardar o presidenciável Ciro Gomes se consolidar como alternativa da oposição ou candidato do centro. As últimas alternativas que teriam restado ao PPS seriam uma composição com o PSB do ex-governador Miguel Arraes ou a adesão a Jarbas, via PSDB, porque o governador ainda pode apoiar Ciro, caso o candidato do Planalto não deslanche. Segundo o DIARIO apurou, a coligação com o PT, com o qual o PPS possui uma relação complexa e nervosa, está praticamente descartada. Os petistas estão concentrados na campanha de Luis Inácio Lula da Silva e não desejariam Ciro por perto. Eduardo Carvalho assegurou desconhecer qualquer alteração no PPS. Mas Roberto Freire confirmou. "Mudanças que estavam acertadas com Fernando Bezerra há mais tempo podem acontecer a qualquer momento, mas não têm nada a ver com as nossas recentes perdas", ressalvou Freire. Pedro Eugênio e João Lyra Neto aderiram ao PT a convite do prefeito do Recife, João Paulo, principal arquiteto da chapa proporcional deste partido. Ele atuou bastante para deixar o PT em pé de igualdade com o PSB, com o qual dividirá o palanque da oposição em 2002, já que os dois partidos terão candidato a governador. Pedro Eugênio admitiu ter sido chamado por João Paulo há cerca de um mês. O martelo foi batido numa conversa ocorrida à noite entre eles e a secretária municipal de Planejamento, Tânia Bacelar, domingo passado. A filiação de João Lyra Neto, candidato a deputado federal, foi consolidada definitivamente ontem, no gabinete do prefeito. Vereadores querem novo mandato Os vereadores do Recife ainda não completaram um ano de mandato, mas já estão articulando suas candidaturas para deputados estadual e federal. Nos bastidores da Câmara Municipal, a informação é de que quase 50% dos parlamentares entrarão na briga por uma vaga na Assembléia Legislativa e Câmara Federal. Em busca de uma melhor opção que possa lhes garantir a vitória em 2002, alguns vereadores trocaram de legenda. Outros ainda estão conversando com a direção dos seus partidos para definir a formação da chapa proporcional e as possíveis coligações com outras agremiações. A Câmara Municipal é formada por 41 vereadores. Caso a projeção feita por alguns vereadores, de que a metade desse número irá disputar as eleições de 2002, as sessões plenárias, durante o próximo ano, deverão sofrer uma baixa bastante significativa. Uma prova disso é que, nesta última semana, por conta do término do prazo para novas filiações partidárias, as negociações sobre o troca-troca de legenda prevaleceram. "Esta semana estou preocupado em montar meu partido para a disputar de 2002", comentou o vereador Sílvio Costa (PSD). Ontem, a reportagem do DIARIO procurou confirmar a candidatura dos 22 vereadores. A maioria confirmou a informação. O vereador Clóvis Correia, que filiou-se recentemente ao PSB, era o mais otimista. O neo-socialista, que será candidato a deputado federal, espera ficar entre os parlamentares eleitos pelo partido. "Devemos eleger oito federais e eu espero está entre eles". Na bancada petista estava acertado que o presidente da Câmara Municipal, Dilson Peixoto, e o vereador Josenildo Tenório disputariam uma vaga de deputado estadual, enquanto Isaltino Nascimento seria candidato a deputado federal. Ontem, os parlamentares deram outra versão aos fatos. "Ainda estou discutindo com o partido. Só irei definir minha candidatura no dia 10 de outubro", disse Josenildo. Já Isaltino Nascimento mudou o rumo a disputa. "Acho que minhas chances para federal diminuíram com entrada de novos integrantes ao PT (Pedro Eugênio e João LyraNeto). Minha perspectiva agora é de disputar uma vaga para deputado estadual". Na briga por uma vaga na Assembléia, o vereador Jorge Chacrinha, deverá anunciar hoje sua saída do PMDB. "Tenho 50% de certeza que irei para o PSC". Também disputarão cargos em 2002 os vereadores Carlos Gueiros (PTB), Antonio Luiz Neto (PSDB), Cordeiro de Deus (PL), Francismar Pontes (PSB), Sileno Guedes (PSB), João Alberto (PSDB), João Arraes (PSB) Cleurinaldo Lima (PSC), José Alves (PAN), Murilo Mendonça (PMDB), Roberto Andrade (PFL), Sílvio Costa (PSD) e Waldemis Ferreira (PDT). Os vereadores Eduardo Marques (PFL), Heráclito Cavalcanti (PFL), Romildo Gomes (PFL) e Rogério de Lucca (PTB), não foram localizados pela reportagem. Jader Barbalho renuncia ao mandato BRASíLIA - O presidente do Congresso, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), recebeu às 19h40 de ontem, na sua residência oficial, na capital federal, a carta em que o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) renuncia ao mandato. A comunicação foi entregue a Tebet por uma assessora de Jader. Assessores do presidente do Senado evitaram divulgar o conteúdo da mensagem e disseram que ela será lida hoje no início da sessão do Senado, marcado para as 9 horas. A decisão de Jader de renunciar foi anunciada após o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovar a abertura de um processo contra ele por quebra de decoro. O processo, que está na Mesa Diretora da Casa aguardando parecer do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), deve ser arquivado. Caso isso ocorra, o senador deverá preservar seus direitos políticos. Hoje, já sem o mandato e, consequentemente, sem a imunidade parlamentar e o foro privilegiado, Jader deve ser alvo de uma nova investida do Ministério Público do Pará. Os promotores vão entrar com uma ação na Justiça pedindo a indisponibilidade dos bens do senador. Os promotores querem que Jader faça o ressarcimento de R$ 5 milhões aos cofres públicos. O valor se refere aos supostos desvios apontados no Banpará. O Senado viveu ontem novo dia de suspense à espera da carta-renúncia de Jader que não apareceu em plenário. Pela manhã, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), anunciou que o "desfecho" ocorreria logo. O dia foi marcado por rumores sobre a aguardada carta e sobre o paradeiro de Jader, que não foi localizado. Por volta das 18h, o último boato: um ofício de apenas duas linhas com a renúncia de Jader teria acabado de chegar à presidência do Senado. Caso ele não renunciasse, o relatório de Valadares seria votado pelos sete integrantes da Mesa Diretora no início da próxima semana. Jader é acusado de mentir no Senado ao negar seu envolvimento com os desvios de recurso do Banpará e tentar impedir a investigação quando ainda ocupava a presidência do Senado. O suspense em torno da renúncia de Jader durou umasemana. O gesto era esperado desde o dia 27 quando o Conselho de Ética aprovou relatório de Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM) recomendando que ele fosse submetido a processo de cassação. STF veta salário de grevistas BRASÍLIA - O presidente interino do Supremo Tribunal Federal, Ilmar Galvão, suspendeu ontem decisão do Superior Tribunal de Justiça que determinava o pagamento dos salários de setembro dos professores universitários em greve. Ele considerou julgamento anterior no qual o STF concluiu que os servidores públicos não podem fazer greve porque esse direito ainda não foi regulamentado por lei. A decisão foi divulgada horas depois de o ministro Gilson Dipp, do STJ, ter dado prazo de 24 horas para que o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, repassasse para as universidades federais as verbas para o pagamento dos salários. NO RECIFE - Enquanto a Justiça definia a retenção dos salários, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior avisou ao MEC que teria dificuldades para pagar apenas os funcionários dos hospitais universitários, procuradores, servidores cedidos e afastados que não aderiram à greve. Mas a Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Pernambucoinformou que a instituição vai fazer hoje o pagamento dos 720 funcionários do Hospital das Clínicas que têm conta no Banco do Brasil. Acrescentou que os 352 servidores que não são correntistas do BB terão de esperar um pouco mais para receber seus vencimentos, porque a UFPE está articulando a liberação do dinheiro através de outros bancos. Na avaliação do presidente da Andifes, Carlos Roberto Antunes, a greve dos professores deverá alterar o calendário letivo, mas não cancelará os vestibulares e o semestre. Ele acrescentou que o processo do vestibular, em quase todas as intituições, está dentro do prazo previsto. As lideranças do movimento vêem a decisão do governo de só garantir os salários de parte dos funcionários como estratégia para enfraquecer a paralisação. Jornal do Brasil compra a Gazeta Mercantil O empresário Luiz Fernando Levy comunicou a 45 diretores da Gazeta Mercantil, durante reunião na noite de ontem, a venda de uma participação majoritária do jornal paulista especializado em economia, ao empresário Nelson Tanure, que também é proprietário do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro. Segundo fontes ligadas a Tanure, este fará um adiantamento de R$ 20 milhões para colocar os salários do pessoal da Gazeta em dia até a próxima terça-feira. O jornal passou a enfrentar dificuldades financeiras após adquirir um canal de tv em São Paulo e outra publicação na Argentina. Artigos Gestão da energia no Recife Heitor Scalambrini Costa A atuação dos municípios brasileiros, em termos de planejamento energético, tem se restringido a meros consumidores. Isso se dá em decorrência da falta de experiência na gestão e, principalmente, no desconhecimento do potencial de economia representado pela eficiência na gestão energética. A ampliação da atuação dos municípios, com relação á energia, é favorecida pela Constituição de 1988, que fortaleceu o seu papel no contexto nacional. Os municípios passaram a ter atribuições e responsabilidades, de competência exclusiva, até então, dos governos estaduais e federal. O tratamento desta questão no município do Recife remete a ações voltadas ao planejamento, e sua operacionalização. Com relação à etapa de planejamento, a meta seria a avaliação/diagnóstico da situação atual em relação à gestão energética e a elaboração de instrumentos de gestão, como a criação de um Sistema de Informações Energéticas do Recife (Sier), a preparação deGuias Técnicos de Uso Eficiente de Energia e Autodiagnóstico. Outra vertente da etapa de planejamento seria a criação de instrumentos que capacitem o município a implementar ações de eficiência energética, consistindo de manuais de referência e atos normativos, dos quais destaca-se a eficientização do sistema de iluminação pública; elaboração de códigos de obras e edificações (como, por exemplo, a obrigatoriedade de tubulação para água quente em construções domiciliares e coletivas); material didático para capacitação/formação em sistemas eficientes de iluminação pública, eficientização dos sistemas de saneamento e dos prédios públicos, e a realização de seminários e cursos. A etapa operacional refere-se à elaboração de planos diretores, considerando o consumo de energia elétrica da Prefeitura (abrangendo iluminação pública, prédios públicos e saneamento, quando for o caso) e a identificação de ações prioritárias para projetos de eficiência energética. Do total utilizado no estado, o Recife consome 35%de energia elétrica. Produz pouco alimento, não recicla seus resíduos e produz 55 mil toneladas/mês de lixo. O lixo pode se constituir em uma alternativa para a geração de energia elétrica, sendo duas vias possíveis: pela compostagem da matéria orgânica (produção de gás do lixo-GDL) e a incineração da parte seca. Um cálculo estimado mostra a seguir o que pode representar, em termos de geração de energia elétrica, o aproveitamento do lixo urbano produzido pela Cidade do Recife, que gasta em torno de R$ 350 mil p/mês para fazer o seu recolhimento. Considerando a composição doméstica do lixo; 30% parte seca, 60% parte orgânica e 10% rejeitos não aproveitáveis; são recolhidas aproximadamente 2.500 toneladas/dia de lixo. Com 1.500 toneladas/dia de material orgânico poderia ser acionada uma usina com cerca de 15 MWatts de potência instalada. A fração seca, apesar de menor quantidade, produziria 25 MWatts, devido ao maior poder calorífico. Essas 40 MWatts totais seriam suficientes para abastecer aproximadamente300 mil domicílios. Estes valores correspondem ao potencial energético que poderia ser extraído do lixo urbano, tornando um produto que passaria de uma fonte de despesas, para uma fonte de recursos. Logo, a gestão eficiente do consumo de energia elétrica dos órgãos públicos municipais, associada ao aproveitamento do lixo urbano para geração de eletricidade, são ingredientes que viriam contribuir para a melhoria da qualidade de vida da cidade, tão almejada pela sua população. A contratação Cleo Nicéas Os milhões perdidos nas contratações de pessoas para a formação de times, nas empresas ou clubes esportivos, na melhor das hipóteses, formam apenas equipes com visões no curto prazo, com profissionais sem nenhum compromisso na formação de gerações competentes. As empresas sofrem menos impacto e geralmente são vendidas ou associadas A grupos nacionais ou internacionais, com marcas fortes e mão-de-obra de excelência. Quanto aos nossos clubes esportivos estão sendo administrados a fim de beneficiar carreiras políticas de poucas pessoas, em detrimento dos clubes, ou seja da maioria dos seus associados. Ora, o crescimento patrimonial dessas associações não foi inspirado nesse modelo e nem a transformação para empresa será dessa forma. Todos sabemos que investir na formação de profissionais é o caminho, e esse segmento econômico é amplo e abrirá larga escala na geração de novos empregos e profissões, contribuindo para a evolução do nosso frágil mercado. E não apenas de futeboldeverá viver um clube empresa e muito menos de políticos profissionais, mas de pessoas comprometidas com sonhos, metas, produtividade. Contratar um formador de times e não de uma equipe para uma única competição. Investir milhões numa estrutura para formar não apenas jogadores, mas sobretudo seres humanos para se profissionalizar em qualquer modalidade esportiva com uma formação acadêmica, construindo seu plano de carreira no próprio clube, transformando o paternalismo do passado pelo profissionalismo humano do futuro. Nosso amadorismo reacenderá o preconceito, nosso discurso pirotécnico iluminará os aproveitadores e a escala de valores já está invertida. Contratamos "jogadores" por temporada, sem nenhum vínculo emocional com nossos valores, beijam nossos símbolos com o artificialismo das marcas que envolvem produtos de baixa qualidade. Importamos também treinadores medianos com salários bem acima dos principais executivos das grandes empresas regionais, geralmente promovidos a "gênios" pela mídia. É hora de mudar para valer. Diretoria de clube tem que viver do salário que o clube pode lhe remunerar pelos resultados de produtividade alcançados, temos que resgatar nossos valores e compromissos formando gerações campeãs. Exemplos temos. Especificamente no futebol, podemos nos inspirar em Alexandre Borges, transformar concentração em fonte de formação e para jogar nas categorias amadoras, estudar era fundamental. Craque sem estudo com ele jamais seria titular. Vamos pensar no clube-empresa que pode até ter dono, mas tem que ser empresário por vocação. Que bom fosse o meu Santa Cruz! E na mesmice do atual modelo, vamos continuar gastando os milhões que não temos, importando modelos viciados e participando das competições secundárias do nosso país. Chega de submissão. Temos que ficar entre os primeiros. Um grande time é uma empresa vencedora. Colunistas DIARIO Político Dilema trágico Roberto Freire não vai convencer ninguém de que o PPS implodiu em Pernambuco porque o presidente FHC jogou pesado para enfraquecer o partido e, com ele, a candidatura Ciro Gomes à Presidência da República. Estratégia que, segundo o senador, foi adotada no País inteiro pois ao Palácio do Planalto interessa ter como adversário Luís Inácio Lula da Silva (PT), em 2002. Isso pode até ter contribuído de alguma forma, deve-se admitir. Mas não foi a sanha do presidente que desmontou a legenda pós-comunista aqui, onde Freire sempre foi a maior referência. O que levou o partido a perder o rumo e os principais quadros foi um erro de condução do senador, que se preocupou demais em discutir o futuro do Ocidente e a trajetória das esquerdas no mundo, esquecendo que a vida é um fato local. Além disso, durante todos esses anos de mandato que conseguiu com votos de opinião e não através de bases eleitorais, Freire criou arestas por toda parte, o que torna esse momento que ele está passando mais difícil ainda. Vivendo um dilema trágico sem saber se leva o partido para o PSB de Arraes, que apesar de não demonstrar tanto interesse assim por Freire, sinalizou que pode abrigar alguns pós-comunistas, ou para Jarbas Vasconcelos, o que seria mais complicado porque ele ficaria lado a lado com o PFL de Marco Maciel. Mas, como em política tudo é possível e o muro de Berlim foi derrubado há algum tempo, quem sabe a saída do PPS seja por aí. Quem pensava que Raul Jungmann se alojaria no ninho dos tucanos, enganou-se: o ministro do Desenvolvimento Agrário se filia, hoje, ao PMDB, para disputar uma vaga na Câmara Federal em 2002 Barulho Pedro Eugênio fez tanto barulho, creditou aos inimigos a informação de que estaria saindo do PPS, mas sua enérgica reação durou menos de um mês: ele se filia ao PT, hoje, como foi publicado aqui, dia 9. Agora, como vai conviver entre as nove tendências petistas, só Deus sabe. CPI 1 Luiz Helvécio (PSDB), autor do requerimento que criou a CPI da CTU, voltou a afirmar, ontem, que a venda da empresa descumpriu legislação municipal, permitindo que o comprador assumisse o controle da companhia sem assumir o passivo com INSS, Cofins e PIS/PASEP, no total de R$ 44 milhões. CPI 2 Para o vereador, é fundamental que Roberto Magalhães esteja à disposição para qualquer esclarecimento, mesmo estando sem mandato "pois vai precisar explicar, ainda, a irregularidade da operação do Refis junto ao INSS, feito pela CTTU com base no faturamento de outra empresa, a CTUR". Surpresa O PSDB guarda em segredo o nome de um político que vai entrar para o ninho dos tucanos ainda hoje. E o motivo é o de sempre: se divulgar com antecedência, os caciques do partido onde ele está vão pressionar demais para que ele não saia. Filiação Luciano Andrade, que disputou a prefeitura de Camaragibe pelo PFL, ano passado, se filiou ao PMDB para concorrer a uma vaga na Assembléia em 2002. E Mário Minduca, que foi candidato a prefeito de Escada pelo PV, também virou peemedebista mas não decidiu se disputará um mandato estadual. Sabido 1 Antônio de Pádua (PMDB), que ainda não sabe se vai disputar um novo mandato, pediu a Hélio Urquisa, líder do seu partido na Assembléia, a lista dos pré-candidatos a deputado estadual para que ele pudesse fazer uma avaliação e, a partir daí, decidir seu futuro político. Sabido 2 Sempre solícito, Urquisa disse que isso não era nenhum problema e garantiu a Antônio de Pádua que ele receberia a listagem na próxima terça-feira. Como o prazo de troca de partido termina amanhã, decididamente a lista não servirá muito para ajudar o indeciso deputado. Filiação O PCdoB inteiro vai a Mirandiba, hoje, para a filiação ao partido do prefeito Jorge Rubens do Carvalho, ex-PT. Luciana Santos sai da festa mais cedo porque domingo embarca para Valladolid, Espanha, onde tratará de um convênio de cooperação técnica entre Olinda e universidades espanholas. Festa O PFL faz festa amanhã, na Câmara de Caruaru, para marcar a filiação de Roberto Liberato ao partido com a presença de Marco Maciel e do vice-governador, Mendonça Filho. Tem que festejar mesmo, porque Liberato é o único deputado que os pefelistas conseguiram filiar. Editorial Trampolim de privilégios Não pode haver democracia estável em um país onde os partidos políticos mal passam de agências para carimbar o registro de candidatos a disputas eleitorais. Não há linhas rigorosas de compromisso entre os postulantes ao favor das urnas e as propostas doutrinárias das agremiações. Tampouco os filiados cumprem os pactos de ação previstos por estatutos e agendas políticas. As exceções não vão além de duas ou três entre dezesseis organizações partidárias com atuação no Congresso e outras sem representação. Nasce do cenário de completo desdém ao culto de relações político-partidárias responsáveis a desfaçatez com que portadores de mandatos eletivos mudam de partido a toda hora. O menor interesse paroquial é suficiente para que governadores, senadores, deputados, prefeitos busquem o abrigo de outras legendas. De regra, contudo, a mudança atende a aspirações inconfessáveis. No troca-troca agora encenado no Congresso perante reação estarrecida do povo, houve quem mudasse de sigla pela sexta vez. Os recordistas são os deputados João Caldas, de Alagoas, e Mattos Nascimento, do Rio de Janeiro. A imoralidade não constitui novidade. Repete-se com freqüência nas proximidades das eleições, antes de esgotado o prazo de um ano para a filiação partidária. Desde 1999, mais de cem dos 513 deputados e doze dos 81 senadores trocaram de posição no quadro partidário. No Poder Legislativo, a dança das cadeiras entroniza graves dificuldades à governabilidade. As alianças para sustentação parlamentar das políticas governamentais sofrem desfalques com a ação dos trânsfugas. Daí seguem arregimentações de última hora quase sempre ao preço de favores censuráveis ou mediante compromissos indesejáveis. A atividade política resvala para o jogo sujo dos interesses pessoais. Os canais abertos para o fluxo das aspirações populares se transformam em abstrações partidárias. Servem apenas como repasto para satisfazer aos apetites desmedidos dos que fazem da vida pública trampolim para conquista de privilégios e ganhos em negócios privados. Sema observância de convicções sólidas no empenho para alargar as bases funcionais das instituições, o regime de franquias democráticas jamais alcançará nível aceitável de consolidação. E assim permanecerá até que, pela reforma política em trânsito no Congresso, os partidos ganhem autoridade institucional, as relações partidárias se estabeleçam sobre os princípios da fidelidade e as legendas de aluguel sejam extintas. A organização política em bases seguras e responsáveis é condição fundamental para despertar novas energias no processo de desenvolvimento do País. Topo da página

10/05/2001


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