Polonetas já assustaram o Brasil
Os poloneses adquiriam produtos e serviços do Brasil em valores superiores a US$ 6 bilhões de dólares, financiados a curto prazo. Na medida em que os débitos foram vencendo, o então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, percebeu que os poloneses não tinham como honrar seus compromissos com o Brasil.
O máximo que os negociadores brasileiros conseguiram da Polônia foi o pagamento dos débitos por meio de papéis. Não dólares, ou qualquer outra moeda forte, mas papel impresso e assinado pelo governo polonês, uma espécie de nota promissória, comprometendo-se a, um dia, quitar o valor devido.
A imprensa brasileira, que já havia conhecido as "simonetas" - cupons que limitavam o uso do então escasso combustível derivado de petróleo (após o primeiro choque do petróleo) - mas que não chegaram a ser efetivamente lançadas, logo apelidou o papel polonês de "polonetas", uma espécie de "moeda podre", que simbolizava o calote polonês.
A dívida veio se arrastando a partir daí, de negociação em negociação. Em 1992, no âmbito do Clube de Paris, o Brasil concordou, juntamente com outros credores da Polônia, entre eles a França e a Itália, em conceder aos poloneses um desconto do valor devido, de 50%. Os créditos brasileiros com a Polônia, caíram, então, para US$ 3,8 bilhões, encontrando-se, atualmente, em US$ 3,4 bilhões. O que o governo quer agora é vender o que resta desses créditos para fortalecer as reservas internacionais do país, e encerrar definitivamente esse longo capítulo.
09/10/2001
Agência Senado
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